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Pápias é Confiável? Respondendo às Críticas Sobre a Autoria dos Evangelhos

Pápias é Confiável? Respondendo às Críticas Sobre a Autoria dos Evangelhos

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A confiabilidade de Pápias, uma das primeiras fontes cristãs a mencionar os evangelhos de Marcos e Mateus, tem sido duramente questionada por estudiosos modernos como Bart Ehrman e Richard Carrier. Mas será que esses ataques são justificados? Neste artigo, vamos examinar os principais argumentos contra Pápias e apresentar uma resposta embasada historicamente.

O Que Dizem os Críticos?

Bart Ehrman afirma que “não podemos confiar em Pápias em praticamente nada”, citando passagens atribuídas a ele que parecem fantásticas demais para serem levadas a sério. A mais polêmica descreve a morte de Judas de forma grotesca: seu corpo teria inchado de forma monstruosa, seus órgãos teriam expelido pus e vermes, e seu fedor teria deixado sua terra inabitável.

Outro trecho citado por Ehrman e Carrier fala sobre uma visão futura do Reino de Deus, onde as videiras produziriam cachos gigantescos e o trigo se multiplicaria de forma sobrenatural. Segundo os críticos, esses relatos tornam Pápias completamente indigno de confiança.

O Relato de Judas: Uma Exageração?

É importante observar que o relato da morte de Judas aparece em duas versões diferentes atribuídas a Pápias, ambas preservadas por Apolinário de Laodiceia. A versão mais curta diz apenas que Judas estava inchado e morreu esmagado por uma carroça. Já a versão mais longa é claramente mais fantástica.

Essa diferença levanta uma dúvida: será que a versão exagerada não foi modificada por tradutores ou copistas ao longo dos séculos? É mais plausível que um escriba tenha aumentado os detalhes do que suavizado a narrativa. Por isso, é precipitado rejeitar totalmente a confiabilidade de Pápias com base nesse texto.

O Uso da Retórica Antiga: Ekphrasis

Um detalhe muitas vezes ignorado pelos críticos é que Pápias pode estar usando uma técnica retórica comum na Antiguidade, chamada ekphrasis. Esse estilo descritivo visava provocar reações emocionais intensas e usava exageros literários. Assim, o texto sobre Judas pode ser entendido como uma alegoria moral e não como uma narrativa literal.

Sem o contexto original da obra de Pápias, não podemos afirmar com certeza se ele acreditava literalmente nesses detalhes ou se apenas os registrava como tradições orais. Isso exige mais cautela ao avaliar sua confiabilidade como historiador.

A Profecia das Videiras: Pápias Era o Único?

Outro argumento contra Pápias envolve um suposto ensinamento de Jesus sobre o Reino de Deus, onde uvas produziriam litros e litros de vinho e o trigo seria infinitamente fértil. Essa visão é encontrada não apenas em Pápias, mas também em Irineu e Hipólito, mostrando que era uma tradição amplamente difundida entre os primeiros cristãos.

Irineu chega a dizer que recebeu esse ensinamento dos “anciãos” e não apenas de Pápias. Isso indica que Pápias não inventou esse conteúdo, mas fazia parte de uma tradição mais ampla. Mesmo que o relato pareça fantasioso para leitores modernos, ele se encaixa no estilo profético e simbólico de Jesus.

Uma Fala Autêntica de Jesus?

Alguns estudiosos acreditam que essa visão paradisíaca pode, sim, ter origem em Jesus, embora em linguagem simbólica. Nada no conteúdo contradiz os ensinamentos bíblicos e pode ser interpretado como uma metáfora do Reino de Deus — algo que Jesus frequentemente fazia.

Mesmo se alguém rejeitar a autenticidade dessas palavras, isso não compromete o testemunho de Pápias sobre Marcos como intérprete de Pedro e Mateus como autor de um evangelho em hebraico. Essas informações são completamente diferentes em natureza e finalidade.

Conclusão: Podemos Confiar em Pápias?

Criticar Pápias por relatar tradições orais simbólicas ou lendárias é como julgar a credibilidade de um jornalista moderno por reproduzir boatos locais sem tomar posição. Os textos polêmicos não anulam o seu valor como testemunha da tradição apostólica.

Seus relatos sobre a autoria dos evangelhos de Marcos e Mateus são independentes, coerentes com outras fontes e apontam para uma tradição sólida do século I. Pápias pode ter registrado lendas populares, mas também preservou informações históricas valiosas que não devem ser descartadas tão facilmente.

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