Pular para o conteúdo

Debatendo com as Testemunhas de Jeová

©Timothy Campbell
Traduzido por Fábio Pacheco com permissão, de
Translated by Fábio Pacheco with permission, from
www.beyondjw.com/

Nota: Este artigo é principalmente sobre as Testemunhas, mas muitos pontos são aplicáveis quando se discute assuntos carregados emocionalmente com pessoas em geral.
Se você alguma vez tentou discutir assuntos religiosos com uma Testemunha de Jeová, pôde ter notado que a conversação é impedida severamente. O que  começou como uma discussão freqüentemente se transforma em um debate infrutífero. Consideremos algumas questões:

Por que isto acontece??
Por que é tão difícil conseguir que as pessoas mudem suas mentes?
Por que as pessoas se tornam irracionais quando defendem suas convicções?
Estas perguntas (e outras) serão discutidas neste artigo.

Um “Papinho Agradável”

 

Conversação

Digamos que você almoça diariamente com uma Testemunha de Jeová, nós o chamaremos de Russell. Você normalmente fala sobre tempo, trabalho, e eventos diários. Você notou que o Russell tem um estranho “gosto” pelo noticiário; ele sempre parece se atentar nas coisas ruins que acontecem, e geralmente ignora o bem. Você sabe que muitas pessoas têm esta atitude, mas o Russell na verdade parece apreciar histórias de escassez, guerras, epidemias e outros desastres. Você pensa que isto tem algo a ver com a convicção dele que estas coisas ruins indicam que o mundo está se acabando.

Um dia, você decide ter uma conversa sobre as convicções dele. Você escuta cuidadosamente, e se mantém reservado. Ele não o está convencendo, mas é interessante para descobrir como outras pessoas pensam. Ocasionalmente você coloca algumas perguntas inócuas, mas você realmente não desafia nada que ele diz. O Russell parece contente que você está tomando tempo para descobrir sobre a religião dele.

Discussão

No dia seguinte, o Russell lhe pergunta se você considerou o que ele disse. Na verdade, você não pensou muito a respeito, mas você diz que não se importaria em discutir durante algum tempo. Você compromete o Russell a uma discussão mais profunda. Você levanta algumas objeções, mas ele responde a cada uma facilmente. Você fica impressionado pelo conhecimento dele nos assuntos.

Naquela noite, você pensa seriamente sobre o que o Russell lhe disse. Parece não haver nada de errado com isto, mas algo não se encaixa bem. Você telefona para uma amiga que foi Testemunha e discute a situação. Ela lhe apresenta uma lista de perguntas a serem indagadas na próxima conversa com o Russell.

Como acontece, o Russell está bem disposto a discutir assuntos com você no dia seguinte. Ele tem um livro pequeno que ele pensa que você deveria ler. “Isto explicará tudo”, ele o assegura. Você olha o livro, então diz, “eu tenho algumas perguntas que gostaria de lhe fazer agora”.  Ele parece ficar encantado que seu interesse cresceu tão rapidamente.

“Eu tenho uma lista de perguntas que uma amiga me cedeu”, você diz, enquanto entrega suas notas do telefonema da noite passada. Russell esquadrinha a lista, seu sorriso vai enfraquecendo, rapidamente.

“Você tem falado com uma apóstata?” ele pergunta.

“É apenas uma senhora que eu conheço”, você responde. “O que é uma apóstata?”

“Elas são pessoas que disseminam mentiras sobre as Testemunhas. Ele desliza a folha de papel de volta a você.”

Você pondera. “Bem, nesse caso, as perguntas deveriam ser fáceis de contestar!” Você devolve o papel ao Russell.

“Estas pessoas distorcem as palavras. Você não pode confiar nelas”.

Certo, você responde. Então me mostre o que está errado com as perguntas. Comecemos com o primeira.

Russell olha o papel, e lê em voz alta, “‘Se Jesus pretendesse dizer idade, por que disse geração? Ele piscou ou algo parecido, de modo que os apóstolos saberiam que ele quis dizer qualquer outra coisa?” O Russell olha para você com as sobrancelhas sobressaltadas.

Você encolhe os ombros. “Isso é o que ela disse. Eu nem mesmo faço idéia sobre o que ela está falando. É o que você quer dizer por “torcendo” palavras?”

“Bem, eu sei sobre o que ela está falando, mas ela não sabe sobre que ela está falando. Esta pergunta é uma tolice absoluta.”

“Que tal passarmos para a  próxima pergunta?” você sugere.

Russell lê silenciosamente. Ele balança a cabeça e continua a leitura sem comentários. Finalmente, ele suspira e observa, “Esta senhora vai enganá-lo com perguntas como estas”.

