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A verdade sobre os homens e a Igreja

family-going-to-church1A maioria de nós, eu suspeito, não são grandes estudiosos das “letras miúdas”. Contratamos advogados e contadores porque reconhecemos que questões legais muito bem feitas podem conter desobrigações, definições e informações que efetivamente desmantelam nossas considerações sobre o ponto em questão e acabam com o sentido comum que pensávamos que tínhamos. Permita-me que apresente a vocês um pouco dessa “letra miúda”.

Poucos irão ter passado por tardes longas de inverno lendo “As características demográficas da linguagem e dos grupos religiosos na Suíça”, de Werner Haug e Phillipe Warner, do Escritório Federal de Estatística, em Neuchatel. Aparece no Volume 2 de Estudos Populacionais No. 31, um livro intitulado As Características Demográficas de  Minorias Nacionais em Certos Estados Europeus, editado por Werner Haug e outros, publicado pelo Conselho de Direção Geral III, Coesão Social, de Strasbourg, Janeiro de 2000. Poucos! Toda essa informação é prontamente disposta porque a Suíça sempre quer saber a religião, a linguagem e a nacionalidade das pessoas em seus censos decenais. Agora, a parte que interessa realmente.

O Fator Crítico
Em 1994, a Suíça fez um levantamento extra que alegrou nossos mestres europeus quando o registraram. A questão fora feita para determinar se a religião de uma pessoa era conduzida pela próxima geração e, se sim, por quê e, se não, por quê não. O resultado é bombástico. Há um fator crítico. É desconcertante, e é: é a prática religiosa do pai da família que sobretudo, determina a presença ou ausência na Igreja, pelas crianças.
Se ambos pai e mãe frequentam regularmente, 33 por cento das crianças terminarão como frequentadores regulares e 41 por cento terminarão frequentando irregularmente. Só um quarto das crianças terminarão sem qualquer prática. Se o pai é irregular e mãe regular, só 3 por cento das crianças serão regulares subsequencialmente, enquanto 59 por cento se tornarão irregulares. 38 por cento se perderão. Se o pai não pratica e a mãe é regular, só 2 por cento das crianças se tornarão adoradores regulares e 37 por cento frequentarão irregularmente. Mais que 60 por cento de suas crianças estarão completamente perdidas da Igreja.
Olhemos às figuras por outro lado. O quê acontece se o pai frequenta regularmente mas a mãe é irregular ou não pratica? Extraordinariamente, a porcentagem de crianças se tornando regulares aumenta de 33 por cento para 38 por cento com a mãe irregular e a 44 por cento com a que não pratica, como se a lealdade ao compromisso paterno aumentasse em proporção à frouxidão, à indiferença ou hostilidade maternas.
Antes que as mães se desesperem, há consolação para mães fiéis. Onde a mãe é menos regular que o pai, mas frequenta ocasionalmente, sua presença assegura que somente um quarto de suas crianças nunca frequentarão.
Mesmo quando o pai é um frequentado irregular, há alguns efeitos extraordinários. Um pai frequentador irregular e uma mãe não praticante conseguirão 25 por cento de suas crianças como frequentadores regulares no futuro e mais 23 por cento irregulares. Isso é doze vezes mais que o conseguido quando as figuras se invertem. Quando nenhum dos pais praticam, pra grandessíssima surpresa de ninguém, só 4 por cento de suas crianças se tornarão frequentadores regulares e 15 por cento irregulares. Oitenta por cento se perderão da fé.
Enquanto a regularidade materna, por si mesma, reduziu qualquer efeito a longo prazo na regularidade das crianças (com exceção da margem negativa em algumas circunstâncias), ajuda a prevenir que as crianças se afastem totalmente. Mães fiéis produzem frequentadores irregulares. Mulheres que não praticam mudam os irregulares para os que não frequentam. Mas mães têm mesmo sua influência benéfica somente em conformidade com a prática paterna.

