A maioria das pessoas que comentam sobre o argumento cosmológico não sabem, de forma demonstrável, sobre o que estão falando. Isto inclui todos os proeminentes escritores neo-ateístas. Definitivamente inclui a maioria das pessoas que vivem escrevendo comentários no blog de Jerry Coyne. Também inclui a maioria dos cientistas. E até mesmo inclui muitos teólogos e filósofos, ou pelo menos aqueles que não dedicaram muito estudo ao tema. Isto pode parecer arrogante, mas não é. Você poderia achar que eu estou dizendo, “Eu, Edward Feser, tenho conhecimento especial sobre este tema que tem de alguma forma iludido todo mundo”. Mas isto NÃO é o que eu estou dizendo. O ponto não tem nada a ver comigo. O que eu estou dizendo é bem um conhecimento comum entre filósofos profissionais da religião (incluindo filósofos ateístas da religião), que – naturalmente, dado o objeto de sua particular subdisciplina filosófica – são as pessoas que conhecem mais sobre o argumento cosmológico do que qualquer outro.
Em particular, eu acho que a vasta maioria dos filósofos que estudaram o argumento em qualquer profundidade – e novamente, isto inclui ateístas assim como teístas, apesar de não incluir a maioria dos filósofos fora da subdisciplina da filosofia da religião – concordariam com os pontos que eu estou para fazer, e com a maioria deles de qualquer forma. É claro, eu não quero dizer que eles todos deveriam concordar comigo que o argumento é ao fim do dia um argumento convincente. Eu só quero dizer que eles concordariam que a maioria dos não especialistas que comentam sobre ele não o entendem, e que as razões por que pessoas o rejeitam são normalmente superficiais e baseados em caricaturas do argumento. Nem digo eu que cada autointitulado filósofo da religião concordaria com os pontos que eu estou para fazer. Como todo outro campo acadêmico, a filosofia da religião tem sua parcela de mediocridades. Mas eu estou dizendo que a vasta maioria dos filósofos da religião concordariam, e novamente, isto inclui ateístas entre eles assim como teístas.
Eu não vou apresentar e defender qualquer versão do argumento cosmológico aqui. Eu fiz isto extensivamente em meus livros Aquinas e The Last Superstition, e isto precisa ser feito extensivamente ao invés de num contexto de um post de blog. A razão para isto é que enquanto a estrutura básica das versões principais do argumento são bem simples, a base metafísica necessária para um entendimento apropriado dos termos chave e inferências não é. Ela necessita de esclarecimentos, sendo por isto que Aquinas e The Last Superstition dedicam um longo capítulo à metafísica geral antes de endereçar a questão da existência de Deus. As objeções sérias ao argumento podem em meu ponto de vista todas serem respondidas, mas isto também pode ser apropriadamente feito somente depois que as ideias fundamentais terem sido estabelecidas. E isto também é uma tarefa conduzida nos livros.
Eu irei lidar com algumas das objeções não sérias, no entanto. Em particular, o que se segue tem a intenção de clarear algumas das futilidades intelectuais que previnem muitas pessoas de dar ouvidos ao argumento de forma justa. Aos pontos, então:
1. O argumento NÃO se baseia na premissa que “Tudo tem uma causa”.
Muitas pessoas – provavelmente a maioria das pessoas que possuem uma opinião sobre o assunto – acham que o argumento cosmológico é assim: Tudo tem uma causa; assim o universo tem uma causa; assim Deus existe. Eles então não têm nenhum problema em achar furos nele. Se tudo tem uma causa, então o que causou Deus? Por que assumir em primeiro lugar que tudo tem que ter uma causa? Por que assumir que a causa é Deus? Etc.
Aqui está algo engraçado, entretanto. Pessoas que atacam este argumento nunca dizem de onde eles tiraram ele. Eles nunca citam ninguém defendendo ele. Há uma razão para isto. A razão é que ninguém dos mais conhecidos proponentes do argumento cosmológico na história da filosofia e teologia jamais deram tal argumento tolo. Nem Platão, nem Aristóteles, nem al-Ghazali, nem Maimonides, nem Aquino, nem Duns Scotus, nem Leibniz, nem Samuel Clarke, nem Reginald Garrigou-Lagrange, nem Mortimer Adler, nem William Lane Craig, nem Richard Swinburne. E nenhum outro, até onde sei (Seu pastor Bob não conta. Eu quero dizer ninguém entre filósofos proeminentes). E mesmo assim é constantemente apresentado, não somente pelos escritores populares mas mesmo por alguns filósofos profissionais, como se fosse “a” versão “básica” do argumento cosmológico, e como se toda outra versão fosse essencialmente apenas uma variação dela.
Não fique com minha palavra sobre isto. O ateísta Robin Le Poidevin, em seu livro Arguing for Atheism (que meu crítico Jason Rosenhouse acha que é o máximo) começa sua crítica ao argumento cosmológico atacando uma variação do tolo argumento dado acima – apesar dele admitir que “ninguém defendeu um argumento cosmológicos com esta forma precisa”! Então, qual é a vantagem de atacá-lo? Por que não iniciar ao invés disto com o que alguns proeminentes defensores do argumento cosmológico realmente disseram?
