por Guillermo Alberto Romero
Introdução
Em 22 de novembro de 1951, o SS Papa Pio XII pronuncia um discurso na Pontíficia Academia de Ciências que irá marcar um importantíssimo precedente em torno do tema que hoje nos ocupa, isto é, as provas da existência de Deus ante a luz da ciência natural moderna.
O caráter do dito discurso não é dogmático nem sequer para a importância de uma encíclica, mas tem o sentido de um estímulo a seguir investigando o âmbito propriamente científico dos rastros ou provas do Criador em sua obra.
É de se destacar que o texto do Pontíficie está mui solidamente documentado acerca dos conhecimentos alcançados pela ciência até esse momento, sobretudo tendo em conta que a data de pronunciar-se estava ainda muito perto do descobrimento de E. Hubble no Observatório do Monte Wilson em 1929, de que as galáxias se afastam a uma velocidade proporcional a sua distância e seguem uma constante universal (H). Um pouco antes, o mesmo Hubble (1889-1953) e H. Shapley (1885-1972) haviam revelado a estrutura das galáxias nos primórdos do século XX.
Em 1927, C. Lemâitre (1894-1966), sacerdote belga católico, astrofísico, professor e presidente de la P.A.C., sobre a base da Teoria da Relatividade Geral explica a recessão das galáxias com a hipótese de um Universo em expansão.(1) O trabalho de Lemâitre foi dado a conhecer ao público em 1930 por Eddington, um ano depois do transcendente descobrimento de E.Hubble.
E este discurso papal foi pronunciado um ano antes de dar-se a conhecimento público a teoria sobre o Universo em expansão, o clássico Big-Bang pela primeira vez com precisão científica, cujo autor foi Gamow (1952), físico russo exilado nos Estados Unidos em 1934. Este havia exposto sua teoria três anos antes ao publicar em 1932 “The Creation of the Universe”.
De modo que o discurso papal está em torno com os tempos e a par dos últimos descobrimentos e teorias das ciências da natureza, e por isso mostra um conhecimento e precisão plausíveis.
O atual Pontíficie também se ocupa da cosmologia científica na ocasião de um discurso de inauguração em um simpósio científico na academia citada (1981). Disto dá testemunho o conhecido físico teórico inglês S. Hawking em sua obra Uma Breve História do Tempo, por certo de um modo superficial e muito pouco preciso.
Na realidade, nesta ocasião o Pontíficie, igual ao que fizera Pio XII no discurso citado, sustêm que uma hipótese científica sobre a origem do mundo como a do Big-Bang “deixa aberto o problema relativo ao início do Universo. A ciência não pode por si só resolver esse problema; lhe falta conhecimento do homem que se eleva por cima da física e da astrofísica e que se conhece com o nome de Metafísica, que fala sobre todo o saber que vem da Revelação de Deus”. (2) Estas palavras do Papa colocam a questão da origem do Universo em um plano que excede ao das ciências naturais , encontrando seu lugar na Filosofia Primeira e a Revelação em perfeita consonânica como o dito em seu momento por Pio XII.
Fora destas manifestações, os Pontíficies não se ocuparam da questão da origem do mundo nem dos problemas cosmológicos no sucessivo.
Hoje é minha intenção investigar esta questão, sobretudo no tocante aos pontos de partida de cada uma das cinco vias, em relação com as ciências naturais.
Ao problema de Deus se enfrenta inevitavelmente todo homem, por sua mesma natureza intelectual que se faz consciente no ato pela percepção daquele primeiro que fez seu intelecto, o ente no qual se resolvem todas as suas concepções ulteriores; este, o ente finito o percebe no mundo porque ente é todo o que é de algum modo, se mostra indepentende dele, mas limitado, sem ter em si a razão de sua existência. Junto com a percepção do mundo se conhece nossa própria existência com as mesmas características e com as mesmas perguntas, limites, insuficiências e imperfeição, com o mesmo caráter inevitavelmente contingente e pelo mesmo dependente. Este esboço é similar no essecial para os homens de todas as épocas.
Na situação particular que tem o homem no fim do século XX, nos encontramos em uma situação muito diferente pela incidência que tem os avanços científicos e técnicos que a cultura nos faz viver.
