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O espiritismo e a doutrina cristã

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No Brasil, o movimento criado por AK é mantido e divulgado pela Federação Espírita Brasileira, fundada em 1884, que a pro­põe sistematicamente não apenas como “a religião”, mas também como “espiritismo cristão” (sua revista oficial, Reformador, que começou em 1883, então como “órgão evolucionista”, se apresenta agora no subtítulo como “Revista do Espiritismo Cristão”).

Embora o próprio AK jamais tenha usado esta expressão, to­mada de J. B. Roustaing (1865), ofereceu-lhe, no entanto, um bom fundamento para isso quando proclamou que a espiritismo é a reali­zação das promessas de Jesus Crista acerca do Consolador e a apresentou como “a Terceira Revelação”; e quando endossou este “aviso do além”, recebido no dia 9-8-1863: “Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o espiritismo qual ele é, mos­trando a todos onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à face do céu e da terra, terás de proclamar que o espiritismo é a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana” (cf. sua Obras póstumas, 20ª – ed., p. 308); ou quando aceitou esta pro­fecia recebida no dia 15-4-1860: “O espiritismo… restaurará a religião de Cristo” (ib., p. 299). Em O Evangelho segundo o espi­ritismo (cito agora a 90ª – ed., p. 59) escreve AK: “Assim como o Cristo disse: ‘Não vim destruir a lei, porém cumpri-la’, também o espiritismo diz: não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe exe­cução. Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo”. Seme­lhantes afirmações são comuns entre os espíritas e pode ser que sejam sinceras, mas mostram um desconhecimento profundo da doutrina do Evangelho segundo Mateus, Marcos, Lucas e João e segundo o ensinamento apostólico contida em suas cartas. O Re­formador, órgão oficial do nosso kardecismo, de março de 1981, num artigo sobre a missão do Consolador (que seria o Espírito Santo segundo o Evangelho de são João), conclui: “É missão, pois, do espiritismo devolver ao cristianismo a sua pureza original, liber­tando-o dos dogmas e das ideias humanas nele introduzidas” (p. 85).

Veremos agora como se fez esta fundamental operação liber­tadora:

1. A revelação divina

Para a generalidade dos cristãos de todos os tempos, sejam eles católicos, ortodoxos ou protestantes, os livros da Sagrada Escritura são divinamente inspirados. É um princípio inconcusso (“dogma”) dos cristãos. No credo espírita de AK não entra este ponto funda­mental. Jamais a afirma em nenhuma de suas obras. Mas com freqüência se compraz em mostrar o que ele considera absurdos e contradições da Bíblia. No órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, Reformador, janeiro de 1953, p. 23, encontramos a po­sição bem definida dos nossos espíritas perante a Bíblia: “Do Velho Testamento já nos é recomendado somente o Decálogo e do Novo Testamento apenas a moral de Jesus; já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor algum, mais de 90% do texto da Bíblia. Só vemos na Bíblia toda um livro respeitável pelo seu valor cultural, pela força que teve na formação cultural dos povos de Ocidente”. Vem de AK dizer que do Antigo Testamento só se aceita como de origem divina o Decálogo (rv, 42). Falando de escritos apostólicos do Novo Testamento, escreve AK: “Todos os escritos posteriores (aos Evangelhos), sem exclusão dos de S. Paulo, são apenas, e não podem deixar de ser, simples comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditó­rias que, em caso algum, podem ter a autoridade da narrativa dos que receberam diretamente do Mestre as instruções” (VII, 110). Esta posição negativa reaparece com freqüência na literatura espírita brasileira. Assim, por exemplo, Carlos Imbassahy, em À margem do espiritismo (2ª – ed.), esclarece que “em matéria de escritura, os espíritas, no a que se referem, é tão unicamente aos Evangelhos. Não os apresentam, porém, como prova, senão como fonte de luz subsidiária, elemento de reforço” (p. 126). Pois “nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espi­ritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cris­tãs. Não assenta os seus princípios nas escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome – espiritismo” (p. 219).

1. A doutrina sobre Deus

 Os conceitos de AK sobre a existência de Deus e seus atri­butos coincidem de fato com a doutrina cristã. Duas vezes, em seus escritos, AK se refere expressamente ao panteísmo, para rejei­tá-lo (I, 53; VII, 179). E contra os panteístas chega a afirmar positivamente uma nítida distinção entre Deus e o Universo, acusan­do o panteísmo de “confundir o Criador com a criatura”; e, por isso, declara inequivocamente: “As obras de Deus não são o pró­prio Deus” (I, 54). Não obstante, por vezes tem expressões com sabor panteísta. Assim quando diz que “ignoramos” se a inteligên­cia é uma “emanação da Divindade” (I, 56); ou quando o “fluido universal” toma qualidades panteístas; ou quando esclarece que os espíritos “se acham mergulhados no fluido divino” (VI, 63). Já Leão Denis, outro patriarca do espiritismo, então membro da equipe de codificação da doutrina espírita, resvalou para um evidente mo­nismo panteísta. Segundo seu modo de falar, “Deus é a grande alma universal, de que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação.

