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Reflexões sobre o atentado ao Charlie Hebdo

10862587_10205992262471969_6600399708900777537_oO lamentável atentado de 7 de Janeiro contra o jornal satírico Charles Hebdo em Paris mostra o quanto nossa sociedade está doente e com referenciais cada vez mais distorcidas. Para muitos, tudo “parece” simples, quando na verdade é bem complexo, sinais de que estamos confusos em um mundo onde as soluções parecem cada vez mais distantes e pouco visíveis no fim do túnel.

A brutalidade, covardia e a loucura injustificável de três extremistas islâmicos nos levaram 12 pessoas pelo motivo mais fútil possível: Um conjunto de sátiras que, dentre outros motivos, denunciava os horrores de grupos extremistas como o Estado Islâmico (a charge com um membro do EI decapitando o profeta Maomé é emblemática). Sofremos um duro golpe em relação as liberdades individuais e de expressão, uma intimidação covarde por parte do fanatismo. As consequências desse atentado serão vistas no decorrer do ano, pois ele acontece em um momento onde a Europa enfrenta dilemas sérios, como os movimentos sociais anti-islamização na Alemanha e a ascensão de partidos de extrema-esquerda e extrema-direta no cenário político. É possível que tais movimentos ganhem força após a barbárie em Paris, e os efeitos disso poderão ser bem perigosos a médio-longo prazo.

Por fim, faço coro com o excelente comentário de Rodrigo Constantino: De um lado, aqueles que defendem a liberdade de expressão, o império das leis, a democracia, ou seja, as principais conquistas institucionais que foram produzidas basicamente no mundo ocidental; do outro, fanáticos que ainda vivem na Idade das Trevas, nem mesmo na real Idade Média, mas naquela caricatural criada pela narrativa anticatólica. Afinal, nem mesmo mais tarde, durante o período mais sombrio da Inquisição Espanhola, o Ocidente viveu mergulhado no mesmo tipo de atraso e autoritarismo que muitos países islâmicos vivem hoje, em pleno século XXI.

Questões ideológicas a parte e críticas ao jornal (uma das vítimas, Stephane Charbonnier – o Charb, era de extrema-esquerda e pregava a banalização da religião e a tratava em geral, diversas vezes de maneira ofensiva, reflexo de uma sociedade altamente secularizada e de suas convicções), o ataque covarde ao Charlie Hebdo merece uma profunda reflexão. Não podemos, independentemente do espectro ideológico (o que inclui até mesmo conteúdo ofensivo), permitir que a liberdade de expressão seja ameaçada pela coerção da violência ou mesmo por censura de qualquer natureza. NESSE SENTIDO, em favor da liberdade de expressão (sim, inclusive das ofensas!), da dignidade humana e, especialmente, pela coragem em abordar tabus “perigosos” como os do mundo islâmico, fica a indignação e perplexidade pela morte de referências em suas devidas áreas de atuação, pais/mães de família e que perderam suas vidas para o ódio e a intolerância!

É tempo de reflexão, é tempo de repúdio!

Je Suis Charlie.

Por Daniel Leal Souza: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205992262471969&set=a.4727334587635.186569.1422796811&type=1

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