Você nunca tinha pensado em sua amiga como particularmente mal, assim você replica, “Bem, tentemos responder as perguntas. Você pode me mostrar o que está errado com elas”

Apenas leia o livro que eu lhe dei. Isso é tudo que você precisa.Você não precisa de perguntas como estas, elas simplesmente o confundirão.

Você acena com a cabeça. “Certo, eu posso ler o livro. Mas eu conheço bem esta senhora, e ela é uma ótima pessoa. Assim, eu realmente preferiria que nós pudéssemos lidar com essas perguntas antes de eu ler o livro.”

Debate

A expressão de Russell muda para uma determinação severa. “Certo, eu responderei estas perguntas, e então você pode ler o livro.”

As respostas de Russell não o satisfazem. Elas parecem evitar o ponto central. Você decide que terá que continuar trazendo-o de volta ao tema  principal para aprender alguma coisa.

Começa o Debate.

Defendendo a Fortaleza

Convicções Apreciadas

Todos nós temos certas convicções em apreço. Algumas destas são importantes para nós, e não as deixaremos facilmente. Algumas convicções podem ser até mesmo tão fundamentais a nosso senso de bem-estar que é difícil sequer discutir sobre elas desapaixonadamente. Nós não podemos deixar que sejam verdade.

Tome por exemplo, o assunto do racismo.Um número crescente de pessoas acredita que o racismo está errado e nem mesmo escutam alguém que pense o contrário. O tópico simplesmente não está aberto a discussão. Porém, está aberto a debate. Se você encontrar um racista ardente, você pode tentar ‘retificá-lo’, embora haja pouca esperança de alcançar qualquer mudança de atitude. O racista crê na causa dele tão fortemente quanto você acredita na sua. Às vezes precisamos nos lembrar que as pessoas com visões contrárias não estão agindo assim apenas para nos aborrecer.

Objetos Imóveis

A maioria das pessoas tem um punhado de convicções que estão “gravadas em pedra”. As Testemunhas de Jeová, por outro lado, possuem um inteiro sistema que está entrelaçado infalivelmente em suas vidas diárias. Estão fixados de tal forma  que se você remover um tijolo do edifício, o edifício inteiro pode cair. Elas estão bem atentas a esse perigo, e assim elas não se permitem discutir quaisquer das suas convicções desapaixonadamente. Elas têm um interesse adquirido em  provar  a todos (e especialmente a elas próprias) que tudo o que acreditam é A Verdade (ou tão próximo A Verdade quanto é humanamente possível saber).

Assim, você nunca pode dialogar sobre doutrina com uma Testemunha de Jeová. Ou você escuta ou debate  Não há meio termo.

Avaliação Honesta

As Testemunhas de Jeová acreditam serem pessoas honestas. E realmente, são extremamente confiáveis. Porém, elas erram assumindo que esta honestidade estende a todos os aspectos de suas vidas. Como quase todas as outras pessoas (em maior ou menor grau), elas parecem incapazes de pesar os prós e contras de suas próprias convicções objetivamente.

Você poderia dizer, “Seguramente, um argumento lógico e devastador poderia quebrar o escudo de qualquer testemunha!” Mas isso é apenas uma vã esperança, como veremos a seguir.

A Verdade Sobre “A Verdade”

Limites Lógicos

Teoricamente, pessoas inteligentes deveriam poder se sentar e racionalmente determinar se uma idéia particular é apoiada pela evidência, ou se é estabelecida fortemente apenas pelo que conhecemos. Porém, racionalidade não é o único componente de nossa psique, desta forma a “discussão razoável” é descarrilada freqüentemente através da natureza humana.

Você alguma vez assistiu os membros de um controverso partido político expondo sua linha de defesa? Você pode ter notado que os argumentos deles não são apresentados para descobrir a verdade, o que importa é convencer os ouvintes. Você pode aprender táticas efetivas de persuasão em um livro,  mas você provavelmente já utiliza muitas delas, sem se aperceber. Durante nossa vida, vemos pessoas defendendo suas convicções, e assimilamos alguns dos métodos inevitavelmente sem até mesmo estarmos atentos a isso.

Nossa Visão do Mundo

Estes métodos podem ser úteis, desde que precisemos demonstrar que o que dizemos é verdade. Contudo, em nossa ânsia de convencer, podemos evitar a séria consideração do que é verdade ou sensato. Podemos acabar defendendo o indefensável.