Cada um de nós possui, em estado latente, forças emanadas do divino foco” (assim em Cristianismo e espiritismo, 5ª – ed., p. 246). Fala com freqüência de Deus como “divino foco”, “supremo foco do bem e do belo”, “o grande foco divino” etc. Também em outra obra sua, Depois da morte, 6ª – ed., voltam expressões panteísticas: “Deus é infinito e não pode ser individualizado; isto é, separado do mundo, nem subsistir à parte” (p. 114); ou: “o Ser supremo não existe fora do mundo, porque este é a sua parte integrante e essencial” (p. 124). Em vez do “Deus fantástico da Bíblia”, ele quer o “Deus imanente, sempre presente no seio das coisas” (p. 213): “O universo não é mais essa criação, essa obra tirada do nada de que falam as religiões. É um organismo imenso animado de vida eterna” (p. 123); e em seguida explica que Deus está para o uni­verso como a alma para o corpo: “O eu do universo é Deus” (p. 349).

3 . A Santíssima Trindade

 Todos os cristãos – católicos, ortodoxos e protestantes ­professam sua fé na Santíssima Trindade. É o mistério central da fé e mensagem cristã, desde os primórdios do cristianismo. Mas o credo espírita proposto por AK desconhece totalmente a Santíssima Trindade. A posição de AK, no conjunto de suas obras, é de absoluto e sistemático silêncio com relação a esta doutrina cristã. Seu silêncio era apenas oportunista. Na realidade, em seu sistema de pensamento não cabia este mistério cristão, não s6 porque para ele “absolutamente não há mistérios” (VII, 201), mas porque não há lugar para uma intensa vida divina intratrinitária, dado que, segundo AK, o Deus que não cria incessantemente, desde toda a eternidade, seria um Deus solitário e ocioso (cf. I, 56; VI, 107). Mas se AK julgou mais oportuno não negar abertamente o mistério trinitário, seus seguidores não compartilham este ponto de vista. Já Leão Denis, em Cristianismo e espiritismo, p. 74, abre sua crítica dos nossos principais dogmas com estas palavras: “Começa com a estranha concepção do Ser divino, que se resolve no mistério da Trindade”. Depois explica: “A noção da Trindade, colhida numa lenda hindu que era a expressão de um símbolo, veio obscurecer e desnaturar essa alta idéia de Deus… Essa concepção trinitária, tão incompreensível, oferecia, entretanto, grande vantagem às pre­tensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus” (p. 75). No Brasil, o espiritismo em peso ou desconhece ou nega a Santíssima Trindade.

4.   A doutrina sobre Jesus

 Professam os cristãos que Jesus é verdadeiramente Deus e ver­dadeiramente homem. A afirmação da divindade de Jesus é funda­mental para a fé cristã. Mas este Jesus não entra no credo espírita formulado por AK. Ele nos deixou entre suas Obras póstumas um “Estudo sobre a natureza de Cristo”, de 41 páginas, todo ele ten­denciosamente orientado para provar que Jesus não era Deus. Com este objetivo nega, sucessivamente, o valor dos milagres, das pala­vras de Jesus, da opinião dos Apóstolos e das profecias messiâ­nicas. Mas nos dias de AK surgiu um advogado de Bordéus cha­mado João Batista Roustaing, que teve seu primeiro contato com o espiritismo em 1861 e em 1865 publicou sua obra: “Espiritismo cristão ou Revelação da Revelação”, em três volumes. Sua tese central: o corpo de Jesus não era real, de carne e osso, mas apa­rente e meramente fluídico. Repetia o docetismo do primeiro século cristão. Sua tese não foi aceita por AK. Mas no Brasil a Fede­ração Espírita, desde sua fundação, propaga a obra de Roustaing. Bittencourt Sampaio, Sayão, Bezerra de Menezes, Guillon Ribeiro e outros conhecidos dirigentes da Federação Espírita são rusteinistas professos. Guillon Ribeiro, que foi presidente da Federação em 1920-1921 e de 1930 a 1943 e tradutor das obras de AK, com­pendiou a cristologia espírita no título que deu ao livro: Jesus, nem Deus nem homem, reeditado e divulgado pela Federação Espírita.

