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Qual a melhor versão da Bíblia?

biblia-de-jerusalem-editora-paulus-14640-MLB222646855_6581-FEste estudo tem por finalidade discutir sobre as traduções da Bíblia em português e esclarecer alguns pontos sobre a pergunta: “qual a melhor tradução da Bíblia em português?”. Bem, para algumas considerações a este respeito, clique aqui. O que iremos falar é sobre algumas traduções da Bíblia em português e suas características.

Para início é importante notarmos que não há uma única tradução perfeita da Bíblia. Todas as versões (católicas e protestantes) em sua maioria, são boas. Só há uma exceção na Tradução do Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová, uma versão que não recomendo. A maioria das pessoas procuram uma versão da Bíblia que se adequade às suas necessidades, mas é bom ter uma orientação sobre isso. Todas as versões bíblicas (em português ou em qualquer língua) tem suas falhas e pontos positivos. O que vai importar é PARA QUÊ você quer usar a Bíblia: estudo, evangelismo, pregação, etc. Dependendo disso, você pode ter uma direção maior.

Tipos de Bíblias
Existem basicamente três tipos de Bíblias: as literais (que seguem de perto do texto original), as dinâmicas e as paráfrases. Como o artigo de James Akin (link acima) já discute bem sobre essas diferenças, vou me ater só em algumas observações às nossas traduções.

Os dois principais tipos de tradução (católicos e protestantes) seguem cada um seus respectivos tradutores em seu projeto de confeccionar uma nova versão (mas há exceções, como a Bíblia de Jerusalém católica, que usa também especialistas protestantes e a Tradução Ecumênica da Bíblia, que tem em sua equipe católicos, ortodoxos, protestantes e judeus). As versões protestantes normalmente seguem a Almeida (do tradutor João Ferreira de Almeida), que tem várias versões (revisada, atualizada, corrigida, etc.) e as versões católicas são bem conhecidas como as versões Matos Soares, monges de Maredsous, Ave-Maria, Mensagem de Deus e a Bíblia de Jerusalém, entre outras. Além da conhecida diferença entre as versões católicas e protestantes (que é a presença dos livros deuterocanônicos ou “apócrifos” nas versões católicas) há outra diferença nem tão conhecida entre elas. É o texto-tipo de onde foram baseadas e este assunto já é mais complicado (para considerações sobre este assunto clique aqui).

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O que podemos dizer é que há dois principais tipos de texto que os tradutores usam para realizar uma versão. É o Texto-Crítico (TC) e o Textus Receptus (TR). Sem entrar muito em detalhes sobre esta questão, que é profunda, basta saber que a maioria das bíblias católicas usam o TC e as protestantes o TR, devido à influência da Almeida, que durante muito tempo usou o mesmo tipo de texto original de tradução que a King James inglesa.

O fato é que o TR é um texto recente, datado do séc. XII e foi compilado por Erasmo de Roterdã. Algumas versões da Almeida seguem de perto este tipo (como a Corrigida e Fiel) mas outras se distanciam dele (como a Atualizada). Tem falhas, onde se pode comprovar por este artigo. Mas isto não desmerece a versão King James/Almeida CF mais do que as outras. O fato é que o TR é um texto recente que nem sempre representa com fidelidade o que os autores originais escreveram (inclusive há um site brasileiro, de um fundamentalista, que diz que só a versão Almeida Corrigida e Fiel é a correta. Isto é um absurdo. O autor, Hélio de Menezes, comete grandes falhas de raciocínio e tenta ridicularizar as outras versões em detrimento da ACF. Outros fundamentalistas caem no mesmo erro, como Mary Schultze).

Já o TC foi compilado por Westcott e Hort em 1881 e é o texto mais usado pelas bíblias modernas, se bem que hoje já se usa o texto crítico de Nestlé-Aland. Mas ambos são bem pesquisados para que saibamos o que realmente os autores sacros tinham em mente ao escrever o AT e o NT.

