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Livre-Arbítrio é Real ou Ilusão? Uma Refutação à Elaine Sousa

Em mais um vídeo simplista posando como pensadora, a Elaine Sousa vem com essas alegações. Vamos responder ponto por ponto.

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“Será que essa ideia de livre-arbítrio é só mais um mito? Uma ilusão que a gente compra pra se sentir responsável?”
Trecho do vídeo “Livre-Arbítrio é Real ou Ilusão?” (YouTube)

Vivemos em uma época marcada pela valorização da ciência e da psicologia como formas predominantes de explicação da realidade humana. Nesse cenário, muitos têm questionado se o livre-arbítrio realmente existe ou se tudo que fazemos é apenas fruto da genética, ambiente e experiências passadas. Recentemente, um vídeo popular no YouTube defende que o livre-arbítrio seria apenas uma ilusão. Neste artigo, vamos refutar ponto a ponto essa visão, à luz da razão, ciência, filosofia e teologia cristã, com base na linha de pensamento do filósofo William Lane Craig.


1. A Ilusão da Escolha?

“Já parou pra pensar se realmente você faz escolhas livres? Se o que você decide é fruto da sua vontade ou de tudo que te moldou?”

Esse é um questionamento comum em tempos pós-modernos. A dúvida é legítima, mas parte de um erro conceitual: confundir influência com determinação. Sim, somos influenciados por genética, ambiente e cultura, mas isso não significa que somos marionetes. O fato de termos desejos ou inclinações não elimina a nossa capacidade de refletir e escolher entre diferentes opções. Aliás, é justamente porque temos essas influências que o ato de resisti-las ou aceitá-las é significativo.


2. Livre-Arbítrio: Uma Herança Grega?

“Desde a filosofia grega, principalmente com Aristóteles, a gente encontra a ideia de que somos agentes livres… O cristianismo depois absorveu isso…”

Essa leitura é redutiva. Embora seja verdade que Aristóteles discutiu o conceito de ação voluntária, o livre-arbítrio cristão é profundamente teológico. O ser humano, segundo a Bíblia, é imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27), dotado de liberdade moral para escolher entre o bem e o mal (Deuteronômio 30:19). Ao contrário da tradição puramente filosófica, o cristianismo vê essa liberdade como condição para a responsabilidade diante de Deus, o que inclui a possibilidade de salvação ou rejeição.


3. Genética, Ambiente e Traumas

“Grande parte das nossas escolhas são resultado de fatores que não controlamos: genética, ambiente, traumas de infância…”

Esse argumento é conhecido como determinismo biopsicossocial. No entanto, ele cai em um equívoco lógico: o de que, se parte de nossas decisões é influenciada, então todas são determinadas. Não é o que a evidência mostra. O ser humano tem capacidade de autoconsciência, reflexão e mudança de comportamento, mesmo diante de fortes influências. A conversão religiosa, por exemplo, é um caso emblemático de transformação radical de valores e ações, algo que só faz sentido se partirmos do pressuposto de liberdade.


4. Livre-Arbítrio e Justiça

“Se alguém comete um crime, até que ponto essa pessoa teve liberdade de escolher?”

Aqui temos uma questão de ética e justiça. Se aceitarmos que ninguém é responsável por seus atos porque tudo foi determinado por fatores externos, então não há espaço para responsabilidade penal ou moral. No entanto, o próprio sistema judiciário reconhece graus de responsabilidade. Ele aplica atenuantes e agravantes conforme a capacidade de escolha consciente. O cristianismo também reconhece que o pecado nos afeta, mas ensina que o ser humano ainda é responsável por suas decisões morais.


5. Neurociência e a Ilusão da Decisão

“Experimentos como de Benjamin Libet mostram que nosso cérebro começa a preparar a ação antes mesmo de termos consciência da decisão.”

Esse experimento, frequentemente citado por deterministas, mostra apenas que existe uma atividade cerebral preparatória antes de tomarmos consciência de uma ação simples (como mover um dedo). Contudo, o próprio Libet reconheceu a existência do que chamou de “veto consciente”: a capacidade de inibir a ação mesmo após seu início neural. Isso demonstra que a consciência não é passiva e que o ser humano pode exercer controle sobre seus impulsos. Além disso, esses experimentos se referem a ações motoras simples — não a decisões morais complexas, como escolher entre perdoar ou odiar.


6. Condicionamento e Programação Social

“Nossos hábitos, crenças e até a forma como reagimos a estímulos são programados por tudo que vivemos antes.”

A autora usa aqui uma analogia com programação, como se fôssemos apenas resultado de códigos sociais e históricos. Mas essa visão é redutiva e mecanicista. O ser humano não é um robô cultural. A história está cheia de pessoas que romperam com tradições, superaram traumas, e reinventaram suas trajetórias. Isso só é possível porque possuímos uma consciência que transcende os condicionamentos externos.


7. Responsabilidade Sem Livre-Arbítrio?

“Não acreditar em livre-arbítrio não significa que não temos responsabilidade…”

Essa tentativa de manter responsabilidade sem liberdade é contraditória. O conceito de responsabilidade pressupõe que alguém poderia ter feito diferente. Se tudo que faço é determinado por causas anteriores fora do meu controle, então não posso ser elogiado nem culpado por nada. Essa visão destrói a moralidade. Como o próprio William Lane Craig afirma, “sem livre-arbítrio, não pode haver moralidade objetiva, apenas comportamento programado.”


8. Deus e a Justiça Divina

“Se Deus nos pune por algo que não escolhemos de verdade, isso não seria injusto?”

Sim, seria. Mas o cristianismo não ensina que somos punidos arbitrariamente. Ele afirma que somos moralmente responsáveis porque temos liberdade real. Deus não nos pune por uma condição que não escolhemos, mas por atos conscientes e voluntários. É por isso que a salvação é oferecida a todos e que a condenação só é justa se houver recusa deliberada do bem (João 3:19-21).


9. Religião, Compromisso e Compaixão

“A religião deveria olhar mais pra compaixão do que pro castigo.”

Essa é uma falsa dicotomia. O cristianismo não opõe compaixão e justiça — ele os reconcilia na cruz de Cristo. Deus é amoroso, mas também é justo. O evangelho é uma mensagem de perdão oferecido gratuitamente, mas que exige uma resposta livre do ser humano. É justamente porque temos livre-arbítrio que o arrependimento e a fé fazem sentido.


10. A Contradição Final

“Eu não acredito em livre-arbítrio. Acredito que somos resultado de tudo que nos aconteceu, de tudo que nos ensinaram, de tudo que herdamos…”

Se isso for verdade, então essa própria crença da autora também foi determinada, e não fruto de reflexão livre. Mas, se não foi fruto de livre escolha, por que deveríamos levá-la a sério? O determinismo é autodestrutivo: ele destrói a base da racionalidade, da ciência, do amor e da verdade. Toda tentativa de negar o livre-arbítrio exige usá-lo. Isso é o que chamamos de contradição performática.


✝️ Conclusão Cristã: A Liberdade como Dom de Deus

O livre-arbítrio não é uma ilusão, mas uma condição essencial para a moralidade, a justiça, o amor e a fé. O ser humano é, sim, moldado por muitas forças, mas não é escravo delas. Somos criados à imagem de Deus, capazes de escolher, amar, perdoar e crer. E é por isso que nossas decisões têm valor eterno.

Como afirmou William Lane Craig:

“Sem livre-arbítrio, não há culpa, não há mérito, não há propósito — apenas programação cega. Mas com ele, tudo faz sentido.”


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