As ciências da natureza invadem toda nossa existência e nos dão explicações dos fenômenos mais variados que protagonizamos cada dia. Mas o sentido do ser está ausente dela, “de modo que – no dizer de Jacques Maritain – quando nos ocorre experimentar o choque do ser sobre nosso espírito, nos aparece como uma espécie de revelação intelectual e tomamos claramente consciência de seu poder de despertar e de libertar e do fato de que estranha um conhecimento que está separado da esfera do conhecimemto próprio das ciência naturais. A mesmo tempo, compreendemos que o conhecimento de Deus…é primeiramente e antes de tudo um fruto natural da intuição da existência.”(3)
Mas uma vez advertida nossa situação particular, vamos dar uma rápida análise aos fatos que as mesmas ciências nos oferecem como pontos de apoio para a busca de Deus.
As Vias e as Ciências da natureza no momento atual
Na atualidade, como dizia Cornelio Fabro em 1979 por ocasião do centenário de Aeterni Patris, “A segurança do crente, para quem a olha de fora, talvez poderia confirmar e exasperar a separação entre o cristianismo e o mundo moderno e aguçar a oposição entre ciência e fé, entre natureza e Graça, entre filosofia e teologia, que parece ter chegado agora ao ponto máximo de sua tensão e saturação…”
Antes de tudo temos de reafirmar a distinção entre ciência e filsofia enquanto pertencentes a perspectivas intencionais e radicamente diversas. A ciência moderna se desenvolveu sempre de um modo mais autônomo com relação a filosofia, criando seus métodos próprios segundo modelos e esquemas matemáticos.
Portanto, os progressos científicos não são de modo algum uma prova ou confirmação da filosofia moderna. A ciência, tanto na investigação como nos métodos está em contínua evolução e progresso; entanto a noção de verdade e a relação fundamental do homem com o ser não podem nunca ser mudados. Daí nosa intenção com este trabalho, com um conceito altíssimo da dignidade do homem e com uma formação das possibilidades de seu intelecto, de tomar como próprio o dever de descobrir na natureza e a partir dos resultados que nos msotram as ciências que se ocupam dela, os sinais da Inteligência Suprema.
São Tomás de Aquino desenvolve em várias de suas obras, nos umbrais de sua teologia, sólidos argumentos que chama de Vias, para demonstrar a existência de Deus. Se bem termos em vista várias de suas formulações, vamos tomar como texto principal devido a ser mais sistemático, o da Suma Teológica com as célebres Cinco Vias, que constituem junto com outras verdades de ordem natural preâmbulos para a Fé.
Estes argumentos se apóiam em cinco evidências de ordem sensível ou modo de ser distintos, acessíveis a todos os espíritos.
Primeira Via
A Primeira Via e mais evidente, no dizer de São Tomás, é a via do Movimento, que se baseia na evidência do movimento ou mudança que se dá na natureza.
Em uma primeira aproximação nos é manifesto que toda mudança no mundo, fato este tão evidente que constitue um dos pólos que assombraam o homem no começo da filosofia grega, é célebre e lugar comum a doutrina de Heráclito e as soluções parciais aos problemas que implica, de Platão, Parmênides, etc, até chegar a Aristóteles que o define em sua física (a Primera Filosofia da Natureza sistemática) que o define como o Ato que está em potência entanto que potência” (4)
Aristóteles é o primeiro que formulou esta via, a que desenvolve na Física VII e na Metafísica XII, mas São Tomás vai logo incorporá-la a sua prórpia Metafísica do Ser e a reformula seguindo fielmente a Aristóteles mas incorporando-o como um sólido ponto de apoio a sua própria doutirna.
Não é motivo deste trabalho o comentário de toda a Via em seu exato alcance metafísico, mas mostrar que, trancendendo o âmbito do homem comum, as ciências naturais tem muito que mostrar hoje sobre o movimento ou mudança na natureza, ponto de partida da primeira via.
Em sua primeira formulação por Aristóteles faz 24 séculos, o cosmos para o mundo grego, era de características completamente diversas do que hoje entendemos por Universo. Era o que se conhece como Universo Estático, onde o movimento em todos os seus gêneros se dava só no “Mundo Sublunar”, não se conhecia ainda o Microcosmos ou o Universo a nível das partículas elementares. As estrelas ou corpos celestes tinham só movimentos local e uniforme.
