“Dobro os joelhos diante do Pai, a quem toda família no céu e na terra deve o seu nome.” — Efé. 3,14-15.
QUEM é que, de bom juízo, não quer ter felicidade na sua vida familiar? Se ela, atualmente, não for feliz, a maioria das pessoas estarão dispostas a aplicar quaisquer meios que lhes pareçam úteis, para conseguir verdadeira união e felicidade na família.
Na busca do segredo da felicidade na vida em família, alguns adotam o conceito de que este mundo de tecnologia apresenta problemas que nenhuma outra era teve de enfrentar. Por isso, acham que se precisa duma norma de moral diferente. Crêem também que o mundo, em todos os sentidos, é agora mais esclarecido do que nas gerações passadas. — Pro. 30,13.
É isso verdade? A tecnologia tem acentuado alguns dos problemas seculares, isso sim. Mas, mudou a natureza humana? Têm as pessoas menos desejos de ser tratadas com bondade e são menos suscetíveis ao amor? Será que o modo em que temos usado nosso progresso científico e industrial solucionou nossos problemas, ou tornou-nos, antes, menos humanos na nossa maneira de encarar as relações sociais!
Quando avaliamos esta questão com honestidade, temos de admitir que a atual geração não é mais inteligente, nem melhor, do que as passadas. De fato, a inteligência que possuímos, nós a herdamos delas. Por isso, não podemos, com segurança e bom senso, rejeitar todas as normas básicas seguidas por praticamente cada nação na terra, durante milhares de anos — por exemplo, a monogamia, a chefia na família e a importância da união familiar — especialmente visto que se mostraram proveitosas. De fato, é o afastamento de tais princípios que causa a maior parte da infelicidade na família.
ORIGEM DAS NORMAS CORRETAS
Mais importante ainda é onde se originaram essas normas sobre a vida em família! São elas o produto da lógica humana ou foram derivadas da experiência prática? Nem uma, nem outra dessas coisas. Provêm do Criador do homem e da mulher, Daquele que estabeleceu a família como unidade básica da sociedade humana. A Bíblia diz até mesmo sobre as nações que não reconhecem o verdadeiro Deus: “Sempre que pessoas das nações, que não têm lei [mosaica], fazem por natureza as coisas da lei, tais pessoas, embora não tenham lei, são uma lei para si mesmas. Elas é que são quem demonstra que a matéria da lei está escrita nos seus corações, ao passo que a sua consciência lhes dá testemunho e nos seus próprios pensamentos são acusadas ou até mesmo desculpadas.” — Rom. 2,14-15.
De modo que as leis de muitas das nações — suas leis que promovem manter a família unida — são o resultado de normas de moral e de sentimentos naturais incluídos na constituição humana por ocasião da criação. Por conseguinte, em todas as nações, vemos algumas famílias usufruir uma medida considerável de felicidade. Os membros dessas famílias tem verdadeira afeição natural. Costuma haver boas comunicações e interesses comuns, que unem a família. Eles trabalham e brincam juntos, e se respeitam mutuamente. Ao passo que o chefe da família tem a decisão final nos assuntos importantes, todos são respeitosamente ouvidos quanto às suas idéias ou opiniões. Há a sensação de liberdade de pensamento, palavra e ação, apenas limitada pelos melhores interesses da família e da pessoa.
Mas, para haver a maior garantia de felicidade permanente, que suporte os altos e baixos da economia, as tentações da chamada “moralidade moderna” e os desapontamentos deste mundo, o principal é ter uma boa relação com Deus. Se esta relação for conseguida e mantida, todos os outros aspectos da vida familiar “se ajustarão”, e, mesmo que as coisas nem sempre saiam assim como se queria, pode-se lidar com isso e resolvê-lo da maneira mais bem sucedida possível. — Sal. 127,1.
Quais são alguns dos fatores envolvidos em manter uma boa relação com Deus, e, em conseqüência, uma boa relação entre os membros da família?
Primeiro, precisa haver amor e afeição, junto com uma demonstração genuína destas qualidades. A humanidade, originalmente feita ‘à semelhança de Deus’, ainda tem certa medida destas boas qualidades, embora o pecado as tenha empanado em grande parte. (Gên. 1,26- 27) Portanto, é essencial esforçar-se constantemente em aplicar os princípios bíblicos que governam a família. Consideremos alguns desses princípios.
No começo, Deus disse: “O homem deixará seu pai e sua mãe, e tem de se apegar à sua esposa, e eles têm de tornar-se uma só carne.” (Gên. 2,24) Jesus Cristo acrescentou: “Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem.” (Mat. 19,6) Saber isso é uma proteção, refreando os casados de olhar com desejo para outros do sexo oposto e de fazer algo que poderia levar ao aviltamento do casamento. Ele (ou ela) sabe que a infidelidade marital pode arruinar a felicidade familiar e prejudicar ou romper a sua relação com Deus. De qualquer modo, o efeito inevitável são as cicatrizes duradouras no coração e na vida de cada membro da família.
