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Apêndice B: “Vinda” ou “Presença” — O Que Revelam os Fatos?

Carl Olof Jonsson e Wolfgang Herbst, de
The Sign of the Last Days — When?
(O Sinal dos Últimos Dias — Quando?)
(Atlanta: Commentary Press, 1987) de Carl Olof Jonsson e Wolfgang Herbst, pp. 249-265.
Nota de Emerson: agradeço ao site www.geocities.com/osarsif pela máteria

Na pergunta feita a Jesus em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, “Qual será o sinal da tua vinda,” a palavra “vinda” traduz a palavra grega parousía. Parousía significa primariamente “presença,” mas está hoje bem estabelecido que no tempo de Jesus também era usada num sentido diferente. Apesar disto, a Watch Tower Society insiste em “presença” como sendo o único significado bíblico correcto do termo. Nisto eles têm claramente “segundas intenções.”

A alegação feita por eles segundo a qual a parousía de Cristo começou em 1914 e que desde aquele ano temos visto o sinal disto nos acontecimentos mundiais implica que os discípulos de Jesus perguntaram por um sinal indicando que Cristo tinha vindo e estava invisivelmente presente, não por um sinal que precederia a sua vinda e que indicasse a iminência desta. Consequentemente a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, da Sociedade, traduz a pergunta em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, assim:

Diz-nos, Quando sucederão estas coisas, e qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?

A ideia por detrás desta tradução é que a segunda vinda de Cristo consiste em duas etapas, a primeira sendo uma presença invisível por um período até à segunda etapa, a da revelação final da sua presença ao mundo na batalha do Armagedom. Esta ideia não se originou com a Watch Tower Society. Remonta à década de 1820, quando foi primeiro sugerida pelo bem conhecido banqueiro e expositor bíblico londrino Henry Drummond, que se tornaria mais tarde um dos fundadores da Igreja Católica Apostólica, de Edward Irving. A teoria da “presença invisível” ou “vinda em duas etapas,” hoje melhor conhecida como a teoria do “arrebatamento secreto,” foi rapidamente aproveitada por outros expositores de profecias. Foi adoptada não apenas pelos Irvinguitas mas também pelos seguidores de John Nelson Darby, a Irmandade de Plymouth, através da qual se espalhou amplamente na Inglaterra, nos E.U.A. e noutros países. Tornou-se muito popular especialmente entre os milenaristas, cristãos que acreditavam num milénio literal, futuro, na terra.1

Para muitos dos defensores da ideia da “vinda em duas etapas” a palavra grega parousía tornou-se um ponto crucial na discussão. Era normalmente defendido que esta palavra se referia à primeira etapa da vinda de Cristo, a sua presença invisível “no ar.” Era usual dizer que as palavras gregas ephiphánia, “aparecer,” e apokálypsis, “revelação,” por outro lado, aplicavam-se à segunda etapa da vinda, a intervenção de Cristo em acontecimentos mundiais na batalha do Armagedom. Modificar a tradução de parousía de “vinda” para “presença” altera radicalmente o sentido, não apenas da pergunta dos discípulos, mas também da resposta de Jesus. Isto é ilustrado pelos argumentos avançados em 1866 pelo Reverendo Robert Govett, o defensor inglês mais proeminente da ideia do arrebatamento secreto no último século:

Se nós dissermos, ‘Qual é o sinal da Tua vinda?’ (Mat, xxiv. 3) então, … estamos a perguntar por um sinal do movimento futuro do Salvador desde os mais altos céus. Se dissermos, ‘Qual é o sinal da tua presença‘ estamos a perguntar por uma prova da existência secreta de Jesus no ar, depois da sua acção para com a terra ter sido suspensa por algum tempo.

