A história da Alemanha nazista não é segredo. Há provavelmente milhares de títulos confiáveis disponíveis que tratam de diversos aspectos do regime, e todos eles vão dizer que os nazistas não eram motivados pelo cristianismo – a menos que você seja um ateu. Se você é ateu, você tem que filtrar a sua leitura através das tentativas de Christopher Hitchens em associar o nazismo com a crença.
Veja o vídeo acima com PZ Myers, vocal ateu e péssimo historiador.
Apenas uma sugestão humilde aos meus irmãos cristãos: se você está discutindo com pessoas que ganham a vida em atacar suas crenças, faça alguma pesquisa em primeiro lugar. O cavalheiro discutindo com PZ Myers na imagem acima ali fica confuso quando Myers alega que Hitler era um “bom católico.” Depois de uma longa pausa, ele respondeu: “Não, eu não defendo o catolicismo … eu defendo o cristianismo.” ( 7:07) Inacreditável.
Gosto de discutir sobre as diferenças de teologia mas, neste caso, a tentativa de separar o catolicismo e o cristianismo é uma resposta terrível. A melhor resposta teria sido a de que Hitler era tão católico como eu sou um famoso dançarino e cantor de funk.
Uma resposta ainda melhor teria apontado a maneira em que os nazistas perseguiram, incluindo alemães religiosos, que não concordavam com a prática nazista. Tal resposta também teria feito claro que os nazistas manipularam a Igreja Católica na Alemanha, com a sua tentativa de passar a Lei de Concessão de Plenos Poderes, que efetivamente deu ao partido de Hitler o controle do país. Estou bastante curioso em como o Dr. Myers, o biólogo, teria lidado com essa história incontroversa.
Os leitores de Pharyngula respondem
Após o post acima ter aparecido no meu blog, vários fãs de Myers responderam aos meus argumentos. Observe que, em resposta aos pontos que fiz sobre o desprezo dos nazistas para o cristianismo (como a maioria das pessoas reconhece) e da perseguição de seus adeptos, este é o melhor que eles puderam chegar.
Hitler foi um católico batizado, ele nunca renunciou ao seu catolicismo e nunca foi excomungado – nem qualquer um de seus seguidores principais, exceto Goebbels, quem teve o castigo de ter se casado com uma protestante divorciada. Quais as crenças pessoais de Hitler estavam em seus últimos anos, não sabemos ao certo, embora a melhor evidência sugere que ele não era um cristão ortodoxo doutrinariamente, mas manteve-se um teísta.
O batismo de Hitler e sua falta de renúncia nada têm a ver com as políticas de seu regime. A evidência indica que os nazistas usavam a religião para atingir suas metas e abertamente a atacaram quando puderam fazê-lo com segurança. Agora, o fundo histórico de Hitler com o catolicismo proibiu os nazistas de prosseguirem sua política hostil descrita acima? Não absolutamente. Este é apenas um esforço para distrair os fatos. Enfim, se Hitler não era um cristão, isto torna Myers incorreto quando afirmou que Hitler foi um ‘bom católico’.
Dizer que os nazistas “manipularam” a Igreja Católica na Alemanha é uma evasão tremendamente covarde de responsabilidade: o Partido de Centro Católico forneceu os votos para que Hitler passasse a Lei de Concessão de Plenos Poderes e estabelecer a sua ditadura e o Papa decidiu assinar um acordo com ele – consoante com a história do suporte do Vaticano ao fascismo em todas as partes do período entre guerras.
Dizer que os nazistas manipularam a Igreja Católica é absolutamente verdadeiro. Eu concordo que o Partido Central cometeu um erro ao fazer um acordo com os nazistas, mas isso não significa que os nazistas não mentiram para eles sobre a proteção legal que iriam manter por ajudar a aprovar a Lei de Concessão.
O mesmo pode ser dito da Concordata com a Igreja em Roma. Os nazistas a violaram continuamente, mesmo antes de ter sido ratificada, fechando organizações da juventude católica, a prática de propaganda anticristã e proibiram publicações católicas, só para citar alguns exemplos. Em 1937, Hitler mesmo considerou repudiar a Concordata, mas decidiu que este movimento poderia prejudicar a Alemanha no cenário internacional, de acordo com o historiador Richard J Evans. Isso, novamente, não exonera a Igreja por seu compromisso, mas ilustra como a duplicidade os nazistas estavam em suas relações com a religião.
No período que precede o Golpe da Cervejaria de 1923, quando ele estavam ascendendo no partido nazista, Hitler foi, certamente, um fiel católico, e se baseou fortemente em uma tradição do sul da Alemanha do nacionalismo católico antissemita – ver “o catolicismo e as raízes do nazismo”, de Derek Hastings. Após o fracasso do golpe, ele reorientou o partido para aumentar seu apelo aos protestantes.
Como foi dito, Hitler usou a Igreja na tentativa de avançar na política. Qualquer esforço para ligá-lo à prática religiosa ativa falha dados os esforços dos nazistas para minar sua oposição religiosa na Alemanha, como descrito aqui e aqui . Esses artigos explicam que a reorientação do partido incluía a cooptação da Igreja Protestante e reformulando doutrinas básicas, como a Expiação, uma reforma flagrantemente nazista. De qualquer forma, até o final da década de 1930 os nazistas já estavam espalhando seus tentáculos (por mais tênues que fossem) com o cristianismo organizado. E desde o início, de acordo com Evans, novamente, a meta era trazer as igrejas sob controle e impedi-las de proporcionar uma alternativa ideológica ao nazismo.
Fonte: http://www.apologeticalliance.com
Tradução: Emerson de Oliveira