Poderemos nos encontrar nesta situação se não estamos discutindo um ponto particular de contenção somente, mas defendendo nossa visão do mundo. Se o assunto sob escrutínio é ligado a nossas convicções, temos uma necessidade urgente em adquirir o “direito de resposta”

Nesse ponto, já não estamos mirando a verdade em si, mas tentando se agarrar ao que já pensávamos.

as Testemunhas de Jeová, como as demais pessoas, tem os meios para defender a visão do mundo delas. Contudo, há uma diferença entre as Testemunhas e a maioria das outras pessoas: As Testemunhas corajosamente levam a cabo a pregação de casa em casa , constantemente se expondo a ameaças em suas doutrinas. Por experiência e treinamento, elas dominam uma potente coleção de dispositivos verbais e psicológicos para proteger o que elas acreditam..

O Arsenal

Aqui está uma lista de dispositivos utilizados por Testemunhas de Jeová (e outros grupos com um machado enferrujado para cortar). Uma vez que você começa a detectar estas técnicas em ação, você perceberá quão freqüentes elas são usadas e também notará em outras.

Tenha em mente que algumas destas são puramente defensivas. Outros dispositivos podem ser usados em tática ofensiva (i.e. persuasivo). Não obstante,desequilibrando o oponente , elas seguem o princípio antigo que “A melhor defesa é o ataque.”

 AntiProcesso

Olhos, Ouvidos e Mentes Fechados.

Antiprocesso é a resistência ao processo de informação.

Você pode observar um exemplo simples de antiprocesso em um filme de horror. Alguns membros da audiência fecharão os olhos quando uma cena particularmente horrível é mostrada.

Isto pode ser comparado à convicção da criança que “Se eu não ver, não serei visto” (ou alternativamente, “… não está lá”). Os Adultos acham modos mais sutis de “fechar os olhos” . Eles sabem que podem evitar sofrimento ignorando certas coisas. Quando você assiste na televisão um comercial solicitando envio de dinheiro para ajudar crianças famintas, tome nota de quantas pessoas, de repente, no local, se atêm a outros assuntos.

Por “se distrair” quando apresentados a perturbações materiais, protegemos nosso equilíbrio mental. O que você descarta depende do que consegue controlar.

Os exemplos acima demonstram ações tomadas para evitar informação de processos que estão bem diante de nós. Isso é antiprocesso.

Armadura Invisível

Ações de Antiprocesso tornam-se habituais com o passar do tempo, e eventualmente se tornam ações reflexivas. Isto aumenta o valor protetor, desde que estejamos pouco conscientes do que fazemos reflexivelmente

Antiprocesso é tipicamente uma coisa pessoal: você tem o direito de escolher para o que você se exporá. Porém, quando você estiver falando com outra pessoa, o antiprocesso pode conduzir a frustração. A outra pessoa pode exclamar, “Você não está entendendo o essencial deliberadamente! (ou “Você é cego! ”), enquanto você não entender a razão por que nenhum progresso está sendo feito. Considerando que o antiprocesso se torna um reflexo, você não percebe que está fazendo.

Um aspecto inquietante do antiprocesso é que continua fazendo seu trabalho para além do necessário. Digamos que você desafiou uma Testemunha com um devastador argumento lógico’. Você pode deixá-la espantada e estupefata. No dia seguinte ela parecerá igual ao dia anterior. O que aconteceu é que ela conseguiu aniquilar o problema de algum modo. Talvez ela decidiu que era ‘estúpido’, ‘insensato’, ou ‘demais inteligente’. Talvez ela se forçou a simplesmente a esquecer (uma técnica que uma Testemunha se refere como a  “Esperar em Jeová”).

Você pode achar necessário reiterar o argumento desde o princípio. Porém, você pode não fazer isto porque o antiprocesso que ainda está funcionando reconhecerá o perigo. Invocará medidas de defensiva adicionais para prevenir a informação de ser processado.

Vôo Perigoso

Antiprocesso poderia ser chamado de desvio ativo de dissonância cognitiva. Você está oferecendo para alguém informação que ela não deseja, isso também a está  perturbando. Ela tem que se livrar disso de alguma forma!

Quando você está assim tão perto de alguém que reage deste modo, é uma boa hora para perguntar se você tem alguma chance de quebrar a defesa. Ela trabalhou para afinar o antiprocesso por muito tempo, e trabalha claramente. Se você continuar questionando o assunto, poderá ser tomado como um tipo de agressão mental, e você não pode predizer o que alguém dirá ou fará em tal situação.

O Efeito Descarga Elétrica

Reabastecimento

Há um ditado que diz “O raio não cai duas vezes no mesmo lugar”, mas isto não é obviamente a verdade no caso de uma descarga. Quando a diferença entre o potencial elétrico das nuvens e a do chão fica elevado o bastante, o raio seguirá a rota mais fácil, e são projetadas descargas para seguir esse traçado, seguidamente.

Uma paralisação neste processo, reduzirá a diferença entre o potencial elétrico, mas a descarga não permanece ‘neutra’; é conectada ao chão e seguirá um curso..

