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Devaneios de uma pseudo-doutora chamada “Lola”

Lola_AronovichUma criatura que se diz “doutora em literatura” teria por obrigação entender melhor a noção de “influência”, que é básica nos estudos literários. Desde logo, a concordância com uma ou outra ideia de um autor não constitui “influência” de maneira alguma. Concordo com várias ideias de Nietzsche e de Freud sem ter sido jamais “influenciado” por eles no mais mínimo que fosse, ao menos na minha vida adulta. Principalmente, no caso de um filósofo, é ridículo falar de “influência” dele sobre indivíduos ou grupos quando a concordância que eles mostram não é nem com os princípios fundamentais da sua filosofia, nem muito menos com o sistema dele no seu desenvolvimento interno, mas apenas com alguma opinião política que o autor daí deduziu, e que não guarda com o tronco do sistema senão uma ligação muito remota, acidental e periférica. Só para dar um exemplo entre milhares, Jean-Paul Sartre escreveu muitas páginas em favor da independência da Argélia, mas aderir a essa causa, mesmo citando em favor dela afirmações do filósofo, não basta para fazer se ninguém um sartreano, um discípulo de Sartre ou mesmo um “influenciado” por Sartre. Karl Marx escreveu um bocado contra os judeus, mas evidentemente não basta ser antissemita para tornar-se automaticamente um marxista ou revelar “influência marxista”, mesmo quando se lance mão de palavras de Karl Marx para reforçar essa posição. A influência subentende, no mínimo, algum interesse pelo conhecimento da obra inteira do filósofo, pelo acompanhamento das suas lições e conferências e pela discussão das bases mais profundas do seu pensamento. Nada disso se observa na conduta daqueles que a Sra. Lola Aronovitch – a exemplo de outros difamadores que a antecederam – cataloga como meus seguidores e discípulos. Bem ao contrário, tudo o que essas criaturas conhecem do meu pensamento – o que basta para nivelá-las, nisso, à própria Sra. Aronovitch – é o que leram em alguns artigos de jornal, colheram de passagem em alguma emissão de rádio ou ouviram de terceiros. E é óbvio que, se nada conhecem da minha filosofia, a concordância que expressam com alguma opinião política da minha parte não garante sequer que a entenderam no sentido que a ela atribuo, com o peso e as nuances que lhe dou, em vez de remoldá-la mentalmente para fazer das minhas palavras o mero excipiente em que vertem a sua própria substância, o que aliás é precisamente o caso.
Mais obrigatórias ainda são essas distinções quando os pretensos “influenciados”, além de não ser meus alunos e de jamais ter participado de alguma atividade sob a minha direção, chegaram a ser expulsos – sim, expulsos – da minha comunidade orkutiana pela sua teomosia em inserir ali as mesmas opiniões amalucadas que agora a Sra. Aronovitch atribui à minha “influência”. Ora, se nem numa área da minha atuação tão periférica como uma comunidade orkutiana esses indivíduos se encaixavam, pergunto eu que lugar poderiam eles ter entre meus “seguidores” e “influenciados”.
Ou a Sra. Aronovitch não entende essas distinções obrigatórias, e portanto está totalmente desqualificada para ensinar literatura e aliás para opinar em público sobre qualquer assunto de relevância cultural ou política, ou as entende perfeitamente bem e as esconde por baixo do tapete para poder entregar-se aos prazeres da escrita difamatória sem ter de prestar satisfações ao tribunal da sua consciência, se é que tem alguma. Em resumo: ou é uma incapaz, ou é uma criminosa, não estando excluída a hipótese de que seja um pouco de cada uma dessas coisas.

Fonte: https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10151430490957192

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