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Os ateus são mais motivados à caridade do que os teístas?

CompassionO título deste artigo foi copiado, palavra por palavra, de um comunicado de uma publicação da Live Science. Isto é importante porque o ponto que eu gostaria de fazer tem a ver com a forma como a imprensa e publicidade tratam esses artigos.

HotAir.com contou outra manchete sobre o mesmo artigo: “Confirmado: ateus são mais motivados por compaixão em doações de caridade do que os crentes”.

Agora uma pausa e considere apenas essas duas manchetes, as únicas palavras de uma história que provavelmente serão lidas pela maioria das pessoas. Qual seria a sua conclusão ? Porque os ateus são mais generosos e compassivos do que teístas!

Mas suponha que eu lhe dissesse que realizei um experimento com 100 ateus e 100 teístas e lhes pedisse para relatarem quanto dinheiro doaram e a atitude que tiveram ao doar. Digamos que 90 dos 100 teístas fizessem doações de caridade e todos afirmassem que sua atividade foi um dever. Além disso, imagine que apenas 10 de 100 ateus doasse, mas que cada um desses 10 relataram fazê-lo, porque eles foram movidos pela compaixão. Qual seria a sua conclusão? Obviamente, “Os ateus são mais compassivos do que os teístas.” Mas esta é uma conclusão realmente apoiada pela evidência?

Vamos voltar ao artigo em questão. Ele foi escrito pelos sociólogos acadêmicos Robb Willer e Laura Saslow. Nele, pelo que nos informa a imprensa, eles realizaram três estudos.

Na primeira, eles usaram uma velha pesquisa com este resultado:

Atitudes de compaixão foram relacionados com o número de comportamentos generosos que uma pessoa foi propensa a relatar. Mas essa ligação era mais forte em pessoas que eram ateias ou apenas um pouco religiosas, em comparação com as pessoas que estavam mais fortemente religiosas.

Em outras palavras, “ateu”, como definido por este primeiro estudo, incluiu “não-ateus” ou “algum ateu, alguns religiosos”. A pesquisa é tendenciosa é suspeita e pode indicar que sua correlação estatística não produzir um valor publicável quando se compara ateus reais com teístas reais. O estudo relata sobre o número de “comportamentos generosos” (seja o que for isso), que foram correlacionados com alguma definição de compaixão. Não há nenhuma palavra sobre a fração de teístas que se envolveram em “comportamentos generosos” versus a fração de ateus que se envolveram nestes.

Aqui está o resultado do segundo estudo:

Apresentou-se a 101 adultos um vídeo neutro ou emocional sobre crianças em situação de pobreza. Eles receberam, então 10 dólares falsos cada um e disseram que  poderiam dar tanto quanto pudessem a um estranho. Aqueles que eram menos religiosos deram mais quando viram o vídeo emocional em primeiro lugar.

A descrição não é clara, mas parece que os participantes viram os dois tipos de vídeos, mas em ordem aleatória. Não está claro quantos teístas ou ateus viram o vídeo “emocional” em primeiro lugar, ou se os pesquisadores aglomeraram alguns teístas com ateus para completar os seus números.

E você notou que os dólares falsos foram dadas a um desconhecido? Por que não deram dólares reais para crianças reais em situação de pobreza real? Ou dinheiro para um parente ou amigo em sofrimento? O estudo envolveu uma situação específica, estranha e irreal.

E então o terceiro estudo:

Uma amostra de mais de 200 estudantes universitários relatou o seu atual nível de compaixão e, em seguida, participaram de jogos econômicos em que foram dados dinheiro para compartilhar ou não a um estranho. Aqueles que foram os menos religiosos foram mais compassivos e momentaneamente compartilharam mais.

Como se mede o “atual nível compaixão” de alguém? E o que o dinheiro falso tem a ver com a doação na vida real? Nada disso é claro.

O “Live Science” termina com uma citação de Willer: “No geral, esta pesquisa sugere que, embora as pessoas menos religiosas tendem a ser menos confiáveis nos EUA, quando entra em cena o sentimento de compaixão, eles podem realmente ser mais inclinadoa a ajudar os seus concidadãos do que as pessoas mais religiosas”. Agora, por que alegar que os ateus são “menos confiáveis”? O que isso tem a ver com qualquer desses estudos? Willer pode estar sendo desonesto com suas conclusões?

E você notou o qualificador? Ateus, ao sentirem compaixão, podem ser mais inclinados a “ajudar” (com dinheiro falso, é claro) seus concidadãos. E quando os ateus não sentem compaixão? Sentem compaixão mais ou menos frequentemente os teístas? Quem dá mais? Quem é o mais generoso na vida real?

Estas são as verdadeiras questões, e, infelizmente, o estudo não fez nada para respondê-las. Por essa razão, devemos ter cuidado com a afirmação ousada feita por essas mídias sensacionalistas seculares.

Originalmente publicado em Blog de William M. Briggs ‘. Usado com permissão.

Fonte: http://www.strangenotions.com/atheists-more-motivated-by-compassion-than-the-faithful/
Tradução: Emerson de Oliveira

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