Algo semelhante acontece quando você debate com alguém e o convence de um ponto, e então ele regressa ao seu ‘chão’ (i.e. as outras pessoas que compartilham as convicções dele). a fé dele é reabastecida, e isto lhe dá a força de encolher os ombros para seus argumentos.

“Levando uma Descarga”

Um dos primeiros passos em doutrinação é isolar as pessoas, física ou psiquicamente, de opiniões discrepantes. Essa é a razão pela qual a testemunha é advertida contra associar-se com “pessoas mundanas” (i.e. não-testemunhas): O “chão” delas deve ser a Sociedade Torre de Vigia, e elas têm que permanecer conectadas a Sociedade até a saciedade.

Essa é uma faceta da natureza humana, e a Sociedade Torre de Vigia sabe disso. As atitudes das pessoas são profundamente alteradas pelo que se identificam; voltando-se a estas pessoas, podem devolver-lhes rapidamente seu estado habitual, desde que se moldaram como parte de sua identidade. Como diz o ditado, “diga-me com quem andas e lhe direi quem és”.

Mantendo a “Descarga”

É muito difícil conseguir uma mudança permanente em alguém se esta continuar voltando à fonte de suas motivações. É por isso que os advogados aconselham a seus clientes que fiquem longe de qualquer amigo envolvido em atividade criminal; pressão semelhante amplia o desejo de reverter velhos hábitos.

A Sociedade Torre de Vigia lembra continuamente a seus partidários que “fiquem no meio do rebanho” para evitarem ser afetados por “influências externas.”

Provendo (Rotas) para Perguntas

Criando Conformidade

“A Bíblia diz…” é um prefixo utilizado freqüentemente pelas Testemunhas de Jeová . Outro prefixo comum é, “A Sociedade disse…”

As Testemunhas de Jeová estudam constantemente as literaturas. Por exemplo, todas as semanas lêem a revista  Sentinela e sublinham as respostas às perguntas ao termino de cada parágrafo. No estudo de Sábado/Domingo são obrigadas a ouvir os artigos que são lidos em voz alta nas reuniões, e comentam as respostas que sublinharam, com ou nenhuma novidade. Assim, conceitos importantes são encontrados quatro vezes: lendo, sublinhando, escutando, e respondendo.

Claro que, os conceitos mais vitais são encontrados até mesmo mais freqüentemente, em vários artigos. Depois de alguns anos, Uma Testemunha pode ouvir as mesmas idéias fundamentais repetidas centenas de vezes. Estas convicções são embutidas na mente delas e podem ser chamadas em algum momento. Após tantas repetições, não são mais analisadas.

Da “Rota” ao Óbvio

Se você discute doutrina com uma Testemunha, você notará que elas resistem a ouvir opiniões contraditórias. As convicções delas são tão ‘óbvias’ como uma tabela de multiplicar. Tenha em mente  todas as centenas de repetições, as idéias sempre foram apresentadas como fato. Sua única tentativa de levantar dúvida é subjugada pela intensa doutrinação.

Até mesmo se você conseguir induzir uma Testemunha a questionar uma doutrina central, ela se retirará tipicamente para sua posição original. A mente delas está repleta de frases acionárias que afirmam suas doutrinas de diferentes maneiras. Seu argumento é voto único contra uma dúzia.

Respostas programadas pelo grupo são confortáveis, pois soam como familiares e seguras. Uma Testemunha pode ficar espantada temporariamente por seu contra-argumento, mas uma vez que você tenha partido, o peso da doutrinação pode esmagar sua linha de argumentos.

Todos nós temos nossa própria coleção de respostas acionárias, como “Faça aos outros como gostaria que fizessem a você” (A Regra de Ouro). Ainda que nossas ações atuais possam contradizer este princípio, podemos continuar acreditando nisto porque ouvimos tão freqüentemente, declarado de vários modos.

Quando questionarmos uma convicção aprendida como regra, expomos nossa estabilidade mental, desde que nossa personalidade integrou esta  convicção

Caminho Errado

O Rastro Mais Seguro

Se você acha que está perdendo um debate, uma estratégia efetiva é focalizar em uma palavra particular que a outra pessoa usou e debateu a respeito. Isto pode distrair o oponente por um momento e pode lhe dar a chance de conduzir a conversação para longe da conclusão que você estava sendo forçado a aceitar.

Há muitas outras maneiras para descarrilar um debate, como introduzir idéias novas que só são conectadas vagamente com o assunto central. Esta técnica poderia ser chamada o “Argumento de Arenque Vermelho” ou “Placa do Caminho Errado”. Você pode manter a outra pessoa tão ocupada com questões paralelas que o assunto central é esquecido.