Suponha que algum criacionista inicie seu ataque ao darwinismo declarando aos seus leitores que o clamor “básico” do relato darwinista da origem humana é que em algum ponto no passado distante um macaco deu a luz a um bebê humano. Suponha que ele não tenha provido nenhuma fonte para este clamor – que, é claro, ele não poderia, porque nenhum darwinista jamais disse tal coisa – e suponha também que ele admitiu que ninguém jamais disse isto. Mas suponha também que ele clamou que “versões mais sofisticadas” do darwinismo foram realmente apenas “modificações” deste clamor. Intelectualmente falando, isto seria completamente vil e desprezível. Daria aos leitores a falsa impressão que qualquer coisa que os darwinistas têm para dizer sobre a origem humana, apesar de superficialmente sofisticado, é realmente apenas um exercício desesperado de arrumar uma posição manifestamente absurda. Precisamente por esta razão, no entanto, tal procedimento deveria, retoricamente falando, ser de fato muito efetiva.
Compare isto com o procedimento de Le Poidevin. Apesar de sua própria admissão que ninguém realmente defendeu o fraco argumento em questão, Le Poidevin ainda chama ele de a versão “básica” do argumento cosmológico e caracteriza as “versões mais sofisticadas” que ele considera depois como sendo “modificações” dele. Daniel Dennett faz algo similar em seu livro Breaking the Spell. Ele nos assegura que o fraco argumento em questão é a “forma mais simples” do argumento cosmológico e falsamente insinua que outras versões – ou seja, as que os filósofos realmente defendem, e as quais Dennett não se importa em discutir – são meramente tentativas desesperadas de reparar os problemas óbvios com a “versão” “Tudo tem uma causa”. Como com nosso criacionista imaginário, este procedimento é intelectualmente desonesto e desprezível, mas é retoricamente muito efetivo. Dá ao leitor descuidado a falsa impressão de que declaração “básica” feita por Aristóteles, Aquino, Leibniz, et al. é manifestamente absurda, que tudo mais que eles têm a dizer é meramente uma tentativa de remendar esta posição absurda, e (então) tais escritores não precisam se incomodar com mais nada.
E isto, eu reconheço, é a razão pela qual o tolo argumento “Tudo tem uma causa” – uma fabricação completa, uma lenda urbana, algo que nenhum filósofo jamais defendeu – perpetuamente assombra o debate sobre o argumento cosmológico. Ele dá aos ateístas um alvo fácil, e um caminho retórico para fazer até mesmo seus oponentes mais sofisticados parecerem estúpidos e não dignos de se lidar. É um truque pegajoso, nada mais – um vergonhoso exercício naquilo que eu em outro lugar chamei de “meta-sofisma” (Eu não faço julgamento sobre se o desleixo de Le Poidevin ou Dennett foi deliberado. Mas que eles deveriam conhecer melhor está sem dúvida fora de questão).
O que defensores do argumento cosmológico realmente dizem é que o que veio à existência tem uma causa, ou que o que é contingente tem uma causa. Estes clamores são tão diferentes do “Tudo tem uma causa” assim como “O que for que tenha cor é extendido” é diferente do “Tudo é extendido”. Defensores do argumento cosmológico também fornecem argumentos para estas declarações sobre causação. Você pode discordar destas declarações – apesar de que, se você achar que eles são falsificados pela física moderna, você está redondamente enganado – mas você não pode acusar de forma justa o defensor do argumento cosmológico tanto por dizer algo manifestamente tolo quanto por se contradizer quando ele diz que Deus é incausado.
Isto nos dá o que eu considero o teste “básico” para determinar se um ateísta é informado e intelectualmente honesto. Se ele acha que o argumento cosmológico se baseia na declaração que “tudo tem uma causa”, então ele é simplesmente ignorante sobre os fatos básicos. Se ele persiste em declarar que ele se baseia nesta declaração depois de ser informado do contrário, então ele é intelectualmente desonesto. E se ele é um filósofo acadêmico como Le Poidevin ou Dennett que é profissionalmente obrigado a saber destas coisas e evitar truques baratos de debate, então… bem, você conhece a matemática.
2. “O que causou Deus?” não é uma objeção séria ao argumento.
Parte da razão pela qual isto não é uma séria objeção é que ela geralmente está baseada na suposição que o argumento cosmológico está comprometido com a permissa que “Tudo tem uma causa”, e como eu já disse, isto simplesmente não é o caso. Mas há outra e talvez mais profunda razão.
