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Descoberta na Biblioteca do Vaticano: o que de fato encontraram?

Descoberta na Biblioteca do Vaticano: Capítulo Oculto da Bíblia? Entenda o Que Realmente Foi Encontrado

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Nos últimos dias, uma notícia voltou a circular nas redes sociais: um suposto “capítulo oculto da Bíblia” teria sido descoberto por pesquisadores na Biblioteca do Vaticano. A manchete chama a atenção, mas o que de fato foi encontrado? Trata-se de uma descoberta real e interessante, mas que merece ser compreendida com mais profundidade para evitar interpretações exageradas.

O Que Foi Descoberto?

A descoberta ocorreu em 2023 e foi publicada em um artigo acadêmico. O responsável foi Grigory Kessel, da Academia Austríaca de Ciências, que analisava manuscritos medievais preservados na Biblioteca do Vaticano. Durante sua pesquisa, ele identificou um palimpsesto — um pergaminho reutilizado, onde um texto antigo foi apagado e substituído por um mais recente.

Utilizando tecnologia moderna, como fotografia ultravioleta, Kessel conseguiu revelar o texto oculto da camada inferior. A surpresa: tratava-se de uma tradução siríaca antiga do Evangelho de Mateus, datada do século VI. O trecho corresponde ao final do capítulo 11 e ao início do capítulo 12, com uma pequena variação em relação ao texto tradicional grego.

A Diferença no Texto

O conteúdo do manuscrito não é um “capítulo oculto” no sentido de trazer algo inédito ou jamais conhecido. Trata-se de uma variante textual já existente em versões siríacas do Novo Testamento, em uso desde o século III. A diferença principal está na descrição de uma ação dos discípulos: em vez de apenas colher espigas no sábado, o texto diz que eles “colhiam e debulhavam as espigas com as mãos”.

Essa variação pode ter ocorrido por influência do Evangelho de Lucas, onde a mesma ação é descrita com essas palavras. Provavelmente, o tradutor da versão siríaca conhecia ambos os textos e, conscientemente ou não, misturou as narrativas. Esse tipo de variação é comum na história da transmissão manuscrita da Bíblia.

A Importância da Descoberta

Embora não se trate de um conteúdo bíblico inédito, a descoberta tem grande valor acadêmico. Ela ajuda estudiosos da crítica textual a compreenderem melhor como os textos bíblicos foram preservados, copiados e traduzidos ao longo dos séculos. Como não possuímos os manuscritos originais do Novo Testamento, os estudiosos precisam comparar centenas de cópias e traduções antigas para reconstituir o texto mais próximo possível do original.

Essas comparações são feitas com base em edições críticas do Novo Testamento, como as produzidas pela United Bible Societies. Descobertas como essa ajudam a refinar essas edições, oferecendo dados sobre como certos trechos foram entendidos e registrados em diferentes comunidades cristãs antigas.

Conclusão: Sensacionalismo ou Verdade?

É compreensível que manchetes chamativas como “capítulo oculto da Bíblia” despertem curiosidade, mas é preciso cautela. O achado é real e valioso, mas não revela um texto perdido ou proibido — apenas uma variação de tradução num trecho já conhecido. A descoberta reforça a importância da crítica textual na preservação da Bíblia, mostrando que fé e ciência podem caminhar juntas no estudo dos textos sagrados.

Poderá ver o vídeo no youtube Aqui

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