Arqueologia anjo matou
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Evidências de um cerco militar, até então desconhecido, reforçam a veracidade de episódios narrados na Bíblia sobre a cidade de Jerusalém.
A história de Jerusalém é marcada por inúmeros conflitos, disputas de poder e influências culturais. Reconhecida como o berço das três maiores religiões monoteístas — judaísmo, cristianismo e islamismo —, a cidade foi palco de guerras intensas e tentativas de dominação ao longo dos milênios. Agora, um grupo de arqueólogos descobriu evidências de um cerco militar não documentado anteriormente, reforçando um importante relato bíblico.
Arqueologia anjo matou
O Cerco de 701 a.C.
De acordo com os arqueólogos, as novas escavações apontam para um cerco ocorrido em 701 a.C., durante o reinado de Senaqueribe, rei da Assíria, um dos impérios mais poderosos da antiguidade, localizado na região da Mesopotâmia. Esse cerco foi uma resposta direta ao líder da Judéia, Ezequias, que governava Jerusalém na época.
O conflito foi desencadeado após Senaqueribe acusar Ezequias de traição, alegando que o líder judaico se rebelou contra a autoridade assíria. O exército de Senaqueribe avançou, conquistando grande parte da Judéia e cercando Jerusalém. Porém, por razões ainda desconhecidas, a cidade não foi tomada pelos invasores.
Conflito Descrito na Bíblia
A Bíblia também narra esse evento. No livro de 2 Reis, o texto descreve como “o anjo do Senhor” teria intervido, matando 185 mil soldados assírios durante o cerco, forçando o recuo das tropas de Senaqueribe. Já os registros históricos assírios oferecem uma versão alternativa, afirmando que Ezequias pagou um tributo substancial para interromper a invasão.
Independentemente de qual versão tenha prevalecido, a descoberta arqueológica fornece indícios robustos de que esse confronto realmente ocorreu.
Evidências Arqueológicas do Cerco
As escavações foram conduzidas no bairro de Mordot Arnona, em Jerusalém, onde os arqueólogos descobriram os restos de um antigo edifício administrativo que desempenhava um papel central no recolhimento de tributos durante os séculos VIII e VII a.C. Durante o governo de Ezequias, o local era utilizado para o armazenamento de jarros contendo inscrições que indicavam a coleta de impostos destinados ao rei.
Os estudiosos acreditam que, no decorrer da invasão assíria, o prédio foi completamente destruído. As fundações do edifício foram cobertas com grandes blocos de pedra, deixados como uma marca simbólica do poderio assírio sobre a Judéia. Esta destruição, conforme interpretam os arqueólogos, seria uma mensagem clara do império sobre quem realmente estava no controle da região.
Reconstrução e Mudança de Poder
Após a destruição, os pesquisadores descobriram que o edifício foi reconstruído no século VII a.C., porém com uma diferença significativa: os jarros, anteriormente destinados à cobrança de tributos para Ezequias, agora carregavam inscrições que indicavam que os impostos estavam sendo pagos ao rei da Assíria. Isso demonstra que, após a derrota, Jerusalém permaneceu sob controle assírio por um período.
Impacto da Descoberta
As recentes descobertas corroboram os relatos bíblicos sobre os conflitos em Jerusalém e oferecem uma visão mais detalhada da complexa relação entre Judá e o Império Assírio. Além de reforçar o contexto histórico do cerco, essa evidência arqueológica fornece mais uma peça no quebra-cabeça da rica e conturbada história de Jerusalém, uma cidade cujo passado ainda guarda muitos segredos por desvendar.
Essas descobertas ressaltam a importância de Jerusalém como um centro estratégico e religioso ao longo dos séculos, e como a arqueologia continua a lançar nova luz sobre eventos que moldaram a história antiga.