
Em um debate recente com um ateu cético (vídeo: “Cliffe Knechtle Debates the Biggest Atheist”), o evangelista Cliffe Knechtle — conhecido por suas conversas francas em campi universitários — enfrentou essas perguntas sem rodeios.
E suas respostas revelam algo raro: humildade intelectual + firmeza teológica.
Neste artigo, vamos desdobrar, com fidelidade ao debate, as 5 maiores objeções ao cristianismo — e como respondê-las com clareza, honestidade e profundidade bíblica.
1. O Que é Realmente a Blasfêmia Contra o Espírito Santo — e Por Que Ela é Imperdoável?
A pergunta que mais assusta cristãos:
“Jesus disse que todo pecado será perdoado… exceto um. O que é a blasfêmia contra o Espírito Santo — e como sei se já a cometi?”
Cliffe Knechtle responde com clareza pastoral — e alívio:
“Blasfêmia contra o Espírito Santo significa que você brincou tanto com Deus que seu coração se endureceu a ponto de nunca mais ouvir sua voz. Você não se arrepende. Não sente necessidade de perdão. Deus é irrelevante.”
(02:20 no debate)
Ou seja:
Quem se preocupa com isso — não cometeu.
Quem cometeu — nem se importa.
O Contexto Bíblico (Marcos 3)
- Os fariseus acusaram Jesus de expulsar demônios por meio de Satanás.
- Jesus responde: “Como Satanás expulsaria Satanás? Um reino dividido não subsiste.”
- Então acrescenta: “Todo pecado será perdoado… mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão.”
A blasfêmia aqui não é um ato isolado (ex: uma piada mal colocada).
É um estado de rejeição contínua e deliberada da convicção do Espírito Santo — até que a pessoa perde a capacidade de se arrepender.
“É como Faraó: endureceu o próprio coração 6 vezes. Só depois lemos ‘o Senhor endureceu o coração de Faraó’ — porque ele já havia se fechado por completo.”
(02:45)
Aplicação prática:
Se você está lendo isso e sente inquietação espiritual — você está longe dessa condição.
A graça ainda está batendo à sua porta. Basta abrir.
2. “Deus Ordenou Genocídio?”: A Difícil Questão das Guerras no Antigo Testamento
“Deus disse: ‘Não deixem vivo nada que respire. Destruam totalmente os hititas, amorreus, cananeus… até as crianças e os animais.’ Isso é genocídio. Como um Deus amoroso ordena isso?”
(29:20 – citando Deuteronômio 20:16–18)
Cliffe não minimiza. Ele confessa a dificuldade — e oferece 5 camadas de resposta:
Camada 1: Deus tem o direito de julgar
“Em nossa cultura, ‘Deus julga’ é inaceitável. Mas a Bíblia insiste: Deus é justo juiz. Ele julgou os cananeus… e, séculos depois, julgou Israel com o exílio babilônico.”
(21:30 e 31:50)
Isso não é favoritismo étnico — é coerência moral.
Camada 2: Hipérbole literária é comum no Oriente Antigo
“Muitos desses povos ‘totalmente destruídos’ reaparecem nos livros seguintes. Isso mostra que a linguagem é exagerada retoricamente — como dizer ‘vamos matar o time adversário’, sem querer dizer isso literalmente.”
(22:05)
Camada 3: Contexto arqueológico sugere alvos militares, não civis
“Jerico era uma fortaleza militar, não uma cidade de famílias. As ‘mulheres e crianças’ mencionadas eram provavelmente parte da guarnição — como Raabe, prostituta espiã.”
(22:25)
Camada 4: Interconexão geracional — não punição individual
“Essas crianças não eram punidas por seus pecados. Mas viviam em um mundo corrompido por gerações de idolatria brutal (sacrifícios infantis, prostituição ritual). As consequências do pecado coletivo atingem inocentes — como hoje em guerras ou acidentes.”
(22:50)
Camada 5: A justiça final de Deus restaura tudo
“A Bíblia nunca diz que essas crianças estão no inferno. Creio que veremos muitas delas no céu — especialmente as mortas antes da ‘idade da responsabilidade’.”
(23:50)
Conclusão teológica:
Essas ordens não são modelo ético para hoje — são eventos únicos na formação de uma teocracia que prepararia o caminho para o Messias.
