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Did God

Jesus Foi “Adotado” por Deus? A Verdade Bíblica Sobre Sua Divindade

Kit Hebraico e Grego Da Universidade Da Bíblia Curso Online


Será que Jesus foi apenas um homem bom que foi “adotado” como Filho de Deus no batismo ou na ressurreição? Descubra por que a teoria do adotianismo não resiste à análise bíblica e histórica.


Introdução: O Que é o Adocionismo?

Nos últimos anos, tem crescido o interesse por uma antiga teoria chamada adocionismo — a ideia de que Jesus não era divino desde a eternidade, mas foi um homem extraordinário que, por sua obediência e virtude, foi “adotado” por Deus como Seu Filho em algum momento da vida terrena: seja no batismo, na ressurreição ou até na ascensão.

Essa visão é apresentada por alguns estudiosos modernos como uma suposta “crença cristã primitiva”, supostamente mais antiga do que a doutrina da divindade eterna de Cristo. Mas será que essa interpretação resiste à análise cuidadosa das Escrituras e da história da Igreja primitiva?

Neste artigo, vamos examinar as principais passagens usadas para defender o adotianismo, analisar seu contexto histórico e teológico, e mostrar por que a fé cristã tradicional — de que Jesus é o Filho de Deus eterno, não adotado, mas revelado em poder — é a posição mais fiel ao Novo Testamento.


1. O Que Dizem os Defensores do Adocionismo?

O adocionismo baseia-se em algumas passagens bíblicas que, à primeira vista, parecem sugerir que Jesus “tornou-se” o Filho de Deus em um momento específico:

  • Romanos 1:3-4 – “Concernente ao seu Filho, nascido da descendência de Davi segundo a carne, designado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos.”
  • Atos 2:36 – “Deus o fez Senhor e Cristo, este Jesus a quem vocês crucificaram.”
  • Atos 13:33 – “Deus cumpriu esta promessa aos nossos filhos, ressuscitando Jesus. Como também está escrito no salmo segundo: ‘Tu és meu Filho, hoje te gerei’.”
  • Marcos 1:11 – No batismo, a voz do céu diz: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”

Alguns estudiosos, como Bart Ehrman, argumentam que esses textos indicam que Jesus não era divino por natureza, mas foi elevado à divindade após a ressurreição. Outros grupos antigos, como os Ebionitas e os Teodocianos, também sustentavam versões dessa visão.

Mas será que essa leitura é correta?


2. Romanos 1:3-4 – “Designado” Filho de Deus?

O ponto central do adocionismo é a palavra grega “horizo” (traduzida como “designado”, “declarado” ou “constituído”) em Romanos 1:4.

“Designado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos.”

Interpretação adocionista: Jesus tornou-se Filho de Deus na ressurreição.

Resposta bíblica e histórica:
A palavra horizo não significa “criar”, “transformar” ou “adotar”. Seu significado principal é “determinar”, “declarar”, “reconhecer publicamente”. Em contextos jurídicos e administrativos do mundo greco-romano, ela indica a confirmação de um status já existente, não a criação de um novo.

O estudioso Michael Bird explica que “horizo” tem a ver com marcar um limite — definir ou revelar algo que já era verdade. Assim, a ressurreição não criou a divindade de Jesus, mas a revelou em poder ao mundo.

Além disso, o apóstolo Paulo contrasta duas realidades em Romanos 1:3-4:

  • Segundo a carne: Jesus é da linhagem de Davi (humano).
  • Segundo o Espírito: Ele é declarado Filho de Deus em poder (divino).

O contraste não é entre “não-divino” e “divino”, mas entre encarnação humana e manifestação divina. A ressurreição é o momento em que a humanidade vê, de forma inegável, quem Jesus realmente é.

Conclusão: Romanos 1:4 não ensina que Jesus tornou-se Filho de Deus, mas que Sua filiação divina foi manifestada publicamente na ressurreição.


3. Atos 2:36 – “Deus o Fez Senhor e Cristo”?

Outra passagem-chave usada pelos adocionistas é:

“Portanto, toda a casa de Israel saiba com certeza que a este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo.” (Atos 2:36)

Aqui, o verbo grego “epoiēsen” (fez) é interpretado como se Deus conferisse a Jesus um título que Ele não tinha antes.

Resposta:
O verbo “poieō” (fazer) em grego bíblico não implica mudança de natureza, mas designação oficial. Em Atos 3:14, Jesus é chamado de “Santo e Justo”, e em Atos 2:22, Pedro diz que Jesus foi “aprovado por Deus por meio de milagres” — ou seja, já tinha autoridade divina antes da ressurreição.

Além disso, o contexto de Atos 2 mostra que Jesus já era:

  • O “Senhor” citado em Salmos 110 (v. 34-35)
  • O “Santo” que não veria a corrupção (v. 27, citando Salmo 16)
  • Aquele que estava à direita de Deus (v. 33)

Assim, “fazer Senhor e Cristo” não é um ato de criação, mas de vindicação pública. Jesus foi rejeitado pelo mundo, mas exaltado por Deus.

Conclusão: Atos 2:36 fala de exaltação, não de adoção. É um ato de justiça divina, não de transformação ontológica.


4. Atos 13:33 – “Hoje Te Gerei”?

A citação de Salmos 2:7 em Atos 13:33 parece ser um trunfo para o adotianismo:

“Tu és meu Filho, hoje te gerei.”

