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Jesus foi inventado para acalmar a revolta dos judeus?

Não.

Isto é evidenciado por

  1. O fato de que o cristianismo permaneceu até 69 d.C. e muito mais tempo como apenas mais uma seita judaica.
  2. O fato de que o cristianismo foi perseguido pelo Império Romano esporadicamente até 313 d.C., quando foi legalizado (tornou-se religião de estado 65 anos depois)
  3. O fato de o cristianismo ter se espalhado no Império Sassânida – o inimigo de Roma e na longínqua Índia (trazido pelo apóstolo São Tomás) e as crenças são e foram as mesmas dos cristãos no Império Romano
  4. Que o cristianismo se espalhou entre os etíopes e os armênios – nenhum dos quais estava no Império Romano

“Como prova, Atwill oferece apenas suposições . Ele não acredita que a existência de duas seitas judaicas messiânicas do primeiro século diametralmente opostas (os militantes sicários e os cristãos pacifistas) fosse plausível, embora dezenas de grupos messiânicos vagassem pela Palestina do primeiro século com ideias conflitantes. As semelhanças que ele vê entre as Guerras Judaicas de Flávio Josefo e os Evangelhos são forçadas e pouco convincentes (por exemplo, a Batalha de Gadara e o homem possuído pela Legião em Marcos 5). Ele argumenta que se essas passagens fossem destinadas a serem facilmente identificadas, elas não teriam permanecido ocultas por 2000 anos. Na verdade, o autor está simplesmente revivendo uma velha teoria das origens bíblicas e lendo seus preconceitos no texto. Não recomendado .” (ênfase adicionada)

Fonte: O Messias de César: A Conspiração Romana para Inventar Jesus. Por: Brennan, Christopher, Library Journal, 03630277, 01/06/2005, Vol. 130, Edição 10

Não só não há evidências para isso, como há quatro pontos principais que vão contra essa teoria completamente ridícula.

  1. Roma não teria montado uma farsa tão elaborada para “suprimir” uma colônia tão pequena. Isso é completamente implausível
  2. Podemos rastrear o cristianismo até seus primeiros seguidores e o próprio Jesus, de quem temos muitas evidências históricas nos Evangelhos Sinóticos e nas primeiras tradições orais nas Epístolas.
  3. Dentro do milleau honra-vergonha, o cristianismo era socialmente desprezível tanto para judeus quanto para gentios. Por exemplo, as ideias de uma ressurreição FÍSICA de um messias crucificado (Uma contradição em termos para os judeus da época)
  4. Se isso for verdade, MUITAS questões surgem, como por que os romanos teriam perseguido os cristãos!

A Historicidade de Jesus de Nazaré: Refutando a Teoria de que Ele foi Inventado para Acalmar Revoltas Judaicas


Introdução

A historicidade de Jesus de Nazaré é amplamente aceita entre estudiosos, tanto cristãos quanto seculares. No entanto, algumas teorias marginais sugerem que Jesus foi uma invenção criada para acalmar revoltas judaicas contra o Império Romano. Este artigo busca refutar essa ideia, apresentando evidências históricas, arqueológicas e literárias que confirmam a existência de Jesus como uma figura histórica, e não como uma invenção política.


1. Contexto Histórico das Revoltas Judaicas

Antes de refutar a teoria, é importante entender o contexto das revoltas judaicas no século I:

  • Revolta Judaica (66-73 d.C.): Conflito entre judeus e o Império Romano que resultou na destruição do Segundo Templo em 70 d.C.
  • Revolta de Barcoquebas (132-136 d.C.): Outra revolta judaica contra o domínio romano, liderada por Simão Barcoquebas.

A teoria em questão sugere que Jesus foi inventado durante ou após essas revoltas para pacificar os judeus, oferecendo uma figura messiânica espiritual em vez de política. No entanto, essa ideia enfrenta vários problemas históricos.


2. Evidências da Existência Histórica de Jesus

Fontes Cristãs

  • Novo Testamento: Os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) e as cartas paulinas são as principais fontes cristãs sobre Jesus. Embora tenham um viés religioso, eles contêm detalhes históricos e culturais que refletem o contexto do século I.
    • Autenticidade: A maioria dos estudiosos concorda que os Evangelhos foram escritos entre 70 e 100 d.C., com algumas cartas paulinas datando da década de 50 d.C. Isso coloca as fontes cristãs próximas ao tempo de Jesus, tornando improvável que ele fosse uma invenção tardia.