Portanto, é importante sabermos deste assunto ao lermos a Bíblia como estudo. Algumas palavras podem passar despercebidas num estudo sério. Mas o interessante é que devemos usar várias traduções quando comparamos alguns versículos. A maioria dos protestantes seguem a Almeida porque ela não tem os chamados livros “apócrifos” (o termo correto seria “deuterocanônicos”) que existem nas versões católicas (livros de Tobias, Judite, Macabeus, etc.). Mas as diferenças, como vimos, não são só essas. O fato é que a versão Almeida Atualizada segue de perto o TC e foi elogiada pela CNBB.

Vantagens e desvantagens de algumas traduções

Vamos agora entrar num estudo sobre alguns pontos positivos e negativos de algumas versões mais utilizadas no Brasil.Vamos ao estudo:

Almeida Corrigida e Fiel (Sociedade Trinitariana do Brasil)

Existem defensores no Brasil de uma estranha teoria que diz que só esta Bíblia é a correta, 100% infalível e sem erro de tradução (Hélio de Menezes e Mary Schultze). Apesar das fraquezas de seus argumentos continuam insistindo nesta mentira. É a mais utilizada entre os protestantes (é similiar a King James inglesa). Apesar de sua leitura ser literária e solene (ela segue de perto do Textus Receptus) ela sacrifica a exatidão em alguns pontos em favor da arte literária (a título de curiosidade colocarei aqui a parte da King James original. A ACF brasileira parece ter corrigido algumas passagens equivocadas. todos os grifos são nossos).

IRe. 10,28: a palavra “Kue” é traduzida como “fio de linho”. Isto está incorreto. Na verdade, “Kue” foi um lugar na Cilícia onde Salomão comprava seus cavalos. Este é um fato verificado por arqueologistas mas o que os tradutores da King James não sabiam.

Salmo 8,5: “pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste”. A palavra hebraica aqui é Elohim, que significa “deuses”. João Ferreira de Almeida estava atento deste fato pois traduziu corretamente esta palavra no Sl.138.1: “na presença dos deuses a ti cantarei louvores”.

Salmo 77,2 (KJV): “minha chaga correu à noite e não cessou”. Isto não é nem de perto o que o texto hebraico diz “À noite estendi minhas mãos sem cessar”. Esta má tradução seria engraçada se não fosse tão séria (a ACF corrige esta falha, apesar da alegação de Mary Schultze de que a Almeida segue FIELMENTE a King James).

Jo.20,17:  “não me toque”. Parece que Ele está aqui proibindo o que Ele permitiu em outro lugar (Mateus 28,9). Porém, a palavra grega aqui significa “agarrar”. Jesus não estava proibindo Maria que O tocasse, mas que agarrasse como se quisesse impedí-lo de partir – um conceito completamente diferente.

Rm.3,25: a Almeida fala da “remissão dos pecados”. A palavra grega aqui se refere a “ignorar os pecados”, não cancelá-los ou redimí-los. Almeida confundiu duas palavras gregas semelhantes aqui.

IIRe. 23,29: a Almeida CF reza: “nos seus dias subiu Faraó Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria”. Isto não é verdade. O faraó Neco foi em ajuda do rei da Assíria; eles eram aliados, não inimigos, como os antigos registros da época hoje nos provam. Almeida não tinha esta informação disponível a ele (ele usou o Textus Receptus, lembram-se?) e então supôs que o encontro fosse de inimigos. Isto é historicamente falso. É um fraco comentário de Almeida. A Bíblia de Jerusalém e a TEB traduzem corretamente aqui.

Bíblia Viva (Liga Mundial da Bíblia)

Esta versão coloquei como exemplo de Bíblia parafraseada, pois é isto o que ela é: a visão de Kenneth Taylor, que a compilou (a TLH e a NTLH são muito melhores).

Tradução do Novo Mundo (Sociedade da Torre de Vigia)

Coloquei esta versão aqui para demonstrar como não se deve traduzir uma Bíblia e como uma seita faz sua própria versão para defender sua teologia. Muito sobre ela pode ser encontrado aqui. Só irei demonstrar alguns versos.

