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REFUTAÇÃO DO VÍDEO: NÃO EXISTEM PROFECIAS SOBRE JESUS NO ANTIGO TESTAMENTO? | André Chevitarese e Jonathan Matthies

Neste corte, Daniel Gontijo tenta fazer alegações sobre a historicidade de Jesus. Vamos responder ponto a ponto

(01:06) – Alegação: “Jesus nunca foi citado no Antigo Testamento.”

Refutação:
Embora o nome específico “Jesus” não apareça no texto hebraico, a teologia cristã sustenta que muitas passagens do Antigo Testamento apontam para o Messias, que os cristãos acreditam ser Jesus. Alguns exemplos incluem:

  • Isaías 53: O “Servo Sofredor” é interpretado por muitos estudiosos cristãos como uma prefiguração de Jesus (ver: Craig A. Evans, “Isaiah 53 in the Context of Isaiah’s Prophecies of Restoration”).
  • Salmo 22: Muitas descrições nesse salmo coincidem com os eventos da crucificação de Jesus, como a divisão de roupas (Salmo 22:18) e a zombaria (Salmo 22:7).

Embora o nome “Jesus” não seja explicitamente mencionado no Antigo Testamento, as escrituras hebraicas contêm diversas profecias que a tradição cristã interpreta como apontando para o Messias, identificado como Jesus. Alguns exemplos incluem:

  1. Isaías 7:14: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel.” Esta profecia é interpretada no Evangelho de Mateus (1:23) como um anúncio do nascimento de Jesus.
  2. Isaías 53: O capítulo descreve o “Servo Sofredor” que carrega os pecados de muitos, uma descrição que os cristãos associam à crucificação de Jesus. O renomado estudioso Craig A. Evans discute como essa passagem reflete temas redentores no ministério de Jesus (“Isaiah 53 in the Context of Isaiah’s Prophecies of Restoration”).
  3. Salmo 22: Este salmo apresenta descrições que coincidem com os eventos da crucificação, como:
    • “Transpassaram-me as mãos e os pés” (v. 16).
    • “Repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica” (v. 18).

Essas passagens são frequentemente citadas nos Evangelhos como cumprimentos proféticos. A conexão não deve ser vista como forçada, mas como parte de uma tradição hermenêutica judaica que reinterpretava textos antigos à luz de eventos contemporâneos.

Além disso, a ideia de que o Antigo Testamento aponta para o Messias está presente em outros textos judaicos do período do Segundo Templo, como os Manuscritos do Mar Morto. Isso sugere que a expectativa messiânica era um tema amplamente debatido antes do surgimento do cristianismo.

Os evangelhos, de fato, apresentam interpretações cristológicas das escrituras hebraicas, mas essas interpretações têm sido parte de um debate teológico duradouro entre o judaísmo e o cristianismo.


(02:04) – Alegação: “Profecia historicizada: autores usaram textos do Antigo Testamento para criar eventos na vida de Jesus.”

Refutação:
A noção de “profecia historicizada” é comum em estudos críticos, mas não invalida o fato de que as comunidades cristãs primitivas acreditavam na conexão real entre os eventos da vida de Jesus e as escrituras hebraicas.

  • O conceito de midrash judaico (interpretação das Escrituras) pode explicar como os evangelistas usaram as Escrituras para iluminar a vida de Jesus, sem que isso negue a historicidade de eventos reais (ver: Richard B. Hays, “Echoes of Scripture in the Gospels”).
  • Além disso, a identificação de eventos da vida de Jesus com passagens das Escrituras Hebraicas reflete práticas interpretativas comuns no judaísmo do Segundo Templo, como evidenciado nos Manuscritos do Mar Morto.
  • Testemunhos independentes:
    Os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) frequentemente concordam em eventos específicos, como a crucificação de Jesus, mesmo quando não citam explicitamente textos do Antigo Testamento. Isso sugere que, embora as Escrituras tenham moldado a narrativa, os evangelistas também basearam suas descrições em tradições orais ou testemunhos oculares.
  • Conexão cultural e religiosa:
    A conexão entre as Escrituras e a vida de Jesus era natural em um contexto em que as comunidades judaicas interpretavam eventos à luz de sua fé. Assim, as alusões às profecias não devem ser vistas como “fabricações”, mas como parte da prática religiosa da época.

(03:39) – Alegação: “A destruição do Templo em Marcos 13 prova que o Evangelho foi escrito depois do ano 70 d.C.”