Influência Paterna
Resumindo, se um pai não vai à igreja, não importa o quanto sua esposa seja devota, só uma criança em 50 se tornará um fiel. Se um pai vai regularmente, desconsiderando a prática materna, entre dois terços e três quartos de seus filhos serão frequentadores (regulares e irregulares). Se um pai vai, mas de maneira irregular, desconsiderando a devoção de sua esposa, entre metade e dois terços de seus filhos se encontrarão na igreja regularmente ou ocasionalmente.
Uma mãe que não pratica com um pai que frequenta regularmente verão um mínimo de dois terços de suas crianças terminando por frequentar a Igreja. Em contraste, um pai que não pratica com uma mãe que frequenta regularmente verão que a porta da Igreja não terá nem  a sombra de dois terços de suas crianças. Se sua mulher é negligente de maneira semelhante, o quadro aumenta para 80 por cento! Os resultados são chocantes, mas não deveriam surpreender. São tão politicamente incorretos quanto podem ser; mas simplesmente confirmam o que psicólogos, criminologistas, educadores, e cristãos tradicionais sabem. Não se pode lutar contra a biologia da ordem criada. A influência paterna, da determinação do sexo da criança pela fecundação aos ritos funerários que circundam sua passagem, está fora de todas as proporções de  sua função delegada, e severamente diminuída na sociedade ocidental liberal.
A figura materna sempre permanecerá primeiramente em termos de intimidade, cuidado e nutrimento. (O homem mais forte bem pode levar uma tatuagem dedicada ao amor de sua mãe, sem a menor vergonha ou sentimentalismo). Nenhum pai pode substituir esse relacionamento. Mas é também igualmente verdadeiro que quando uma criança entra no período de identificação familiar e vinculação com o “mundo lá fora” ele (e ela) olha cada vez mais para seu pai como modelo de conduta. Onde o pai é indiferente, inadequado ou simplesmente ausente, a tarefa de identificação e vínculo é mais difícil. Quando as crianças veem que a Igreja é um assunto de “mães e crianças”, elas responderão conforme – sem irem à Igreja, ou indo bem menos.
Curiosamente, ambos homens e mulheres adultos concluirão subconscientemente que a ausência do pai indica que ir à Igreja não seja realmente uma atividade de crescimento. Em termos de compromisso, a figura materna talvez seja a de encorajar e confirmar, mas não é primordial à decisão de seus filhos adultos. A decisão materna tem dramaticamente menos efeito que a paterna, e sem esse ela tem pouco efeito no primeiro estilo de vida  que seus filhos fazem, nas suas observações sobre religião.
Sua maior influência não é totalmente na frequência, mas em evitar que suas crianças, que não frequentam regularmente, recaiam totalmente. Não é necessário dizer que é um trabalho vital, mas até mesmo assim, sem a participação paterna (regular ou irregular), a proporção de regulares aos que recaem vai de 60/40 a 40/60.

