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Não Há Lugar Para Um Deus Pequeno

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Van Till: ” A ciência moderna evidencia um Criador mais do que nunca”

O universo está se expandindo. As galáxias estão se afastando umas das outras a velocidades proporcionais a sua separação, ou, para dizer mais claramente, a estrutura do Universo está se expandindo e as galáxias estão indo junto. Metaforicamente falando, se o espaço está se expandindo, deveríamos imaginar que agora há um espaço maior pra Deus no Universo. Talvez, mas a realidade e a presença de Deus dentro do universo físico estão sob severa questão. Nas mentes de muitas pessoas, descobriu-se que a cosmologia científica não abre mais espaço para Deus, mas, ironicamente, deixa menos espaço – talvez nenhum. Os defensores do naturalismo — que é construído na premissa de que a natureza não precisa e nem precisou de um Criador para fazê-la — continua a nos bombardear com afirmações que a ciência moderna não deixa nenhum lugar para Deus. Se as respostas da ciência já nos satisfazem sobre o Universo, eles perguntam, então por que há necessidade de uma “hipótese para Deus”?
Que necessidade? Mais que nunca, eu diria. Quanto mais a ciência descobre sobre os funcionamentos do universo, mais vital é a necessidade de olhar além da ciência para as respostas para o mais profundo de nossas perguntas. Quanto mais a ciência descobre sobre a história evolutiva do universo, por exemplo, mais nós desejamos saber sobre a última Fonte de seu caráter notável. Nenhum espaço neste universo para Deus? Não, mais espaço que nunca.

Mitos de um Universo Auto-Criado 
Uma versão comum da tese do nenhum-lugar-para-deus é a presunção simples que o universo não precisa de nenhum Criador porque tem a capacidade para se trazer em existência do absolutamente nada. Como outros mitos de Universos auto-criados, porém, esta afirmação não começa de fato com um autêntico nada, mas com alguns itens auto-existentes. Qualquer coisa que tem a capacidade de se transformar em nosso universo notável não pode ser chamado razoavelmente “absolutamente nada.” Assim esta versão desaba pela questão acima.

Uma segunda e mais sutil versão da tese do nenhum-lugar-para-deus enfoca nossa atenção na força da capacidade do universo de se organizar em formas mais complexas. Quando os cientistas constroem teorias sobre a história da formação de estruturas sem vida e organismos viventes, eles começam com uma pressuposição extremamente importante que eu chamo o “Princípio da Formação Economicamente Forte”. Este princípio expressa a suposição que a matéria e os sistemas materiais possuem um código suficientemente forte de auto-organização e auto-transformação para tornar possível a formação de todas as estruturas físicas e formas de vida que apareceram na história do universo. Ou, pra dizer melhor, nós dizemos que o universo tem os “materiais certos” para tornar possível o desenvolvimento evolutivo de suas estruturas naturais múltiplas e organismos vivos. Este princípio raramente é declarado, mas constitui um das suposições básicas da ciência natural, especialmente para teorizar sobre a formação do Universo e das formas vivas.

Minha pergunta é: a verdade deste princípio daria algum apoio para a tese do nenhum-lugar-para-deus? A retórica de muitos naturalistas é construída na afirmação simples de um “sim” . Pelo contrário, minha resposta é “Não, não.” Ao meu ver, o Princípio da Formação Economicamente Forte não só não dá provas para a tese do nenhum-lugar-para-deus mas de fato tem o efeito oposto de mostrar a necessidade da existência de um Deus Criador. Os naturalistas tem em sua resposta uma falsa dicotomia entre a evolução e uma forma específica de criacionismo, que é um conflito entre “mente” e “mão”. Ironicamente, eles recebem apoio considerável dentro de uma parte da comunidade Cristã que a doutrina teológica de que a criação ou requer ou é fortalecida pelo episódio criacionista da atividade criativa de Deus (Episódios criacionistas são: criação de uma Terra recente, criação de uma Terra velha, criacionismo progressivo, e a maioria das versões da “teoria de desígnio inteligente.”) Uma grande parte dos cristãos americanos, por exemplo, admite que não só Deus criou no princípio as substâncias elementares do universo, e que Ele sustenta a criação, mas também que a matéria às vezes necessita de uns arranjos físicos e as formas biótiocas, com o passar do tempo.

Por que teria sido necessário Deus executar estes atos adicionais de intervenção divina? Porque, diz o criacionismo, as capacidades de formação dos átomos, moléculas, e células não são suficientes para fazer a montagem de todas as estruturas e formas que nós vemos agora, pelo menos não todas as formas de vida. Consequentemente o argumento familiar que Deus deve ter intervindo para introduzir certas formas que não poderiam ter surgido pelo exercício de qualquer atividade “natural” ocasional.