Hoje, longe de sr delimitada, a mudança na natureza adquire um caráter universal tanto a nível do macro como do microcosmos, desde as partículas elementars até o Universo em seu conjunto.
Os principais descobrimentos dos últimos 160 anos, mudaram a visão em conjunto do Universo. Na metade do século passado, Helmholtz formula em 1847 as leis da Termodinâmica e o princípio da conservação da energia em sua Primeira Lei, onde expressa que em um sistema fechado a energia total se mantêm sempre constante em suas tranformações.
En 1850, Rudolph Clausius, W. Thompson e Lord Kelvin, anunciam o Segundo Princípio, chamado “De degradação da energia ou aumento da entropia” e diz que em um sistema fechado, as transformações energéticas tendem a assumir a forma mais degradada ou desordenada, que é a calórica, uniformemente distribuída. A entropia ou medida da desordem de um sistema tendem a aumentar se o sistema é fechado. Isto é logo levado a nível universal já que o mesmo Universo é um sistema fechado. O Universo vai a uma morte térmica, envelhece e tem seu tempo fixado.
O Universo inteiro está envelhecendo. Ainda não se falava de sua origem e já se pensava em seu fim com fundamentos científicos. A Física nos dizia o que a Fé já nos havia ensinado: que nosso mundo deve se acabar. Isto nos expressa logo o que São Tomás dirá na terceira via: os entes contingentes tem potência para não ser, quer dizer, o 2º Princípio Termodinâmico nos dá claro indício da contingência do Universo em seu conjunto.
Na segunda metade do século XIX se desenvolveram os métodos espectroscópicos que nos mostraram a natureza físico-química das estrelas e permitiram o passo da astronomia a astrofísica. Este descobrimento nos mostrará a unidade fisicoquímica do Universo, que está constituído pelos mesmos elementos, com grande preodomínio de H+ e He.
As estrelas também mudam, pois nelas se desenvolve um processo energético que termina esgotando toda sua energia como se gastassem um combustível.
O espaço está cercado por radiações eletromagnéticas e por raios cósmicos (partículas subatômicas) que seguem as leis de Maxwell.
En 1924, Hubble, com seu grande telescópio do Monte Wilson, começa o descobrimento das galáxias. Cada uma teria aproximadamente 100 bilhões de estrelas e segundo alguns, haveria umas 100 bilhões de galáxias. As galáxias se aglomeram e formam cúmulos e superaglomerados que nos dão uma idéia da estrutura do Universo a grande escala. Nossa galáxia, a Via Láctea, pertence ao superaglomerado de Virgem.
En 1929, E. Hubble formula seu descobrimento da recessão das galáxias (segundo a Lei de Hubble): as galáxias se afastam a uma velocidade proprocional a suas distâncias. Esta é a verdadeira chave para a cosmologia atual, pois a verificação de um comportamento mutável a grande escala de todo o Universo. A fuga das galáxias assina a todo o Universo uma direção temporal unívoca e faz pensar em um movimento primordial da concentração de massa de todo o Cosmos.
O Universo teria algo análogo a uma história, já não é mais o movimento do mundo sublunar que concebia Aristóteles e os homens de seu tempo, mas que todo o Cosmos está em costante mutação.
Não é distinta a situação a nível subatômico pois há todo um mundo por investigar, a maneira quântica, a física das partículas subatômicas…
Cremos que até aqui podemos dar por suficientmente confirmado a escala cósmica ao ponto de partida da Primeira Via do Angélico Doutor: “Vemos que no mundo há coisas que se movem”. No mais, a noção de repouso é inteiramente trancendente ao mundo físico, que é o mundo de nossa experiência.
Segunda Via
Nesta via se parte da evidência da casualidade eficiente no mundo. São Tomás os remete no L.II da Metafísica como sua fonte nesta via mas nesse texto do filósofo, vemos que trata a casualidade em todos os seus gêneros, mas não apresenta uma prova elaborada sobre a existência de Deus e menos ainda uma menção da causalidade eficiente propriamente tal como a entende Tomás, de modo que parece que é uma formulação própria do Santo com elementos aristotélicos no contexto da doutrina do ser de Tomás. Mas de todos os modos é só um comentário, pois esta questão não é tema do presente estudo.