O CONCEITO CORRETO SOBRE A CHEFIA NA FAMÍLIA PROMOVE A FELICIDADE
Tendo aceito este conceito sobre a unidade dos casados entre si, vemos a seguir, na Bíblia, que, embora o casamento seja um arranjo de parceria, precisa haver ordem. Deus a providenciou por tornar o marido o chefe da família. O marido é o “sócio principal”, disponível para consulta, e responsável pelas decisões finais sobre assuntos que afetam o bem-estar da família. O apóstolo cristão Paulo escreveu: “O marido é cabeça de sua esposa, assim como também o Cristo é cabeça da Igreja. . . . Deste modo, os maridos devem estar amando as suas esposas como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, ama a si próprio, pois nenhum homem jamais odiou a sua própria carne; mas ele a alimenta e acalenta.” — Efé. 5,23-29.
O bom marido, reconhecendo que tem responsabilidade ordenada por Deus, tentará criar respeito, não apenas por ser o chefe ou cabeça — e certamente não por considerar-se “chefão” — mas porque sua esposa está em união com ele e não quer prejudicá-la ou trazer má reputação sobre si mesmo (e seu Criador) pelo uso tirânico da autoridade. Antes, incentivará sua esposa e os outros membros da família a se sentirem à vontade no seu intercâmbio de idéias, pensamentos e sentimentos. Manterá as linhas de comunicação abertas, por estar pronta e bondosamente acessível, para qualquer assunto ou problema. Respeitará também os sentimentos deles, avaliando imparcialmente suas opiniões e concedendo-lhes autoridade dentro do domínio de atividade deles, no arranjo familiar.
Por exemplo, na maioria dos casos, a esposa supervisionará a casa. A Bíblia diz sobre a “esposa capaz”: “Ela o recompensou [seu marido] com o bem e não com o mal.” “Ela tem buscado lã e linho, e trabalha em que for do agrado das suas mãos.” “Seu dono é alguém conhecido nos portões, quando se assenta com os [co-anciãos] do país.” “Seus filhos se levantaram e passaram a chamá-la feliz; seu dono se levanta e a louva.” — Pro. 31,10.12.13.23.28.
Disto se vê que a esposa deve receber certa liberdade para administrar a casa. Mostrando-se trabalhadeira, capaz e apta no manejo dessas coisas, usualmente seria ela quem planeja a decoração do lar, a compra dos alimentos e talvez da mobília e de outras coisas que promovem a felicidade da família. O marido interviria apenas quando os planos ou gastos dela não seriam sábios ou poriam em perigo a economia ou o bem-estar da família.
O marido apreciativo nunca se esquecerá de animar sua esposa e de reconhecer francamente o trabalho árduo e as realizações dela em favor da família. Seus colegas o respeitam porque as boas qualidades dela refletem a boa chefia dele e a atenção amorosa que dá a ela. (1 Cor. 11,7) Tanto o marido como os filhos falarão bem dela, em toda ocasião. Nem o bom marido, nem a boa esposa, jamais ‘rebaixa’ o cônjuge perante os outros, falando dele ou dela com desprezo. Nem pensam em lançar sobre a família tal desgraça e humilhação pública.
O PAPEL DA ESPOSA É ESSENCIAL PARA A FELICIDADE DA FAMÍLIA
A esposa pode ter um grande quinhão em tornar a família feliz. Primeiro, reconhece a verdade do conselho bíblico: “As esposas estejam sujeitas aos seus maridos como ao Senhor.” “De fato, assim como a Igreja está sujeita ao Cristo, também as esposas estejam sujeitas aos seus maridos, em tudo.” “A esposa deve ter profundo respeito pelo seu marido.” (Efé. 5,22-24.33) Esta sujeição, em vez de trazer a escravidão, na realidade, traz para a mulher a libertação das pesadas responsabilidades com que seu marido, como chefe, precisa arcar, tanto à vista de Deus como dos homens.
A boa esposa entende que, numa situação em que talvez pense estar certa, não obstante, deve sujeitar-se à decisão de seu marido, se ele encarar o assunto de modo diferente. Não deve hipocritamente afirmar estar submissa, enquanto, ao mesmo tempo, usa de meios sutis para tentar controlar a situação. Naturalmente, quando está envolvida a violação da consciência cristã, os cristãos obedecem primeiro a Deus. — Atos 5,29.
A boa esposa entende também que, embora seu marido tenha a incumbência bíblica de ‘não se irar amargamente’ com sua esposa, ela precisa ter cuidado em não provocá-lo a isso. (Col. 3,19) O marido ajuizado não desejará brigar com ela por certas questões, nem usar de força no exercício da chefia. O efeito duma esposa insubmissa, irascível e briguenta é descrito em Provérbios 27,16: “Quem a abriga, abriga o vento, e o que a sua direita encontra é óleo.” O marido sente-se frustrado, não consegue refreá-la, e a insubmissão dela torna-se domínio público, para a vergonha da família.