Os discípulos perguntam, ‘Qual será o sinal da tua Presença?’ (versículo 3). Portanto, isto assegura-nos que eles imaginavam que Jesus estaria secretamente presente. Não precisamos de um sinal para aquilo que é exibido abertamente.2

Estes argumentos apresentados em 1866 foram aproveitados por muitos outros expositores, entre eles Charles Taze Russell. Em 1876, sob a influência do Adeventista Nelson H. Barbour e seus associados, Russell tinha adoptado “presença” como o único significado aceitável de parousía para explicar como Cristo poderia ter vindo em 1874 (como tinha sido predito por Barbour) sem ter sido notado por ninguém. A adopção deste ponto de vista, portanto, ficou a dever-se a uma predição falhada e foi usada como um meio de explicar o seu falhanço de 1874. Esta explicação foi mantida pelos seguidores de Russell até ao princípio da década de 1930, quando foi subitamente “descoberto” que a “presença invisível” de Cristo tinha começado em 1914 em vez de 1874!

Contudo, tal ênfase em “presença” como sendo o único significado bíblico correcto de parousía parece ter muito pouco apoio entre tradutores da Bíblia. De facto, todos excepto um número muito pequeno de tradutores da Bíblia preferem as expressões “vinda,” “advento,” “chegada,” ou termos similares, em vez de “presença.” Um pesquisador e coleccionador de Bíblias, que é Testemunha, William J. Chamberlin, de Clawson, Michigan, E.U.A., verificou cuidadosamente como é que parousía é traduzido em Mateus capítulo vinte e quatro, versículos 3, 27, 37 e 39, em centenas de Bíblias diferentes desde o Novo Testamento de William Tyndale de 1534 até traduções publicadas tão recentemente como 1980, e ele preparou listas extensivas do modo como 137 traduções deste período apresentam aqueles versículos. Um exame destas listas forneceu alguns resultados muito interessantes.

“Parousía” nas traduções da Bíblia

Antes da segunda metade do século dezanove aparentemente poucos tradutores da Bíblia estavam inclinados a traduzir parousía por “presença.” Dos tradutores ingleses do Novo Testamento desde Tyndale no século dezasseis até Robert Young em 1862, Chamberlin encontrou apenas um tradutor, Wakefield, que no seu Novo Testamento (1795) usou “presença” como uma tradução de parousía em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 39. Mas mesmo Wakefield preferiu traduzi-la como “vinda” nos versículos 3, 27 e 37 no mesmo capítulo. Mais ainda, Daniel Scott na sua tradução de Mateus publicada em 1741 (New Version of St. Matthew’s Gospel [Nova Versão do Evangelho de S. Mateus]) apresenta “presença” nas notas, enquanto retém “vinda” no texto principal.

O primeiro tradutor no século dezanove a traduzir parousía como “presença” em Mateus capítulo vinte e quatro foi provavelmente o Dr. Robert Young na sua Literal Translation of the Holy Bible (Tradução Literal da Bíblia Sagrada; 1862), sendo a razão, como o título indica, ter ele tentado apresentar os significados estritamente literais das palavras gregas em vez dos significados no idioma moderno. Dois anos depois, Benjamin Wilson, um dos primeiros líderes de um pequeno grupo religioso conhecido hoje como a Church of God General Conference (Conferência Geral da Igreja de Deus), publicou a sua The Emphatic Diaglott (A Diaglott Enfática; 1864), que também traduz parousía como “presença” em todas as 24 ocorrências no Novo Testamento.3

Então, em 1868-1872, Joseph B. Rotherham publicou o seu The Emphasized New Testament (O Novo Testamento Enfatizado). Mas não foi senão na terceira edição revista, publicada em 1897, que Rotherham mudou a sua tradução da parousía de “vinda” para “presença.” Porquê? A razão que ele dá no Apêndice da terceira edição indica que ele, pelo menos em parte, tinha abraçado a ideia da “vinda em duas etapas”. Ele explica que a parousía de Cristo pode ser não só um evento, mas também “um período — mais ou menos extenso, durante o qual certas coisas devem acontecer.” Indubitavelmente, Rotherham foi influenciado no seu modo de pensar sobre este assunto através da sua amizade próxima com alguns escritores da revista The Rainbow (O Arco-Íris), da qual o próprio Rotherham se tornou editor durante os últimos três anos da sua vida.4

Outros tradutores do século dezanove que usaram “presença” para parousía em Mateus capítulo vinte e quatro foram W. B. Crickmer (The Greek Testament Englished [O Novo Testamento em Inglês], 1881), J. W. Hanson (The New Covenant [O Novo Pacto] , 1884) e Ferrar Fenton, que começou a publicar as primeiras partes da sua tradução, The Bible in Modern English (A Bíblia em Inglês Moderno), em 1880.