São Tomás começa sua formulação dizendo: Falamos que neste mundo do sensível há uma ordem determinada entre as causas eficientes;
Esta proposição com a qual começa a via, evidente para São Tomás, foi posta em dúvida não só desde o lado filosófico com as críticas empirista: D. Hume. J. Locke, nominalista: G. de Occam, conceitualista: I. Kant; mas também neste século pela mesma ciência física.
No ano de 1900 Max Planck descobre a quantificação da energia e o caráter descontínuo dos processos energéticos que dá origem a mecânica quântica, que é a parte da física que estuda os fenômenos subatômicos. Este descobrimento revoluciona o mundo científico, pois a absorção ou a emisssãode energia radioativa por saltos e não em forma contínua cria uma imagem do mundo físico distinta do modelo clássico aceito até então.
Em 1927 W. Heisenberg propõe seu princípio de indeterminação, segundo o qual o mundo físico do elétron e demais partículas subatômicas e nos fenômenos que se dão com valores menores a constante de Planck h = 6.55 x 10 até -27 existe uma interação entre o sitema físico observado e o observador que provoca naquele uma perturbação impossível de calcular adequadamente e por conseguinte se perde a esse nível o caráter de previsibilidade dos fenômneos físicos ao ser impossível para o observador estabelecer uma relação causual. Quer dizer, ao não poder perceber um sistema físico por debaixo da ordem da constante de Planck em sua situação A (antecedente), não podemos calcular a situação B (conseqüente).
O próprio Heisenberg conclui:…“mas na formulação precisa da lei de causalidade: Quando conhecemos suficientemente o presente e podemos calcular o futuro ‘não é falsa a conseqüência sem a premissa. A princípio não podemos conhecer o presente em todos os seus mínimos detalhes. Por ele toda a observação é uma seleção entre uma multidão de possibilidades e uma restrição do possível futurio. Logo, o caráter estatístico da teoria quântica está tão ligado a imprecisão de toda a observação que ninguém poderia sentir-se induzido a supor a existência por trás do mundo estatítico percebido de um mundo real onde rege a lei da casualidade; mas tal especulação não parece, insistimos, estéril e sem sentido. A física não deve senão descobrir formalmente relações de obswervações; mas ainda se pode caracterizar muito melhor o estado de coisas asim; já que todos os experimentos estão sob as leis da mecânica quântica e por isso da igualdade, assim se constata definitivamente, por meio da mecânica quântica a invalidez da lei da casualidade. Até aqui Heisenberg. Com isto cai o determininsmo da lei física de I. Newton e por isso provoca também reações dentro do mundo da física como veremos.
Até este momento reinava no âmbito das ciências físicas o mundo de Newton, onde a lei da casualidade e um conhecimento com exatidão matemática possibilitavam expressões como a de Laplace: “Devemos pois considerar o estado presente do Universo como o efeito de seu estado anterior e como a causa do que deve seguir-lhe. Uma inteligência que em um instante dado conhecesse a todas as forças que animaram a natureza e a situação respectiva dos seres que a compôe e que por outra parte fora o suficiemntemente ampliada como para submeter os dados a análise, abrangeria na mesma fórmula os movimentos dos corpos mais grandes do Universo e dos átomos mais rápidos; nada lhe seria incerto e tanto o futuro como o passado estariam diante dela”.
Declarar a invalidez da lei da casualidade significa nem mais nem menos que afirmar a impossibilidade da ciência, pois a ciência é um conhecimentos das coisas por suas causas entendendo por isto todos os gêneros de causas (eficiente, final, formal e material) se bem a ciência físico-matemática se ocupa matematicamente da causa eficiente e material, a gravidade da situação a entenderam tanto cientistas como filósofos, entre eles o mesmo Max Planck que chegou a propor um novo enunciado do princípio da causalide a fim de poder mantê-lo, o mesmo. A. Einstein que se negou a aceitar a nova situação como válida.
Agora, qual é o alcance do argumento de Heisenberg?
Em primeiro lugar não se deve confundir uam lei física da alcance empírico com um princípio por si evidente que encontra seu lugar próprio na metafísica.