Mas será que isso se refere à ressurreição de Jesus como o momento em que Ele “nasceu” como Filho de Deus?

Contexto histórico-judaico:
No judaísmo do Segundo Templo, Salmos 2:7 era entendido como uma fórmula de entronamento real, usada quando um rei era coroado. Não se referia à origem do rei, mas à reconhecimento público de seu status como escolhido por Deus.

Quando Paulo aplica isso à ressurreição, ele está dizendo que Deus confirmou Jesus como Messias e Rei de forma poderosa — não que Ele começou a existir como Filho naquele momento.

Conclusão: “Hoje te gerei” é uma linguagem de entronamento real, não de geração divina. A ressurreição é o momento da revelação pública, não da origem da divindade.


5. O Batismo de Jesus em Marcos – Momento de Adoção?

Em Marcos 1:11, Deus diz:

“Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”

Alguns veem aqui um “momento de adoção”. Mas isso ignora o contexto teológico e literário:

  • A voz do céu combina Salmo 2:7 (“Tu és meu Filho”) com Isaías 42:1 (“aqui está o meu servo, a quem sustento”).
  • Essa fusão identifica Jesus como o Rei messiânico e o Servo Sofredor — papéis que já existiam em planos divinos antes da encarnação.
  • O Espírito desce sobre Ele, mas isso não é uma transformação, e sim o cumprimento da profecia de que o Messias seria ungido pelo Espírito.

Além disso, o próprio Marcos começa seu evangelho dizendo:

“O início do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.” (Marcos 1:1)

Ou seja, a divindade de Jesus é pressuposta desde a primeira frase.

Conclusão: O batismo não é o momento em que Jesus torna-se Filho, mas o momento em que Sua identidade é revelada ao mundo.


6. A Família de Jesus Achava Que Ele Era Louco? (Marcos 3:21)

Alguns argumentam que, se até a família de Jesus pensava que Ele estava “fora de si”, então Ele não podia ser visto como divino desde o início.

Mas o texto diz:

“Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender, pois diziam: ‘Ele está fora de si’.” (Marcos 3:21)

A palavra grega “exestē” pode significar “estar fora de si”, mas também tem conotações de êxtase profético ou maravilhamento. Em Atos 2:7, os discípulos são descritos com o mesmo termo após o Pentecostes — e ninguém diz que eram loucos.

Além disso, o tema do mal-entendido é central no Evangelho de Marcos. Discípulos, familiares e líderes não compreendem Jesus — é parte da teologia da cruz e da revelação progressiva.

Conclusão: A reação da família não nega a divindade de Jesus, mas mostra a cegueira humana diante da glória divina.


7. O Centurião Diz: “Verdadeiramente Este Era o Filho de Deus!” (Marcos 15:39)

Alguns veem aqui um “momento de adoção” na morte de Jesus. Mas o centurião é um romano, não uma autoridade teológica. Sua declaração é dramática e irônica — ele reconhece a divindade de Jesus no momento em que o mundo o rejeita.

Mas o leitor já sabe desde Marcos 1:1 que Jesus é o Filho de Deus. O centurião é o último a perceber o que já foi revelado.

Conclusão: A declaração do centurião é um clímax narrativo, não um momento de adoção.


8. E os Ebionitas e Teodocianos? Seriam Eles os “Cristãos Primitivos”?

Alguns apontam para grupos como:

  • Ebionitas: judeus-cristãos que rejeitavam a divindade de Jesus e a virgindade.
  • Teodocianos: seguidores de Teódoto, que ensinavam que Jesus era um homem adotado no batismo.

Mas o problema é claro:

  • Ambos os grupos surgiram no século II, depois dos escritos do Novo Testamento.
  • Foram condenados como hereges pela Igreja primitiva.
  • Tentavam ajustar Jesus a sistemas teológicos externos (judaísmo estrito ou filosofia grega), não preservar uma “fé original”.

A fé apostólica, expressa em João 1:1, Filipenses 2:6-11 e Colossenses 1:15-20, sempre afirmou a pré-existência e divindade de Cristo.

Conclusão: Ebionitas e Teodocianos não representam o cristianismo primitivo — representam desvios posteriores.


Conclusão: Jesus Não Foi Adotado — Ele Foi Revelado

Após examinar as principais passagens usadas pelo adotianismo, a evidência é clara:

O adotianismo não é a fé dos primeiros cristãos.
A divindade de Jesus não começou no batismo ou na ressurreição.
A ressurreição e a exaltação são atos de vindicação e revelação, não de criação ou adoção.

Jesus não foi promovido à divindade — Ele foi reconhecido como o Filho de Deus que sempre foi.

Como escreveu o apóstolo Paulo:

“Ele, sendo em forma de Deus, não considerou usurpação o ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo…” (Filipenses 2:6-7)

A encarnação não foi o início da divindade de Jesus, mas o ato de humilhação do Deus eterno.


Reflexão Final

A doutrina da divindade eterna de Cristo não é uma invenção posterior — é o coração do evangelho. Se Jesus não era Deus antes da ressurreição, então Sua morte não tem valor expiatório, e Sua ressurreição não é vitória sobre a morte.

Mas se Jesus é o Filho de Deus eterno, então tudo muda:

  • Sua vida é perfeita.
  • Sua morte é suficiente.
  • Sua ressurreição é garantia da nossa.

Jesus não foi adotado. Ele foi revelado.



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