Fontes Não Cristãs

  • Flávio Josefo (37-100 d.C.): O historiador judeu menciona Jesus em duas passagens de sua obra Antiguidades Judaicas:
    1. Testimonium Flavianum: Uma referência controversa, mas amplamente aceita como parcialmente autêntica, que descreve Jesus como um homem sábio crucificado por Pôncio Pilatos.
    2. Menção a Tiago: Josefo menciona Tiago, “irmão de Jesus, chamado Cristo”, confirmando a existência de Jesus como uma figura histórica.
  • Tácito (56-120 d.C.): O historiador romano, em sua obra Anais, descreve Jesus como um homem executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério.
  • Suetônio (69-122 d.C.): Em Vida dos Doze Césares, Suetônio menciona os cristãos como seguidores de “Cresto” (possivelmente uma referência a Cristo), indicando que Jesus já era conhecido no século I.
  • Plínio, o Jovem (61-113 d.C.): Em uma carta ao imperador Trajano, Plínio descreve os cristãos como adoradores de Cristo, confirmando a existência de Jesus como uma figura central do cristianismo primitivo.

Evidências Arqueológicas

  • Inscrições e artefatos: Inscrições e moedas do século I corroboram o contexto histórico descrito nos Evangelhos, como a existência de Pôncio Pilatos e Herodes Antipas.
  • Localidades mencionadas: Lugares como Nazaré, Cafarnaum e Jerusalém foram confirmados por escavações arqueológicas, validando o cenário histórico dos relatos sobre Jesus.

3. Problemas com a Teoria da Invenção de Jesus

Cronologia Inconsistente

  • Tempo das fontes: As primeiras fontes sobre Jesus (cartas paulinas e Evangelhos) foram escritas décadas antes das principais revoltas judaicas (66-73 d.C. e 132-136 d.C.). Se Jesus fosse uma invenção para acalmar revoltas, seria estranho que ele já fosse amplamente conhecido antes desses eventos.

Falta de Motivação Romana

  • Roma e os judeus: O Império Romano não tinha interesse em criar uma figura messiânica para os judeus. Pelo contrário, Roma reprimia movimentos messiânicos, vendo-os como ameaças à estabilidade política. A crucificação de Jesus, por exemplo, foi uma punição típica para rebeldes.
  • Cristianismo como ameaça: Nos primeiros séculos, o cristianismo foi perseguido por Roma, não promovido. A ideia de que os romanos inventariam uma figura como Jesus para pacificar os judeus é inconsistente com a política romana da época.

Falta de Aceitação Judaica

  • Rejeição judaica: Se Jesus fosse uma invenção romana, é improvável que ele fosse rejeitado pela maioria dos judeus. O cristianismo primitivo enfrentou forte oposição das autoridades judaicas, como atestado no Novo Testamento e em fontes históricas.
  • Messianismo judaico: Os judeus esperavam um messias político que libertaria Israel do domínio romano. Um messias espiritual como Jesus não teria atendido a essas expectativas, tornando improvável que ele fosse aceito como uma solução para as revoltas.

4. A Figura de Jesus no Contexto do Século I

  • Movimentos messiânicos: O século I foi marcado por vários líderes messiânicos judeus, como Teudas e Judas, o Galileu. Jesus se encaixa nesse contexto como mais um líder carismático, mas sua mensagem espiritual e sua crucificação o diferenciaram.
  • Impacto duradouro: A rápida disseminação do cristianismo após a morte de Jesus sugere que ele era uma figura real, cuja vida e ensinamentos tiveram um impacto profundo em seus seguidores.

O vocabulário do Novo Testamento é profundamente enraizado na tradição judaica, refletindo o contexto cultural, religioso e histórico do judaísmo do Segundo Templo.

Muitos dos conceitos e termos utilizados no Novo Testamento têm suas origens no Antigo Testamento (Tanakh) e na literatura judaica da época. Vamos explorar alguns exemplos e conceitos:

1. Bem-aventurados (Makarios)

  • A palavra “bem-aventurados” (em grego, μακάριοι, makarioi) é usada nas bem-aventuranças de Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5:3-12). Esse termo tem paralelos no Antigo Testamento, especialmente nos Salmos, onde os justos são descritos como felizes ou abençoados por sua fidelidade a Deus (por exemplo, Salmo 1:1; 32:1-2). A ideia de ser “bem-aventurado” está ligada à bênção divina e à felicidade que vem de viver em conformidade com a vontade de Deus.

2. Reino dos Céus (Basileia ton Ouranon)

  • A expressão “Reino dos Céus” (em grego, Βασιλεία τῶν Οὐρανῶν, Basileia ton Ouranon) é uma forma característica do Evangelho de Mateus para se referir ao “Reino de Deus”. Esse conceito é central na pregação de Jesus e tem raízes profundas na esperança messiânica judaica. No judaísmo, a ideia de um reino divino era associada à soberania de Deus sobre toda a criação e à expectativa de um futuro onde Deus estabeleceria Seu reinado de justiça e paz (Daniel 2:44; Isaías 9:6-7). O uso de “céus” como um eufemismo para “Deus” reflete uma prática judaica comum de evitar a pronúncia direta do nome divino.

3. Messias (Christos)

  • O termo “Messias” (em hebraico, Mashiach, e em grego, Χριστός, Christos) significa “ungido” e se refere ao rei ou líder escolhido por Deus. No judaísmo, o Messias era esperado como um libertador que restauraria Israel e estabeleceria o reino de Deus. No Novo Testamento, Jesus é identificado como o Messias prometido, mas sua missão e reino são reinterpretados em um contexto espiritual e escatológico.