O argumento cosmológico em suas versões historicamente mais influentes não está preocupado em demonstrar que há uma causa para as coisas que por acaso não possui uma causa. Não está interessado em “fatos brutos” – se estivesse, então sim, colocar o mundo como o fato bruto último poderia ser discutivelmente tão defensável quanto tomar Deus. Pelo contrário, o argumento cosmológico – novamente, pelo menos como seus mais proeminentes defensores (Aristóteles, Aquino, Leibniz, et al.) o apresentam – está preocupado em tentar mostrar que nem tudo pode ser um “fato bruto”. O que ele busca mostrar é que se há uma explicação última das coisas, então deve haver uma causa de tudo mais que não somente existe, mas que não poderia nem em princípio ter falhado em existir. E por isto é que se diz ser incausado – não porque é uma exceção arbitrária a uma regra geral, não porque ele por acaso é incausado, mas sim porque não é o tipo de coisa que em princípio possa se dizer que tenha uma causa, precisamente por que em princípio não poderia falhar em existir. E o argumento não assume ou estipula meramente que a primeira causa é assim; pelo contrário, o grande ponto do argumento é tentar mostrar que deve haver algo assim.
Versões diferentes do argumento cosmológico abordam esta tarefa em diferentes formas. Versões aristotélicas argumentos que a mudança – a atualização dos potenciais inerentes nas coisas – não podem em princípio ocorrer a menos que haja uma causa que é “pura atualidade”, e assim possa atualizar outras coisas sem que ela mesma tenha que ser atualizada. Versões neo-platônicas argumentam que coisas compostas não podem em princípio existir a menos que haja uma causa das coisas que é absolutamente unificada ou não-composta. Tomistas não apenas defendem as versões aristotélicas, mas também argumentam que o que for que tenha uma essência ou natureza distinta de sua existência – de forma que tenha que derivar existência de algo fora dele – deve ultimamente ser causado por algo cuja essência simplesmente seja existência, e que existência qua ou ser ele mesmo não precisa derivar sua existência de outro. Versões leibnizianas argumentam que o que for que não tenha razão suficiente para sua existência em si mesmo deve ultimamente derivar sua existência de algo que tem em si mesmo uma razão suficiente para sua existência, e que é neste sentido necessária ao invés de contingente. E assim continua (Note que eu não estou defendendo ou mesmo declarando os argumentos aqui, mas meramente dando resumos de uma só sentença da abordagem geral das várias versões que o argumento leva).
Assim, perguntar “O que causou Deus?” realmente equivale a perguntar “O que causou a coisa que não pode em princípio ter uma causa?”, ou “O que atualizou as potencialidades naquela coisa que é pura atualidade e assim nunca teve nenhuma potencialidade de qualquer tipo precisando ser atualizada em primeiro lugar?”, ou “O que transmitiu uma razão suficiente para existência daquilo que tem sua razão suficiente para existência em si mesmo e não derivou isto de nada mais?”. E nenhuma destas perguntas faz sentido. É claro, o ateísta poderia dizer que ele não está convencido que o argumento cosmológico é bem sucedido em mostrar que há realmente algo que não poderia em princípio ter uma causa, ou que é puramente atual, ou que tem uma razão suficiente para sua existência em si mesmo. Ele pode até mesmo tentar argumentar que há alguma sorte de incoerência secreta nestas noções. Mas meramente perguntar “O que causou Deus?” – como se o defensor do argumento cosmológico tivesse ignorado as objeções mais óbvias – simplesmente perde todo o ponto. Um crítico sério tem que lidar com os detalhes dos argumentos. Ele não pode causar um curto-circuito neles com uma simples pergunta espertinha (Se algum anônimo tolo em um comentário pode pensar em tal objeção, então você pode estar certo que Aristóteles, Aquino, Leibniz, et al. já pensaram sobre isto também).
3. “Por que assumir que o universo teve um começo?” não é uma objeção séria ao argumento.
A razão que isto não é uma objeção séria é que nenhuma versão do argumento cosmológico assume isto. É claro, o argumento cosmológico kalām declara que o universo teve um princípio, mas ele simplesmente não o assume. Pelo contrário, todo o ponto daquela versão do argumento cosmológico é estabelecer através de argumento detalhado que o universo deve ter tido um princípio. Você pode tentar refutar aqueles argumentos, mas fingir que alguém possa descartar o argumento simplesmente levantando a possibilidade de uma série infinita de universos é perder todo o ponto.
A razão principal para que esta seja uma má objeção, no entanto, é que a maioria das versões do argumento cosmológico nem mesmo declara que o universo teve um princípio. Os argumentos cosmológicos aristotélicos, neo-platônicos, tomísticos e leibnizianos estão todos preocupados em mostrar que deve haver uma causa incausada mesmo que o universo tenha sempre existido. É claro, Aquino acreditava que o mundo tinha um princípio, mas (como todos os estudiosos de Aquino sabem) isto não é um clamor que tem qualquer papel em suas versões do argumento cosmológico. Quando ele argumenta que deve haver uma Primeira Causa, ele não quer dizer “primeiro” na ordem de eventos estendendo-se para o passado. O que ele quer dizer é que deve haver uma causa mais fundamental das coisas que as mantém em existência em cada momento, sendo ou não a série de momentos estendida para o passado sem um princípio.
