Estou recebendo ataques furiosos de vários blogs populares, e percebo que eu deveria provavelmente tomar uns 15 minutos para explicar por que exatamente eu perdi meu testemunho na igreja mórmon em 1992.
Eu fui criada como mórmon, desde o tempo em que fui bebê até quando entrei na faculdade. Eu continuei uma mórmon ativa nos meus primeiros três anos de faculdade.
Eu não era a “melhor” mórmon. Eu fui batizada aos 8 anos, e foi muito bom (havia muita expectativa no Primário, no programa da escola dominical, com as crianças serem batizadas quando completassem 8 anos). Eu nunca fiquei no Seminário no colégio o suficiente para terminar de fato um ano inteiro, e eu só fiquei no campo das Jovens Mulheres o bastante para terminar dois dos quatro anos. Porém, consegui meu Prêmio de Progresso Pessoal das Jovens Mulheres.
Meus pais se converteram quando eu era bebê, creio, ou talvez pouco antes de eu nascer. Meu tio, o irmão de meu pai, tinha se convertido, e meu pai se converteu logo após. Meus pais nunca foram SuperMórmons. Fumavam e bebiam café quase minha vida inteira, o que é proibido por causa da Palavra de Sabedoria. Meus pais foram finalmente selados a um ao outro e eu e meu irmão fomos selados em alguma época do colegial. Mas quando eles se mudaram mais longe de um templo onde eles não puderam ir regularmente, começaram a fumar novamente. Meus pais foram esporadicamente inativos durante minha mocidade (o que significava que nem eu ia para a igreja) mas foram ativos nos anos 80. Quando eles se mudaram para o Colorado nos anos 90 ficaram inativos por cerca de 10 anos porque eles não gostaram de sua ala. Mas quando se mudaram para McAllen, TX, ficaram ativos novamente.
Quando eu estava em faculdade comecei a sair com um jovem muito agradável que nunca tinha sido criado em qualquer religião. Quando começamos a namorar, deixei claro que eu preferiria muito que ele fosse mórmon. As mórmons são fortemente encorajadas para que se casem com membros. Casar com alguém fora da igreja significaria não ser selada para a eternidade no templo, o que significa não ir para o Reino Celestial.
Assim, ele leu o Livro de Mórmon, e decidiu se converter. Ele foi batizado, e nós continuamos a namorar durante mais de dois anos e meio.
Na primavera de 1992, eu estava em uma livraria perto do shopping Town East, em Mesquite, TX. Estava procurando livros de religião, e por alguma razão decidi apanhar um livro “anti-mórmon”. Como um mórmon, eu cresci em uma bolha total. Os mórmons são fortemente encorajados não só a não estudem outras religiões, mas não ler nada sobre a religião mórmon a menos que for aprovado pela igreja.
Eu não me lembro de que revelação chocante neste livro me fez querer comprá-lo. Eu não posso me lembrar do que me fez dizer: “Oh meu Deus, esta igreja é falsa!” Tudo o que eu posso me lembrar é a sensação de meu mundo inteiro desmoronando. Eu me lembro de sentir como todo meu sistema de crença, meu apoio inteiro na vida, havia desaparecido.
Este é o segredo do que acontece quando um mórmon deixa a igreja: há um fato para o qual todos os outros fatos ao redor da igreja mórmon gira. Ou o Livro de Mórmon é o que afirma ser, ou não é. Ou Joseph Smith viu Deus, Cristo, e Moroni revelar as placas, ou não. Tudo o mais na religião gira ao redor deste simples fato. Agora, eu não posso me lembrar qual fato li e que me acendeu a luz de que o Livro de Mórmon não era a palavra revelada de Deus. Lembro-me somente de que foi horrível.
Meu namorado e eu deixamos a igreja ao mesmo tempo. Nossa chamada na época foi ensinar numa classe Primária, e simplesmente dissemos que já não poderíamos ensinar na classe e que não iríamos mais para a igreja. Nós nos separamos aproximadamente 4 meses depois, mas ficamos amigos até que ele se formou na faculdade no próximo semestre. Lembro-me dele dando-me uma carta e pedindo que eu a enviasse, pois era sua resignação da igreja. Eu ainda fiquei bastante assustada em enviá-la e eu a guardei durante anos antes de jogá-la fora. Eu ainda fico triste em lembrar que ele ainda é considerado um membro em algum lugar nas listas da igreja mórmon.
RESPONDENDO A UM COMENTÁRIO
Renae fez um comentário sobre um post anterior:
Achei sua nova paixão e amor pela Igreja Católica admirável. Esta alegria é algo que toda alma busca e acha morada.
Eu não estou segura que tipo de lugar que a igreja mórmon teve em seu coração ou que lugar que tem agora, mas por favor, em seu entusiasmo, não degrade ou desfaça de algo que para outros é sagrado, santo e profundo. Eu gastei muito tempo sentada na frente do tabernáculo de igrejas católicas, mas todas minhas experiências espirituais profundas me dizem que a igreja mórmon é verdadeira. Eu intencionalmente nunca diria qualquer coisa que desrespeitasse ou degradasse algo que seja tão querido pelos outros (apesar de que eu, sem querer, muitas vezes faça isso).