De Grande Importância
Os achados talvez sejam só para a Suíça, mas partindo de conversas com clérigos ingleses e amigos americanos, eu duvido que tenhamos achados muito diferentes em pesquisas similares aqui ou nos Estados Unidos. De fato, acredito que alguns estudos ingleses encontraram bem a mesma coisa. As conclusões são de grande importância para nossa evangelização e sua base teológica.
Primeiro, nós (ingleses e americanos) estamos ministrando numa sociedade que está crescentemente infiel nos relacionamentos espirituais e físicos. Há um número grande de famílias com pais únicos e uma complexidade de relacionamentos de apadrastamento, ou pior, figuras masculinas itinerantes nos lares, cujos interesses primários podem nunca ser os filhos de um outro alguém.
O pai ausente, independente de quem tenha “culpa” pelo divórcio e de quanto ele seja fiel à sua igreja, não costuma gastar o curto tempo permitido no fim de semana, de “qualidade” com seu filho, na igreja. Um rapaz na minha congregação teve que escolher entre sua lealdade à fé e passar o domingo com o pai, então a 60 quilômetros, pescando ou jogando futebol. Escolhas para um rapaz, entre onze: pai terreno versus Pai Celestial, com todos os laços cruzados de amor e lealdade que tal escolha envolve.  Com tal maturidade agonizante forçada nas nossas crianças por nossas “falhas”, ele decide que seu Pai celestial entenderia sua ausência melhor que seu pai.
Sociologicamente e demograficamente as tendências atuais estão severamente contra a missão da igreja, se a paternidade está em declínio. Essas crianças que mantêm frequência, apesar da ausência do pai, mesmo que com predominância esporádica, podem instintivamente entender a comunidade que nutre, a maternidade da Igreja. Mas, irão inevitavelmente procurar preencher essa lacuna bocejante em suas vidas espirituais, a experiência da paternidade que vem da paternidade verdadeira de Deus. Aqui encontrarão pouco conforto em liberalizar igrejas que dominam o quadro inglês e o quadro principal dos Estados Unidos.
Segundo, nós estamos ministrando em igrejas que aceitam a ausência paterna como norma, e até um ideal. Liturgia emasculada, Bíblias livres de gênero e agrupamentos sem pai aumentam suas ofertas. Em resposta, o declínio dessas igrejas sem surpresa, acelerou. Para ministrar a uma sociedade sem pai, essas igrejas, em suas incompreensões, produziram seus próprios modelos paroquiais de família de pai único no ordenamento feminino.
A ideia dessa iniciativa de destruição icônica politicamente traçada e biblicamente desobediente é a de que tornaria a igreja relevante para a sociedade na qual ministra. A ordenação de mulheres fariam as mulheres se sentirem com poder e por isso inseridas. (Enquanto mais mulheres se manifestam publicamente contra a inovação que nunca foram a favor, esse argumento sempre foi um triunfo da propaganda sobre a realidade). Homens seriam atraídos pelo novo aspecto feminino e maternal do novo ministério. (Como força motriz do movimento, o feminismo deixa pouco tempo pra a feminilidade ou a maternidade, isso foi o que Sheridan chamou “a mentira evidente”).
E crianças – nossas crianças – viriam se unir na nova Igreja feminizada, atraídos pelo ambiente seguro, nutridor e sem julgamentos, que uma igreja livre de sua “hegemonia masculina” ofereceria. (Enquanto as doutrinas principais do feminismo quanto a crianças estão entre as mais hostis de qualquer filosofia – até mesmo mulheres que não foram vendidas totalmente nessas heresias tiveram que eventualmente dispor suas responsabilidades maternais principais a segundo plano para corresponderem à exigência – as crianças nunca foram preferidas a serem os mais beneficiados).

As Igrejas estão perdendo
Essas conclusões também não são uma questão de simples desacordo entre partes que brigam numa igreja dividida. Esses panoramas estão presentes e continuarão a aumentar. As igrejas estão perdendo homens e se os quadros suíços estão corretos, estão também perdendo crianças. Não se pode feminizar a igreja e manter os homens, e não se pode manter as crianças se não mantiverem os homens.
Na igreja da Inglaterra, a razão de homens e mulheres pré-1990 era de 45 por cento a 55 por cento. Em paralelo com as igrejas livres (que incluem, na Inglaterra, os Metodistas e os Presbiterianos) e outros que têm nos precedido na rota feminista, estamos agora nos aproximando de uma divisão de 37 por cento / 63 por cento. Enquanto essas últimas constatações são percentagens de um total agora menor, um quadro ainda mais alarmante emerge. Dos 300,000 que deixaram a Igreja da Inglaterra durante a “Década do Evangelismo”, 200,000 devem ter sido homens.
Se mostra sem surpresa aprender, na luz da evidência suíça, que até mesmo em quadros oficiais, a frequência das crianças na Igreja da Inglaterra caiu 50% durante a Década do Evangelismo. Conforme projeções independentes confiáveis, na verdade deve ter caído dois terços ao ano 2000. (Estatísticas relevantes deixaram de ser divulgadas abruptamente em 1996, quando a queda de 50 fora atingida).
E o quê vimos nas sociedades às quais as igrejas estão supostamente assistindo? No mundo secular, uma sociedade sem pai, ou a rejeição significante da paternalidade tradicional, produziu resultados rápidos e horríveis. A desintegração da família segue forte sobre a amoralidade e a anarquia emocional que flui da neutralização, desvalorização ou exclusão da autoridade amorosa e protetiva do pai.
Homens jovens, cuja biologia básica não os leva à direção da civilização, emergem numa sociedade que, em menos de 40 anos, foi da certeza e do encorajamento sobre suas masculinidades para o desprezo um pouco dissimulado e confusão sobre seus papéis e vocações. Isso se exibe em tudo desde o sistema educacional, que desde os anos 60 vem sido usado como uma ferramenta de engenharia social, ao mundo do entretenimento, onde a retratação dos homens decentes e honráveis aparece quase que tão frequentemente como neve no verão.
Na ausência paterna, é pouca a surpresa que haja um aumento alarmante na selvageria masculina. Isso é mais evidente em comunidades de rua, onde operações criminosas procuram estabelecer brutalmente e diretamente o respeito, ritual e ordem grupal tão essencial à identidade masculina. Mas não é ausente dos gramados bem-cuidados da Inglaterra suburbana, onde “famílias”  disfuncionais produzem igualmente taxas de casualidades alarmantes e crianças com uma inabilidade de fazer e manter relacionamentos profundos e persistentes entre homens e mulheres.