De fato, Aquino rejeitou excepcionalmente o que é agora conhecido como argumento kalām. Ele não achou que o clamor que o universo tinha um princípio poderia ser estabelecido através de argumentos filosóficos. Ele achou que isto poderia ser conhecido somente através de divina revelação, e assim não era apropriado usá-los ao tentar estabelecer a existência de Deus (Aqui, por falar nisto, está outro teste básico de competência ao se falar neste tema. Qualquer crítico dos Cinco Caminhos que clamam que Aquino estava tentando mostrar que o universo tinha um princípio e que Deus causou este princípio – como Richard Dawkins faz em seus comentários sobre o Terceiro Caminho em seu The God Delusion – infalivelmente demonstra com isto que ele simplesmente não sabe sobre o que ele está falando).
4. “Ninguém tem dado qualquer razão para achar que a Primeira Causa é onipotente, onisciente, todo-bondade, etc.” não é uma objeção séria ao argumento.
Pessoas que fazem esta declaração – como, novamente, Dawkins em The God Delusion – mostram com isto que eles de fato não leram os escritores que eles estão criticando. Eles estão tipicamente se baseando naquilo que outras pessoas desinformadas têm dito sobre o argumento, ou no máximo se baseando em trechos tirados de contexto e jogados em alguma antologia (como os Cinco Caminhos de Aquino frequentemente são). Aquino de fato devota centenas de páginas através de vários trabalhos para mostrar que uma Primeira causa de coisas deveria ser onipotente, onisciente, todo-bondade, e assim continua. Outros escritores escolásticos e modernos como Leibniz e Samuel Clarke também se dedicam a argumentação detalhada para estabelecer que a Primeira Causa teria vários atributos divinos.
É claro, um ateísta poderia tentar refutar estes vários argumentos. Mas fingir que eles não existem – ou seja, fingir, como muitos fazem, que os defensores do argumento cosmológico tipicamente fazem um indefensável salto do “Há uma Primeira Causa” para “Há uma causa do mundo que é onipotente, onisciente, etc.” – é, novamente, simplesmente mostrar que não se sabe o que está se falando.
5. “O argumento não prova que o Cristianismo é verdadeiro” não é uma objeção séria ao argumento.
Ninguém declara que o argumento cosmológico por si mesmo é suficiente para mostrar que o Cristianismo é verdadeiro, que Jesus de Nazaré era Deus encarnado, etc. Isto não é o que ele tenta fazer. Ele só tem a intenção de estabelecer o que cristãos, judeus, muçulmanos, teístas filosóficos e outros monoteístas mantém em comum, a saber, a visão que há uma causa divina do universo. Estabelecer a verdade das declarações especificamente cristãs sobre esta causa divina requer argumentos separados, e ninguém de outra forma pretendeu fazer o contrário.
Também seria obviamente tolo para um ateísta alegar que a menos que o argumento te leve até provar que o cristianismo é verdadeiro, especificamente, então não há motivos para se considerá-lo. Pois se o argumento funcionar, isto seria suficiente em si mesmo para refutar o ateísmo. Ele mostraria que o debate real não é entre ateísmo e teísmo, mas entre os vários tipos de teísmo.
6. “Ciência demonstrou isto-e-aquilo” não é uma objeção séria ao (maioria das versões) argumento.
Há versões do argumento cosmológico que apelam para considerações científicas – mais notavelmente, a versão do argumento kalām defendida por William Lane Craig. Mas até mesmo o argumento de Craig também apela para considerações separadas e puramente filosóficas que não são abaladas pelos correntes estados de coisas em cosmologia ou física. E a maioria das versões do argumento cosmológico não dependem de qualquer forma de declarações científicas particulares. Ao invés disto, eles começam com considerações extremamente gerais que qualquer teorização científica possível deve tomar por si mesma como garantido – por exemplo, que há um mundo empírico, ou um mundo de qualquer sorte.
É algumas vezes declarado (por exemplo, por Anthony Kenny e J. L. Mackie) que alguns dos argumentos de Aquino a favor da existência de Deus dependem de teses obsoletas de física aristotélica. Mas tomistas possuem pouca dificuldade em mostrar que isto é fácil. De fato, os argumentos dependem somente das declarações de metafísica aristotélica que podem ser obtidas de qualquer suposição científica obsoleta e ser demonstradas defensáveis, seja como for os detalhes científicos, precisamente por que (assim o tomista argumenta) eles dizem respeito ao que qualquer possível teoria científica tem que pressupor (Naturalmente, eu endereço isto em Aquinas).
É claro, muitos ateístas estão comprometidos com o cientificismo, e mantém que não há outra forma racional de investigação que não seja a ciência. Mas a menos que eles forneçam um argumento para esta declaração, eles estão meramente cometendo uma petição de princípio contra o defensor do argumento cosmológico, cuja posição é precisamente que há argumentos racionais que são distintos de, e de fato mais fundamentais que, argumentos empíricos científicos. Além disto, defender o cientificismo não é uma tarefa fácil – de fato, a visão é simplesmente incoerente, ou eu argumentaria assim (como eu tenho argumentado em vários posts anteriores). Sendo assim, meramente gritar “Ciência!” não prova nada.
