É triste dizer, muitos cristãos vão dar este livro uma pausa em sua teologia ruim porque supostamente contêm uma história comovente (embora eu achei que fosse literatura mal trabalhada também). E eu vou dar-lhe uma pausa, na medida em que faz uso de alguns dos mesmos argumentos que você vai encontrar em Glenn Miller e o problema do mal. Mas nada disso torna-se para o caminho em que o A Cabana vai na onda da emergente correnteza do “Deus é meu amigo”.
Quão ruim é isso? Muito ruim. A esposa do protagonista chama a Deus de “Papa” e afirma ter uma “amizade íntima” com ele. Todos os três membros da Trindade são apresentados como pessoas risonhas e fofas que não podem parar de abraçar e beijar o personagem principal e uns aos outros e atuam como conselheiros de luto pessoais do personagem principal. Young, sem dúvida, quer que os críticos caiam na armadilha de se opor às formas raciais e de gênero específicos em que aparecem para que ele possa acusar os críticos de intolerância – desculpe, não. Não lhe ocorre que não é mais útil refazer Deus em uma imagem por causa de uma agenda social que é para retratá-lo como um homem branco.
Já escrevi várias vezes sobre o ponto de vista de Deus na Bíblia em termos de um patrono antigo – remoto e de fato um que raramente faz contato direto com, ou interfere com, Sua criação. Obras como essa de Young vão alienar ainda mais os cristãos e criar apóstatas pois vão perceber que eles não estarão recebendo mensagens pessoais e sessões de aconselhamento de Deus da forma como o personagem principal.
Apesar de Young, isso não se trata de “relações e simplesmente compartilhar a vida.” (178) A única “relação” que a Bíblia oferece com Deus é uma relação de clientelismo – uma em que servimos. Não há sacos de almoço com Jesus e não estamos aqui para experiência. Não é uma “amizade viva” – esta que foi importada para a fé com base em modelos ocidentais que surgiram apenas nos últimos 100 anos. Também não é sobre regras, como Young retrata o outro lado da equação; no entanto convém aos emergentes enfatizar quando isso é feito para que eles podem propor seu adversário e mais flagrante erro com maior facilidade.
E para piorar as coisas, Young se refere à formação no seminário da personagem principal em termos irônicos (embora todo o seu material de “argumento do mal” teria vindo em última análise, de pessoas como Plantinga). A saber:. “…Deus não se encaixam bem com a sua formação teológica. No seminário, ele tinha sido ensinado que Deus havia parado completamente qualquer comunicação aberta com os modernos, preferindo ter-lhes apenas ouvir e seguir a Sagrada Escritura, devidamente interpretada, é claro. A voz de Deus tinha sido reduzida para o papel, e mesmo o papel tinha que ser moderado e decifrado pelas autoridades competentes e intelectos”. (65-66)
Mas isso não tem que ser tão moderado. Young mostra, precisamente porque este é o caso em seu escrito artificial dos membros da Trindade como pessoas risonhas e seu descuidado endosso de linhas telefônicas diretas a Deus (o ardor no peito mórmon é quase tão eficiente). Para não mencionar seus erros flagrantes de não reconhecer a subordinação funcional na Trindade; de ter Jesus dizendo que ele não tinha a intenção que as pessoas O seguissem como um exemplo a copiar (149 – errado, teria sido a função de Jesus como líder de seu grupo interno; e as admoestações de Paulo de imitar a Cristo?), e de não conseguir se conectar a figura de Provérbios 8 de Sabedoria com Jesus – em vez disso, ele o transforma em mais uma das entidades hipostáticas de Deus, embora não um em pé de igualdade com a Trindade (171).
Claro, como muitas pessoas aceitavam Dan Brown acriticamente, não há muita esperança de que vão ser mais críticos quando se trata de A Cabana. Para mim, é apenas mais uma fonte de erro para corrigir entre milhares.
Outra excelente resenha do livro pode ser encontrada aqui.
-JPH
Fonte: http://www.tektonics.org/books/shackrvw.php
Tradução: Emerson de Oliveira