A casualidade, desde um ponto de vista empírico aparece como uma simples sucessão de fenômenos donde o antecedente se considera sempre como a causa e o conseguinte como efeito, mas nesta ordem nunca estamos em condições de provar que o conseqüente (efeito), contêm interna e necessariamente ao antecedente (causa), já que um fenômeno enquanto fato puramente empírico, não supõe necessariamente outro.(5) Este é um plano donde se pode negar a casualidade. Mas o princípio de casualidade é de distinta ordem, conota um aspecto ontológico porque é uma relação de ser a ser, recebendo o efeito o ser que a lei da causa. Daí a causa é ativa e o efeito passivo, a causa é ato e o efeito ao contrário está em potência respeito da perfeição que lhe comunica a causa.
Enquanto o princípio é por si só evidente São Tomás o expressa com diversas fórmulas mas prefere, a fim de mostrar seu caráter por si nota as fórmulas da participação, pois o ente por participação tem evidentemente o ser recebido e por tanto é causado como o diz em uma fórmula que recapitula todas as outras na Suma Teológica no tratado da criação: “porque de ser ente por participação, se segue que tem de ser causado por outro. por conseguinte tal ser não pode existir sem ter causado”.I q 44 a.1 ad 1 .
Quer dizer pertence a essência do causado o ser participado.
Assim entendida, a casualidade em seu lugar gnoseológico próprio se vê em toda sua dimensão a confusão de planos de Heisenberg pois o princípio de causa é evidente em si mesmo e para todos, basta só enunciá-lo corretamente, como expressa uma relaçao ontológica de ser a ser de ordem metafísica e não depende de nenhuma medição de tipo físico digna de redundância.
Na vida cotidiana, o fato de todos so seres humanos terem uma percepção do ente sensível não é ainda uma percepção metafísica, mas nos permite estabelecer as primeiras relações imediatas e evidentes uma delas é a causa e efeito na produção de todos na vida cotidiana. Vejamos um exemplo: no desenvolviemtneo deste artigo vimos três espécies de casualidade – casualidade espiritual pura, expressa pela vontade e na direção das idéias; a da mão que escreve e finalmente os movimentos da caneta que escreve no papel. Esta fenomenogia me faz perceber o fenômeno, me abrindo o ser e perceber a causa como eviente. Mas isto também sabia Heisenberg, pois devo admirir que a causa da incerteza na experiência quântica estava no observador.
Com isto podemos dar por evidente o ponto de partida da segudna Via de São Tomás.
Terceira Via
Na terceira via o Angélico parte do seres contingentes ou entes que possam ser ou não até ascender ao Primeiro Necessário por si mesmo.
São Tomás havia tomado esta via do árabe Avicena, também conhecida pelo filósofo judeu Maimônides, mas São Tomás a desenvolve como a terceira via da Suma Teológica reformulando-a segundo sua própria doutrina do ser.
Na primeira via se demonstra que Deus é o Primeiro Motor Imóvel, na segunda a Primeira Causa Incausada e nesta se demonstrará que é o Primeiro Ser Necessário e Causa de todos os demais.
O ponto de partida é sensível como em todas as vias e parte do fenômento universal da geração e corrupção com a expressão: “na natureza há seres que se produzem e seres que se destroem”.
A propósito da primeira via, quando analisamos o movimento segundo as ciências naturais, vimos este fenômeno de produção e destruição é universal desde os núcleos atômicos até as galáxias. E desde os seres mais elementares até o homem. Além disso, a concepção de um Universo em expansão, com todas as precisões do Big-Bang clássico mostram que a contingência no mundo é universalmente manifesta. À medida que decemos ao mundo subatômico se faz mas imprecisa a necessidade das leis físicas. É lugar comum dos físicos teóricos dizer que “todos os cálculos dos fenômenos físicos se hão de fazer do princípio da incerteza”(6).
Por outra parte como quer que se afetam nossa mesma percepção dos fenômenos subatômicos como mostrará Max Planck a emissão e a absorção de energia por parte dos corpos que é a base dos corpos físicos é descontínua, ao contrário do que se cria na física clássica.