4. Filho do Homem (Ho Huios tou Anthropou)

  • A expressão “Filho do Homem” (em grego, ὁ Υἱὸς τοῦ Ἀνθρώπου, ho Huios tou Anthropou) é usada por Jesus para se referir a si mesmo. Esse título tem suas raízes no livro de Daniel (Daniel 7:13-14), onde o “Filho do Homem” é uma figura celestial que recebe autoridade e um reino eterno de Deus. No Novo Testamento, Jesus utiliza esse termo para enfatizar sua identidade divina e sua missão escatológica.

5. Justiça (Dikaiosyne)

  • A justiça (em grego, δικαιοσύνη, dikaiosyne) é um tema central no Novo Testamento, especialmente nos ensinamentos de Jesus. No judaísmo, a justiça está intimamente ligada à obediência à Torá e à vivência de uma vida em conformidade com a vontade de Deus. Jesus, no entanto, expande o conceito de justiça, enfatizando a importância da motivação interior e da misericórdia (Mateus 5:20; 6:33).

6. Pecado (Hamartia)

  • O conceito de pecado (em grego, ἁμαρτία, hamartia) no Novo Testamento é herdado do judaísmo, onde o pecado é entendido como uma transgressão da lei de Deus (Torá). No Novo Testamento, o pecado é também visto como uma condição universal que separa a humanidade de Deus, e a salvação é oferecida através de Jesus Cristo (Romanos 3:23; 6:23).

7. Páscoa (Pascha)

  • A Páscoa (em grego, Πάσχα, Pascha) é uma festa judaica que comemora o êxodo do Egito (Êxodo 12). No Novo Testamento, a última ceia de Jesus com seus discípulos ocorre durante a celebração da Páscoa, e Jesus reinterpreta os elementos da festa para apontar para sua morte e ressurreição (Lucas 22:7-20). A Páscoa, portanto, adquire um novo significado no contexto da nova aliança estabelecida por Jesus.

8. Sinagoga (Synagoge)

  • A sinagoga (em grego, συναγωγή, synagoge) era o centro da vida religiosa e comunitária judaica, onde as Escrituras eram lidas e interpretadas. No Novo Testamento, Jesus e os apóstolos frequentemente ensinam nas sinagogas (Marcos 1:21; Atos 13:14-15), demonstrando a continuidade entre o judaísmo e o movimento cristão primitivo.

9. Fariseus e Saduceus

  • Fariseus e Saduceus eram grupos religiosos judaicos mencionados frequentemente no Novo Testamento. Os fariseus eram conhecidos por sua rigorosa observância da Torá e suas tradições orais, enquanto os saduceus eram associados ao sacerdócio e ao Templo. As interações de Jesus com esses grupos refletem debates teológicos e éticos dentro do judaísmo da época.

10. Templo (Hierón)

  • O Templo de Jerusalém (em grego, ἱερόν, hierón) era o centro do culto judaico e um símbolo da presença de Deus entre o povo. No Novo Testamento, o Templo é um local importante para a narrativa de Jesus, que o purifica (João 2:13-22) e profetiza sua destruição (Marcos 13:1-2). O Templo também é reinterpretado simbolicamente, com Jesus sendo visto como o novo templo (João 2:19-21).

Conclusão

O vocabulário do Novo Testamento é, portanto, profundamente judaico, refletindo as crenças, práticas e esperanças do judaísmo do primeiro século. Os autores do Novo Testamento, muitos dos quais eram judeus, utilizaram termos e conceitos familiares ao seu público judaico, mas muitas vezes os reinterpretaram à luz da vida, morte e ressurreição de Jesus. Essa continuidade e transformação são essenciais para entender a mensagem do Novo Testamento em seu contexto original.

A teoria de que Jesus foi inventado para acalmar revoltas judaicas carece de fundamento histórico. As evidências literárias, arqueológicas e contextuais confirmam que Jesus foi uma figura histórica real, cuja vida e ensinamentos deram origem ao cristianismo. A ideia de que ele foi uma invenção política ignora o contexto do século I e as fontes primárias que atestam sua existência. Portanto, a historicidade de Jesus permanece sólida, e a teoria de sua invenção deve ser rejeitada como infundada.


Referências

  • Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas.
  • Tácito. Anais.
  • Suetônio. Vida dos Doze Césares.
  • Plínio, o Jovem. Cartas a Trajano.
  • Ehrman, Bart D. Did Jesus Exist? The Historical Argument for Jesus of Nazareth. HarperOne, 2012.
  • Crossan, John Dominic. The Historical Jesus: The Life of a Mediterranean Jewish Peasant. HarperOne, 1991.

Este artigo oferece uma base acadêmica sólida para refutar a teoria de que Jesus foi uma invenção política, destacando a importância de basear conclusões em evidências históricas confiáveis.

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