1. Está cheio de contradições e discrepâncias
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Não é muito difícil convencer alguém de que a Bíblia é cheia de contradições — isto é, se não conhece muito bem a Bíblia. Tudo o que você precisa fazer é citar Provérbios, onde o autor nos diz para não “responder (26:4)” — ou seria, “responder ao tolo segundo a sua tolice” (26:5). Ou talvez apontar que Mateus coloca o “Sermão da Montanha” em uma montanha (Mt. 5:1), enquanto Lucas diz que Jesus falou em um “lugar plano” (Lc. 6:17). Abias é um bom rei (2 Crônicas 13) ou um mau (1 Reis 15:1-8)? Os humanos foram criados por último (Gn. 1:1-2:4a) ou primeiro (Gn. 2:4b–25)? Claro, essas são apenas amostras de inúmeras outras que as pessoas gostam de trazer à tona.
Uma pequena pesquisa, no entanto, mostrará que os provérbios não são escritos para nos dar princípios universalmente válidos (“Eu sempre responderia a um tolo de acordo com sua tolice”), mas sim que eles são verdadeiros somente quando aplicados na situação certa. Dependendo do “tolo” com quem você está falando, você tem que determinar qual provérbio é relevante para a situação.
Os Evangelhos não pretendem ser simplesmente relatos factuais, mas trazer à tona o significado teológico de eventos reais para seu público contemporâneo pretendido. Então Mateus coloca o sermão de Jesus em uma montanha para trazer à tona uma conexão que todos os seus leitores judeus cristãos originais reconheceriam imediatamente. Ou seja, Jesus falando em uma montanha sobre a lei os lembraria de como Deus deu a Moisés a lei no Monte Sinai (Êxodo 19-24): Lucas, escrito principalmente para cristãos helenísticos, não pegaria essa conexão tão prontamente.
O mesmo é verdade em relação ao relato de Abias em Reis e Crônicas. Estas não são apenas coleções de dados sobre um rei chamado Abias. As duas histórias estão usando a história de Israel e Judá para responder a perguntas relevantes para seu tempo. O autor de Reis escreve para aqueles que sobreviveram à destruição de Jerusalém pelos babilônios para explicar por que estão no exílio. Eles e seus reis quebraram a lei de Deus e sofrem as consequências. Crônicas, por outro lado, foi escrito para a comunidade pós-exílica e, entre outros assuntos, está interessado em escolher eventos na vida de seus reis que mostram sua devoção a Deus.
Quanto aos dois relatos da criação : embora ambos estejam interessados em nos dizer quem criou tudo, nenhum deles está interessado em nos dizer como ele fez isso. Nenhum deles está nos contando a sequência real da criação, mas descreve a criação em linguagem figurativa. Podemos recorrer à ciência e fazer as perguntas como Deus fez isso.
Como demonstrei, supostas “tensões e contradições” na Bíblia são geralmente casos em que alguém entende mal o gênero e o propósito de uma certa passagem, ou está medindo a Bíblia por um padrão inapropriado. Em meus mais de quarenta anos como um estudioso bíblico profissional, ainda não ouvi tal afirmação que realmente se fixe quando eu faço uma pequena pesquisa. Sugiro que outros façam o mesmo.
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