Lidando com o Desconforto

Normalmente não estamos atentos que desencaminhamos uma discussão; Simplesmente sentimos o incômodo da linha atual de investigação e desejamos nos distanciar das idéias que não gostamos. Mudamos sutilmente o objeto e voltamos para nossa zona de conforto. Este é um hábito abominável em que somos a presa, e pode nos impedir de enxergar um território iluminado.

Podemos evitar sabotar uma discussão inadvertidamente se verdadeiramente nos preocupamos em aprender, e ousarmos deixar nossos conceitos apreciados, pelo menos temporariamente. Se formos flexíveis,  podemos nos permitir enxergar além das palavras e frases e atentar para o verdadeiro assunto em questão.

Retorno a Zona de Conforto

Infelizmente, as Testemunha tem uma trava emocional que não as permitem serem flexíveis. A Sociedade Torre de Vigia se apresenta para ser o canal exclusivo da verdade, continuamente, e as Testemunhas são hesitantes para desafiar a confortante idéia que toda a verdade pode vir de uma fonte. É difícil de conseguir que eles considerem até mesmo a possibilidade que a Sociedade poderia estar errada sobre alguma coisa.

Como resultado, se você desconfortar uma Testemunha com uma proposta que está em conflito com a doutrina da Sociedade, ela se esforçará para voltar a  “zona de conforto”. Se você for sábio quanto a isto, poderá evitar qualquer “direção errada” e poderá continuar a retornar ao tema principal. Porém, isto provavelmente a apavorará, e ela cortará a discussão. Ela pode dizer que “Você simplesmente não entende!” ou ir embora com algum pretexto.

Uma vez que escapou, Ela pode (e normalmente irá) esquecer-se do assunto que você levantou.

Falácias Retóricas e Dispositivos

Em debates, é comum para uma ou ambas as partes recorrerem a uma classe de argumentos defeituosos conhecidos como “Falácias Retóricas”. Se você estiver familiarizado com estas, você pode prevenir a outra pessoa (e a você) de as utilizar.

Conclusões que procedem de falácias retóricas (ou outros dispositivos astutos) conterá um componente distorcido, desta forma, é uma estratégia vazia para ganhar um debate, se sua preocupação primária for a verdade.

As falácias retóricas foram documentadas, em detalhes, em muitos lugares. Eu mencionarei várias de forma sucinta. Para um exame mais detalhado, recorra a um livro em táticas de debater, ou consulte os mecanismos de busca na internet.

Algumas das falácias retóricas clássicas foram omitidas devido a não serem habitualmente usadas por Testemunhas de Jeová. Eu incluí alguns dispositivos retóricos observando a mim mesmo, e não descritos em outro lugar.

Apelo a Força (Argumento ad Baculum):

Uma exploração ao medo. Uma Testemunha pode dizer, “Se você não acreditar no que estamos dizendo, você será destruído por Deus!”

Acordo Espúrio

expressão vocal (tipicamente com um forte conteúdo emocional) projetado para estabelecer um falso senso de acordo. “Você não quer viver para sempre?” Esta é uma tentativa de aplacar  ‘o atacante.’

Ataque a Pessoa (Argumento ad Hominem):

Questionando a fonte de um argumento. “Talvez aquele livro que você citou seja muito bom, mas ouvi dizer que o autor é um bêbado.” Alternativamente, “eu não posso acreditar no que você diz porque você é há apenas um ser humano imperfeito.” Ou, “Você está discutindo apenas para provar a seus colegas que você pode mudar minha mente.”

Argumento da Ignorância (Argumento ad Ignorantiam):

Reivindicando que uma idéia deveria ser considerada válida porque não há nada que prove o contrário. “Ninguém jamais provou que os milagres na Bíblia não aconteceram”

Escape via Ignorância:

Aludindo a um desconhecimento de resposta existente a qualquer parte. “Talvez eu não possa responder sua pergunta, mas qualquer dos Anciões em nossa congregação poderá.” Tais reivindicações raramente são apoiadas.

Escape via Futuro:

Aludindo a uma resposta que será conhecida supostamente a uma data futura. “Talvez eu não possa responder seu ponto, mas nós Testemunhas “Esperamos em Jeová” quando  encontramos coisas que não podemos entender. Ele nos proporciona eventualmente as respostas.  Note que nenhum tempo-limite é especificado.

Escape via Relativismo:

Classificando um argumento como simplesmente um ponto de vista. “Bem, isso é apenas sua opinião.” Isto pode interromper uma cadeia de lógica. Outra frase comum é, “Todo o mundo tem sua a própria opinião” como se toda opinião fosse apoiada com igual evidência constrangedora..

