Como testemunhar às Testemunhas de Jeová sobre
a divindade de Cristo
Parte I
Por R. K. McGregor Wright, Ph.D.
Tradução: Emerson Honório de Oliveira
I. Como pode Jesus ser Deus e homem?
Quase ninguém hoje em dia nega que Jesus foi um ser humano real, que existiu, ou que ele teve uma “natureza humana” se eles acreditam que ele existiu. Hoje o maior problema é convencer as pessoas que ele foi algo mais que um homem. Nós vivemos em uma época anti-supernaturalista quando o tipo mais “objetivo” de conhecimento é o tipo de conhecimento que encontramos nas ciências físicas–coisas como “a fórmula da água é H2O” , ou “a estrela mais próxima está a cerca de 4 anos-luz da Terra”. A pessoa comum não tem nenhuma idéia como provar tais declarações, mas nós temos tanta confiança na “ciência” que sabemos que estas afirmações podem ser demonstradas de alguma maneira.
Ao mesmo tempo, algumas pessoas hoje acham que a religião só se baseia na “fé” e não precisa de provas e que as afirmações religiosas não precisam ser provadas. De fato, a maioria das pessoas pensa que fé e razão são mais ou menos incompatíveis, porque elas são tipos “diferentes” de conhecimento. Elas pensam que ciência é “objetivamente verdade” enquanto que a religião é só “subjetivamente verdade”, se é que é verdade.
Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo quando a “ciência” era pouco mais que filosofia misturada com artes ocultas como astrologia, e as pessoas pensavam que a água era um dos quatro elementos e acreditavam que as estrelas estavam bem perto. Elas também não tiveram nenhuma dificuldade em acreditar que um homem poderia ser de fato um deus visitando a Terra, e não era humano. Neste caso, as pessoas achavam que ele só tinha a “capa” de ser humano. Eles entendiam isto muito bem, pois sua filosofia ensinava assim; era impossível para alguém ser ao mesmo tempo Deus e homem.
Até mesmo os judeus, que deviam ter sabido melhor, concordavam com os gregos sobre isto; o Messias seria um homem, porque ele seria um descendente de Davi, e nasceria em Belém. Mas ele não podia ser Deus. Assim, quando Jesus admitiu a seus inimigos ser o Filho de Deus, querendo dizer que Ele estava com o próprio Jeová, o sumo sacerdote o acusou de blasfêmia. Como podia aquele homem diante deles ser Deus? Suas pressuposições teológicas e filosóficas os impediam de acreditar nisso.
II. Arianismo
Os arianos do séc. IV caíram nesta tradição racionalista. Eles também argumentavam filosoficamente que havia só um Deus e por isso Jesus também não podia ser Deus. Como homem, ele poderia compartilhar alguns dos atributos divinos, e assim poderia ser chamado de “um deus” mas ele não poderia ser o eterno Filho de Deus. Eles argumentaram que como “Filho procriado”, deveria ter sido ele o primeiro a ser criado. Eles usavam as várias referências bíblicas para o Filho procriado, usando Pr. 8:22s, como se ensinasse que a Sabedoria foi criada.
De fato, o versículo 22 foi traduzido na Septuaginta como “O Senhor me criou, primícias das suas obras” embora o termo hebraico apareça doze vezes em Provérbios com o significado de “adquirir” ou “possuir”. Quando os arianos compararam o Logos do Evangelho de João com a Sabedoria de Provérbios, eles argumentaram que isto provava que o Logos foi criado. Assim Jesus poderia ser “um deus” mas ele não poderia ser o próprio Jeová.
Durante os primeiros dois séculos da Igreja cristã, os cristãos não só descobriram que os estudos arianos da Bíblia eram errados mas que também havia muitas provas textuais que só poderiam significar que os escritores do Novo Testamento acreditavam que Jesus foi Jeová encarnado.
Quando esta questão foi debatida no Concílio de Nicéia em 325 e Calcedônia em 451 d.C., a Igreja reafirmou que o Filho era “da mesma substância” com o Pai, assim eterno, e não era de uma substância semelhante (somente “um deus”), com um começo no tempo. Então, na encarnação, a Pessoa do Filho de Deus foi completamente humana e divina. Quer dizer, a Pessoa eterna do Filho juntou-se a uma natureza humana pela qual ele viveu de uma forma humana tão completa como qualquer um de nós.