De modo que hoje a noção de contingência sai do mundo sublunar e se faz universal desde os fenômenos subatômicos até o cosmos em seu conjunto.
Este é o ponto de partida da terceira via pela qual o Angélico nos convida a ascender com nosso intelecto até Deus.
Quarta Via(7)
A quarta via, talvez a mais compelta e metafísica de todas, parte dos graus de eprfeição que há entre os seres. Para a elaboração desta via São Tomás toma os elementos de Aristóteles, o Pseudo-Dionísio, Proclo, etc.(8)
Nesta via São Tomás se serve da noção de participação e parte da continuidadedo ser na ordem sensível.
Hoje as ciências naturais tem verificado até em seus mais íntimos detalhes uma ordem ascendente da complexidade e perfeição nos entes corpóreos. Na formação do Cosmos nos mostram as teorias cosmológicas atuais a aparição dos núcleos atômicos desde o hidrogêncio até os núcleos mais pesados, cobrindo todo o espector da tabela periódica. A espectroscopia, (9) tem mostrado a existência e abundância de todos estes elementos no universo.
Também se vê a esquisita gama e pontos de contato entre os seres vvios que todos so biólogos aceitam, ainda que o primeiro em pô-lo de manifesto no século passado foi Darwin (10), quem o percebeu sem entendê-lo totalmente. É a manifestação da scala naturae de Aristóteles que mostra a continuidade do ser em ordem sensível, expressão da perticipação metafísica de cada espécie superior e a participação de todas as coisas a respeito de Deus na ordem do ser, participação que mostra e está baseada na casualidade trancendente de Deus que é a Causa Primeira sobre todas as causas segundas, as quais operam segundo o modo de ser de cada um. Isto é uma ordem dinâmica como cada vez melhor se mostram as ciências de observação, pois o ente corpóreo é ser em movimento com até aqui se tem visto.
Até aqui é a quarta via.
Quinta via
A quinta via a toma São Tomás segundo diz na S. Contra os Gentios L l cap. 13 de São João Damasceno De fide ortodoxa, diz: A quinta via se toma do governo do mundo. Vemos em efeito que coisas que carecem de conhecimento como os corpos naturais, operam por um fim como se comprova observando que sempre ou quase sempre, opertam da mesma maneria para conseguir o que mais lhes convêm; por onde se compreende que não vão a seu fim operando ao acaso, mas intencionalmente. Agora, o que carece de conhecimetno não tende a um fim mas o dirige alguém que entenda e conheça, a maneira como o arqueiro atira a flecha. Logo existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim e a este chamamos Deus. (11)
Esta via que se baseia na finalidade que tem toda a natureza, é talvez hoje a mais conhecida.
Os homens dos tempos modernos sempre tem criticado a finalidade que os filósofos encontram na natureza, por isso é interessanfte conhecer as opiniões e comprovações dominantes no mundo científico sobre este tema.
A finalidade não só se manifesta em operar nos entes natrais, mas que estes estão de tal modo feitos que parecem, como com vistas a um resultado.
No século passado se usava esta noção do lado das ciências particulares, por não ser cientificamente comprovável. Com efeito, vozes autorizadas como a de Claude Bernard tem escrito: “a causa final não intervêm de modo algum como lei da natureza atual”. (12)
É certo que a causa final não se deixa ver facilmente no laboratório do cientista, mas de modo algum contradiz o que se verifica pelo experimento, antes, o enriquece, dando-lhe uma dimensão racional mais profunda.
Mas na cosmologia atual, o Universo em seu conjnto é considerado como uma ordem de finalidade manifesta e isto se deixa ver claramente do lado das ciências positivas, com uma doutrina aparecida no sentido da cosmolgia científica a partir de 1960, o denominado princípio antrópico.
A cosmologia moderna havia se fixado ao princípio copernicano, segundo o qual não se deve atribuir nenhuma posição privilegiada no Universo a Terra nem ao homem, ao menos desde uma perspectiva científica.
Segundo o princípio cosmológico, nada fazia pensar que o sistema solar, a Via Láctea, o grupo local, ou o superaglomerado local foram situações especiais dentro do conjunto de um cosmos uniforme.
Em 1961 em Princeton, R. Dicke (14)publica um estudo onde mostra que a idade do Universo era examente requerida para permitir a formação de planetas habitados como a Terra.