Apelo a Autoridade (Argumento ad Verecundiam):

Obtendo apoio de uma pessoa famosa que não está presente para declarar as opiniões atuais dele. “Einstein acreditava haver um Deus. Você é um Einstein?”

Apelo as Pessoas (Argumento ad Populum):

“Provar” que algo é assim porque convenceu um grande número de pessoas. “Você pode negar que a Bíblia é o livro mais amplamente distribuído de todos os tempos?” (Nota: Raramente as Testemunha usam o  recurso  “Argumento  Numerum” que mantém que quanto maior o numero de  pessoas que são convencidas, maior a probabilidade de ser verdade. Afinal de contas, a religião delas constitui menos de um 1%  da população mundial.)

Generalização:

Padrões reconhecidos aplicados para casos específicos. “Você é um cético, assim você simplesmente não entende como as pessoas experimentam Deus.”

Raciocínio Circular (Circulus in Demonstrando):

Apoiando uma cadeia de argumentos pelos argumentos que contém. “A Bíblia é verdade porque é escrita por Deus. A Bíblia nos fala como Deus escreveu a Bíblia. Deus não mente, como a Bíblia nos fala, assim Ele não escreveria um livro que é falso, não é?” As Testemunhas idolatram a Bíblia, enquanto a enxergando como literalmente verdadeira. Isto poderia parecer como um “ponto fraco” no sistema de convicção delas, mas elas são inabaláveis nesse ponto porque assim não o fosse, tudo se quebraria.

Falácia de Pressuposição

Não questionando uma explicação de algo estabelecido. “Se a evolução é verdade, então…” Como o estudo da evolução está sempre em curso, a pessoa pode achar um ponto de divergência, e desafia a outra pessoa a demonstrar que é verdade, enquanto assumindo aquele fracasso para taxar todo o assunto por falso.

Interrogatório (Plurium Interrogationum):

Exigindo uma resposta simples quando isto não é possível. “Certo, se Deus não criou o universo, me diga como chegou aqui.” A resposta não pode ser honesta e breve se cada declaração insinuar perguntas adicionais.

Afirmação de Consequência:

Validando o elemento fundamental de uma implicação impropriamente. “A Bíblia diz que as pessoas de Deus estarão contentes; nós estamos contentes; então a Bíblia fala verdadeiramente.”

Conclusão Irrelevante (Ignoratio Elenchi):

Uma conclusão que não segue do argumento. “termos a verdadeira religião porque só nós fazemos pregação de porta em porta” . Se você mostra que os mórmones também fazem deste modo, lhe será dito que eles não fazem tanto quanto as Testemunhas, ou que a religião deles é obviamente falsa.

A Armadilha da Linguagem:

Usando uma palavra de modos diferentes, mas tratando isto logicamente com o mesmo conceito. “Você diz que está procurando a verdade. Bem, nós recorremos a nossa religião como ‘A Verdade’. Por que você pensa que nós fazemos isso?” A Armadilha da linguagem não é só um dispositivo retórico, mas um problema principal em comunicação. Eu chamo isto de uma “armadilha” porque ambas as pessoas podem cair inadvertidamente nela, se não estiverem atentas que a mesma palavra pode ser usada com sensos e conotações diferentes.

Bifurcação:

Alternativas apresentadas como se/ou, como bem/mal, falso/verdadeiro, não admitindo nenhuma área cinzenta. A Testemunha é ensinada a pensar em “preto e branco” e tende a acreditar”. Se você não for um de nós, você é um deles.” Elas recorrem a isto como a ovelha em distinção ao cabrito.

Avanço Alternativo:

Provendo duas ou mais escolhas que não cobrem a gama de possibilidades, mas refletem a mesma proposição essencialmente. “Se você não concordar comigo, estudemos este livro que eu trouxe. Se você concordar, vamos ao Salão do Reino neste Domingo.” Ambas as escolhas o expõem a doutrinação. Uma escolha que está perdendo:

Monopolizando a Pergunta:

Fazendo uma pergunta e dando imediatamente a resposta. “Quem foi enviado para nos resgatar? Jesus”. Claro que a literatura de Sociedade usa esta técnica implacavelmente.

Apelo a Antiquidade (Argumentum ad Antiquitatem):

Validando uma proposição por sua idade. “A Bíblia sobreviveu por tão longo tempo que deve ser verdade!” Compare com a Ilíada, Gilgamesh, o Vedas, e assim por diante.

Apelo a Novidade (Argumentum ad Novitatem):

Apoiando uma declaração por sua novidade. “Sim, houve erros no passado, mas nós recebemos  “Nova Luz” de Brooklyn, e assim a luz continua a crescer mais e mais.  Percebe como isto nos aproxima da verdade?” As Testemunhas tiveram várias reversões e re-reversões de suas doutrinas principais.. Isto tende a desacreditar seu principio das “Novas Luzes”.

