O que significa dizer que “Jesus tomou o cálice da ira de Deus quando foi crucificado”? Por que “Deus estava irado?” e por que o ser humano precisava do perdão de Deus atraves da cruz de Cristo? – por Maxwell Henrique
Olá, Maxwell. O “cálice” (em grego, poterion) muitas vezes é símbolo da retribuição divina ou da ira de Deus. De tal copo, pessoas iníquas, cidades ou até povos e nações poderiam beber. (Sal 11,6; 75:8; Is 51,17, 22; Je 25,12-29; 51:41; La 4,21; Ap. 14,9, 10; 16,19; 18,5-8) A antiga Babilônia, por exemplo, era um simbólico “copo de ouro na mão de Deus”, do qual muitas nações tiveram de beber a poção amarga da derrota. — Je 51,7.
Quando a destruição aguardava Jerusalém, seus habitantes foram informados de que as pessoas ‘não lhes dariam o copo de consolação para beber por causa do pai de alguém e por causa da mãe de alguém’. É possível que isto fosse uma alusão ao copo de vinho que se dava à pessoa que pranteava os pais mortos. — Je 16,5-7; compare isso com Pr 31,6.
O simbólico “cálice” que Deus derramou para Jesus Cristo era a Sua vontade para Jesus. Sem dúvida por causa da grande preocupação de Cristo com o vitupério que sua morte, como alguém acusado de blasfêmia e sedição, traria sobre Deus, Jesus orou pedindo que este “copo” fosse afastado dele, se possível. Todavia, ele estava disposto a submeter-se à vontade de Deus e a bebê-lo. (Mt 26,39, 42; Jo 18,10, 11) A porção, ou “copo”, designada por Deus para Jesus não significava só o sofrimento, mas também o batismo de Jesus na morte, o qual culminou com sua ressurreição para a vida imortal no céu. (Lu 12,50; Ro 6,4, 5; He 5,7) Portanto, ela foi também “o copo da grandiosa salvação” para Cristo. (Sal 116,13).
São Paulo Apóstolo aborda isto: “Mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios … porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1 Co. 1,23; 2,2), e “Meu velho eu foi crucificado com Cristo É já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim Então eu vivo neste corpo terreno por confiar no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. ” (Gálatas 2,20).
“Ninguém entende as Escrituras, a menos que se familiarize com a cruz.” John Piper resume a maravilha da cruz muito bem: “O morte de Cristo é a sabedoria de Deus, pelo qual o amor de Deus salva os pecadores da ira de Deus, e todo o tempo sustenta e demonstra a justiça de Deus “.
Não negligencie o conhecimento do sofrimento de Jesus, porque ele deve ter sido a sua taça da ira de Deus.
O conhecimento de Deus é a nossa motivação e poder, assim momentaneamente colocamo-nos na cena da crucificação de Jesus Cristo.
Considere a solução provida por Deus na sentença proferida contra Satanás, o Diabo. Deus disse a Satanás: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre o teu descendente [o mundo sob o controle de Satanás] e o seu descendente [Jesus Cristo]. Ele te machucará a cabeça e tu [Satanás] lhe machucarás o calcanhar [causando a morte de Jesus].” (Gênesis 3,15) Nesta primeira profecia da Bíblia, Deus aludiu ao seu propósito de seu Filhol, celestial, vir à Terra para viver como o homem Jesus e depois morrer — ser ‘machucado no calcanhar’ — nesta condição sem pecado.
Por que exigiu Deus a morte de um homem perfeito? Ora, qual era a penalidade especificada por Deus se Adão pecasse? Não era a morte? (Gênesis 2,16-17) “O salário pago pelo pecado é a morte”, escreveu o apóstolo Paulo. (Romanos 6,23) Adão pagou seu pecado com a sua própria morte. Havia recebido vida, escolheu pecar, e morreu como penalidade pelo seu pecado. (Gênesis 3,19) Que dizer da condenação que toda a raça humana sofreu por causa daquele pecado? Alguém teria que morrer para expiar os pecados da humanidade. Mas a morte de quem podia legitimamente cobrir as transgressões de toda a humanidade?
A Lei de Deus dada à antiga nação de Israel exigia “alma por alma [ou: vida por vida]”. (Êxodo 21,23) Segundo este princípio jurídico, a morte que cobrisse as transgressões da humanidade teria de ser de valor igual àquilo que Adão havia perdido. Somente a morte de outro homem perfeito podia pagar o preço do pecado. Jesus era tal homem. Deveras, Jesus era um “resgate correspondente” para a salvação de toda a humanidade redimível, descendente de Adão. — 1 Timóteo 2,6; Romanos 5,16-17.
A morte de Adão era sem valor; ele mereceu morrer pelo seu pecado. A morte de Jesus, porém, era de grande valor, porque ele morreu numa condição sem pecado. Deus podia aceitar o valor da vida perfeita de Jesus como resgate para os descendentes obedientes do pecador Adão. E o valor do sacrifício de Jesus não serve apenas para pagar os nossos pecados passados. Se este fosse o caso, não teríamos nenhum futuro. Tendo sido concebidos em pecado, forçosamente erramos de novo. (Salmo 51,5) Como podemos ser gratos de que a morte de Jesus torna possível conseguir a perfeição que Deus intencionou originalmente para a descendência de Adão e Eva!
Adão pode ser comparado a um pai que morreu e nos deixou com uma dívida financeira tão grande (o pecado), que não temos condição de nos livrar dela. Por outro lado, Jesus é comparável a um bom pai que morreu e nos deixou uma abundante herança, que não só nos livra da enorme dívida que Adão nos deixou, mas também nos fornece o bastante para vivermos eternamente. A morte de Jesus não é o mero cancelamento de pecados passados; é também uma maravilhosa provisão para o nosso futuro.
Jesus salva porque morreu por nós. E que provisão valiosa é a sua morte! Quando encaramos isso como parte da solução de Deus para o complexo problema do pecado de Adão, isso fortalece nossa fé em Deus e no seu modo de fazer as coisas. Deveras, a morte de Jesus é um meio de resgatar do pecado, da doença, da velhice e da morte “todo aquele que nele exercer fé”. (João 3,16) Sente-se grato a Deus por esta amorosa provisão para a nossa salvação?