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Os evangelistas cometeram erros geográficos?

Os Evangelistas Cometeram Erros Geográficos?

Críticos bíblicos frequentemente argumentam que Marcos e os outros escritores dos evangelhos conheciam muito pouco da geografia da Palestina e cometeram graves erros geográficos. Segundo esses críticos, se os evangelistas realmente tivessem conhecimento da geografia da região, não teriam cometido erros tão flagrantes, o que os tornaria fontes históricas não confiáveis. Esse argumento é particularmente problemático para o Evangelho de Mateus, já que Mateus, sendo judeu e morador da região, não teria motivo para copiar alguém supostamente tão incompetente geograficamente como Marcos. Alguns críticos concluem que, se o autor do Evangelho de Mateus realmente tivesse sido Mateus, ele não teria cometido tais erros.

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Primeiro Suposto Erro: Marcos 7:31

Um dos exemplos citados pelos críticos é Marcos 7:31, que diz: “De novo, saindo das terras de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galileia, através do território de Decápolis”. Para alguns críticos, essa rota seria como viajar de Cornwall para Londres via Manchester, algo aparentemente sem sentido. O crítico bíblico Hugh Anderson, por exemplo, comenta que essa rota não faz sentido, sugerindo que o autor de Marcos não tinha conhecimento direto da Palestina.

Entretanto, ao observarmos o contexto, fica claro que Marcos conhecia a geografia da região. Em Marcos 7:24-26, por exemplo, o autor menciona Tiro, Sidom, o mar da Galileia e Decápolis, mostrando um entendimento claro dessas localizações. O filósofo Tim McGrew, especialista em apologética histórica, explica que havia um caminho de Sidom pelas montanhas até o vale do Rio Jordão, onde viajantes a pé para a Galileia poderiam obter água fresca, essencial numa época sem conveniências modernas como lojas de conveniência para comprar água. Portanto, a crítica a Marcos 7:31 parece precipitada, e uma análise mais cuidadosa da topografia mostra que Marcos sabia o que estava descrevendo.

Segundo Suposto Erro: Marcos 11:1

Outro exemplo frequentemente citado é Marcos 11:1, que diz: “Quando se aproximaram de Jerusalém, de Betfagé e Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois de seus discípulos”. Críticos como Randall Helms afirmam que quem se aproxima de Jerusalém vindo de Jericó passaria primeiro por Betânia e depois por Betfagé, não o contrário. Segundo Helms, essa é mais uma evidência de que Marcos não conhecia a Palestina.

Porém, essa leitura dos críticos parece ser exagerada. Marcos 11:1 não afirma que Jesus chegou primeiro a Betfagé e depois a Betânia. O texto simplesmente descreve que Jesus se aproximou de Jerusalém e passou por essas aldeias, que estão localizadas a cerca de meia milha uma da outra, ambas nos montes orientais do Monte das Oliveiras. Assim, essa crítica não se sustenta com uma leitura mais simples e comum do texto.

Terceiro Suposto Erro: Lucas 17:11

Finalmente, um dos erros mais citados é encontrado em Lucas 17:11: “De caminho para Jerusalém, passava Jesus pelo meio de Samaria e da Galileia”. Críticos afirmam que essa descrição mostra a “ineptidão geográfica” de Lucas, já que Samaria fica entre Galileia e Judeia, e não faz sentido geograficamente que Jesus estivesse “passando pelo meio” de Samaria e Galileia para chegar a Jerusalém.

No entanto, essa crítica ignora o contexto histórico e cultural da época. Durante o primeiro século, havia uma forte inimizade entre judeus e samaritanos, o que tornava perigoso para judeus transitar diretamente pela Samaria. Portanto, o desvio de Jesus para evitar conflitos e viajar próximo a fontes de água, faz muito mais sentido. Ao entender o contexto histórico e cultural, a crítica à Lucas 17:11 também perde sua força.

O Caso dos Demônios e os Gadarenos

Outra crítica comum envolve o relato de Jesus expulsando demônios em uma manada de porcos que correm para o mar da Galileia, encontrado em Mateus 8:28-34, Marcos 5:1-20 e Lucas 8:26-29. Marcos e Lucas mencionam que o evento ocorreu na região dos “gerasenos”, enquanto Mateus menciona “gadarenos”. O problema surge porque Gerasa está a 48 km do mar da Galileia, e Gadara está a 8 km, o que torna impossível que os porcos tenham caído no mar a partir dessas cidades.

No entanto, estudiosos apontam que existem variantes textuais significativas nos manuscritos gregos desses versículos, sugerindo que o termo “gerasenos” pode ter sido uma tentativa de transcrição do nome de um local em aramaico, como “Kursi”, que está localizada na costa oriental do mar da Galileia, próxima a um declive íngreme onde tal evento poderia ter ocorrido. Além disso, restos arqueológicos, como tumbas de cavernas e uma capela do século V, sugerem que a região era considerada espiritualmente significativa pela igreja primitiva.

Esses exemplos mostram que as acusações de “ineptidão geográfica” dos evangelistas não se sustentam quando consideramos o contexto histórico, cultural e geográfico da época. A crítica muitas vezes superestima sua posição, ignorando detalhes que reforçam a precisão dos relatos evangélicos. Aparentemente, os evangelistas conheciam muito bem a geografia da Palestina.

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