Assim, Jesus não era nem parte deus nem parte homem, nem uma mistura dos atributos divinos e humanos, nem ele foi um deus parecido com um ser humano, nem um homem com atributos divinos. Jesus era 100% Deus e 100% Homem, e a Pessoa que se tornou humana foi a Pessoa do Filho eterno de Deus. E hoje é igual. A Encarnação é tão completa e real agora como em Belém de 2000 mil anos atrás. Só há um Mediador entre Deus e o homem, é “o homem Cristo Jesus” (ITm. 2:5).
A afirmação que o Filho é eterno e é da mesma “substância” (ou realidade fundamental) como o Pai, delineou o desenvolvimento da doutrina da Trindade. Jesus era Deus, não só “um deus”. O profeta Isaías disse que não havia outro deus além de Jeová (Is. 41:4, 42:8-9 e 17, 43:10-11, 44:6-8 e 24, 45:5-7 e 14 e 21, etc.), assim os arianos eram politeístas (como os pagãos cujo filosofia eles emprestaram), acreditando em um Deus maior rodeado de deuses e anjos menores, dos quais Jesus era o primeiro. Mas dizer que o Filho é eterno é dizer que Jesus é Jeová, pois só um pode ser eterno.
III. As Testemunhas de Jeová são arianas
A Sociedade da Torre da Vigia (a sede das Testemunhas de Jeová – sigla STV), acreditam nas doutrinas sobre Jesus que foram condenadas pela Igreja antiga em Nicéia em 325, quando a Igreja repudiou o uso das pressuposições filosóficas gregas na teologia cristã. A Bíblia deve ser aceita em suas próprias condições, e não filtrada por uma peneira humanista de suposições racionalistas vindas do paganismo.
Nicéia reafirmou que essas passagens que ensinam a Divindade de Cristo devem ser entendidas per si, e não diluídas pelo racionalismo. Se a Bíblia diz que Jesus era um homem, acreditamos que isto ia de encontro aos gnósticos e docetistas que diziam que ele era Deus, mas que a natureza humana era só uma ilusão; ele só “parecia” (dokein) ser um homem. E se a Bíblia diz que ele era Jeová-deus, então nós também acreditamos que ia de encontro às falsas filosofias que diziam que ele não podia ser humano e divino. A Encarnação foi a Encarnação de Jeová.
Quando as Testemunhas de Jeová batem na porta, elas não estão interessadas em discutir teologia ou estudar a Bíblia. Elas estão interessadas em convencer as pessoas que sua denominação é errada e que devem conhecer a “a organização de Deus”, fora da qual nenhuma verdade sobre a Bíblia pode ser entendida. Eles não acreditam que a Bíblia pode ser entendida sem um professor divino, e já que negam que o Espírito Santo é uma Pessoa da divindade (como a Bíblia diz), o Espírito Santo não pode ser este professor.
Em vez de lembrarem da promessa de Jesus de enviar o Espírito pedagógico, as Testemunhas confiam em seus livros, em seu “corpo governante” de nove a quinze homens que se encontram em Brooklyn, Nova Iorque. A STV entende a Bíblia tanto quanto os antigos arianos.
Mas as pressuposições dirigem as conclusões da mesma maneira que as Regras Internacionais regem o jogo de xadrez. Eles definem quais são os movimentos corretos no tabuleiro. Então, temos que controlar as nossas pressuposições. Nós temos que nos examinar para ver que suposições controlam nosso pensamento. Nós devemos deixar Deus nos falar em sua Palavra e lhe deixar interpretar a própria Palavra pelo Espírito Santo, ou temos que confiar em autoridades humanas finitas para nos falar o que pode e não pode significar de acordo com suposições extra-bíblicas das filosofias do mundo?
