O naturalismo é a crença filosófica de que o universo é o produto de um acidente puramente naturalista e que tudo deve ser explicado por meios naturalistas. Naturalista seria descontar qualquer explicação sobrenatural. Se um cientista tem uma visão naturalista, então todas as explicações são explicadas sem referência ao supernaturalismo. Carl Sagan disse uma vez, “o Cosmos é tudo o que foi, é e sempre será”. [1] A natureza é tudo o que há em uma cosmovisão naturalista.
O que aconteceria se o reino do sobrenatural existir? Bem, para começar, a verdade não pode ser obtida se alguém tem um ponto de vista naturalista. O filósofo da ciência Del Ratzsch disse:
“Se parte da realidade está além do reino natural, então a ciência não pode chegar à verdade sem abandonar o naturalismo que atualmente segue como regra metodológica.”
Em outras palavras, a verdade nunca pode ser obtido porque naturalismo só pode responder algumas coisas. A verdade da questão é: o naturalismo é uma religião em si, pois faz declarações de como devemos perceber a realidade.
Em 1912, Charles Dawson descobriu o chamado elo perdido entre o homem e os macacos chamado de “homem de Piltdown”. Ele era um advogado e geólogo amador que encontrou os alegados restos cranianos. Outros envolvidos na trama: Sir Arthur Keith, evolucionista fervoroso e ex-presidente do Colégio Real de Cirurgiões; o escritor britânico Sir Arthur Conan Doyle; e o sacerdote francês Pierre Teilhard de Chardin. Contudo, faltavam provas conclusivas, de modo que Dawson foi por fim considerado o responsável pela “descoberta”. Mas foi Martin A. C. Hinton, ex-curador de zoologia do Museu de História Natural de Londres, falecido em 1961, o responsável pela fraude. Há anos, foi encontrada no museu uma grande mala de lona que havia pertencido a ele. Dentro havia dentes de elefante, pedaços de um hipopótamo fossilizado, e outros ossos, que foram analisados com cuidado. Todos eles haviam sido envelhecidos com ferro e manganês, nas mesmas proporções que os ossos de Piltdown. Mas o fator decisivo foi a descoberta de cromo nos dentes, também usado no processo de envelhecimento.
Assim, 40 anos depois, descobriu-se que os ossos cranianos foram marcados com um corante vermelho para dar a aparência de idade, e o osso da mandíbula era realmente de um orangotango, com um crânio que era humano. Com homens tão eminentes endossando o crânio de Piltdown, o público também foi enganado. Museus no mundo todo exibiram com destaque réplicas e fotos do crânio, enquanto que livros e periódicos espalharam rapidamente a notícia. Os efeitos prejudiciais da brincadeira de Hinton são incalculáveis.
Agora, isso não quer dizer que a ciência não contribui muito para a nossa compreensão do mundo, mas o ponto é: como Dawson (e muitos outros) estava tentando manipular a evidência para um propósito ou ideia preconcebida, de igual modo o naturalismo também tem uma ideia preconcebida que impede a fé do naturalismo de reunir toda a evidência da verdade. O editor Alexander Kohn afirmou corretamente:
Os cientistas, ao contrário do que as pessoas comuns pensam, não trabalham coletando apenas fatos concretos e encaixando informações com base neles. A investigação científica também é motivada pela busca de reconhecimento e fama, pela esperança e pelo preconceito. A evidência duvidosa é reforçada pelo forte esperança: anomalias são montadas em uma imagem coerente com a ajuda de viés cultural.
Mais uma vez, a ciência tem oferecido muito e continua a fazê-lo, mas uma visão puramente naturalista misturada com uma visão científica preconcebida pode responder apenas parcialmente as grandes questões da vida. O naturalismo é uma visão religiosa que se assemelha a uma luta do pugilista com ambas as mãos amarradas atrás das costas. Se a verdade é importante, então devemos considerar as evidências onde quer que levem, independentemente das posições que nos são tão queridas.
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[1] Sagan, Carl, Cosmos
Fonte: http://flatlandapologetics.blogspot.com.br/2010/07/fighting-with-both-hands-tied.html
Tradução: Emerson de Oliveira