O Colapso da Igreja
Alguém deve ter esperado, com tanta abundância de evidências às mãos, que as igrejas tivessem sido mais confiantes no ensino bíblico, que sempre se dispôs contra as forças destrutivas do materialismo pagão que o feminismo representa. Lamentavelmente, não. Seu colapso em face dessa bem organizada e plausível heresia talvez date oficialmente do momento em que aprovaram a ordenação de mulheres – 1992 para a Igreja da Inglaterra – mas a preparação começou muito mais cedo.
Não é preciso que se vá muito longe nos procedimentos pelos quais a Igreja da Inglaterra escolhe seus clérigos ou por seu treinamento teológico pra descobrir que isso oferece pouco espaço para a masculinidade genuína. A pressão constante para a “flexibilidade”, a “sensibilidade”, a “inclusão”, e o “ministério colaborativo” já diz. Não há nada errado com esses conceitos por eles mesmos, mas enquanto são ensinados e postos com insistência, eles não mantêm relação com o que um homem (o homem viril) os entende que signifiquem.
Os homens são perfeitamente capazes de serem todas esses coisas sem serem moles, descentrados ou transigentes, que é como esses termos se traduzem no ensino. Não produzirão homens de fé ou pais da comunidade de fiéis. Com certeza não se tornarão ícones de Cristo e dos apóstolos carismáticos. Têm muito sucesso na produção de criaturas maleáveis da instituição, desoneradas da autenticidade ou da convicção e incapazes de liderar ou desafiar. Homens, em resumo, que não sustentam propostas.
Bem curioso, esse novo homem efeminado não parece ser muito atrativo às feministas como nos levaram a crer. Eles não parecem tomar a atenção das crianças (menos ainda de garotos que devam querer segui-lo no sacerdócio). Ele é francamente repelente a sujeitos ordinários. Mas um fiel que é confortável com sua masculinidade e seja maduro em sua paternidade (doméstica ou pastoral) será um ímã natural numa sociedade confusa e desordenada, e na Igreja.
Outras comunidades religiosas, como Muçulmanos e Judeus Ortodoxos, não têm dúvidas disso e nunca sonhariam em emascular sua fé. Igrejas em países sob perseguição não têm partilha com os erros corrosivos do feminismo. Por quê teriam? São luxos caros para igrejas confortáveis e  decadentes. Os perseguidos precisam saber urgentemente o quê funciona e  o quê persiste. Eles precisam de seus homens. Uma igreja que conspira contra as bênçãos do patriarcado não somente desfigura o ícone da Primeira Pessoa  da  Trindade, infunde desobediência ao exemplo e ao ensinamento da Segunda Pessoa da Trindade, e rejeita a ação Pentecostal da Terceira Pessoa da Trindade, mas mais significativamente para nossa sociedade, paira à face da evidência sociológica!
Sem pai – sem família – sem fé. Ganhando e mantendo homens é essencial para a comunidade de crentes e vital ao trabalho de todas as mães e à salvação futura de nossas crianças.
Robbie Low é vigário de São Pedro, Bushey Heath, uma paróquia na Igreja da Inglaterra, e um membro da banca editorial da revista “New Directions”, publicada pela Adiante na Fé, na qual uma versão desse artigo aparecera primeiro. Para mais sobre o assunto de homens, mulheres e frequência na igreja, veja o artigo “Missing Fathers of the Church” de Leon  Podles

Fonte: http://www.touchstonemag.com/archives/article.php?id=16-05-024-v
Tradução: Carlos Estevam (https://www.facebook.com/carlos.estevam)

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