7. O argumento não é um argumento pelo “Deus das lacunas”.
Já que o ponto do argumento é precisamente explicar (parte do) que a ciência deve tomar como válido, não é o tipo de coisa que poderia mesmo em princípio ser vencido por descobertas científicas. Pela mesma razão, não é uma tentativa de plugar alguma corrente “lacuna” no conhecimento científico. Nem é, em suas versões historicamente mais influentes versões de qualquer forma, um tipo de “hipótese” declarada como a “melhor explicação” da “evidência”. Antes é uma tentativa de demonstração estritamente metafísica. Para ter certeza, como a ciência empírica ela começa com declarações empíricas, mas elas são declarações empíricas que são tão gerais que (como eu disse) a ciência não podería negá-las sem negar suas próprias pressuposições evidenciais e metafísicas. E ela prossegue a partir destas premissas, não por teorização probabilística, mas via dedução estritamente racional. A este respeito, sugerir (como Richard Dawkins faz) que o argumento cosmológico falha em considerar explicações mais “parcimoniosas” que uma causa não causada é como dizer que o teorema de Pitágoras é meramente um “teorema das lacunas” e que explicações mais “parcimoniosas” da evidência geométrica poderiam ser geradas. Isto é simplesmente não entender a natureza da racionalização envolvida.
É claro, um ateísta poderia rejeitar a própria possibilidade de tal demonstração metafísica. Ele poderia declarar que não há um tipo de argumento que, como matemática, leva a verdades necessárias e ainda que, como a ciência, começa a partir de premissas empíricas. Mas se assim é, ele terá que fornecer um argumento separado para esta declaração. Meramente insistir que não há tal argumento simplesmente é petição de princípio contra o argumento cosmológico.
Nada disto quer dizer que o argumento cosmológico não está aberto a crítica potencial. O ponto é que o tipo de crítica que alguém poderia tentar levantar contra ele não é simplesmente o tipo de alguém levantaria no contexto de ciência empírica. Ele requer ao invés disto, conhecimento de metafísica e filosofia mais geral. Mas isto naturalmente nos leva ao próximo ponto:
8. Hume e Kant não possuem a palavra final sobre o argumento. Nem ninguém mais.
É frequentemente declarado que Hume, ou talvez Kant, essencialmente tiveram a última palavra sobre o tema do argumento cosmológico e que nada significante foi ou poderia ser dito em sua defesa depois do tempo deles. Eu acho que nenhum filósofo que fez um estudo especial do argumento iria concordar com este julgamento, e novamente, isto inclui filósofos ateístas que rejeitaram o argumento. Por exemplo, eu não acho que ninguém que estudou o tema iria negar que Elizabeth Anscombe apresentou uma séria objeção à declaração de Hume que algo concebivelmente poderia vir à existência sem uma causa. Nem Anscombe é de qualquer forma a única filósofa a criticar Hume nesta matéria. Eu não estou declarando que todo mundo iria concordar que as objeções levantadas por Anscombe e outros são ao final do dia corretas (apesar de eu achar que eles concordariam), só que eles concordariam que é errado alegar que Hume de alguma forma terminou todos os debates sérios sobre a matéria (Naturalmente, eu discuto este tema em Aquinas).
Para pegar outro exemplo, a objeção de Hume que o argumento cosmológico comete uma falácia de composição é, como eu tenho notado em um post anterior, também grandemente valorizado. Pois ele assume que o argumento cosmológico está preocupado em explicar porque o universo como um todo existe, e isto não é simplesmente verdadeiro para todas as versões do argumento. Tomistas frequentemente enfatizam que o argumento do livro de Aquino, Do Ser e Essência, requer apenas que a premissa que alguma coisa ou outra exista – uma pedra, uma árvore, um livro, seu sapato esquerdo, o que for. A declaração é que nenhuma destas coisas poderiam existir mesmo por um instante a menos que mantidas por Deus. Você não precisa começar o argumento com a premissa imaginária sobre o universo como um todo; tudo que você precisa é uma premissa para o efeito de que uma pedra existe, ou um sapato, ou o que você tem (Novamente, leia Aquinas para a história completa). Mesmo versões do argumento que se iniciam com a premissa sobre o universo como um todo são (em minha visão e a de muitos outros) não realmente prejudicada pela objeção de Hume, por razões que eu expliquei no post que acabei de citar. De qualquer forma, eu acho que qualquer um que estudou o argumento cosmológico em qualquer profundidade iria concordar que é certamente seriamente debatível se Hume feriu alguma coisa ali.