Que Deus continue lhe abençoando e lhe conduza mais próximo a Ele.
Obrigada por seu comentário, Renae. Você expôs uma questão muito boa – que lugar tem a igreja mórmon em meu coração?
Creio que, para começar, deveria lhe contar como originalmente eu me afastei. Eu perdi meu testemunho da igreja quando tinha 21 anos. Eu estava em uma livraria e apanhei livro antimórmon. Em um minuto eu percebi por que o Profeta e líderes da igreja desencorajavam os membros de ler esses livros. Eles contêm verdade e ficção em quantidade variadas, mas eles são muito persuasivos. Lembro-me naquele momento que foi a primeira vez em minha vida que me ocorreu que havia uma possibilidade de que a igreja não era o que dizia que era, e que era falsa. Antes daquele momento, nunca havia passado em minha mente que a igreja de minha mocidade era diferente do que dizia que era.
Depois que meu testemunho foi abalado, eu nunca mais pude voltar ao que era. Eu tentei e tentei muito. Mas foi uma luta muito dura, por anos pensando: “se pelo menos eu pagasse perfeitamente o dízimo, se eu fosse mais para o templo, se eu rezasse mais, se eu lesse mais as escrituras, se eu cumprisse mais minhas chamadas, se eu desse mais testemunho, seria uma testemunha de Cristo”. Mas nunca veio.
Assim, voltando à pergunta original, que lugar tem a igreja mórmon em meu coração? Bem, eu penso que de algum modo eu sempre terei a cultura mórmon em meu coração. Posso lhe dizer que até agora mesmo seria mais fácil para mim ir a uma igreja mórmon e passar pelos serviços que entrar para uma Missa católica em uma igreja que eu nunca fui. Minha mãe ainda é mórmon, como muitos membros de minha família. Eu amo profundamente os mórmons. Muitos dos mórmons são pessoas verdadeiramente boas que dão genuinamente e que são amáveis.
MAS… quando eu era mórmon, eu descobri que muitas vezes minha generosidade tinha segundas intenções. Descobri que eu era amável aos não-membros na esperança de eles vissem que eu era uma boa pessoa e desejassem se juntar à igreja. Encontrava membros inativos e os tratava com grande generosidade, mas só até certo ponto. Eu sempre tinha em mente que eu esperava que minha influência lhes ajudasse a voltar à igreja. Eu ouvi este tipo de ação chamado “bombardeio de amor” antes.
Olhando para trás, percebo que eu nunca esperava que as pessoas achassem Cristo, ou achassem o consolo de serem abraçadas pelos braços amorosos de Deus. Descobri que eu esperava que eles fossem batizados e se tornassem mórmons. Cristo não tinha nada a ver com isto.
Lembro-me de retornar para a igreja mórmon em 1998, quando eu tinha 27 anos, depois de uma longa ausência. Eu tinha chegado ao fundo do poço e sabia que tinha que fazer algumas mudanças em minha vida. Eu não gostei da pessoa que eu havia me tornado. Eu era muito pecadora e egocêntrica. E eu estava só. Em minha fraqueza e vulnerabilidade, eu regressei para o conforto que eu conhecia desde criança. O que achei estranho é que em toda minha vida como uma mórmon reativada, eu fui tratada seja como um “espírito especial” (para vocês católicos isso se chama de “boa personalidade”) na Ala dos Solteiros e como uma mascote para a Sociedade de Socorro na ala familiar da qual participei.
Eu sempre estava triste, porque eu nunca fui “bombardeada de amor” quando estava afastada. Eu não estava esperando isto, eu estava esperando que eu não tivesse isso, mas honestamente fiquei um pouco surpresa que nos 5 anos em que eu estive fora da Igreja, eu recebi só um telefonema. Nenhuma visita, nenhum e-mail, nenhum biscoito em minha porta. Nada.
Assim, em poucas palavras, sempre amei e sempre amarei os mórmons. Sua cultura tem alguns pontos que são admiráveis. Mas eu também encontrei muitos fatos documentados que mostram que Joseph Smith enganou as pessoas e não foi o que afirmou ser. Além disso, graças a ajuda de outros que fizeram muita pesquisa sobre o assunto, descobri muitas inconsistências no Livro de Mórmon que não se enquadram com a Bíblia, ou até mesmo com os ensinos mórmons. Também me entristece grandemente que os mórmons continuam gastando centenas de milhares de horas todos os anos trabalhando para os mortos quando há tantas pessoas vivas que têm fome e necessidade á nossa volta. Quase todo ato de caridade que vi na igreja mórmon (o armazém do bispo, etc.) foi feito para mórmons, por mórmons, a menos que fosse incluído em um “bombardeio de amor” que quisesse converter pessoas.
E mais que qualquer coisa, eu rezo para que os mórmons investiguem fora da igreja sobre a história de Joseph Smith. Eu não estou falando de Ed Dekker, ou até mesmo dos Tanners. Há lugares onde as pessoas fizeram pesquisas, pessoas com grande investimento na igreja, que encontram a verdade e decidiram compartilhar isto com as pessoas.
http://mormon2catholic.wordpress.com/
Tradução: Stephen Adams