Apelo a Pobreza (Argumentum ad Lazarum):

Explorando a impressão que dinheiro corrompe. “A Sociedade é uma organização não-lucrativa, e ninguém está ficando rico em tudo isso. Não é isso que Deus deseja?”

O Declive Escorregadio:

Declarando que a aceitação de uma conclusão terá conseqüências apavorantes. “Se o que você diz é verdade, nega o valor da Bíblia, e isso não é aceitável, assim você deve estar errado, de alguma maneira”

Repetição e Ênfase (Argumentum ad Nauseam):

Martelar um ponto tão freqüentemente que poderia ser marcado como uma rota. As Testemunhas freqüentemente fazem isso, novamente e novamente, o ponto repetitivo é usualmente o que elas aprenderam através de uma rota marcada.

Retificação

Tratando algo abstrato como real. “Eu sei que há um Deus; Eu o senti em minha vida” Esta declaração pode ser explicada de vários modos que não exigem que um deus exista.

Homem de Palha:

Atacando uma caricatura do que a outra pessoa disse. “Você disse que você não lê a Bíblia literalmente. Bem, se fosse apenas um grupo de histórias , porque os historiadores e arqueólogos a acham tão útil?”

Controle de Informação

Métodos Stalinesque

A Sociedade adverte as Testemunhas quais tipos de informação não são “saudáveis” ou “enaltecidas.” [10] A testemunha aprendeu por repetição e pressão que este conselho útil da Sociedade deveria ser levado muito seriamente. Até mesmo as sugestões assumem o significado de um comando. Por lembranças inflexíveis a Testemunha é ensinada a fazer decisões considerando:

Quais Livros Podem Ler
Quais Programas Na TV Podem Assistir
Quais Filmes E Jogos Podem Atentar
Quais Sites Na Internet Podem Visitar

Para preencher o vazio, é determinado livros e revistas, escritos pela Sociedade, que é suposto que elas estudem cuidadosamente. Há tantas de tais publicações que elas podem preencher o tempo delas sem acesso as mídias proibidas pela Sociedade.

Por exemplo, se uma Testemunha deseje aprender sobre outras religiões, elas têm um livro que pretende explicar o mais importante. Dá uma avaliação de cada religião, mas isto é seguido imediatamente por uma explicação de porque aquela religião em particular está errada.

Para aprender sobre a teoria de evolução, uma Testemunha lerá uma publicação típica  como “Vida Qual Sua Origem? Por Evolução ou Criação?” que apresenta várias críticas à teoria de evolução, e faz o uso considerável da retórica  “Homem de Palha”.

Se você perguntar a uma Testemunha se elas estudaram outras religiões, ou evolução, elas responderão honestamente no afirmativo. Elas realmente estudaram em detalhes estas, embora o material de fonte seja escrito cuidadosamente pela Sociedade para assegurar a quais conclusões devem ser chegadas.

Uma Testemunha pode estar tão bem preparada para levantar objeções à evolução que apenas um perito ou um cético poderia contender contra esses argumentos.

Enquanto a Sociedade não tenha (pelo que me consta) publicado uma lista negra de livros que não podem ser lidos, eles provêem diretrizes para selecionar o material de leitura. Em resultado, a Testemunha é muito bem informada sobre a visão da Sociedade sobre as coisas, e tem uma boa idéia de qual material é considerado ruim. Elas evitam informações que encorajariam dúvidas.

Dentro da Testemunha, o termo “pensamento independente” é pejorativamente usado. São aconselhadas fortemente que aprendam o material da Sociedade em lugar de formar suas próprias conclusões.”

Métodos Orwellianos

Considerando que a Sociedade Torre de Vigia  mantém controle apertado sobre as informações para  qual uma Testemunha está exposta, eles são livres para reescrever a história objetivando manter uma imagem límpida, ajudando as pessoas a se esquecer dos fracassos passados.

Entre 1968 e 1975, A Sociedade repetidamente insinuou que o mundo chegaria a um cataclismo conhecido como “Armageddon” em 1975.  Devido as Testemunha poderem ler entre as entrelinhas (levando certas sugestões como comandos, por exemplo), muitos deixaram seus empregos, venderam suas casas, ou adiaram uma educação adicional para se prepararem para o Grande Dia.

1975 chegou e se foi. Milhares de Testemunhas deixaram o movimento. Uma tendência que não seria revertida senão após três anos. Ainda hoje se você perguntar a uma Testemunha o que aconteceu em 1975, ela dirá que simplesmente foi o resultado de alguns irmãos especularem, e que a maioria das Testemunhas não levou a sério.