As Testemunhas de Jeová negam que Deus estabeleceu diferentes alianças ou testamentos para seu povo. Assim, eles não crêem na idéia de uma “antiga” aliança (testamento) e uma “nova”. Muito de seus ensinos ainda são baseados nos escritos que chamamos de “Velho Testamento”, pela simples razão que eles não acreditam que foi substituído (ou cumprido) por um novo (testamento). Por isto, eles se recusam a chamar as duas seções da Bíblia como “Velho Testamento” e “Novo Testamento”. Ao contrário, eles se referem a eles como “Escrituras Hebraicas” e “Escrituras gregas Cristãs”. É interessante notar, porém, que elas não têm sido consistentes sobre isto na própria tradução. Em IICo. 3,14 a TNM fala da “leitura do antigo pacto”. “Nova aliança” e “velha aliança” aparecem em Hb. 9,15, e “mediador de uma nova aliança” em Hb. 12,24, só para citar alguns exemplos.

Para quê se usar
A maioria dos casos depende exatamente do uso que irá fazer da Bíblia. Não tem sentido esse preconceito descabido das bíblias católicas por alguns protestantes (pessoalmente uso mais a Bíblia de Jerusalém) por causa dos apócrifos e dos católicos aos protestantes por causa da Almeida. As duas versões (católicas e protestantes) são dignas de respeito e são Palavra de Deus. Ambas as Sociedades que imprimem as bíblias (SBB, Paulinas, etc.) tem como meta publicar a Palavra de Deus. Mas iremos nos concentrar sobre alguns usos dessas versões.

Se desejar usar uma versão para estudo, recomendo a Bíblia de Jerusalém ou a Almeida Atualizada. Ambas são bem traduzidas e corrigem com precisão algumas áreas duvidosas de tradução (gosto das notas da BJ, que são abundantes). Estas são bíblias literais, que seguem de perto o texto original.

No outro extremo estão as bíblias parafraseadas, cujo maior exemplo é a Tradução na Linguagem de Hoje (SBB). Ela é mais usada para deixar a linguagem da Bíblia mais moderna e acessível ao público, mas para isso tem que sacrificar uma leitura mais próxima dos originais. Mas tanto ela como outras semelhantes (a Bíblia Viva, por exemplo) mantêm a ortodoxia de nos transmitir o puro texto da Bíblia.

Críticas de grupos externos
É característica das seitas radicais chegarem ao ponto de fazerem uma tradução própria da Bíblia para satisfazerem suas idéias. Exemplo maior é a Tradução do Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová (lançada em 1950), realizada porque as TJ estavam em grandes dificuldades usando a versão King James inglesa, que defendia a divindade de Jesus.

Outra versão, menos conhecida entre nós, é a Versão Restaurada, de Joseph Smith, o fundador do mormonismo. Aliás, esta seita alega que a Bíblia que temos hoje não pode ser confiada e para isto é necessário termos um “profeta” que nos esclareça qual versão é a correta. Apesar deles dizerem que respeitam e usem a Almeida, na verdade os mórmons não crêem que temos uma tradução correta da Bíblia (alegam que ela foi corrompida pelos sacerdotes e clérigos da “cristandade”).

O que as seitas fazem é uma forma de criticar as versões usadas pelos cristãos e forçá-los a usarem a sua. Não conseguindo se defender usando as Bíblias comuns, tem que fazer a sua para poderem falar de suas idéias. Mas as críticas das TJ e dos mórmons não fazem o menor sentido. As TJ dizem que todas as versões são respeitáveis mas no fundo só usam a NM (porque altera todo versículo que prova que Jesus é Deus). Os mórmons alegam respeitar a Bíblia mas dizem que ela é corrupta e só confiam no Livro de Mórmon. Portanto, o que as seitas dizem não faz sentido, a não ser para eles.

Conclusão
Há o ditado que a melhor versão da Bíblia é aquela que você lê. Mas lembre-se que se desejar para um estudo profundo, recomendo a Bíblia de Jerusalém ou a Almeida Atualizada ou a Corrigida. Se tiver dificuldades em esclarecer alguns pontos, tudo bem em usar a TLH. O importante é você ler a Palavra de Deus.

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