Igual ao arianismo, as doutrinas da Sociedade são complexas e altera tudo o que a Bíblia ensina. A Sociedade diminui a importância de Cristo, inclusive a compensação da substituição, a divindade de Cristo, a ressurreição corpórea, a regeneração do crente, a segurança eterna, e castigo eterno. Dali em diante, tudo é diferente, apesar de um pouco de semelhanças aparentes de terminologia. Isto significa que quando eles parecem estar concordando conosco, na verdade mudarão o assunto tentando fazer você seguí-los, mostrando vários texos estranhos das Escrituras.
Eles são treinados para mudar rápido de asunto, na esperança que você fique curioso o bastante para estudar com eles. O estudo será feito com as revistas Despertai! e Sentinela. Eles não aconselham que as pessoas leiam a Bíblia sozinhas, mas só com seus livros. E você nem mesmo poderá saber quem são os autores, pois são anônimos. Você achará que é você ou eles que estão na escuridão. Charles Taze Russell, o fundador da Sociedade, até mesmo disse que qualquer um que estudasse a Bíblia sozinho iria “entrar em trevas dentro de dois anos”.
Com certa rapidez, a Testemunha pulará de texto a texto, criando um quadro impressionista de ter a Bíblia do lado deles. Se eles descobrem que você já tem uma certa base das doutrinas deles, rapidamente tentarão acabar a conversa e sair; eles querem falar às pessoas ignorantes, não com indivíduos preparados.
Lembre-se que a Sociedade ensina que você não pode ter garantia de salvação a menos que você vá de porta em porta trazendo mais gente para eles. De fato, a Testemunha que está falando com você na porta pensa que está ganhando a salvação, está escapando do Armageddon, e irá sobreviver no milênio. Logo que percebem que você está preparado para criticá-los, eles tentam sair depressa. O truque é impedí-los de sair. Tente manter o estado de um investigador interessado nas Escrituras (como outro cristão deveria ler a Bíblia?), simulando que está feliz por eles estarem ali discutindo com você. Assim, irá convencê-los a voltar outras vezes para falar. Você não pode fazer muito em um encontro não planejado.
Se eles lhe oferecerem alguns livros, pegue. É melhor que você pegue do que uma pessoa mal preparada que pegue essas literaturas. Se eles têm uma cópia da Bíblia, a Tradução do Novo Mundo, tenha certeza que eles deixem uma cópia com você. E se eles têm revistas ou livros sobre a doutrina de Deus e a Trindade, pegue também. Eles também imprimem um texto muito importante que contém todos seus argumentos contra a doutrina cristã, chamado Estudo Perspicaz das Escrituras. Compre assim que você puder; é um resumo do que eles crêem, de todos seus argumentos apologéticos. Você irá precisar.
IV. A necessidade de uma estratégia e textos-prova
Como então, podemos testemunhar a uma Testemunha de Jeová? Deve-se se salientar que elas são muito sinceras em suas crenças, pois senão sairiam há muito tempo de sua crença se não fossem. O evangelismo de porta-em-porta é difícil e frustrante, e lhes faz ter o sentimento que eles estão sendo perseguidos.
Freqüentemente, um dos dois que vêm a sua porta é menos experiente, e está sendo treinado (normalmente) pelo mais velho. Assim tente se concentrar no que parece menos experimentado, fazendo várias perguntas e insistindo que eles provem cada ponto da Bíblia. Claro que eles não permitirão que aquela pessoa volte novamente, mas eles irão substituí-la por uma pessoa mais experimentada para lidar com você. Mas semear sementes de dúvida sobre a infalibilidade da Sociedade produz bons frutos.
Mas a Testemunha é treinada para esperar muitas negativas; a maioria das pessoas os manda embora dizendo: “não, obrigado. Eu sou batista (católico, cristão, agnóstico, etc.)” e fecha a porta neles. Assim, eles ficarão impressionados se você lhes disser: “claro que que eu gostaria de falar com vocês, assim entrem e sentem-se. Você gostaria de uma xícara de chá ou algo? Eu gosto de ouvir as pessoas falar sobre a Bíblia”.
