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O Êxodo: Mito ou História? Uma Análise com David Rohl

O Êxodo: Mito ou História? Uma Análise com David Rohl

No vídeo “EXODUS – Myth or History?” apresentado por David Rohl, o acadêmico discute a controvérsia em torno da historicidade do Êxodo e outras narrativas bíblicas, questionando as interpretações tradicionais e propondo uma nova abordagem cronológica para a história egípcia. Este artigo explora os principais pontos levantados no vídeo.

A Base Cronológica Egípcia e o Problema de Shishak

O ponto de partida de Rohl é um erro crítico cometido na identificação de faraós egípcios mencionados na Bíblia, particularmente Shishak (Shoshenk I). Ele explica que a confusão começou com Jean-François Champollion, o pai da egiptologia moderna, que decifrou os hieróglifos egípcios em 1822 usando a Pedra de Roseta. Quando Champollion visitou Karnak, ele encontrou uma inscrição que parecia descrever uma campanha militar ao norte de Israel, relacionando-a à invasão de Shishak a Jerusalém mencionada em 2 Crônicas 12:1-4.

No entanto, conforme a leitura dos hieróglifos se tornou mais sofisticada, percebeu-se que a inscrição não menciona o Reino de Judá nem Jerusalém, mas sim locais como Aruna, próximos ao Vale de Jezreel. Isso contradiz a narrativa bíblica, onde Shishak ataca especificamente Judá e Jerusalém. Portanto, o sincronismo entre Shoshenk I e Shishak foi baseado em uma interpretação equivocada.

Ramesses II e a Reconstrução Cronológica

Rohl propõe que o verdadeiro Shishak da Bíblia seja, na verdade, Ramesses II. Ele argumenta que o nome “Ramesses” sofreu transformações fonéticas ao longo do tempo, resultando em algo semelhante a “Shisha”, que pode ter sido lido como “Shishak”. Essa hipótese é reforçada pela presença de evidências arqueológicas que mostram que Ramesses II lutou contra israelitas já estabelecidos na região montanhosa de Canaã, algo impossível se ele fosse contemporâneo de Moisés.

A Estela de Mernepta, que menciona Israel como uma nação derrotada, também apoia essa visão. Se Moisés fosse contemporâneo de Ramesses II, seria improvável que os israelitas já estivessem estabelecidos como uma nação poderosa logo após sua saída do Egito. Em vez disso, a estela sugere que Israel já era uma entidade política significativa durante o reinado de Ramesses II, possivelmente sob Salomão.

Implicações para a Cronologia e a Narrativa Bíblica

Se aceitarmos que Ramesses II foi o faraó que saqueou o Templo de Salomão, isso altera drasticamente a linha do tempo histórica tradicional. O erro inicial na sincronização de Shoshenk I com Shishak criou uma cadeia de equívocos que impactou toda a cronologia egípcia e, consequentemente, a percepção acadêmica das narrativas bíblicas.

Essa revisão tem implicações profundas, pois permite reinterpretar eventos-chave, como o Êxodo e a conquista de Jericó, dentro de um contexto cronológico diferente. Além disso, ela sugere que figuras como Akhenaton e Davi podem ter sido contemporâneas, mudando nossa compreensão da interação cultural e religiosa na região.

Detalhes Linguísticos e Evidências Textuais

Rohl entra em detalhes linguísticos complexos para sustentar sua teoria. Ele explica que o nome “Ramesses” em hieróglifos é escrito sem vogais, tornando difícil a leitura precisa. No entanto, através de tratados diplomáticos em acádio, língua que utiliza sílabas com vogais, o nome de Ramesses aparece como “Washimuria”. Esta pronúncia antiga pode ter evoluído para “Shisha”, que posteriormente foi transliterado como “Shishak”.

Além disso, Rohl aponta que a mudança na forma de certos caracteres hebraicos ao longo do tempo pode ter contribuído para a confusão. Por exemplo, o caractere que representava “w” no século 15 a.C. evoluiu para representar “k” no século 9 a.C., período em que o nome “Shishak” foi registrado. Isso explicaria a discrepância entre os nomes “Shisha” e “Shishak”.

Conclusão

David Rohl conclui enfatizando a importância de reconsiderar as suposições fundamentais sobre a cronologia egípcia. Ele argumenta que a narrativa bíblica não deve ser descartada como ficção piedosa simplesmente porque não se encaixa na cronologia convencional. Pelo contrário, ajustes na linha do tempo podem revelar uma correspondência mais próxima entre os registros históricos e as tradições bíblicas.

Este trabalho é crucial, segundo Rohl, porque demonstra que muitas das objeções acadêmicas à historicidade da Bíblia baseiam-se em erros metodológicos. Ao corrigir esses erros, abre-se a possibilidade de uma compreensão mais rica e precisa da interseção entre a história egípcia e as narrativas bíblicas.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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