5.  A doutrina sobre a redenção

 “É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remis­são dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós”, explicava são Paulo aos efésios (1,7). Nossa redenção pela paixão, morte e ressurreição de Jesus é outra verdade fundamental da fé cristã. Nisso consiste propriamente a “boa nova” ou o “evangelho”. Mas nem esta verdade tão central entra no credo espírita de AK. Segundo ele cada um deve ser seu próprio redentor através do sistema das reencarnações. Por isso no espiritismo a soteriologia (ou doutrina sobre a redenção ou salva­ção do homem) é deslocada da cristologia para a antropologia. Leão Denis o enuncia cruamente quando escreve: “Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da huma­nidade. O sangue, mesmo ‘de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo” (Cristianismo e espiritismo, p. 88). E o Reformador, órgão máximo da propaganda reencarnacionista no Brasil, ensina em seu número de outubro de 1955 (p. 236): “A salvação não se obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no madeiro”, mas “a salvação é ponto de esforço indi­vidual que cada um emprega, na medida de suas forças”. Daí esta doutrina de AK: “Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes” (V, 88). Ele reconhece a neces­sidade e o valor do arrependimento; mas este arrependimento não basta ao pecador para obter o perdão divino. Segundo ele, a con­trição é apenas o início da expiação e tem como conseqüência o desejo de “uma nova encarnação para se purificar” (I, 446). “O arrependimento concorre para a melhoria do espírito, mas ele tem que expiar o seu passado” (I, 448); “o arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve” (I, 450); “o arrependimento sua­viza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito, des­truindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação” (V, 90); e a graça é coisa que não existe porque “seria uma injustiça” (IV, 76). No livro Roma e o Evangelho (5ª -ed.), o espírito de “Maria” dita estas palavras: “Jesus Cristo não podia, nem quis assumir todas as responsabilidades individuais, contraídas ou por contrair, emanadas dos pecados dos homens, e muito menos podia, pelo sacrifício da sua vida, remir a humani­dade da pena de desterro a que fora condenada… A redenção da humanidade não se firma, pois, nos méritos e sacrifícios de Jesus, e, sim, nas boas obras dos homens… Que cegueira! Quanta aber­ração! Supor e afirmar que os sofrimentos e a morte do Justo foram ordenados do alto, em expiação dos pecados de todos, é a mais orgulhosa das blasfêmias contra a justiça do Eterno”.

6. A doutrina sobre a Igreja

 “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica.” É a pro­fissão cristã. Nem esta profissão entra no credo espírita. Com a negação da doutrina cristã sobre a redenção e santificação dos ho­mens, contestam-se conseqüentemente também todos os meios insti­tuídos por Jesus Cristo para a salvação e santificação. A começar pelo batismo. Jesus mandou aos apóstolos ir pelo mundo inteiro, ensinar a todos tudo quanto ele lhes ordenara, batizando a todos “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19-20), esclarecendo: “Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 16,16). No Brasil, os espíritas, fiéis à doutrina codificada por AK, já não batizam nem fazem batizar seus filhos. Nem teria sentido. Pois é pelas reencarnações que os homens devem alcançar a perfeição. Na última ceia Jesus instituiu a eucaristia e ordenou aos apóstolos: “Fazei isto em minha memória” (Lc 22,19). Mas os espíritas não o fazem. Nem teria sentido. Pois, segundo eles, o mistério pascal não tem valor de sacrifício pelos pecados dos homens. Jesus disse aos apóstolos: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,23). Mas os espíritas não procuram receber o perdão divino que lhes é generosamente oferecido. Nem teria sentido. Pois so­mente mediante as reencarnações se alcança o perdão. Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na terra será ligado nos céus e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18-19). Mas os espíritas não dão nenhuma importância nem a Pedro e seus sucessores, nem à Igreja que Jesus dizia “sua”, nem ao poder das chaves que o Senhor Jesus entregou ao chefe do colégio apostólico. Jesus declarou aos apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me des­ preza, despreza aquele que me enviou” (Lc 10,16). Para os espí­ritas tudo isso já está superado. Pois eles vão receber as orientações dos espíritos que baixam em seus centros. Proclamando a nuli­dade dos sacramentos, quer AK que o espiritismo não tenha “nem culto, nem rito, nem templos” (VII, 235). E o Conselho Federa­tivo Nacional dos espíritas, em sua reunião de 5-7-1952, declarou, “por unanimidade, que o espiritismo é religião sem ritos, sem litur­gia e sem sacramentos”. Proclama-se assim a total inutilidade da Igreja, que será substituída pelo espiritismo. No livro Depois da morte (p. 80), profetiza Leão Denis: “Chegará a ocasião em que o catolicismo, seus dogmas e práticas não serão mais do que vagas reminiscências quase apagadas da memória dos homens, como o são para nós os paganismos romanos e escandinavos”.

