A Shahada e os Fundamentos da Fé Islâmica: Um Olhar Comparativo com o Cristianismo
Introdução
A declaração central do islamismo, conhecida como Shahada , é simples na forma, mas profunda no significado: “La ilaha illa Allah, Muhammad rasulullah” — “Não há outro deus além de Alá, e Maomé é o mensageiro de Alá.” Essa frase não apenas define a adesão ao islamismo, mas também expressa a essência monoteísta dessa religião. Ao comparar essa crença com o cristianismo, percebemos diferenças fundamentais que vão desde a visão de Deus até as práticas morais e espirituais.
A Shahada: O Portão da Conversão
Para se converter ao islamismo, basta recitar a Shahada diante de duas testemunhas muçulmanas . Esse ato simboliza a aceitação completa dos princípios da fé islâmica. Diferentemente do batismo cristão, que pode ser realizado desde a infância, a Shahada exige consciência e compromisso adulto. Ela não é apenas uma fórmula ritual, mas uma afirmação existencial de submissão a Alá — o que, etimologicamente, define o próprio termo “islam”, que significa “submissão” .
Virtudes Centrais: Amor vs. Jihad
Cada religião enfatiza valores distintos que refletem sua visão de mundo e de salvação.
No Cristianismo: Amor e Compaixão
O cristianismo coloca o amor ao próximo como mandamento central, inclusive estendendo-o aos inimigos. Jesus ensina que “amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem” (Lucas 6:27). A compaixão, o perdão e a caridade são considerados frutos do Espírito Santo e caminhos para a santidade.
No Islamismo: Jihad e Sacrifice
No islamismo, a Jihad é frequentemente traduzida como “luta” ou “esforço”, especialmente pela causa de Deus. Embora muitos associem esse termo à guerra santa, ele abrange muito mais: o esforço pessoal para viver segundo os preceitos islâmicos, incluindo o sacrifício de desejos materiais para servir ao próximo. A prática da Zakat (dízimo altruísta) e o Ramadã (jejum) são expressões concretas desse ideal de renúncia e solidariedade.
Visão do Pecado: Diferentes Lentes Éticas
Tanto o cristianismo quanto o islamismo reconhecem a realidade do pecado, mas diferem na forma como o entendem e combatem.
No Cristianismo: Os Sete Pecados Capitais
A tradição cristã identifica sete pecados capitais — soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça — que são vistos como fontes de todos os males morais. A salvação, no entanto, é alcançada pela graça divina através da fé em Jesus Cristo , complementada pelo arrependimento e pelas obras.
No Islamismo: Shirk e Desobediência
No islamismo, o Shirk — associar outros deuses a Alá — é considerado o maior dos pecados. Além disso, qualquer desobediência aos mandamentos de Alá é vista como transgressão passível de perdão, desde que haja arrependimento sincero. O conceito de pecado original não existe; cada indivíduo é responsável por suas próprias escolhas.
Conclusão: Pontos de Encontro e Divergência
Embora o cristianismo e o islamismo compartilhem raízes abraâmicas e reconheçam figuras como Abraão, Moisés e Jesus, suas visões teológicas divergem profundamente, especialmente na compreensão da natureza de Deus e da salvação.
- O cristianismo é marcado pela Trindade e pela divindade de Jesus , enquanto o islamismo insiste na unicidade absoluta de Alá .
- O amor ao próximo é a virtude suprema no cristianismo; a submissão a Deus e a prática da Jihad são pilares do islamismo.
- Ambas as religiões oferecem caminhos de redenção, mas com bases diferentes: graça e sacrifício de Cristo no cristianismo; obediência, oração e caridade no islamismo.
Compreender essas diferenças não apenas enriquece nosso conhecimento religioso, mas também promove diálogo inter-religioso , respeito mútuo e convivência pacífica num mundo cada vez mais plural.
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