Com a assunção de um Universo evolutivo, a T (idade do Universo) de algum modo seu valor está limitado pelas exigências biológicas que se encontram na época do homem.
A primeira destas exigências é que o Universo e portanto as galáxias, tem envelhecido o suficiente como para existam outros elementos a parte do (H+) hidrogênio.
Sabe-se que é necessário o (C) carbono para a química da vida. Um limite superior para a época do homem está em exigência que tenha um lugar habitável na forma de um planeta que gire ao redor de uma estrela luminosa.(15)
Este pensamento que em um cientista nos surpreende, na realidade não é científico no sentido moderno do termo, mas filosófico, pois afirma ter em conta a finalidade de seu objeto. Esta seria a primeira proposta do chamado princípio antrópico débil.
En 1973 Collins e S. Hawking publicam um artigo em que perguntam porque o Universo é isotrópico (igual em todas as direções) no qual respondem: a isotropia do Universo e nossa existência são a vez de que o Universo está se expandindo em valor crítico (a densidade de massa com ômega menor ou igual a 1 mas parte desse valor). (16)
En 1974 B. Carter(17) em Cambridge publica o princípio antrópico em sua formulação que diz: “O Universo e portanto os parâmetros fundamentais em que se baseia deve ser tal que permita a criação de observadores, em seu interior em algum estado. Parafraseando a Descartes Cogito ergo mundus talis est.
Deixando de lado a menção cartesiana que pouco tem que ver com um argumento de corte finalista ou ao menos com conotações como esta e que provavelmente tenha que ver com as interpretações e o papel do observador na mecância quaântica, Carter nota que as contantes do cosmos, em suas relações mútuas e com seus exatos valores numéricos, são absolutamente necessárias, para permitir a existência da vida e do homem, até o ponto de que se fosse diferente, o homem seria impossível.
Quer dizer, em sua versão, o Universo deve possuir as propriedades que permitam o desenvolvimento da via em algum estado de sua história”. Esta formulação também admite dizer que não é só antrópico, mas também biótico o princípio considerado pois e para todo ser vivo.
A proposição antrópica no seio da cosmologia científica nos convida a algumas reflexões.
O mudno físico segundo o estado atual da ciência, se centra em quatro forças fundamentais segundo os últimos descobrimentos da física de partículas.
Em primeiro lugar, a força da gravidade, a força ou energia eletromagnética, a força de atração que une as partículas que compõe o núcleo atômico tais como os prótons e nêutrons e a força de atração fraca. O equilíbrio dinâmico destas quatro forças se organizam todos os corpos do Universo. por exemplo se há uma maior densidade dde massa gravitacional haverá um amairor predomínio da gravidade e que tal produzirá um colapso que, se fosse inversa, dispersaria a matéria cósmica impedindo a formação de galáxias, estrelas e paletas. Esse equilíbrio requer um tempo para produzir todas as exigências para a vida inteligente. Para amplair o panorama e porque não, o assombro qu moveu o cientista a especualr sobre este princípio, as contantes físicas, isto é os valores em torno dos quais se ordena nosso Universo não é estatísiticamente o mais provável mas ao cotrário de tal modo que podemos dizer que parece, do ponto de vista científico, bem afinado, ou em alta sintonia com a vida. Como disse J.J. Sanguineti :“A natureza se manifesta como um autêntico cosmos no antigo sentido dos gregos, quer dizer, com uma harmonia matemática perfeita, projetada para que nela pudesse existir perfeitamente a vida e o homem.
Como já disse podemos concluiir que o universo em sua totalidade age por um fim pelo qual se mostra como projetado por um ser inteligente, que é quem dirige a seu fim e o qual chamamos de Deus, como nos ensina São Tomás e permite afirmar as ciências da natrueza om rigor em nosso tempo, no fim do século XX.
Conclusão
O que foi escrito não pretende ser um desenvolviemento das vias com formulação completa, mas só examinar os pontos de partida e alguns conceitos que estão implicados em seu desenvolvimento, que poderiam hoje ser postos em dúvida.
É, segundo creio, notório dos pontos de partida. Estas vias para o sentido comum dos homens de todas as épocas, porque sendo evidências cotidianas são fortes apoios como primeira linha para levar ao Criador. Chesterton dizia: Dê-me qualquer coisa da natureza que me servirá de ponto de partida para uma vida até Deus”. Compartilho totalmente a posição do genial escritior inglês, não se equivoca, pois para começar qualquer via para demonstrar a existência de Deus só faz falta um existente.
Neste estudo pretendi dar a palavra as ciências naturais de nosso tempo, a fim de pôr à prova, examinando-a de modo mais rigoroso, ou enriquecer com novas notas nossas verdades de sentido comum, à luz dos conhecimentos atuais.
Devo fazer algumas declarações:
Em primeiro lugar, dei fundamentalmente a paalvra as ciêncais físico-matemáticas, como a físico teórica, a cosmologia científica, a astrofísica, a mecância quântica, se bem só passando revista os aspectos dessas disciplinas tocantes ao meu tema de estudo. Estas ciências no marco sapiencial tomista, as chamadas ciências médias onde as matemáticas (2º grau de abstração) se aplicam a física (1º grau de abstração).
Em segundo lugar temos em conta algo que não é de pouca monta:
a) As matemáticas colocam entre parênteses a ontologia e ignora a existência (18)
b) A física e a análise empírica supõe a exist\~encia de seu objeto mas não o trata..(19)
c) Ao contrário a metafísica parte de uma existência para chegar a outra existência, o ato dos ser é sua meta e no ente resolve toda sua temática de modo que ali onde se encotram seu lugar gnoseológico as vias da existência de Deus, mas dado que o ponto de partida é um existente sensível, serão as ciências de observação as chamadas a enriquecer nossa percepção dos ditos pontos de aptida.
Concluindo este estudo creio que o balanço é positivo sobretudo pelo resultado do estudo das ciências e mais ainda dos cientistas ao Criador neste final de século. Os cientistas não tem enquanto tais que ocupar-se de filosfoia, mas entanto homens, lhe resulta inevitável viver com um Universo de idéias onde escrever sua exist|ência, mas isso é melhor conhecer algumas coisas básicas que viver confundido ou escravizado pela própria ignorância, pois o que não sabe se inventa quando não é compreensível..
Por último, vou recomendar uma vez mais que, para se chegar a Deus como causa trancendente de tudo sempre temos de partir de uma existência para chegar ao Puro SER que é a razão de todo o Universo, quer dizer, de uma existência a outra Existência que propriamente falando não existe mas simplesmente É.
1. Pio Xii e as provas da Existência de Deus. Discurso a la P.A.C., 22 de novembro de 1951, Acta Apostólica Sedis, 44, 1952, pp 31 a 43.-
2. João Paulo II, Acta Apostolica Sedis, 73,1981,pp 669-670.-
3. J. Maritain, Aproximações a Deus., Ed. Encuentro, Madrid, 1994. Trad. R. Rovira, pp 12 y 13.-
4. Aristóteles, Física VII
5.
6. S. Hawking, Uma Breve História do Tempo,
7. S. Theol. I , q II, c. quarto arg.
8. Cornelio Fabro, Drama do Homem e Mistério de Deus, pp. 362 y sig. Ed. RIALP SA, Madrid, 1977.-
9. J.J.Sanguinetti, A Origem do Universo, , pp. 151 y sig., Ed, UCA, Buenos Aires, 1994.
10. Ch. Darwin, A Origem das Espécies,
11. Summa Theologiae l pars q 2 a.3 c.
12. Lições sobre os fenômenos vitais comuns aos animais e aos vegetais. Librairie Philosopfique. J. Vrin París 1966
13. J:J: Sanguineti o.c. pag. 223
14. R. Dicke, Dirac`’s Cosmology and Mach’s principle, Nature. 192. 1961 New York
15. ibidem pag 440 y 441
16. Collins, S. Hawking- ¿Why is the universe isotropic?. The Astrophisical journal 180, 1973 pp 317-334
17. B. Carter , Large number coincidences and the anthropic principle in cosmology, en M.S. LONGAIR(ed)op
18. Ch. de Koninck O Universo vazio E. Gilson Esse difícil ateismo Ed. U.C. de Chile Instituto de Filosofía Santiago de Chile 1991
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