No nosso século traduções que vertem parousía como “presença” em Mateus capítulo vinte e quatro são A Concordant Version (1926), de A. E. Knoch, Bible Numerics (2.ª ed., 1935), de Ivan Panin, a New World Translation of the Christian Greek Scriptures da Watch Tower Society (1950), New Testament de James L. Tomanek (1958), a Restoration of Original Holy Name Bible (1968), Today’s English New Testament (1972), de Donald Klingensmith e o New Testament do Dr. Dymond (1972; apenas em forma manuscrita).5 Outras traduções apresentam às vezes “presença” como o significado literal de parousía em notas de rodapé, mas preferem “vinda,” “chegada” (ou outras expressões do mesmo tipo) no texto principal.

Portanto, com estas comparativamente poucas excepções, tanto tradutores antigos como modernos preferiram traduzir parousía por “vinda,” “advento,” “chegada,” ou algum termo similar em vez de “presença” em textos que tratam da segunda vinda de Cristo. Eles fazem isto apesar do facto de todos eles concordarem que “presença” é o significado primário da palavra. Porquê? Será lógico acreditar que tantos peritos na língua original do Novo Testamento de alguma forma não conseguiram encontrar o verdadeiro sentido do termo grego?

Que dizer das versões mais antigas do Novo Testamento, as versões Latina, Siría, Copta e Gótica, que foram feitas enquanto o grego koiné original do Novo Testamento ainda era uma língua viva? O que revelam estas sobre a maneira como aqueles tradutores antigos compreenderam a palavra parousía?

“Parousía” nas versões mais antigas do Novo Testamento

É bem conhecido que a versão Vulgata Latina foi feita pelo grande perito do quarto século Hieronymus, hoje mais conhecido como S. Jerónimo. Ele realizou o seu trabalho de tradução perto do fim do quarto século, começando com os evangelhos em 383 A.D.. Curiosamente, em 20 das 24 ocorrências de parousía no Novo Testamento, Jerónimo escolheu a palavra Latina para “vinda,” adventus, da qual deriva a palavra inglesa “advent.” As quatro excepções são 1 Coríntios 16:17; 2 Coríntios 10:10; Filipenses 2:12 e 2 Pedro 1:16. Nestas ocorrências a Vulgata usa a palavra Latina para “presença,” praesentia. Vale a pena notar que apenas o último destes quatro textos se refere à parousía de Cristo. Em todas as outras dezasseis ocorrências onde parousía se refere à vinda de Cristo, Jerónimo preferiu a palavra Latina adventus. Porquê? Evidentemente ele sentiu que em textos que tratam da parousía de Jesus Cristo a palavra significa “vinda” em vez de “presença.” Estava ele errado ao pensar assim?

Na verdade, a Vulgata Latina não foi a versão Latina mais antiga da Bíblia. Foi precedida por numerosas traduções Latinas, algumas das quais foram feitas no segundo século. A Vulgata de Jerónimo era, de facto, não uma tradução mas uma revisão destas versões Latinas anteriores (embora comparadas com os textos originais hebraicos, aramaicos e gregos), uma revisão feita para criar uma versão Latina com mais autoridade do que a diversidade de versões Latinas antigas. Estas versões mais antigas são designadas pelo nome comum de Old Latin Bible (Bíblia Latina Antiga) ou (em Latim) Vetus Latina. Tal como a Vulgata, estas versões também traduzem normalmente parousía por adventus. As cinco excepções (2 Coríntios 10:10; Filipenses 2:12; 2 Tessalonicenses 2:9; 2 Pedro 3:4, 12) incluem apenas duas passagem relativas à parousía de Cristo. Portanto, tal como a Vulgata, as versões Latinas Antigas preferem traduzir parousía pela palavra adventus, fazendo-o em 15 dos 17 textos respeitantes à parousía de Cristo.6 (Veja a tabela anexa na página 255.)