“Israel não era um exemplo de ‘guerra justa’. Era um ato singular de julgamento divino — como o Dilúvio. Não repetível. Não imitável.”
(26:55)
Parte 2: O Teste das Objeções “Impossíveis”
Stuart, com habilidade filosófica, não ataca os clichês (ex: “ciência vs. Bíblia”), mas vai direto aos pontos mais dolorosos para a consciência moderna:
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Objeção
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Como Cliffe Respondeu
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Avaliação
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“Deus ordenou genocídio em Canaã?”
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Contexto + progressão revelacional:<br>– Hipérbole literária (“totalmente destruídos” ≠ literal)<br>– Fortalezas militares, não vilarejos de civis<br>– Julgamento único, não modelo ético<br>– Analogia: Dilúvio — ato singular de justiça cósmica
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Excelente. Evita justificativas morais fáceis. Reconhece a tensão — sem negá-la.
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“A Bíblia aprova escravidão?”
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Distinção crucial: <br>Regulamentação ≠ aprovação.<br>Cita Mateus 19:8 (“Moisés permitiu por causa da dureza dos corações”).<br>Aponta progresso: Êxodo (libertação!) → Filemom (Onésimo como irmão).
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Muito bom. Mostra que a Escritura não idealiza a escravidão — mas a humaniza até seu fim.
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“Por que Deus não impediu o acidente que matou uma criança?”
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Vulnerabilidade total:<br>“Luto com isso. Não entendo. Mas a realidade de Cristo na minha vida é mais forte que minha dúvida.”<br>Usa analogia do avião caído: o dilema ético prova que humanos têm valor inalienável — só possível se feitos à imagem de Deus.
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Extraordinário. Troca a defesa racional por testemunho existencial — muito mais poderoso para céticos sinceros.
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O Momento-Chave: Quando a Teologia Encontra a Ética Real
A parte mais brilhante do debate ocorre entre 15:00 e 20:00, quando Stuart propõe um experimento mental ético:
“Um barco com 5 pessoas afunda. A balsa só cabe 4. Quem você salva? E se você não pode sair — só escolher?”
Cliffe não responde com doutrina.
Responde com visão de mundo:
“O fato de termos dificuldade em decidir prova que humanos têm valor. Se somos só ‘macacos glorificados’, por que importa quem vive ou morre?”
(14:30)
E então entrega a bomba histórica:
“Essa noção de valor humano não veio dos gregos, romanos ou filósofos céticos. Veio da ideia bíblica de que todos são feitos à imagem de Deus.”
(19:50)
Esse é o cerne do debate:
O cristianismo não só responde às objeções — ele explica por que elas existem.
A indignação diante do sofrimento inocente só faz sentido dentro de um universo onde a justiça é real — e isso aponta para um Legislador Moral.
3. “A Bíblia Aprova a Escravidão?” — Uma Leitura Contextual Profunda
“Êxodo 21:20–21 diz: ‘Se um escravo sobreviver dois ou três dias após apanhar, o dono não será punido — pois o escravo é sua propriedade.’ Isso não é endosso à escravidão?”
Cliffe responde com uma distinção crucial — e respaldada por Jesus:
“A Lei do Antigo Testamento regula, mas não aprova. É como o divórcio em Deuteronômio 24: Moisés permitiu, mas Jesus diz: ‘Foi por causa da dureza dos seus corações’ (Mateus 19:8). A regulamentação não é endosso — é misericórdia em um mundo caído.”
(41:45)
Tipos de “Escravidão” na Bíblia Hebraica
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Tipo
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Descrição
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Diferença da Escravidão Americana
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Servidão por dívida
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Hebreu pobre se vendia por até 7 anos (Êx 21:2)
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Voluntária, temporária, com direitos (Sábado, festas)
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Escravos estrangeiros
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Capturados em guerra ou comprados (Lv 25:44–46)
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Regulada: proibido abuso, ferimentos = liberdade (Êx 21:26–27)
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Servos permanentes
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Escolhiam ficar após 7 anos (Êx 21:5–6)
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Até com ritual simbólico (perfuração da orelha)
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Mas a direção progressiva da revelação é clara:
“O maior milagre do AT? Deus liberta escravos do Egito.
O sermão inaugural de Jesus? ‘Deus ama gentios tanto quanto judeus’ (Lucas 4).