Em geral, críticos do argumento cosmológico tendem arbitrariamente a mantê-lo em um padrão que não fazem com outros argumentos. Em outras áreas da filosofia, mesmo as visões mais problemáticas são tratadas como dignas de debate contínuo. O fato de haver toda sorte de objeções sérias à visão materialista das teorias da mente, ou das visões consequencialistas em ética, ou as visões liberais de Rawlsian na filosofia política, não leva ninguém a sugerir que estas visões não deveriam ser levadas a sério. Mas o fato que alguém em algum lugar levantou tal-e-tal objeção ao argumento cosmológico é rotineiramente tratado como se isto foi o suficiente para estabelecer que o argumento foi decisivamente “refutado” e não precisa de maiores atenções.
Jason Rosenhouse joga este jogo em sua resposta a meu post recente sobre Jerry Coyne. Escreve Rosenhouse:
Feser parece tão tomado [pelo argumento cosmológico], mas há várias refutações fortes disponíveis na literatura. De cabeça eu encontro a discussão de Mackie no The Miracle of Theism e a discussão de Robin Le Poidevin em Arguing for Atheism para ser tanto convincente como acessível.
Rosenhouse realmente acha que nós, defensores do argumento cosmológico, não estamos familiarizados com Mackie e Le Poidevin? Presumivelmente não. Mas então, qual é o seu ponto? Isto quer dizer, qual é o ponto que ele está tentando fazer que manifestamente não é petição de princípio? Afinal de contas, o que Rosenhouse acharia da seguinte “objeção”:
Rosenhouse parece tão tomado pela visão materialista da mente, mas há várias refutações fortes disponíveis na literatura. De cabeça eu encontro The Immaterial Self de Foster e os ensaios em The Waning of Materialism de Koons e Bealerto, para ser tanto convincente como acessível.
Ou, enquanto nós estamos no tema do que proeminentes filósofos ateístas disseram, o que ele acharia de:
Rosenhouse parece tão tomado pelo darwinismo, mas há várias refutações fortes disponíveis na literatura. De cabeça eu encontro a discussão de Fodor e Piatelli-Palmarini em What Darwin Got Wrong e a discussão de David Stove em Darwinian Fairytales para ser tanto convincente como acessível.
A resposta de Rosenhouse a ambas objeções seria, eu imagino ser: “Desde quando Foster, Koons, Bealer, Fodor, Piatelli-Palmarini, e Stove conseguiram a última palavra nestas matérias?” E isto seria uma boa resposta. Mas não pior é a seguinte resposta a Rosenhouse: Desde quando Mackie e Le Poidevin conseguiram a última palavra sobre o argumento cosmológico?
“Mas isto é diferente!”, eu imagino que Rosenhouse diria. Mas como isto é diferente? Isto nos leva ao último ponto.
9. O que “a maioria dos filósofos” acha sobre o argumento é irrelevante.
Presumivelmente, a diferença está na visão de Rosenhouse somada com outro destaque que ele faz em seu post, a saber, “Há uma razão pela qual a maioria dos filósofos são ateístas” (ele cita esta pesquisa como evidência). Por contraste, a maioria dos filósofos não são dualistas ou críticos do darwinismo (apesar de que, de fato, o número de proeminentes dualistas não é insignificante, mas deixemos isto de lado). Agora se o que Rosenhouse quer dizer é implicar que filósofos que fizeram um estudo especial do argumento cosmológico agora tendem a concordar que ele não é mais digno de consideração séria, então por razões já mencionadas, ele está bem errado sobre isto. Mas o que ele provavelmente quer implicar é que já que a maioria dos filósofos acadêmicos contemporâneos em geral são ateístas, nós devemos concluir que o argumento cosmológico não é digno de séria consideração.
Mas o que esta pequena estatística realmente significa? Eu deixarei o Mr. Natural nos dizer o que ela realmente significa. Porque o pequeno comentário perspicaz de Rosenhouse realmente não passa nem um pouco mais do que um apelo falacioso à autoridade da maioria. O que “a maioria dos filósofos” acha pode ser relevante para o tema em discussão somente se nós pudéssemos estar confiantes que os filósofos acadêmicos em geral, e não somente filósofos da religião, são tão competentes para falar sobre o argumento cosmológico e razoavelmente objetivos sobre ele. E de fato há boas razões para que nenhuma condição seja satisfeita.
Considere primeiro que, como eu tenho documentado em vários posts antes (aqui, aqui, e aqui) proeminentes filósofos que não são especialistas na filosofia da religião frequentemente dizem coisas sobre o argumento cosmológico que são demonstravelmente incompetentes. Considere além disto que aqueles que se especializam em áreas da filosofia relacionadas com argumentos como o argumento cosmológico não tendem a ser ateístas, como eu notei aqui. Se experiência valer de alguma coisa – e pessoas do tipo Novos Ateístas “Aprendam a ciência!” estão sempre insistindo que vale – então seguramente nós não podemos ignorar a óbvia implicação que aqueles que realmente se importam em estudar argumentos como o argumento cosmológico em profundidade são mais propensos a considerá-los como argumentos sérios, e mesmo como argumentos convincentes.
