Bem, amanhã (o artigo original foi publicado em 10/9/2011) se completa o décimo aniversário dos ataques de 11 de setembro, nos EUA. Este ataque sacudiu o mundo. Finalizou abruptamente aproximadamente 3000 vidas valiosas e destruiu incontáveis outras. Forçou as pessoas a reconhecerem o mal, perguntarem-se se algum dia justiça poderia ser feita, e desafiou nossa capacidade de seguir em frente.
Como cristão, dói-me ver tanta maldade no mundo. Machuca mais ainda ver as atrocidades cometidas em nome da religião. Muitos ateus compartilham dos meus sentimentos e se tornaram até mesmo militantes contra todos os tipos de religião por causa disso. Eles afirmam que não há nenhuma maneira possível de as religiões estarem certas se estas causam tanta dor desnecessária e sofrimento no mundo. Eu quero aproveitar alguns momentos para discutir o mal, a justiça e perdão no contexto dos acontecimentos de uma década atrás através de ambas as visões de mundo cristã e ateísta.
O mal
Em última instância, não há espaço, no ateísmo, para existir bem ou mal, de forma alguma. O pior que o ateísmo pode dizer sobre os eventos de 11/9 é que “organismos não mais respiram”. O ateísmo não valoriza mais a vida humana além do que outra pessoa o faz. Se eu pudesse dizer que “nenhuma pessoa que foi morta tinha algum valor, e eu sou indiferente a tudo isso”, minha opinião seria tão “certa” ou “boa” quanto à de alguém que perdeu uma pessoa amada e iria discordar passionalmente. A verdade, entretanto, é que a maioria das pessoas sãs iria reconhecer minha “opinião” como atroz, insensível, cruel e mesmo errada. Até ateus iriam se sentir ofendidos com um posicionamento tão indiferente.
No ateísmo o único espaço para bem ou mal está na pessoa ou na sociedade. Uma pessoa ou sociedade poderia propor que algo é bom, enquanto outro propõe que este algo é mau. Não há nenhuma maneira de desfazer o empate. Não há espaço para alguém chamar o que aconteceu a dez anos de “mau”.
Apenas o teísmo oferece uma fundação sólida para estabelecer o que é verdadeiramente “bom” ou “mau”. O teísmo cristão, especificamente, assegura que todas as pessoas são criadas à imagem e semelhança de Deus, portanto possuem um valor intrínseco. De acordo com o ateísmo, não há diferença significante entre uma mosca doméstica comum e um ser humano que dê a este valor intrínseco. No cristianismo os eventos de 11/9 podem ser verdadeiramente condenados como atos de maldade. No ateísmo os eventos de 11/9 pode haver opiniões classificando-os como “maus”, ou ainda serem classificando-os como “bons”. Apenas o cristianismo torna disponível o que sabemos ser verdadeiro sobre a realidade.
Justiça
O ateísmo também assegura que não há vida após a morte; não haverá julgamento para atos de maldade nesta vida. Se uma pessoa comete um crime e depois se suicida, a punição é evitada. As famílias das vítimas de 11/9 não possuem esperanças de serem justiçadas se o ateísmo for verdadeiro. A morte de Osama Bin Laden é apenas uma morte… para aproximadamente 3 mil vidas? O ateísmo não dá bases para dizer que não. Já que no ateísmo não há espaço para valor ou mal, não se pode justificar a busca por justiça. O fato de que Bin Laden foi morto foi apenas uma coincidência que qualquer um pode dizer qualquer coisa que quiser a respeito… de forma que os eventos de 11/9 podem ser rotulados da forma que qualquer um quiser inventar.
O ateísmo acredita que lamentar-se é apenas um processo psicológico sem base nenhuma que nós, seres humanos, precisamos desempenhar para seguir em frente com nossas vidas sem propósito. Seguir em frente pode incluir busca por vingança, mas devido à morte dos responsáveis, nunca será realizada.
O cristianismo estabelece que tais atos de crueldade (o qual possui uma base para determina-los) serão passíveis de punição. Justiça será feita. Aqueles que perdem seus entes queridos podem lamentar-se pela perda de alguém com valor real altíssimo, que também teve seu propósito. Eles podem então erguer suas cabeças com confiança de que o próximo passo (justiça) está nas mãos d’Aquele que é capaz e irá fazer justiça independente do estado biológico atual dos responsáveis. Não precisamos nos sentir compelidos a buscar “justiça” ou vingança. Nós continuamos a cumprir nosso propósito de vida sem que essa compulsão pese sobre nós.
Perdão
Finalmente, muitas pessoas desejam seguir em frente oferecendo perdão aos perpetradores. Muitos reconhecerão que este seria o “caminho superior” comparado com a busca por vingança. O ateísmo é indiferente a tal distinção. O cristianismo não apenas encoraja a oferta de perdão para nos ajudar a continuar completando nosso propósito de vida depois de tal tragédia, mas estabelece um padrão para isso.
O cristianismo assegura que todos são inferiores (pecadores) quando comparados ao Deus perfeito, e mesmo a menor culpa evita que nos aproximemos da Sua presença. O Deus Cristão é um Deus de justiça, mas também um Deus de perdão. Sua justiça foi satisfeita pela morte de Jesus Cristo na cruz; Sua misericórdia e perdão são oferecidos através da morte de Jesus Cristo na cruz. Para o perdão fazer efeito, precisa não apenas ser oferecido, mas também aceito. Se nós desejamos estar na Sua presença e ter um relacionamento pessoal com a Essência Suprema, justiça e misericórdia, precisamos aceitar a oferta do Seu perdão; caso contrário iremos nos deparar com a Sua justiça.
Todos os que foram responsáveis pelos eventos de 11/9 e não aceitaram a oferta Divina de perdão irão enfrentar Sua justiça, pelos seus pecados, por conta própria. Se você foi afetado pelos eventos de 11/9, eu o encorajo a aceitar o sacrifício de Cristo, para que você possa receber perdão, e tenha a base e a segurança de que você não precisará buscar vingança para que a justiça seja feita. Em Cristo, nós temos um modelo de perdão em que podemos nos apoiar para nos ajudar a continuar cumprindo nosso propósito que Deus deu a nossas vidas, em face de tanto mal neste mundo.
Fonte: http://lukenixblog.blogspot.com.br/2011/09/atheism-evil-and-ultimate-justice.html
Tradução: Hendrio Medeiros Marques