Não seria difícil continuar a lista de negações. Assim, para dar apenas mais alguns exemplos, o espiritismo nega a criação da alma humana; recusa a união substancial entre corpo e alma; afirma que não há anjos e demônios; repudia os privilégios de Maria San­tíssima; não admite o pecado original; contesta a graça divina; aban­dona toda a doutrina do sobrenatural; rejeita a unicidade da vida humana terrestre; ignora o juízo particular depois da morte; não concede a existência do purgatório; ridiculariza o inferno; reprova a ressurreição da carne; e desdenha o juízo final. Em uma palavra: renuncia a todo o credo cristão.

Em que consiste, pois, seu anunciado “cristianismo”? Tudo é simplesmente reduzido à aceitação de alguns princípios morais do Evangelho, tal como AK aprendera em sua juventude, no Instituto de Pestalozzi, em Yverdun, na Suíça. Seu manual “cristão” é uni­camente O evangelho segundo o espiritismo, “com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida”, que AK pu­blicou em 1864. Na Revue Spirite de junho de 1867, AK critica a obra de J. B. Roustaing (que ensinava que o corpo de Jesus era meramente aparente ou fluídico) e revela que em O evangelho segundo o espiritismo ele se circunscrevera simplesmente às máxi­mas morais que são, geralmente, claras e nem poderiam ser inter­pretadas de maneiras diversas e são, por isso, aceitas por todos. E então revela: “Essa a razão que nos levou a começar por aí, a fim de sermos aceitos sem contestação, aguardando, relativamente ao mais, que a opinião geral se encontrasse familiarizada com a idéia espírita”. Passa então a criticar Roustaing, dizendo: “O autor desta nova obra julgou dever seguir outra orientação: em lugar de proceder gradativamente, quis de um salto atingir o fim. Assim é que tratou de certas questões que ainda não julgáramos oportuno abordar”.

AK era oportunista. Daí seu proposital silêncio sobre certas questões, por exemplo, a Santíssima Trindade. Seu único estudo de caráter teológico, embora negativo, sobre a natureza de Jesus Cristo, não foi por ele publicado, mas apareceu apenas depois em suas Obras póstumas. Ele recomenda esta norma de agir: “Cum­pre nos façamos compreensíveis. Se alguém tem uma convicção bem firmada sobre uma doutrina, ainda que falsa, necessário é que lhe tiremos essa convicção, mas pouco a pouco. Por isso é que muitas vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar nas suas idéias: é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir conosco” (III, 336).

Sendo o Brasil um país tradicionalmente católico ou cristão, os espíritas, de acordo com o citado princípio de AK, se apresen­tam como “cristãos” e difundem principalmente O evangelho segun­do o espiritismo. Começam por dizer que o espiritismo é apenas ciência e filosofia, não cogitando de questões dogmáticas; que eles não combatem crença alguma; que o católico, para ser espírita, não precisa deixar de ser católico; que todas as religiões são boas, con­tanto que se faça o bem e se pratique a caridade etc. E por isso vão dando nomes de santos nossos aos centros espíritas. O Con­selho Federativo resolveu prescrever a seguinte norma geral: “As sociedades adesas (à Federação Espírita Brasileira), mediante en­tendimento com a Federação, quando esta julgar oportuno e as convidar para isso, cuidarão de modificar suas denominações no sentido de suprimir delas o qualificativo de ‘santo’ e de substituir por outras, tiradas dos princípios e preceitos espíritas, dos lugares onde tenham sua sede, das datas de relevo nos anais do espiritismo e dos nomes dos seus grandes pioneiros”. Assim, por exemplo, começa algum centro espírita por chamar-se “Centro são Francisco de Assis”; depois, quando a Federação julgar oportuno, suprimirá o qualificativo “santo”; e afinal, quando seus adeptos já estive­rem suficientemente distanciados da Igreja, será “Centro Allan Kardec”…

Assim era antes. Já agora, em 1985, o Conselho Federativo, no “Manual de Administração das Instituições Espíritas”, determina “não tomar por patronos, os nomes de arcanjo, anjo, pai, caboclo, santo e congêneres”.

Por: Frei Boaventura Kloppenburg

 

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