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O que é a “profecia de S. Malaquias”? A Igreja o aprova?

MalachyA Profecia dos Papas, atribuída a São Malaquias, é uma lista apocalíptica de 112 frases curtas em latim.

Ao todo, elas pretendem descrever cada um dos papas católicos (juntamente com alguns antipapas), começando com o Papa Celestino II e concluindo com o sucessor do Papa Bento XVI, um papa chamado “Pedro, o Romano”, cujo pontificado vai alegadamente terminar na destruição da cidade de Roma e a Apocalipse.

São Malaquias foi um bispo irlandês que viveu no século 12. De longe, a mais famosa de suas profecias diz respeito à sequência de papas.

A profecia consiste de 112 curtas descrições latinas de futuros papas; as profecias foram descobertas em 1590 e atribuídas a Malaquias. Cada descrição indica um traço de identificação para cada papa futuro, começando com Celestino II, que foi eleito em 1130. Em alguns casos, as descrições se encaixavam de uma maneira estranha, que levaram a séculos de especulação de que se a profecia podia ser verdadeira.

As alegadas profecias foram publicadas pela primeira vez em 1595 por um beneditino chamado Arnold de Wyon em sua Vitæ Lignum, uma história da ordem beneditina. Wyon atribuiu as profecias a São Malaquias, arcebispo de Armagh do século 12. Ele explicou que as profecias, pelo que sabia, nunca foram impressas antes, mas que muitos estavam ansiosos para vê-las. Wyon inclui tanto as alegadas profecias originais, compostas de curtas e enigmáticas frases em latim, bem como uma interpretação aplicando as declarações de papas históricas até Urbano VII (papa por 13 dias em 1590), que Wyon atribuiu a Afonso Ciacconius.

São Bernardo de Claraval, um biógrafo contemporâneo de Malaquias, não faz menção das profecias, nem são mencionadas em nenhum registro antes da sua publicação de 1595.  Vários historiadores concluíram que as profecias são um produto de uma falsificação no final do século 16. (O’Brien, M. J. [1880]. An historical and critical account of the so-called Prophecy of St. Malachy, regarding the succession of the popes. Dublin: M.H. Gill & Son. p. 16.) O monge e estudioso Benito Jerónimo Feijóo y Montenegro escreveu em seu Teatro Crítico Universal (1724-1739), em uma entrada chamada Supostas profecias, que o alto nível de precisão das alegadas profecias até a data em que foram publicadas, em comparação com seu alto nível de imprecisão após essa data, é evidência de que foram criadas em torno do momento da publicação.

Por exemplo, a descrição do futuro João XXII (1316-1334) é de sutore osseo, o “sapateiro magro”. Esse papa foi o filho de um sapateiro, e seu nome de família era “Ossa”, que significa “osso”. Lilium et rosa foi a frase usada para descrever o Papa que seria Urbano VIII (1623-1644), cujo brasão de armas da família foi coberto com “lírios e rosas.”

A profecia de Malaquias tem sido posta em dúvida pelo fato de que as descrições se tornam vagas a partir do século 16 – à época em que a profecia foi “descoberta” no Arquivo Romano. Mas houve alguns bons palpites nos tempos modernos. A frase pastor et nauta, que significa “pastor e marinheiro”, foi atribuída a João XXIII. Este papa veio de Veneza, historicamente uma cidade de marinheiros, e no dia em que tomou posse, ele indicou que a meta de seu pontificado era ser “um bom pastor.”

Houve muitos que não se encaixavam, no entanto. Aos papas seguintes a João XXIII foram atribuídas frases como “flor das flores” (Paulo VI), “a partir de uma meia-lua” (João Paulo I), e “do trabalho do sol” (João Paulo II), nenhum dos quais é uma óbvia conexão. Depois do Papa João Paulo II há apenas dois restantes na profecia de Malaquias, “a glória da oliveira” e “Pedro, o Romano”. O último supostamente lideraria a Igreja através de muitas tribulações, concluindo com o último julgamento.

A “profecia de Malaquias” é legítima? Provavelmente não. O consenso entre os estudiosos modernos é que é uma falsificação do século 16, criada por razões políticas partidárias. Como a Enciclopédia Católica observa: “O silêncio de 400 anos por parte de muitos eminentes autores que escreveram sobre os papas, e especialmente o silêncio de São Bernardo que escreveu a ‘Vida de São Malaquias’, é um forte argumento contra a sua autenticidade.”

 

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