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Jesus Negou Ser Deus em Marcos 10,18?

Jesus Negou Ser Deus em Marcos 10:18?

No Evangelho de Marcos 10:18, Jesus parece sugerir que somente Deus é bom, o que tem gerado questionamentos ao longo dos séculos. Neste versículo, após um jovem rico chamá-lo de “Bom Mestre”, Jesus responde: “Por que você me chama de bom? Ninguém é bom, a não ser Deus”. Essa resposta tem sido usada por alguns para argumentar que Jesus estaria negando sua divindade. Mas será que essa interpretação faz sentido dentro do contexto mais amplo do evangelho?

COMBO ACADÊMICO DE TEOLOGIA

Contexto e a Chave para o Entendimento

Jesus não estava negando sua bondade ou divindade, mas direcionando o jovem para uma verdade maior: a fonte de toda a bondade está em Deus. Ele não disse “Eu não sou bom”, mas fez referência à unicidade de Deus, presente no Shemá, uma importante parte das Escrituras Judaicas que enfatiza a unidade de Deus. Esse comentário é, na verdade, uma maneira de Jesus conduzir o jovem para a verdadeira questão: Quem é Jesus realmente?.

Como o estudioso Joel Marcus destaca, esse texto não nega a bondade de Jesus, mas, sim, a atribui à sua origem divina. Em seguida, Jesus dá ao jovem um comando inusitado: “Vá, venda tudo o que tem, dê aos pobres e siga-me”. Essa ordem é crucial para entender o que Jesus quis dizer sobre a bondade de Deus, pois ao adicionar essa instrução ao lado dos Dez Mandamentos, Jesus sugere que seguir a Ele é tão essencial quanto obedecer os mandamentos dados por Deus.

A Autoridade Divina de Jesus

A exigência de Jesus para que o jovem o seguisse seria impensável para um judeu do primeiro século, que via os mandamentos como algo divino, estabelecido diretamente por Deus. O estudioso Simon Gathercole observa que, ao fazer isso, Jesus coloca-se no mesmo nível de autoridade de Deus. Se Deus é o único capaz de ditar mandamentos, e Jesus o faz, então Ele também se coloca como divino.

Outro ponto importante é que, ao longo de todo o Evangelho de Marcos, a identidade divina de Jesus é reforçada em diversas ocasiões. Por exemplo, em Marcos 3:11 e 5:7, os demônios reconhecem Jesus como “O Santo de Deus”. O estudioso Michael Bird aponta que esse reconhecimento não veio de rumores humanos, mas do conhecimento que os demônios têm da origem, identidade e poder de Jesus, o que os assusta profundamente.

Testemunhos do Evangelho de Marcos

Desde o início do Evangelho de Marcos, a divindade de Jesus é declarada. No primeiro capítulo, Marcos 1:2-3 faz uma citação de Malaquias 3:1 e Isaías 40:3, onde Deus promete vir ao Seu povo. No entanto, Marcos usa essas passagens para descrever João Batista preparando o caminho para Jesus, o que implica que Jesus é o próprio Deus prometido nas Escrituras Judaicas.

Além disso, em Marcos 2:28, Jesus declara que “O Filho do Homem é Senhor até mesmo do sábado”. Embora alguns possam interpretar isso como uma referência à humanidade em geral, o contexto sugere algo mais profundo. Jesus, ao curar o paralítico em Marcos 2:10, já havia afirmado sua autoridade divina ao perdoar pecados – algo que os líderes religiosos consideraram blasfêmia, pois acreditavam que apenas Deus poderia perdoar pecados.

O Filho do Homem e o Perdão dos Pecados

O título “Filho do Homem” é central para a compreensão da divindade de Jesus. Em Daniel 7:13-14, o Filho do Homem recebe domínio e glória eternos, e é adorado por todos os povos – algo que só Deus merece. Quando Jesus se identifica como o Filho do Homem, Ele está se referindo a essa figura divina e messiânica, o que explica a forte reação do sumo sacerdote Caifás durante o julgamento de Jesus, levando-o a acusar Jesus de blasfêmia.

Conclusão

A frase de Jesus em Marcos 10:18, longe de ser uma negação de sua divindade, deve ser entendida dentro do contexto mais amplo do Evangelho de Marcos. Jesus está afirmando que toda bondade vem de Deus e, ao mesmo tempo, revela que Ele próprio possui essa bondade divina. O Evangelho de Marcos, como um todo, oferece evidências claras de que Jesus é retratado como nada menos que o próprio Deus de Israel.

Este é apenas um exemplo de como a leitura de um único versículo isoladamente pode levar a conclusões erradas. Ao observar o contexto geral do Evangelho, fica claro que Jesus não negou sua divindade, mas afirmou sua ligação direta com o Deus único.

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