Hoje eu quero falar um pouco sobre o evangelismo ateísta. Especificamente, o ateísmo naturalístico. Com a presença dos “neo-ateus” e muitos outros que seguem seus passos, parece que há muito mais proselitismo ateísta do que nos anos anteriores. Estou um tanto quanto confuso com este fenômeno por três razões: de acordo com o naturalismo, primeiramente, nada acontece depois da morte; segundo, tudo que acontece é determinado; terceiro, nada possui sentido ou propósito.
Sem vida após a morte
Sobre o primeiro ponto: se não há nada que aconteça depois da morte, o naturalista deveria estar ocupado fazendo coisas que lhe traria o maior prazer possível antes de tirar a eterna e inconsciente soneca. Gastar tempo dizendo às pessoas que não há vida após a morte não irá fazer a menor diferença, a longo prazo, caso realmente estejam certos. Eles não gerariam nenhum efeito duradouro nas pessoas. Eu imagino que esse raciocínio faria o orador naturalista pensar duas vezes em abrir mão do tempo que poderia ser gasto em prazeres carnais para dizer a alguém que Deus não existe. Quer dizer, isso realmente deve ser deprimente. Se nenhuma impressão duradoura pode ser feita, então por que não desfrutar dos prazeres por conta própria o máximo possível com o pouco tempo que temos vida consciente?
Eu realmente gostaria de parar por aqui, mas não o farei. O problema é que se o naturalismo é verdadeiro, então não há nenhum “dever” ou “não dever” objetivos. Isso significa que o naturalista é livre para determinar o que eles “deveriam” ou “não deveriam” fazer. Se os mesmos desfrutam muito mais do estranho prazer de insistir que Deus não existe do que qualquer outra coisa que eles poderiam estar fazendo, quem seria digno de julgá-los errados ou que eles “deveriam” fazer qualquer outra coisa? Uma vez veementemente negando a existência de Deus, o naturalista A está sendo tão consistente em sua visão de mundo quanto um naturalista B casado que dorme com uma mulher diferente a cada noite por diversão, ambos são tão consistentes quanto o naturalista C, que desenvolve maneiras de exterminar uma raça inteira de seres humanos. Nenhum deles tem o direito de julgar o outro; nenhum deles tem o direito de dizer aos outros que eles “não deveriam” estar fazendo segundo seus desejos deliberados. E então novamente, eles ainda podem julgar uns aos outros se isso lhes trouxer prazer. É a escolha deles.
Sem livre arbítrio
Num segundo ponto: ao fornecer razões para não acreditar em Deus, os naturalistas estão assumindo que as pessoas as quais eles tentam convencer possuem uma escolha sobre o assunto. Pelo contrário, no naturalismo não há espaço para escolhas deliberadas. Livre escolha requer a existência de uma mente, não apenas um cérebro. O cérebro é um mecanismo que reage à entrada de informações (através dos sentidos). A informação fornecida pelo naturalista não garante a produção de mais naturalistas. Não há certeza de que uma nova informação irá sobrescrever as informações anteriores. De fato, o cérebro (ou pessoa) não realiza escolhas autênticas, apenas reage às informações adquiridas de maneira pré-determinada pelo DNA que a natureza lhe forneceu.
Por causa disso, todas as pessoas já seriam determinadas fatalista e aleatoriamente a tanto acreditar em Deus ou não. A informação oferecida pelo naturalista é, em última análise, desconsiderada. Nosso DNA já teria nos comprometido com uma posição. Entretanto, isso não é tudo que nosso DNA teria determinado. Lembra-se do fim da frase do primeiro ponto? Se o DNA tivesse determinado tudo, já teria determinado o que nos dá prazer e se (ou quais) atitudes seriam tomadas para dar prazer. Ironicamente, mesmo se eu fosse argumentar calorosamente que as suas atitudes a respeito do naturalismo evangelista não tem sentido, seu cérebro estaria (de acordo com o naturalismo) programado a ignorar a minha informação (vibrações audíveis ou padrões visuais razoáveis), e continuaria sua busca. Alguns iriam racionalizar criar suas próprias vibrações audíveis ou padrões visuais para justificar seu comportamento contínuo restaurar o sentimento de prazer perdido; outros não iriam se importar reagir.
Sem significado, Sem Propósito
Em terceiro lugar, os naturalistas acreditam que o que eles estão falando/escrevendo/fazendo possui um significado, incluindo-se a ideia de que a vida não tem sentido. O naturalista acredita que toda a vida é desprovida de propósito. Isso pode incluir suas próprias vidas, as quais são utilizadas para dizer a outros que não existe Deus. Ambas as afirmações são auto-sabotagem. Mas um cérebro determinístico não se importa com a lógica. Este apenas é programado aleatoriamente para completar um conjunto aleatório de tarefas. Se todo comportamento não possui significado algum, então comportamentos específicos também não o possuem. Se todas as pessoas não possuem um propósito, então também não o possuem os indivíduos. Se todo comportamento é determinado, tão logo serão os atos mais simples.
Por que não trair o marido todas as noites? Por que não acalmar o amante inexperiente, informando-o de que ele não será responsabilizado por seus pecados, pois não existe Deus? Por que não parar aí? Por que não dizer a ele a verdadeira conclusão do pacote completo da visão de mundo naturalista – que ele é uma ferramenta à mercê do prazer da naturalista, e que ele não tem escolha sobre a situação, já que seu cérebro foi programado para ser um viabilizador de êxtase a uma mulher adúltera?
Eu realmente não entendo isso. Evangelizar a visão de mundo naturalística não possui nenhum impacto final, então não faz sentido nem tem propósito. As pessoas não podem “mudar de ideia” baseadas em argumentos, mesmo que façam sentido – tornando este tipo de evangelização ainda mais sem sentido e sem propósito e, agora, uma completa perda de tempo. E é sabotador a qualquer estratégia que alguém possa ter para obter prazer (sem mencionar outros que tentam a mesma coisa). Qual é o pensamento naturalista quando eles, de fato, se esforçam para dizer às pessoas que Deus não existe?! (Provavelmente o estúpido, pré-programado e não racional cérebro humano, quem sabe). A evolução é cruel, às vezes – mas seria mesmo? A outra pessoa possui um cérebro tão pré-programado e não racional quanto o do naturalista, então seria mesmo auto-sabotador dizer às pessoas que Deus não existe, na prática? Não, mas só se o naturalismo for verdadeiro.
Minha conclusão é consistente, mais ainda assim é completamente auto-sabotadora. Então, por que não é possível conciliar isso? De acordo com o naturalismo, o motivo é porque estou tentando usar uma ferramenta de uma forma para qual a mesma não foi “projetada”. Eu estou tentando raciocinar, e meu cérebro humano simplesmente não foi “projetado” para desempenhar essa função. De acordo com a razão, é auto-sabotador porque é falso.
Dilema interessante: razão ou ateísmo. Escolha você mesmo – caso você tenha alguma escolha.
Fonte: http://lukenixblog.blogspot.com.br/2011/09/atheistic-evangelism.html
Tradução: Hendrio Medeiros Marques