O Arcebispo greco-melquita católico de Aleppo, na Síria, alertou que o cristianismo está morrendo lentamente no país devastado pela guerra, e perguntou o quanto horror mais a pessoas precisam experimentar antes que o mundo tome medidas para parar os massacres.
“Em meu país, Síria, os cristãos são apanhados no meio de uma guerra civil e eles estão resistindo a raiva de uma jihad extremista. E é injusto para o Ocidente ignorar as perseguições que estas comunidades cristãs estão enfrentando”, disse Jean-Clément Jeanbart, em um artigo publicado por MercatorNet na terça-feira.
“O que horrores mais o ISIS deve cometer antes que o mundo tome uma maior ação para deter os assassinos?” ele perguntou. “Os cristãos sírios estão em grave perigo, nós podemos desaparecer em breve.”
A Síria está em uma guerra civil em curso que levou a 320 mil mortes desde março de 2011, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos no início de junho, com mais de 1,5 milhões de pessoas que teriam sido feridas.
A guerra está sendo travada entre o governo do presidente Bashar al-Assad, uma série de grupos rebeldes que buscam derrubar seu governo, e o grupo terrorista ISIS, que conquistou território significativo no país.
Os cristãos estão entre os muitos civis que foram pegos no fogo cruzado, e também foram especificamente visados pelo ISIS, que decapita e executa aqueles que não juram lealdade a sua versão do Islã, ou não têm meios para pagar um imposto.
Jeanbart admitiu que as realidades da região são “complexas e interligadas com muitas nuances históricas, sociais e religiosas.”
“Por décadas os cristãos sírios viveram pacificamente em uma sociedade ao lado de uma maioria muçulmana que foi tolerante. Havia uma atmosfera cordial de aceitação mútua e amizade. Isso não é mais o caso. Cristãos sírios estão desorientados pela implosão de um modo de vida que uma vezfoi tranquilo e seguro”, ele descreveu.
“Eles estão com medo de sair de suas casas, eles evitam sair de suas cidades ou aldeias, ou o saem apenas para se deslocar para outras regiões onde esperam encontrar um refúgio seguro. Em zonas perigosas como Aleppo e aldeias próximas à Turquia, o que aterroriza a população mais do que os combates e os bombardeios, são os sequestros, os atiradores, carro-bombas, o bombardeio e os saques … tudo isso culminando na manifestação da ISIS.”
O arcebispo de Aleppo observou que sua cidade tem sofrido muito, e descreveu como “inúmeros ataques – mais recentemente o bombardeio do bairro cristão no fim de semana de Páscoa – destruíram suas igrejas, suas fábricas e sua indústria florescente, sua infra-estrutura e instituições sociais e administrativas, sua zona comercial e seus lugares lendários, as suas casas antigas, escolas e hospitais. “
Ele acrescentou que mais de 40.000 cristãos, ou um terço do número total que viviam na cidade, deixaram a área desde 2011, tornando-se uma parte dos 3 milhões de sírios que fugiram para países vizinhos como refugiados.
Os EUA e nações aliadas têm respondido ao ISIS, lançando ataques aéreos na Síria e Iraque contra alvos terroristas, mas foram incapazes de mediar a paz na guerra civil.
Jeanbart disse que a comunidade cristã na Síria é grata à comunidade internacional por seus esforços para parar o ISIS. Ele disse, no entanto, que os civis ainda estão indefesos contra o grupo terrorista, e chamou a América e seus aliados para fornecer “uma melhor proteção e executar uma estratégia mais agressiva.”
“No caso dos combates no nordeste da Síria, a captura de várias centenas de cristãos assírios poderia ter sido evitada se os EUA começassem seus bombardeios antes. O esforço coordenado recente, que incluiu as tropas curdas no solo, mostrou-se eficaz em fazer retroceder o ISIS , mas para muitos assírios esta ajuda chegou tarde demais”, disse ele.
O arcebispo de Aleppo acrescentou que muitos cristãos e minorias continuam sem provisões para abrigo, alimentação e assistência médica, e disse que ainda há grande emergência precisa ser considerada.
“Uma vez que – se Deus quiser – o ISIS for derrotado e uma medida de paz seja restaurada para as terras, os cristãos devem ser capazes de contar com os EUA e seus aliados para proteção militar contínua, a longo prazo. Tem de haver uma espécie de proteção de ferro no lugar para que as tragédias dos últimos quatro anos não se repitam”, acrescentou.
Fonte: http://www.christianpost.com/news/what-horrors-must-isis-commit-before-world-takes-action-asks-aleppo-archbishop-who-warns-syrian-christians-are-disappearing-140553/
Tradução: Emerson de Oliveira