Agora o Novo Ateísta irá manter que a direção de causalidade vai em sentido contrário. Não é que o estudo do argumento cosmológico em detalhes tende a levar alguém a levar a crença religiosa seriamente, eles irão dizer. Pelo contrário, pessoas que já tomam a crença religiosa seriamente que tendem a ser mais propensos a estudar o argumento cosmológico. É claro, seria legal ver uma razão sem petição de princípio para achar que isto é tudo que está acontecendo. E há uma razão para duvidar que isto seja tudo que possa estar acontecendo. Afinal de contas, há várias outras ideias que dão suporte à religião que filósofos acadêmicos da religião não devotam tanta atenção – criacionismo da terra jovem, espiritualismo, e similares. Evidentemente, a razão pela qual eles devotam mais atenção ao argumento cosmológico é que eles sinceramente acreditam, com base em seu conhecimento sobre ele, que o argumento é digno de estudo sério de uma forma que estas outras ideias não são, e não meramente porque eles estão predispostos a aceitar suas conclusões.
A objeção em questão é também uma faca de dois gumes. Pois porque supor que os filósofos ateístas são mais objetivos que os teístas? Em particular, porque deveríamos estar tão confiantes que a maioria dos filósofos (fora da filosofia da religião) são ateístas porque eles estudaram seriamente argumentos como o argumento cosmológico e os acharam falhos? Por que não concluir o contrário, precisamente porque eles tendem por outras razões a serem ateístas, é que eles não se importaram de estudar argumentos como o argumento cosmológico seriamente? Os destaques que alguns deles fazem sobre o argumento certamente dá suporte para esta suspeita (Novamente, eu dou exemplos aqui, aqui e aqui).
E há outra razão para a suspeita. Afinal de contas, como filósofos sem um machado teológico para afiar algumas vezes reclamam – veja aqui e aqui para alguns exemplos – seus colegas podem ser com frequência orgulhosamente insulares e mal-informados sobre subdisciplinas fora de sua própria e sobre a história de seu próprio campo. E como outros acadêmicos, eles podem ser irreflexivos, dogmáticos e desinformados em seu secularismo. Aqui você também não precisa tomar minhas palavras sobre isto. Muitos filósofos seculares também notaram a mesma coisa.
Daí, Thomas Nagel opina que um “temor pela religião” parece sempre fundamentar o trabalho de seus colegas intelectuais secularistas, e que isto teve “larga e frequentemente perniciosas consequências para a vida intelectual moderna”. Ele continua:
Eu falo pela experiência, estando eu mesmo fortemente sujeito a este tipo de temor: eu quero que o ateísmo seja verdadeiro e me sinto desconfortável pelo fato de que algumas das mais inteligentes e bem-informadas pessoas que eu conheço são crentes religiosos. Não é somente o fato que eu não acredito em Deus e, naturalmente, espero que eu esteja correto em minha crença. É que eu espero que não haja Deus! Eu não quero que haja um Deus; eu não quero que o universo seja assim. Meu palpite é que este problema de autoridade cósmica não é uma condição rara e que é responsável por muito do cientificismo e reducionismo de nosso tempo. Uma tendência que ela dá suporte é sobre-uso absurdo da biologia evolucionária para explicar tudo sobre a vida humana, incluindo tudo sobre a mente humana… Esta é de qualquer forma uma situação ridícula… É simplesmente tão irracional ser influenciado em uma crença pela esperança que Deus não exista, tanto com é pela esperança que Ele exista (The Last Word, págs. 130-131).
Jeremy Waldron nos diz que:
Teoristas seculares frequentemente assumem que eles sabem o que um argumento religioso é: eles o apresentam como uma prescrição de Deus, apoiado por uma ameaça de fogo do inferno, derivado de uma revelação geral ou particular, e eles o contrastam com a elegante complexidade de um argumento filosófico feito por Rawls ou Dworkin. Com esta imagem em mente, eles acham óbvio que o argumento religioso deveria ser excluído da vida pública… Mas aqueles que se importaram de de familiarizar com os argumentos baseados em religião existentes na teoria política moderna sabem que isto é frequentemente um disfarce… (God, Locke, and Equality, pg. 20)
Tyler Burge opina que o “materialismo não está estabelecido, nem mesmo claramente suportado pela ciência” e que ele mantém seus pares de forma análoga a uma “ideologia política ou religiosa” (“Mind-Body Causation and Explanatory Practice” em John Heil e Alfred Mele, eds., Mental Causation, p. 117).
John Searle nos diz que o “materialismo é a religião de nosso tempo”, que “como religiões mais tradicionais, é aceita sem questionar e… provê o quadro onde cada outra questão pode ser colocada, endereçada e respondida”, e que “materialistas estão convencidos, com uma fé quase religiosa, que sua visão deve ser correta” (Mind: A Brief Introduction, pg. 48).