A palavra Latina adventus significa literalmente “uma vinda para,” embora pudesse às vezes ser usada no sentido de “presença.” No entanto, nas versões Latinas acima mencionadas adventus é claramente usada no sentido de “vinda,” em contraste com praesentia, a palavra Latina para “presença.”

A versão síria Peshitta foi feita no quinto século, mas tal como a Vulgata Latina foi precedida por versões mais antigas, conforme mostrado, por exemplo, pelos manuscritos siríos Curetonian e Sinaítico.7 Se, como é normalmente sustentado, a língua original de Jesus e dos seus apóstolos foi o aramaico, estas versões sirías podem de facto reflectir palavras usadas pelo próprio Jesus e pelos apóstolos, incluíndo a palavra siría para parousía em Mateus capítulo vinte e quatro, me’ thithá!8 Tal como a palavra Latina adventus, me’ thitá significa literalmente “vinda,” derivando de um verbo que significa “vir.”

A Versão Gótica foi produzida por Wulfila a meio do quarto século, sendo por isso ligeiramente anterior à tradução da Vulgata Latina. Esta versão traduz parousía pelo substantivo gótico cums, uma palavra parecida com o “come” inglês. Significa, muito naturalmente, “vinda.”9

Portanto, a conclusão notável é que as versões mais antigas do Novo Testamento — produzidas quando o grego koiné ainda era uma língua viva e por tradutores que, pelo menos alguns deles, conheciam aquela língua muito bem desde a sua infância — preferiram traduzir o subtantivo grego parousía por palavras que significam “vinda” em vez de “presença” em passagens que se referem à segunda vinda de Cristo. Eles fizeram isto apesar do facto de parousía ter como significado primário “presença” e ser traduzida desta maneira em outros sítios. A questão é: Porque é que eles traduziram a palavra como “vinda” quando se referia à parousía de Jesus Cristo, mas como “presença” quando se referia à parousía, por exemplo, do apóstolo Paulo (2 Coríntios 10:10; Filipenses 2:12)? Durante séculos isto permaneceu uma espécie de mistério, até que — no princípio do nosso século vinte — novas descobertas possibilitaram que peritos modernos do Novo Testamento grego descobrissem a resposta a este enigma.

O uso técnico de parousía

Escavações durante o último século nos sítios das antigas colónias do mundo Greco-Romano touxeram à luz centenas de milhares de inscrições em pedra e metal e textos em papiro, pergaminho e fragmentos de loiça.

Estes novos achados revolucionaram o estudo da língua grega original do Novo Testamento. Foi descoberto que o grego do Novo Testamento nem era um “grego bíblico” especial como alguns acreditavam, nem o grego literário, arcaico, usado por autores contemporâneos, mas era em grande parte influenciado pelo grego vernáculo usado por pessoas normais em casa e em qualquer lado, a língua comum da vida diária, a forma falada do grego koiné.

As consequências desta descoberta para a compreensão da língua grega original da Bíblia foram primeiro exploradas em detalhe por Adolf Deissmann, mais tarde Professor na Universidade de Heidelberg (e ainda mais tarde na Universidade de Berlim), que começou a publicar as suas descobertas em 1895. Outros peritos, que se aperceberam da importância da descoberta, em breve começaram a analisar os textos recém descobertos. Foi lançada nova luz sobre a maneira como eram usadas e compreendidas muitas palavras gregas no tempo em que o Novo Testamento foi escrito.

Uma das palavras, cujo significado foi clarificado pelos novos textos, foi a palvra parousía. As novas descobertas foram resumidas pelo Professor Deissmann em 1908 no seu trabalho agora clássico Licht vom Osten (Luz do Oriente). A sua discussão da palavra parousía, que abrange várias páginas, começa com a seguinte explanação:

Ainda outra das ideias centrais da adoração Cristã mais antiga recebe luz dos novos textos, a saber, parousia [parousía], ‘advento, vinda,’ uma palavra que expressa as esperanças mais ardentes de um S. Paulo. Podemos agora dizer que a melhor interpretação da esperança cristã primitiva da Parousia é o antigo texto sobre o Advento, ‘Eis, o teu Rei chegou.’ [Mateus 21:5] Desde o período ptolomaico até ao 2.º séc. A. D. conseguimos traçar a palavra a leste como uma expressão técnica para a chegada ou a visita do rei ou do imperador.10