Desafio naturalista 
Com todo devido respeito para as boas intenções seus proponentes, esta perspectiva não convence e é, de fato, auto-destrutiva. Ao contrário das alegações de muitos proponentes do episódio criacionista, não há nenhuma autorização para a afirmação que as Escrituras exigem uma pessoa adotar esta perspectiva (para uma explanação melhor desta tese, veja meu livro The Fourth Day: What the Bible and the Heavens Are Telling Us About the Creation,  [O quarto dia: o que a Bíblia e os céus nos relatam sobre a Criação] Eerdmans, 1986.) Além disso, e talvez o mais perigoso, a posição do episódio criacionista traz o que eu chamo de desafio naturalista – uma forma do sentimento do nenhum-lugar-para-deus — que pode ser resumido assim: se não há nenhuma falha (capacidade perdida) na formação do Universo por que, então, se precisa de um Criador?

Não há escassez de literatura desse desafio naturalista. O filósofo Daniel C. Dennett, por exemplo, expressa este conceito em seu livro Darwin’s Dangerous Idea (“A perigosa ideia de Darwin”, 1995). Ele analisa o argumento que as coisas que nós vemos no mundo ao redor de nós, principalmente coisas vivas, exibem design. Para Dennett, o termo Desígnio denota mais que mera ordem. “Desígnio,” ele diz, “é o telos de Aristóteles, uma exploração de Ordem para um propósito, como nós vemos em um artefato habilmente projetado.” Dennett rejeita os argumentos que procedem da observação empírica de desígnio à conclusão da existência de um Desenhista:

O fator opressivo para os argumentos científicos com conclusões religiosas. . . era uma versão ou outra do Argumento de Desígnio: entre os efeitos nós podemos observar objetivamente que, no mundo, há muitos que não são (não podem ser, por várias razões) meros acidentes; eles devem ter sido projetados para ser como eles são, e não pode haver nenhum desígnio sem um Projetista; então, um Projetista, Deus, tem que existir (ou existiu), como a fonte de todos estes efeitos maravilhosos.
Dennett rejeita vigorosamente a tese de “A Mão-de-Deus” proposta pelo criacionismo e pelo Argumento de Desígnio, caracterizando tais teses como doentias e que servem para dar explicações sobrenaturais em circunstâncias onde explicações naturais bastariam. A posição de Dennett é composta de afirmações em vários níveis bastante diferentes (embora a retórica dele não demonstra uma consciência destes níveis). Primeiro, a credibilidade de continuidade genealógica irrompível entre todas as formas de vida foi, ele diz, estabelecida. Segundo, o conceito de criação foi, de uma vez por todas, desacreditado. E terceiro, a existência do universo inteiro, completo em sua formação, pode ser entendido então como um ponto de partida que não precisa de nenhuma explicação.
Dennett declara a primeira afirmação dele com uma falsa modéstia: “Digo isto de forma rude, mas com razão,” ele diz, “que qualquer um hoje que duvida que a variedade de vida neste planeta foi produzida por um processo de evolução simplesmente é ignorante—totalmente ignorante, em um mundo onde três de cada quatro as pessoas aprenderam ler e escrever.” Suponha, porém, que eu fosse redeclarar essa afirmação de forma mais educada e mais inclusiva, introduzindo algumas palavras do vocabulário anterior: Nós temos uma grande autorização empírica para supor que a matéria e seus elementos possuem a capacidade se se auto-organizarem e se auto-transformarem do tipo evolutivas na cosmologia e biologia. Declarado nesta forma, eu não só estaria concordando mas também daria meu consentimento. Eu não posso, é claro, provar sua validade, mas eu julgo ser uma convicção garantida.
A segunda afirmação de Dennett segue diretamente a primeira. Dado a credibilidade de continuidade evolutiva, nós então somos levados a negar a criação — a ideia que afirma que a matéria não possui em si mesma uma capacidade de se auto-organizar e se formar sozinha, tornando a evolução possível, e que as falhas da continuidade foram preenchidas pela intervenção divina na história. Também aqui, eu concordo com Dennett.
Agora, concordando com duas das três afirmações de Dennet, significa que eu “dei o braço a torcer”? Pela minha aceitação da continuidade evolutiva e por minha rejeição ao criacionismo, eu aceitei a concepção naturalista do mundo? A retórica habitual do debate de criação-evolução diria que sim. Mas aquela percepção de lugar-comum desaparece quando vemos essa terceira afirmação mais de perto.

Em essência, diz que se rejeitarmos a ideia da criação , então estamos negando a existência de um Criador, inclusive um Criador que forneceu toda a capacidade do Universo e formar e se organizar. Em outras palavras, Dennett acredita que se ele pode desacreditar o conceito particular de criação, rejeita-se a conhecida afirmação da criação teísta e portanto, assim, a ideia de um universo já formado e com toda capacidade para funcionar pode ser relevante. Mas isso é um erro de proporções colossais. Qualquer um que não reconhecesse isso é ignorante, totalmente ignorante, em um mundo onde três de cada quatro as pessoas aprenderam a ler e escrever.