William Lycan admite, naquilo que ele mesmo chama “um exercício não característico em honestidade intelectual”, que os argumentos para o materialismo não são melhores que os argumentos contra ele, que sua “própria fé no materialismo é baseado na adoração da ciência”, e que “nós também sempre pedimos para nossos oponentes padrões melhores de argumentação que nós mesmos obedecemos” (“Giving Dualism its Due”, um artigo apresentado na conferência Australasian Association of Philosophy de 2007 na University of New England).
O filósofo ateísta da religião, Quentin Smith, mantém que “a grande maioria dos filósofos naturalistas possuem uma fé injustificada que o naturalismo é verdadeiro e uma fé injustificada que o teísmo (ou supernaturalismo) é falso”. Pois seu naturalismo tipicamente se baseia em nada mais do que uma desinformada “despedida do teísmo” que ignora “o brilho erudito da filosofia teísta hoje”. Smith continua:
Se cada naturalista que não se especializa na filosofia da religião (ou seja, mais de noventa e nove porcento dos naturalistas) estivessem trancados em um quarto com teístas que se especializam na filosofia da religião, e o subsequente debate fosse moderado por um naturalista que tem uma especialização na filosofia da religião, o moderador naturalista poderia no máximo esperar que o resultado fosse que “nenhuma conclusão definida pode ser obtida a respeito da racionalidade da fé”, embora eu esperasse que o mais provável resultado é que o naturalista, desejando ser um moderador justo e objetivo, teria que concluir que os teístas definitivamente tiveram vantagem em cada argumento ou debate.
Devido à atitude típica do naturalista contemporâneo… a vasta maioria dos filósofos naturalistas vieram a manter (desde o fim dos anos 1960) uma fé injustificada no naturalismo. Suas justificações têm sido derrotadas por argumentos desenvolvidos por filósofos teístas, e agora filósofos naturalistas, na maior parte, vivem em escuridão sobre a justificação do naturalismo. Eles podem ter uma verdadeira crença no naturalismo, mas eles não têm conhecimento que o naturalismo é verdadeiro já que eles não possuem uma justificação não derrotada para sua crença. Se o naturalismo é verdadeiro, então sua crença no naturalismo é acidentalmente verdadeiro [“The Metaphilosophy of Naturalism”, Philo: A Journal of Philosophy (Fall-Winter 2001)].
Novamente, Nagel, Waldron, Burge, Searle, Lycan e Smith não são apologistas da religião. Fora Smith, eles nem mesmo são filósofos da religião. Todos eles são proeminentes, e todos eles são “da tendência predominante”. Eles não possuem motivos para dizer as coisas que dizem além do fato de que é assim que as coisas honestamente chegam a eles baseados em seu conhecimento do campo.
Mas cientistas não deveriam ficar presunçosos sobre os lapsos de objetividade entre filósofos. Pois pelo menos onde temas filosóficos dizem respeito, muitos cientistas são dificilmente mais competentes ou objetivos, como vimos em um post anterior, e como os esforços embaraçosos de Richard Dawkings e Stephen Hawking ilustram. E se você acha que seus pronunciamentos “puramente científicos” estão sempre livres de qualquer coisa que não seja a boa e velha objetividade “só os fatos, madame”… bem, como Dawkins irá te dizer, você não deveria acreditar em contos de fadas. O biólogo Richard Lewontin revelou o segredo algum tempo atrás:
Nossa disposição em aceitar declarações científicas que são contra o senso comum é a chave para entender a real batalha entre ciência e o sobrenatural. Nós tomamos o lado da ciência a despeito do absurdo patente de algumas de suas construções, a despeito de sua falha em cumprir muitos de suas extravagantes promessas de saúde e vida, em despeito da tolerância da comunidade científica a tais estórias insubstanciadas, porque nós temos um compromisso maior, um compromisso com o materialismo. Não é que os métodos e instituições da ciência de alguma forma nos compele a aceitar uma explicação material do mundo fenomenal mas, pelo contrário, que nós somos forçados por nossa aderência a priori às causas materiais para criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzem explicações materiais, não importando quão contra-intuitivo, não importando quão místico é para o não iniciado. Além do mais, aquele materialismo é absoluto, pois não podemos permitir um Pé Divino na porta. [De uma revisão do livro de Carl Sagan, The Demon-Haunted World na New York Review of Books (January 9, 1997)].
Mas aqui está o ponto-chave. O tal “O que pessoas respeitáveis dizem?” que Rosenhouse, Coyne e outros Novos Ateístas estão sempre se engajando é juvenil e fútil também, já que eles nunca são capazes de nos dizer o que conta como “respeitável” de uma forma que não faça petição de princípio sobre o tema. É surpreendente quanto tempo e energia Novos Ateístas gastam para tentar criar cada vez mais elaboradas desculpas para não se engajar nos reais argumentos de seus críticos. Se somente isto não te deixa suspeito, então eu suponho que você não esteja pensando criticamente.
Fonte: So you think you understand the cosmological argument?
http://www.e-cristianismo.com.br/pt/apologetica/224-entao-voce-acha-que-entende-o-argumento-cosmologico