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O extremo “fundamentalista”

BibleA maioria dos fundamentalistas, assim como muitos que não se chamam fundamentalistas, fará apologética apenas tendo como ponto de partida a autoridade da Bíblia. Achamos que esse é um erro tático. Há três pontos dessa tática que parecem questionáveis.
1. Achar que é necessário começar convencendo alguém da autoridade da Bíblia, porque se considera que a razão humana sozinha, separada da Bíblia, não é suficientemente forte nem boa para levar os incrédulos a crer.
2. Achar que a única ordem certa na apologética é provar, em primeiro lugar, a autoridade da Bíblia, e depois seguir outras ques­tões apologéticas com essa arma importantíssima em mãos.

  1. Achar que padrões especiais devem ser usados para se compreender e interpretar a Bíblia, pois diferente de outros livros ela não consiste apenas de palavras sobre Deus, mas é a Palavra de Deus para o homem.

Lembre-se: durante muitos anos, os apologistas cristãos pri­mitivos e os pais da igreja argumentaram bem eficientemente a favor do cristianismo sem ter os escritos do Novo Testamento definidos de maneira oficial, pois o texto canônico só seria estabelecido gerações mais tarde. Durante séculos, muitas pessoas foram de fato conduzidas à crença — pelo menos, à crença num Deus Criador e a possibilidade da salvação — por meio de argumentos racionais baseados não na Bíblia escrita, mas na fé salvadora, distinta da crença intelectual, que é obra da razão.

É muito difícil provar, em primeiro lugar, a autoridade da Bíblia ao não-cristão. É muito mais fácil provar algo como a existência de Deus, ou mesmo a divindade de Cristo, porque os argumentos podem ser simples, curtos e claros, enquanto os argumen­tos sobre a autoridade da Bíblia não poderão ser.

A apologética tradicional tem tentado provar primeiro a existência de Deus e a divindade de Cristo, para depois chegar à au­toridade da Bíblia.

Em vez de dizer que a Bíblia é infalível, e portanto Cristo é infalível e divino, é preferível e mais convincente dizer que:

1. A Bíblia é confiável como registro histórico de datas e dados.
2. As afirmações que Cristo fez sobre a sua divindade encontram-se na Bíblia.
3. Há argumentos para a veracidade dessas afirmações.

Não precisamos provar em primeiro lugar a infalibilidade bíblica para, depois, apresentar a alguém as afirmações de Cristo. A terceira dificuldade é que os não-crentes não aceitarão de saída o uso de muitos padrões, muitas concepções e atitudes especiais com relação à Bíblia, porque eles claramente raciocinam ciclicamente. Devemos primeiro mostrar que a Bíblia merece tal tratamento especial como a Palavra de Deus; e temos de prová-lo sem pressupor isso, sem dar à Bíblia um tratamento especial. Caso contrário, também estaremos argumentando de forma cíclica, assumindo como certo o que ainda precisamos provar.

Fonte: Manual de Apologética, de Kreeft e Tacelli

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