Refutação:
Essa datação, comum na crítica histórica, não é universalmente aceita. Argumentos contrários incluem:

  • Muitos estudiosos sugerem que Jesus, como profeta, poderia prever a destruição do Templo com base nas tensões sociais e religiosas da época (ver: N. T. Wright, “Jesus and the Victory of God”).
  • A ausência de menções explícitas à destruição como fato consumado nos Evangelhos Sinóticos sugere que os textos podem ter sido escritos antes de 70 d.C. (ver: F. F. Bruce, “The New Testament Documents: Are They Reliable?”).
  • Ausência de detalhes pós-evento:
    Se Marcos tivesse sido escrito após 70 d.C., seria esperado que ele incluísse detalhes sobre a destruição do Templo para reforçar sua narrativa. A ausência de tais detalhes sugere que o texto foi escrito antes desse evento.
  • Tradição oral prévia:
    Mesmo que o Evangelho de Marcos tenha sido finalizado após 70 d.C., ele poderia estar baseado em tradições orais ou escritas anteriores, preservadas pelas primeiras comunidades cristãs. F. F. Bruce, em “The New Testament Documents: Are They Reliable?”, defende que os Evangelhos têm raízes em fontes muito próximas aos eventos que descrevem.

A resposta simples é não, não há absolutamente nenhuma evidência sólida de que qualquer um dos três evangelhos sinápticos foi escrito depois de 70 d.C. Acredito que o argumento mais forte para uma data posterior a 70 d.C. é a suposição de que Jesus não poderia ter profetizado a destruição de Jerusalém e que, portanto, é óbvio que os escritores dos evangelhos estão colocando essas palavras na boca de Jesus para aumentar sua reputação (imerecida) como profeta. Esta é claramente uma posição tendenciosa a ser tomada! Outros argumentos para uma data posterior são igualmente baseados em preconceitos liberais. Tais argumentos baseiam suas conclusões em teorias de que o cristianismo e sua imagem de Jesus evoluíram ao longo do tempo. Portanto, se você pode especular que tal e tal doutrina de Jesus veio depois da queda de Jerusalém, então o evangelho que contém essa ideia também deve ser posterior à destruição de Jerusalém. Agora, pode muito bem ser verdade que o entendimento da igreja sobre certas doutrinas evoluiu com o tempo, mas aqueles que forçam uma data posterior geralmente fazem suposições infundadas, como supor que o ensinamento de que Jesus era um milagreiro ou que ele alegou divindade veio depois.


(06:48) – Alegação: “Jesus não era contra o Templo, mas contra suas elites.”

Refutação:
Essa posição é amplamente aceita, mas não exclui que Jesus tenha feito críticas ao uso do Templo. Os Evangelhos descrevem um episódio em que Jesus expulsa cambistas do Templo (Mateus 21:12-13). Isso reflete um zelo pelo propósito espiritual do Templo, não uma rejeição da instituição como um todo.

  • Estudos arqueológicos sobre Nazaré, citados no vídeo, reforçam o alinhamento das comunidades galileias com a prática judaica. No entanto, isso não exclui a possibilidade de que Jesus tenha feito críticas pontuais.
  • A purificação do Templo (Mateus 21:12-13):
    Jesus expulsa os cambistas, dizendo: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vós a fazeis um covil de ladrões.” Isso demonstra que sua crítica era direcionada à corrupção dentro do sistema, e não ao Templo em si.
  • Paralelos no judaísmo do Segundo Templo:
    Outros grupos judaicos, como os essênios, também criticavam a corrupção no Templo, mas mantinham uma visão sagrada dele. Isso sugere que a postura de Jesus estava alinhada com debates internos do judaísmo de sua época.

(09:28) – Alegação: “Os pais da igreja não citam os Evangelhos do primeiro século.”

Refutação:
Essa afirmação é incorreta. Os Pais da Igreja citam amplamente os Evangelhos e outros textos do Novo Testamento. Exemplos incluem:

  • Irineu de Lyon (c. 180 d.C.): Em Contra as Heresias, ele menciona os quatro Evangelhos como sendo de origem apostólica.
  • Clemente de Roma (c. 96 d.C.): Faz alusões a textos que aparecem nos Evangelhos.
  1. Inácio de Antioquia (c. 110 d.C.):
    Inácio cita explicitamente elementos dos Evangelhos em suas cartas, reconhecendo-os como parte da tradição cristã.
  2. Irineu de Lyon (c. 180 d.C.):
    Irineu é uma fonte crucial, pois reconhece os quatro Evangelhos como escrituras autoritativas. Sua obra Contra as Heresias refuta heresias baseadas em interpretações alternativas dos textos evangélicos.

Além disso, manuscritos como o P52, datado do início do século II, mostram que o Evangelho de João já estava em circulação nesse período, refutando a ideia de que os Evangelhos não eram amplamente conhecidos.

A circulação dos Evangelhos nos primeiros séculos está bem documentada, com fragmentos como o P52 (uma cópia do Evangelho de João) datados do início do século II.


Fontes acadêmicas adicionais

  • Bauckham, Richard. “Jesus and the Eyewitnesses: The Gospels as Eyewitness Testimony”.
  • Hengel, Martin. “The Four Gospels and the One Gospel of Jesus Christ”.
  • Hurtado, Larry W. “Lord Jesus Christ: Devotion to Jesus in Earliest Christianity”.

Conclusão Geral:

As alegações do vídeo refletem pontos comuns da crítica moderna, mas uma análise cuidadosa das evidências históricas e textuais demonstra que elas não comprometem a confiabilidade do Novo Testamento nem a historicidade de Jesus.

4o

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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