Naturalmente, em vista da imperfeição humana, é inevitável que surjam situações irritantes. Mas as pessoas realmente querem ser felizes e raras vezes procuram causar incômodo. Portanto, em vez de ambos os cônjuges usarem de represálias, eles exercerão autodomínio, usando palavras que promovem amor e felicidade.
OS FILHOS SÃO FONTE DE FELICIDADE
Os filhos contribuem muito para dar união e felicidade ao lar, se forem amados, reconhecidos e devidamente educados. Quando deve começar essa educação?
Primeiro, os pais não devem subestimar a inteligência do bebê recém-nascido. Ele (ou ela) não é pessoa “de segunda classe”. Lembre-se de que o bebê nasce com as qualidades piedosas do amor e da justiça. É uma criatura muito inteligente. Apenas lhe falta informação e experiência para se tornar mentalmente adulto. Dessemelhante dos animais, que agem primariamente segundo o instinto, o bebê humano precisa aprender quase tudo. Por isso, absorve avidamente tudo o que vê e ouve. Portanto, a educação deve começar desde o nascimento, pois, tudo o que for dito ou feito na presença do bebê deve ser edificante. Deve-se ser pródigo em amor para com ele. Ao mesmo tempo, tudo o que for errado deve ser corrigido de maneira bondosa e atenciosa. — 2 Tim. 3,15; 1,5.
Lembre-se de que a criança é você em miniatura. A criança não quer que se fale com ela em “linguagem de bebê”, assim como você tampouco quer isso. A vida é assunto sério, e a criança quer aprender a agir assim como os adultos. Não tendo malícia, sente pronta e vivamente a injustiça, a hipocrisia ou a falta de amor. Este é o motivo pelo qual as qualidades de justiça, amor, misericórdia e outros frutos do espírito não devem ser violados ao se lidar com a criança. Também é preciso cultivá-los na criança desde o começo. — Pro. 22,6.
Mais tarde, a criança talvez se chegue a você de olhos bem abertos para fazer uma pergunta ou para mostrar-lhe entusiasticamente algo que descobriu. Se você a repelir, dizendo: “Não me incomode agora”, ela se sentirá acabrunhada. Você, a pessoa de quem dependia tanto, lhe falhou. Talvez não diga nada, mas ficará com uma cicatriz duradoura, e com isso começarão a surgir barreiras.
Mas, o que deve fazer quando realmente estiver atarefado demais naquele momento? Explique-lhe bondosamente, assim como a um adulto, por que não lhe pode dar atenção no momento, mas que tratará do assunto mais tarde. Daí, não deixe de cumprir isso o mais breve possível. A criança pode ser educada, quando tratada de modo bondoso, a reconhecer que há ocasiões próprias para certas coisas.
As crianças, desde a infância, querem saber os motivos. Há algum tempo atrás, um programa popular de televisão, em certo país, apresentou uma entrevista com estudantes ginasiais e pais. O autor dum livro sobre as relações entre pais e filhos estava presente. Quando se demonstrou ao vivo determinada situação, em que o pai raciocinou com o jovem sobre o motivo de ter de dizer Não ao pedido do adolescente, o autor disse ao pai: “Discordo do senhor. Eu diria apenas: ‘Não, você não pode ter isso.’” Diante disso, o grupo inteiro dos jovens levantou-se quase que a uma em protesto. Disseram: “Queremos saber os motivos, não apenas receber ordens.” Raciocinar com os jovens ajuda a manter abertos os canais de comunicação.
Caso o pai ou a mãe ache difícil demais raciocinar com seus filhos, não poderá seguir um esboço melhor do que o apresentado no livro de Provérbios, em especial os primeiros sete capítulos, que relatam o conselho dum pai temente a Deus ao seu filho.
RESUMO
Por conseguinte, visto que Deus foi quem projetou o arranjo familiar e visto que o homem foi feito à imagem de Deus, o bom marido admitirá as qualidades divinas, os desejos e os sentimentos dos membros de sua família. Exercerá a chefia imitando Deus e Cristo. Demonstrará que reconhece que tem sobre si a Chefia Divina e dirigirá sua família de modo que respeitem, acima de tudo, aquela Chefia. (1 Cor. 11,3) As esposas que reconhecem este princípio seguem o modelo de Sara, Rebeca e outras mulheres fiéis, que serviram a Deus. A esposa não poderia receber elogio maior do que ser chamada de verdadeira ‘filha de Sara’. — 1 Ped. 3,5-6.
O amor e a bondade predominarão na família feliz, mas a disciplina não será negligenciada, pois, todos precisamos de educação, em especial por sermos pecadores imperfeitos. (Heb. 12,9-11) A ‘disciplina e admoestação do Senhor’ são a base da educação do filho. (Efé. 6,4) Isto inclui o raciocínio, em contraste com a arbitrariedade. Envolve também dar exemplo — o pai inculca amor a Deus por mostrar à família que ama a Deus de todo o coração.
Se cada um da família tratar os outros assim como Deus o trata, certamente haverá uma vida feliz em família.