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As consequências de matar a Deus

nietzsche-and-his-sister-1899“Deus está morto” é uma frase popularizada pelo filósofo niilista alemão Friedrich Nietzsche, no final de 1800. Ele acreditava que o ateísmo estava avançando, e que a influência do cristianismo diminuiria devido aos avanços científicos. Em sua parábola do Louco ele apresentou suas ideias. Observe as descrições vívidas que Nietzsche usa.

Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emigrou? – gritavam e riam uns para os outros.

O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi! Nós os matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás, para os lados, para frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós os matamos!

Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará esse sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então!” Nesse momento silenciou o homem louco, e novamente olhou para seus ouvintes: também eles ficaram em silêncio, olhando espantados para ele. “Eu venho cedo demais”, disse então, “não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longínqua constelação – e no entanto eles cometeram! – Conta-se também no mesmo dia o homem louco irrompeu em várias igrejas , e em cada uma entoou o seu Réquiem aeternaum deo. Levado para fora e interrogado, limitava-se a responder: “O que são ainda essas igrejas, se não os mausoléus e túmulos de Deus?”.

Muitos continuam a ecoar os sentimentos de Nietzsche: “Deus está morto”. Contudo, temos uma análise aprofundada das ramificações desta declaração? Nietzsche tinha uma clara compreensão das graves consequências de seguir esse pensamento às suas conclusões lógicas. As implicações são assustadoras. Ele previu que o século XX seria o mais sangrento da história, se as pessoas defendessem a crença de que Deus não existe.

Se não há Deus, não há nenhuma base sobre a qual construir um padrão absoluto de moral. Pode-se recorrer a mentalidade de rebanho ou o senso inato do certo e do errado. É verdade que, sem Deus, o homem ainda pode viver uma vida moral, mas sem Deus, o homem não tem um ponto de referência ou um lugar para ancorar sua moral. O padrão para a moral torna-se autorreferencial.

Por exemplo, em algumas culturas, não há prescrição contra o canibalismo ou estupro. Mesmo entre as pessoas que apoiam isso é moralmente variável. Qual moralidade é correta? Como podemos determinar cuja moralidade é correta? Pode-se não gostar, ou até mesmo descaradamente discordar do comportamento dos outros, mas não pode dizer que o que fizeram é moralmente errado. Sem Deus, a moral torna-se subjetiva, onde cada indivíduo determina o que é certo ou errado a seus próprios olhos.

Felizmente, Deus não está morto. Ele está muito vivo, apesar de muitos tentarem fazer o que podem para colocá-lo sob prisão domiciliar. A moralidade está enraizada na personalidade de Deus. Não precisamos saber como viver estilos de vida morais. Deus tem fornecido todas as informações necessárias para viver moralmente e dá à humanidade um lugar para ancorar a sua moralidade.

“Eu sou o caminho, a verdade, e a vida.” – João 14,6

Fonte: http://joshfults.com/2012/07/31/the-consequences-of-killing-god/

Tradução: Emerson de Oliveira

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