Tudo o que Dennett pôde demonstrar é foi um cenário particular para a histórica manifestação da criação de Deus – com falta de material empírico. Ao contrário das afirmações do criacionismo, há forte evidência empírica que mostra que o Universo tem material próprio para formar todas as espécies físicas e bióticas.

Agora, embora isso é uma proposição relativamente simples dedeclarar, representa um verdadeiroestado de coisas! Os leitores que não conhecem a lista de fatores que os átomos, moléculas, e células têm que ter para que o desenvolvimento evolutivo seja possível tem que concordar com o Princípio da Formação Economicamente Forte . A lista de fatores necessários é maior do que nossas mentes podem compreender. No que diz respeito ao assunto, até mesmo a lista de fatores exigidos que tornam possível só um dia de nossa existência está além de nossa compreensão.

A Grande Necessidade de Mente 
Como é, então, que esse Universo pode existir? Não só devemos reponder como é que algo veio do nada, como também esse nada está repleto de organização. Como é que um Universo – por exemplo – veio do nada e ainda assim demonstra grande capacidade organizadora? De que outro modo senão como um presente e generoso de um Criador? Através da auto-transfortmação do nada? O naturalismo nos faria pensar assim, mas em que base? Aqui é onde a tese da “Primeira-Mente” pode dar uma resposta imensamente mais razoável e satisfatória que a “Nenhuma-Mente’ do naturalismo

A apresentação de Dennett de “a ideia perigosa de Darwin” é cuidadosamente articulada para dar a sensação da inexistênciade uma Mente criadora. A premissa dele (que o criacionismo foi desacreditado pela credibilidade ao Princípio da Formação Economicamente Forte), porém, de fato prova uma conclusão totlamente contrário – que uma Mente criadora é mais necessária que nunca. Dennett coloca muita ênfase no poder explicativo das capacidades organizacionais da matéria, mas a existência de material suficiente no Universo para ele se organziar sozinho torna a existência de uma Mente desnecessária? Não. Suponhamos nós concordássemos que a matéria possui as capacidades de fato para se formar sozinha, e que o resultado poderia ser a auto-formação dos átomos em moléculas, moléculas para formar células, células para formar organismos, e assim por diante. Isto torna uma Mente desnecessaária? Só a intervenção manipulativa de uma Mão poderia fazer os seres terem formas novas.

O que ainda requer uma Mente é o conceito pensativo de uma economia de formação suficientemente forte. De fato, quanto mais forte são as capacidades de uma criatura, mas um Criador/Mente se torna necessário. A conclusão correta de Dennett para a eficácia de processos naturais não é que um Criador é desnecessário, mas que a criatividade dessa Mente é maior que se imaginava, ao criar um Universo com capacidade de formação mais ampla do que nossas mentes podem conceber.

Dois Convites 
Deixe-me terminar este artigo com dois convites: um para teístas, outros para os naturalistas. Eu convido meus amigos teístas—particularmente os que admitem a criação absoluta—para ampliarem seu conceito do Criador. Amplie bastante para incluir a possibilidade que o universo que este Criador fez foi dotado desde o início com um materila suficiente para tornar possível sua auto-organização das estruturas físicas e formas bióticas. Desenvolva o hábito de perceber as capacidades de auto-organização dos átomos, moléculas, e células como evidência, não que Deus é desnecessário, mas que Deus foi infinitamente generoso ao dar isso à sua criação. Desenvolva o hábito de perceber a rica produtividade do material do Universo de criação como evidência, não que Deus não é ativo, mas que a fé em Deus e sua bênção sempre tem sido maiores do que nossas mentes podem imaginar.

Eu convido os naturalistas — particularmente os que vivem para fazer a apologia de desacreditar a criação de Deus — enfrentem a realidade que há muitos conceitos maiores de Deus do que eles poden imaginar. Reconheça que nem a existência do universo, nem a sua capacidade em se formar, nem a sua história de formação, é auto-explicativa. Reconheça que o artifício de desacreditar o criacionismo força a negação de Deus não é uma realização substantiva. Permita o proposição ex nihilo nihil fit nos ajude a fazer algumas perguntas mutio básicas: De que Fonte procede nosso ser? Como é que a matéria-que existe no Universo-obteve seu material? Para que propósito essa Fonte nos deu tudo o que existe? E como, então, devemos nós, os portadores do conhecimento dessa dádiva de Deus, vivermos de acordo com o Doador?

Howard J. Van Till é professor emérito de física e astronomia no Calvin College em Grand Rapids, Michigan. Este artigo é uma versão abreviada de um capítulo que está no livro, How Large Is God?, editado por John Marks Templeton (Filadélfia: Templeton Foundation Press, 1997).

Tradução: Emerson de Oliveira

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