A parábola mais famosa? O Bom Samaritano — um ‘inimigo’ cuidando de um judeu.
E Paulo a Filemom: ‘Aceite Onésimo não como escravo, mas como irmão amado.’”
(44:40–47:20)
A mensagem do Novo Testamento é inequívoca: em Cristo, não há escravo nem livre (Gl 3:28) — não como negação de categorias sociais, mas como rejeição da desumanização.
4. O Problema do Sofrimento: “Por Que Deus Não Intervém?”
“Por que Deus não fez o motorista ver a placa de ‘PARE’ antes do acidente que matou uma criança?”
(10:20)
Essa é, para Cliffe, a objeção mais dolorosa — e ele responde com transparência rara:
“Não entendo. Luto com dúvida. Não tenho todas as respostas. Mas quando estava só aos 10 anos em Nova York, clamei: ‘Jesus, se você existe, me mostre’ — e senti sua presença de forma avassaladora. Apesar das dúvidas, a realidade de Cristo na minha vida é mais forte que a incerteza.”
(11:00–11:30)
Ele usa uma analogia poderosa:
“Um avião cai. Cinco pessoas na água. Balsa para quatro. Como escolher?
O fato de sofrermos com essa pergunta prova que humanos têm valor inalienável — só possível se fomos feitos à imagem de Deus.
Se somos ‘macacos glorificados’, por que importa quem sobrevive?”
(13:50–14:30)
A fé cristã não explica todo sofrimento — mas dá sentido a ele:
- Cristo entrou no sofrimento (não ficou distante)
- Ele chorou com os que choram (Jo 11:35)
- E prometeu: “Enxugarei toda lágrima” (Ap 21:4)
5. “O Deus do Antigo Testamento é Diferente do de Jesus?” — Unidade da Revelação
“Yahweh parece ciumento, violento, arrependido. Jesus é amor, mansidão, perdão. São o mesmo Deus?”
Cliffe responde: sim — e a “ciúme” é virtude:
“Se seu filho começa a se aproximar de um traficante, você não ficaria ‘ciumento’? Não lutaria para resgatá-lo? O ciúme de Deus é amor zeloso — não inveja, mas proteção contra o que destrói.”
(37:50)
E lembra:
- Jesus expulsou vendilhões do templo com um chicote (Jo 2:15)
- O livro mais sangrento da Bíblia é Apocalipse — do Novo Testamento
- Jesus disse: ‘Eu julgarei as nações’ (Mt 25:31–32)
A Bíblia é coerente:
- Deus é santo → odeia o mal
- Deus é amoroso → oferece redenção
- Deus é justo → punirá o que não se arrepender
Conclusão: Fé Não é Certeza Cega — É Confiança Baseada em Evidência
Cliffe termina com uma história reveladora:
“Depois de uma aula brilhante na Colômbia, perguntei ao professor: ‘Para que você vive? E qual a evidência de que isso é verdade?’
Ele respondeu: ‘Não sou a pessoa certa para essa pergunta.’
Quantos vivem assim — sem nunca questionar o fundamento de suas vidas?”
(12:30)
A fé cristã não exige ignorar as dificuldades.
Exige seguir a evidência — mesmo quando parte dela é obscura.
“Não posso provar a ressurreição. Mas a evidência da presença de Cristo na minha vida, nas vidas de outros, na transformação de culturas… me convence: Ele é a melhor opção.”
(13:00)
Bônus: 3 Livros para Aprofundar (Recomendados por Teólogos)
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Livro
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Autor
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Por Que Ler
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The Problem of Pain
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C.S. Lewis
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Clássico sobre sofrimento, com sensibilidade poética e lógica firme
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Is God a Moral Monster?
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Paul Copan
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Resposta acadêmica às objeções éticas ao Antigo Testamento
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Mere Christianity
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C.S. Lewis
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Estrutura lógica da fé cristã — ideal para céticos sinceros
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Quer ouvir o debate na íntegra?
Cliffe Knechtle Debates the Biggest Atheist (YouTube)
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O que é blasfêmia contra o Espírito Santo? Por que Deus ordenou matar crianças no Antigo Testamento? A Bíblia aprova escravidão? Respostas francas de Cliffe Knechtle a um ateu — sem evasivas, com profundidade bíblica e honestidade intelectual.
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