Tenha certeza que você cuidadosamente os escuta por meia hora ou mais, só fazendo perguntas para esclarecimentos, sem questionar nada. Isto lhe dá o direito de dizer algo concreto para eles; ganhando o direito de ser ouvido. Lembre-se, estas pessoas não têm nenhuma idéia clara do que é o Evangelho; elas não conhecem Jesus como o Salvador pessoal como você, assim você tem que testemunhar bem para elas. A algum ponto em sua relação com eles (talvez no segundo encontro) tenha certeza que eles sabem bem e claramente o que “Jesus é meu Salvador” significa para você. Você é o responsável ao Senhor para fazê-los ouvir o Evangelho, então, em algum ponto em seus encontros com eles, mostre as provas bíblicas que Jesus é Jeová ou não.
Os pontos chaves da estratégia são só dois;
1) Limite para a discussão só com a Bíblia
A Sociedade tem uma estratégia, e você tem que tem uma estratégia também; citar textos dificilmente irá ser o bastante. Esta “batalha dos textos” normalmente pára sempre em “bem, você tem sua interpretação, e nós temos as nossas” e ninguém convence ninguém. Para evitar isto, você tem que pedir a eles que concordem em duas coisas. Primeiro: você tem que limitar a discussão só para a Bíblia. Segundo: você tem que falar do tópico da Divindade de Cristo.
Pelo menos teoricamente, a Testemunha irá concordar com você que a Bíblia, como a Palavra de Deus, é a autoridade final em matéria de religião. É fácil de conseguir que eles fiquem só na Bíblia, e não sair do assunto citando enciclopédias ou frases de seus livros. Isto é importante.
2) Fique só neste assunto – a divindade de Cristo
Você precisa conseguir que eles fiquem dentro do assunto sempre que eles tentam mudar. Você pode dizer, “bem, me parece que você disse (lembre-se que você os escutou por meia-hora) que Jesus é em parte divino, e pode ser chamado ‘um deus’, mas ele não é o Deus Todo-poderoso, ou o Jeová de Gênesis e Isaías. Este é um ponto importante, e é muito diferente do que eu penso que a Bíblia está dizendo. Acho que se não entendermos quem Jesus é, não chegaremos a lugar nenhum. Nós temos que adorar a Deus, certo? Então isto é importante. Talvez você pode começar me falando exatamente da Bíblia o que você pensa que Jesus é e como ele se relaciona com Deus o Pai”. Eles concordarão com isto.
Você se salvou de debates infinitos sobre a data da segunda vinda, se o céu realmente será na Terra ou não, qual igreja é a “verdadeira igreja” e onde estão os mortos, etc. Agora você ficar só na divindade de Cristo. O próprio Jesus perguntou a seus discípulos: “quem os homens pensam que eu sou?” Esta é a maior pergunta de todas.
Não tenha medo de usar a própria tradução da Bíblia das Testemunhas. Tem problemas sérios, mas se você seguir nosso método, a tradução dará no mesmo. De fato, será possível minar a fé deles com esta tradução ridícula sem que percebam. Eles não irão acreditar que sua “bíblia” tem tantas falhas e irão desacreditar da organização.
Não use as versões liberais modernas como a Bíblia Shedd ou paráfrases como a Bíblia na Linguagem de Hoje. A Almeida é boa, mas a Bíblia de Jerusalém e a Vulgata são melhores. Mas a própria Tradução do Novo Mundo (TNM) é no final das contas a mais útil, porque eles não podem apelar para outra versão. Claro que, você já estudou tudo com sua BJr ou Almeida, e dessa forma não será pêgo de surpresa.
Se você não tiver uma estratégia estará à mercê dos métodos das Testemunhas, o que irá levar a um caos no assunto. Usando o método seguinte, você dominará o assunto e provará pela Bíblia que Jesus é Jeová.
Este artigo continua em Jesus é Jeová – Parte Dois.
Jesus is Jeová: How to Witness to Jeová’s Witnesses About The Deity of Christ (Jesus é Jeová: Como Testemunhar às Testemunhas de Jeová Sobre a Divindade de Cristo) © Janeiro 1996 R. K. McGregor Wright, Ph.D. para Aquila and Priscilla Study Center.