 

A seguir o Professor Deissmann dá muitos exemplos deste uso do termo. Por ocasião de uma visita oficial, real, deste tipo, como por exemplo quando o imperador romano fez uma parousía às províncias a Leste, “as estradas foram reparadas, multidões reuniram-se para prestar homenagem, houve procissões destes indivíduos vestidos de branco, toques de trombeta, aclamações, discursos, petições, ofertas e festividades.”11 Com frequência era reconhecida uma nova era a partir da parousía do rei ou imperador, e eram cunhadas moedas para comemorá-la. Aquando da visita ou parousía do Imperador Nero, por exemplo, em cujo reinado Paulo escreveu as suas cartas para Corinto, as cidades de Corinto e Patras cunharam “moedas-advento.” Estas moedas trazem a inscrição Adventus Aug(usti) Cor(inthi), demonstrando que o adventus Latino era usado como um equivalente do termo grego parousía naquelas ocasiões.12

Desde esse tempo, pesquisa adicional feita por numerosos peritos, como os Professores George Milligan, James Hope Moulton e outros, tem confirmado ainda mais as conclusões de Deissmann, que foi quem primeiro demonstrou este uso técnico de parousía.13 Este uso do termo explicou claramente por que razão as versões mais antigas do Novo Testamento o traduzem por palavras que significam “vinda” em textos que estão relacionados com a parousía de Jesus Cristo. Hoje todos os léxicos e dicionários de grego indicam este significado da palavra além do seu significado primário (“presença”), e existe um consenso geral entre os peritos modernos que parousía no Novo Testamento, quando usado para se referir à segunda vinda de Cristo, é usado no seu significado técnico de visita real.14

Será a sua vinda “uma visita de um rei”? Certamente que sim. A Bíblia apresenta repetidamente a parousía de Cristo como uma vinda “com poder e grande glória,” quando ele se sentar “sobre o seu trono glorioso” e for acompanhado por “todos os seus anjos.” (Mateus 24:30; 25:31) Uma poderosa “voz” de um arcanjo, “um grande som de trombeta,” e outros sinais notáveis contribuem adicionalmente para a descrição da parousía de Cristo como uma visita oficial, real, notada por todos e fazendo com que “todas as tribos da terra batam em si mesmas em lamento” ao vê-lo. A sua vinda não é de maneira nenhuma apresentada como uma presença invisível, secreta, que passa despercebida à grande maioria da humanidade — Mateus 24:27, 29-31; 1 Tessalonicenses 4:15, 16; Revelação 1:7.

Reivindicado o apoio de peritos

Em apoio da sua insistência em “presença” como o único significado aceitável de parousía na Bíblia a Watch Tower Society cita às vezes algumas traduções da Bíblia e ocasionalmente um perito em grego. Contudo, é significativo que a maioria destas referências sejam obsoletas, datando de uma época em que o uso técnico do termo ainda era desconhecido.

Assim, a discussão mais recente da palavra parousía, publicada na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências, edição revista de 1984, páginas 1576 e 1577 (Apêndice 5b), começa por citar quatro traduções da Bíblia que apresentam parousía como “presença” em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, três das quais (The Emphatic Diaglott, de Wilson, The Emphasized Bible, de Rotherham, e The Holy Bible in Modern English, de Fenton) foram produzidas antes da descoberta de Deissmann e dos seus colegas. A quarta é a própria Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs da Sociedade, de 1950! O artigo que se segue é completamente dominado por uma citação do trabalho The Parousia escrito pelo Dr. Israel P. Warren, que argumenta em defesa de “presença” como sendo o significado bíblico correcto de parousía. Infelizmente, o trabalho do Dr. Warren data de 1879!15