Aquelas Testemunhas que estavam presentes durante o fiasco de 1975 e permaneceram Testemunhas, também reivindicam que o incidente não foi de grande importância. Digno de nota é que a maioria das atuais Testemunhas entraram após 1975, e são expostas ao constante “jogo-baixo” utilizado pela Sociedade. Isto cria um ambiente em que os veteranos começam a duvidar de suas próprias recordações. Alguns podem concluir que apenas sua congregação foi varrida pela febre de 1975.

A maioria das Testemunhas são completamente desavisadas que uma predição apocalíptica semelhante falhou em 1925, e a Sociedade perdeu metade de seus membros. A informação está disponível a elas, se elas se preocupassem em cavar profundamente, mas sua carga de trabalho torna  difícil achar tempo para tal pesquisa.

Desde que a Sociedade controla tudo o que uma Testemunha lê, vê e ouve, têm uma audiência cativa a quem eles podem dizer quase qualquer coisa. Eles podem reescrever o passado com pouco medo de contradição.  Mesmo que você conheça bem a história da Sociedade, poderá ter dificuldades em convencer uma Testemunha que o que você diz é efetivo.

Conclusão

Com plena consciência das táticas que as Testemunhas usam para inclinar argumentos, você pode ganhar a maioria dos debates com elas se mantiver uma cabeça fresca. Porém, se você pretender provocar uma mudança permanente em atitudes, seus esforços podem ser sentenciados ao fracasso.

A questão aqui não é a verdade, mas necessidade. O sistema de convicção lhes proporciona uma fundação psicológica por meio da qual elas podem fazer o mundo ser mais compreensível. As convicções atuais podem ser tão estranhas e inventadas quanto qualquer teoria de conspiração, mas o crescimento rápido da religião (que aumentou de 2 milhões a mais de 5 milhões em duas décadas, entre 1977 e 1997) indica que a Sociedade está oferecendo algo que muitas pessoas querem ter.

A negação de uma das suas convicções necessariamente não produz um resultado duradouro, porque são  convicções entrelaçadas tal como uma armadura ligada a uma corrente. O fracasso de uma convicção pode ser ajustado em seu devido tempo, porque não abala seu padrão global ou estilo de vida, e permanecerá uma lembrança irritante até que a Testemunha se acomode ou disponha de nova informação.

Assim, você pode “ganhar a batalha mas perder a guerra”. Você não pode criar uma mudança profunda em uma Testemunha a menos que ela já tenha algumas dúvidas. Você não está dentro da cabeça dela, então não pode saber se prováveis dúvidas existem, se houver, não é provável que ela lhe conte, pois seria considerado como fraqueza na fé. Testemunhas são treinadas para se monitorar cuidadosamente contra a apostasia.

Minha conclusão, baseado em duas décadas de experiência com as Testemunhas de Jeová, é que você pode ter apenas uma discussão compreensiva com esses que já se preocupam por discrepâncias na doutrina da Sociedade Torre de Vigia. Não há nenhum modo seguro (de desprogramação) para você induzir a estas preocupações, porque o fator chave é a personalidade individual das Testemunhas..

Desprogramação – O isolamento de um indivíduo e a destruição sistemática de suas convicções pode ser um procedimento desapiedado que toma a segurança de uma pessoa e não dá nada em retorno. O vazio deve ser preenchido se você estiver atentando ao melhor. Se esta não é sua intenção, então qual é seu propósito? Você está tentando provar a si próprio que suas idéias estão corretas? Além disso, a pessoa precisa deste tipo de ajuda? Qual é o benefício?

Enquanto a lógica tiver seu lugar em qualquer discussão, há algo mais que deve ser considerado quando debatendo com uma Testemunha de Jeová: Compaixão. Sua preocupação com o bem-estar do indivíduo pode ser mais importante que seus argumentos cuidadosamente construídos. Como um benefício paralelo, compaixão pode ser uma força estabilizante se suas próprias convicções encararem o escrutínio.

Eu devo admitir que o código rígido das Testemunhas às vezes pode as colocar em uma situação que ameace suas vidas. Você pode se sentir obrigado a fazer algo a respeito. Todavia, seu sucesso não é assegurado..

Se conforto emocional for mais importante que verdade, uma Testemunha pode resistir a desafios físicos e mentais. Realmente, é improvável que uma pessoa possa permanecer uma Testemunha a menos que considere o conforto mental em alta prioridade. Isto é uma profunda desonestidade, mas quem de nós pode dizer que nunca ajustou (ou limitou) suas convicções para aliviar os fardos de nossa viagem pela vida?

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Descubra mais sobre Logos Apologetica

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading