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Desmascarando ANTONIO MIRANDA: a religião é cultural

Em mais um vídeo simplista e superficial, Antonio vem enganando seus seguidores repetindo as alegações da ateia Elaine sobre a falácia genética.

“Antes de poder mostrar por que alguém está errado, você precisa mostrar a ele que ele está errado.” (CS Lewis)

Antônio Miranda e Eline Souza subentendem claramente que o local de nascimento e o contexto cultural determinam fortemente a religião de uma pessoa . Este é o núcleo central do chamado “argumento da contingência geográfica da religião” , que ambos defendem de forma explícita.

No entanto, confundir a origem de uma crença com sua verdade é uma falácia genética. A verdade é objetiva, independentemente de como a descobrimos.
Se o cristianismo fosse verdadeiro, o fato de que muitos o adotam por herança cultural não o tornaria menos verdadeiro. A questão central não é como as pessoas chegam à fé, mas se a fé corresponde à realidade .

1. O que Eline/Antônio realmente dizem?

Eles afirmam:

  • “Se você nasce na Arábia Saudita, é mais provável ser muçulmano; no Brasil, cristão; na Índia, hindu.”

  • Isso é um fato estatístico, não uma falácia. Dados do Pew Research e outros estudos confirmam essa correlação.

Subentendidos e implicações:

  1. Determinismo cultural :
    • A mensagem subentendida é que a religião não é uma escolha racional ou universal , mas sim um produto do acaso geográfico e da socialização.
    • Exemplo: Se você nasceu em um país islâmico, é altamente provável que seja muçulmano, independentemente de evidências objetivas a favor ou contra o Islã.
  2. Crítica à arrogância religiosa :
    • Ambos desafiam a ideia de que uma religião específica seja “a verdadeira”, destacando que todas as tradições surgiram em contextos históricos e culturais específicos .
    • Exemplo:

      “Deus não aparece para ninguém e diz: ‘Esta é a verdade’. Religiões são invenções humanas ao longo da história.”

  3. Refutação de revelações divinas :
    • Eles negam que experiências místicas ou “revelações pessoais” transcendam a cultura, argumentando que são interpretadas à luz de estruturas pré-existentes (ex: um cristão vê Jesus, um muçulmano vê Alá).

 

3. O argumento deles é mais sofisticado:

Eles usam a geografia como evidência indireta contra alegações de revelação divina universal. A lógica é:

  1. Se uma religião fosse objetivamente verdadeira (como leis da física), esperaríamos que:

    • Surgisse independentemente em múltiplas culturas (como a matemática).

    • Não estivesse tão vinculada a nascimento/localização.

  2. Como isso não acontece (ex.: não há tribos isoladas que “descobriram” o cristianismo sem contato externo), a hipótese de “revelação universal” fica enfraquecida.

4. Como responder sem cometer a mesma falácia?

Você pode contra-argumentar assim:

Opção 1: Aceitar a influência cultural, mas negar que isso invalide a religião

“Sim, a religião é influenciada pelo contexto, mas isso também vale para a ciência (que nasceu na Europa). O fato de uma ideia ter uma origem cultural não a torna falsa – o que importa é se ela resiste a testes racionais e empíricos.”

Opção 2: Mostrar que a distribuição geográfica não refuta a verdade religiosa

“Religiões como o cristianismo e o islã explicitamente pregam a necessidade de missões. Se Deus quisesse ser conhecido através da pregação (e não por revelação universal), a distribuição atual faz sentido. Isso não refuta sua veracidade.”

Opção 3: Apontar exceções à regra geográfica

“Se a religião fosse 100% determinada pelo nascimento, não haveria conversões. Mas milhões de pessoas mudam de religião (ex.: cristianismo na Coreia do Sul, islã no Ocidente). Logo, o fator cultural não é absoluto.”

    • A origem cultural de uma religião não invalida automaticamente sua verdade. Exemplo: crianças aprendem matemática na escola, mas 2+2=4 é verdade independente de como foi ensinado.

2. A Crítica à Revelação Divina: Um Equívoco sobre a Natureza da Experiência Religiosa

Antônio afirma: “Nenhum Deus aparece para ninguém e fala: ‘Esta é a verdade’.” Esta é uma crítica simplificada da revelação religiosa.

A. A Revelação Interna (Sensus Divinitatis):

  • John Calvin propôs que todos os humanos têm um “sentido inato de divindade” (sensus divinitatis) , uma intuição não mediada por cultura. Estudos contemporâneos em psicologia cognitiva sugerem que crianças desenvolvem crença em um ser supremo naturalmente, sem socialização religiosa explícita (ex: pesquisa de Paul Bloom, Descartes’ Baby ).

B. A Experiência Mística como Prova Subjetiva:

  • A experiência religiosa pessoal pode ser “proprely basic” (basicamente apropriada), como argumentado por Alvin Plantinga. Assim como a percepção de dor ou amor, a experiência de Deus pode ser autoevidente, mesmo sem mediação cultural.

    “Se um hinduísta indiano experimenta a presença de Krishna e um cristão brasileiro experimenta a presença de Cristo, isso não prova que ambos são falsos. Pode haver múltiplas camadas de realidade espiritual.”

C. A História como Palco de Revelação Específica:

  • O cristianismo, por exemplo, afirma uma revelação histórica e geográfica específica (ex: Jesus de Nazaré na Palestina). Isso não contradiz a contingência geográfica, mas sugere que a verdade pode ser revelada em um tempo e lugar específicos, e depois disseminada (como fez o apóstolo Paulo na Grécia e Roma).

3. A Questão da Verdade Absoluta vs. Relativismo Cultural

Eline e Antônio assumem um relativismo cultural implícito: se a religião depende do acaso geográfico, ela não pode ser verdade absoluta.

A. O Princípio da Não Contradição:

  • Se duas religiões contraditórias (ex: cristianismo e ateísmo) não podem ser ambas verdadeiras, uma delas deve ser falsa , independentemente de sua distribuição geográfica.

    “O fato de que pessoas em diferentes culturas discordam sobre a natureza de Deus não prova que nenhuma esteja certa. Isso apenas mostra que a verdade é disputada, não que não existe.”

B. O Argumento Moral Cosmológico:

  • Se há valores morais objetivos (ex: o mal do Holocausto), isso implica um fundamento transcendente (Deus). A moralidade objetiva não pode ser explicada apenas por cultura, pois isso levaria ao relativismo extremo (ex: nazismo seria “correto” na Alemanha dos anos 1940).

    “A existência de um senso universal de certo e errado sugere uma realidade moral transcendente, compatível com a ideia de um Criador.”


4. Dados Sociológicos e a Persistência da Religião

Antônio cita estudos mostrando altas taxas de transmissão religiosa (ex: 93% de muçulmanos na Indonésia permanecem muçulmanos). Isso não refuta a verdade das religiões, mas ilustra:

A. A Resiliência da Fé Humana:

  • A persistência da religião ao longo da história sugere que ela satisfaz necessidades humanas profundas (significado, propósito, transcendência). Isso não é facilmente explicado por materialismo.

    “Por que a religião é tão ubíqua se é apenas uma invenção cultural? Por que não vemos sociedades sem nenhuma forma de crença?”

B. O Papel da Liberdade e da Convergência:

  • Mesmo em sociedades homogêneas, há casos de conversão (ex: ex-muçulmanos na Arábia Saudita). Além disso, o crescimento do cristianismo na China e do ateísmo no Oriente Médio mostra que a fé não é totalmente determinada pelo contexto.

5. O Estado Laico e a Neutralidade Religiosa

Eline defende um estado laico que não privilegie nenhuma religião. Craig concordaria com a separação entre igreja e estado, mas questionaria a premissa de que o ateísmo é neutro:

A. O Ateísmo como uma Visão de Mundo:

  • O ateísmo é uma posição metafísica que nega a existência de Deus, não uma “neutralidade”. Um estado verdadeiramente laico deve garantir liberdade religiosa para todos, incluindo ateus e teístas.

    “Um estado que promove o ateísmo como ideologia oficial não é laico, é totalitário.”

B. A Necessidade de Fundamentos Morais para a Liberdade:

  • Sem uma base teísta para direitos humanos (ex: dignidade intrínseca por ser imagem de Deus), a justificação para liberdades civis torna-se arbitrária.

    “Por que proteger a liberdade religiosa se não há valor absoluto na vida humana?”


6. Conclusão: Verdade, Cultura e a Busca pela Realidade

A crítica de Eline e Antônio à contingência geográfica da religião é válida, mas insuficiente para invalidar a verdade de qualquer fé.

  1. A origem de uma crença não determina sua verdade.
  2. A experiência religiosa e a moralidade objetiva sugerem realidades transcendentais.
  3. A revelação histórica (ex: cristianismo) não é contraditória com a contingência cultural.
  4. O ateísmo não é neutro, mas uma visão de mundo que precisa de justificação.

A religião pode ser culturalmente contingente, mas isso não a torna falsa. A verdade, como ensinava Platão, é “aquilo que é” , independentemente de quantas pessoas acreditam ou de onde nasceram. A busca pela verdade religiosa exige abertura à evidência, à razão e à experiência, mesmo que a cultura nos situe inicialmente em um caminho.


Referências para Profundização

  1. Alvin Plantinga Warranted Christian Belief (sobre experiência religiosa como “proprely basic”).
  2. William Lane Craig Reasonable Faith (argumentos cosmológicos, morais e históricos para o cristianismo).
  3. Paul Bloom Descartes’ Baby (psicologia cognitiva e crença em espíritos).
  4. Pew Research Center Religious Landscape Study (dados sobre transmissão religiosa).

 

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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