O artigo, contudo, também se refere a três léxicos de grego moderno. Indica-se que A Greek-English Lexicon de Liddell e Scott e TDNT (Theological Dictionary of the New Testament) de Kittel/Friedrich apresentam ambos “presença” como o significado de parousía. Mas porque é que não se diz aos leitores que estes mesmos dois léxicos explicam a seguir que parousía também era usada no sentido técnico de “a visita de um rei”? Porque é que não é dito aos leitores que estes mesmos léxicos enfatizam que esta é a maneira como a palavra é usada no Novo Testamento quando se refere à parousía de Jesus Cristo? O último destes dois léxicos, TDNT, de fato só gasta algumas frases sobre o significado primário, “presença”. O resto do artigo, abrangendo 14 páginas ao todo, é uma discussão do uso técnico do termo, demonstrando que é assim que a palavra é usada nos textos do Novo Testamento que tratam da parousía de Jesus Cristo! O leitor da publicação da Torre de Vigia nunca saberia isto e é improvável que tivesse meios para o descobrir. Uma argumentação que precisa de empregar tal uso obviamente tendencioso da evidência pouco tem que a recomende.

Finalmente, o léxico de Bauer é citado como dizendo que parousía “tornou-se o termo oficial para uma visita de uma pessoa de elevada posição, esp(ecialmente) de reis e imperadores que visitam uma província.” Curiosamente, esta declaração é citada como se desse apoio adicional à afirmação de que a Bíblia usa parousía apenas no sentido de “presença”, apesar do facto de o léxico de Bauer dar aqui o uso técnico do termo, a visita oficial de um rei ou imperador (ou uma pessoa de elevada posição).

Existe um dicionário moderno de Grego-Inglês, contudo, que parece dar algum apoio ao entendimento da Watch Tower Society acerca da parousía de Cristo como um período de “presença invisível,” seguido por uma “revelação” final da sua presença na batalha do Armagedom. É o Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento), de W. E. Vine, que define o termo parousía da seguinte maneira:

PAROUSIA … denota tanto uma chegada como a subsequente presença com…. Quando usada para se referir ao retorno de Cristo, significa não meramente a sua vinda momentânea para os Seus santos, mas a Sua presença com eles desde esse momento até à Sua revelação e manifestação ao mundo.

Esta descrição da parousía soa muito parecida à da Watch Tower Society. Portanto, não é surpresa nenhuma descobrir que a definição que Vine apresenta da palavra é amplamente citada na página 1335 do dicionário bíblico da Sociedade Aid to Bible Understanding (Ajuda ao Entendimento da Bíblia). Pode ser uma surpresa para alguns, porém, saber que Vine foi um dos mais assíduos defensores da doutrina do “arrebatamento secrteto” no nosso século. Isto aparentemente fez com que ele definisse a palavra parousía de uma maneira que apoiasse os seus pontos de vista teológicos. Contudo, isto só serviu para o pôr em conflito com os resultados da moderna erudição.

Conforme observado anteriormente, a ideia do “arrebatamento secreto” teve os seus defensores mais zelosos entre os seguidores de John Nelson Darby, chamados a Irmandade. Em 1847 um desentendimento entre Darby e George Müller, o líder de um grupo da Irmandade em Bristol, Inglaterra, dividiu o movimento em dois: a Irmandade Exclusiva, liderada por Darby, e a Irmandade Aberta, que alinhou com Müller. Embora o próprio Müller rejeitasse o conceito do “arrebatamento secreto,” o movimento da Irmandade Aberta aderiu à ideia e continuou a pregá-la. W. E. Vine, que nasceu em 1873, estava associado com a Irmandade Aberta e parece tê-lo estado desde a sua juventude. Ele foi um grande perito, e o seu Dicionário é inestimável como manual para o estudo do Novo Testamento. A sua definição da palavra parousía, contudo, foi claramente influenciada pela sua aderência à doutrina do “arrebatamento secreto,” uma doutrina que lhe deve ter sido muito cara desde a sua juventude. Ele defendeu-a em vários livros escritos em colaboração com um condiscípulo, o Sr. C. F. Hogg, como por exemplo The Epistles of Paul and the Apostle to the Thessalonians (As Epístolas de Paulo e o Apóstolo aos Tessalonicenses; 1914), Touching the Coming of the Lord (Atingindo a Vinda do Senhor; 1919), e The Church and the Tribulation (A Igreja e a Tribulação; 1938). O último livro mencionado foi publicado como uma resposta ao ataque do Rev. Alexander Reese contra a ideia do “arrebatamento secreto,” no livro The Approaching Advent of Christ (O Advento de Cristo que se Aproxima), publicado no ano anterior (1937). O bem conhecido exegeta e comentador bíblico, Professor F. F. Bruce, embora tendo os mesmos antecedentes religiosos do Dr. Vine, faz os seguintes comentários críticos a respeito do uso que Vine e Hogg fazem da palavra parousía no seu sistema escatológico:

Talvez o aspecto mais distintivo de Atingindo a Vinda tenha sido o tratamento dado à palavra parousía. Eles insistiram no sentido primário de ‘presença’ e interpretaram a palavra no seu uso escatológico como significando a presença de Cristo com a Sua Igreja glorificada no intervalo que precede a Sua manifestação em glória….

Pode ser posta em dúvida se esta interpretação de parousía faz justiça ao sentido que a palavra tem no grego helenístico. Os escritores apelaram, de facto, ao léxico de Cremer em apoio do seu ponto de vista; mas Cremer escreveu muito antes de o estudo de papiros vernaculares ter revolucionado o nosso conhecimento da linguagem helenística comum.16

Portanto, a referência da Watch Tower Society à definição de parousía do Dr. Vine não tem grande peso. Examinada mais de perto, mostra ser essencialmente tão obsoleta como as outras referências da Sociedade.

O que mostra o contexto bíblico?

Quando uma palavra tem mais do que um significado, o contexto deve ser sempre considerado ao determinar como deve ser compreendida. O contexto de Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, indica que Mateus usou parousía no seu sentido técnico ou no seu sentido primário? A Watch Tower Society afirma que este último sentido, “presença,” é indicado pelo contexto. A The Watchtower de 1.º de Julho de 1949 disse, na página 197:

O facto de a chegada ou visita de um rei ou imperador ser um dos significados técnicos de parousía não nega nem refuta que nas Escrituras Sagradas tenha o significado presença a respeito de Jesus Cristo. Para mostrar o significado da palavra o contexto nas Escrituras é mais poderoso do que qualquer uso exterior da palavra em papiros num sentido técnico.

De acrodo, o contexto nas Escrituras é mais poderoso nessa circunstância. A questão é, Será que o contexto de Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, realmente mostra que os discípulos perguntaram por um sinal que indicaria que Cristo estava presente, e não por um sinal que indicaria que ele estava a chegar? Existe alguma razão para acreditar que eles na verdade pensavam na vinda de Cristo como uma “presença invisível” que só podia ser reconhecida através de um sinal visível?

Quando esta questão foi posta à Watch Tower Society, eles tiveram de admitir que os discípulos “não faziam ideia que ele [Cristo] reinaria como um espírito glorioso desde os céus e portanto não sabiam que a sua presença seria invisível.”17

Se os discípulos não faziam ideia que Cristo no futuro viria para estar invisivelmente presente, como é que eles podiam ter perguntado por um sinal de uma tal presença invisível? Isto, por si só, mostra que Mateus não podia ter usado parousía no sentido de “presença.” Evidentemente, eles pediram a Jesus que lhes desse um sinal que anunciaria que a prometida vinda ou chegada de Cristo estaria iminente. Eles queriam um sinal, não para tomarem conhecimento de algo, que já estaria a ocorrer, mas um sinal que desse aviso antecipado que o evento desejado estava prestes a ocorrer, estava de facto iminente. A sua linguagem, as palavras que usaram para expressar a sua pergunta, estariam em harmonia com esse desejo.

Que este é o entendimento correcto é claramente confirmado pela maneira como Marcos registou a pergunta deles. Na versão de Marcos, a pergunta por um “sinal” refere-se apenas à destruição do templo. Certamente é impossível pensar que eles precisavam de algum “sinal” para os convencer que o templo tinha sido destruído ou que a sua destruição estava a ocorrer. Eles queriam alguma indicação antecipada dessa ocorrência!18

A maneira como Jesus respondeu à pergunta deles confirma completamente isto. Depois de mencionar acontecimentos futuros que também incluíam a destruição de Jerusalém, Jesus, nos versículos 29 e 30, descreveu o sinal que acompanharia a sua futura vinda “nas nuvens” e acrescentou:

Aprendei, pois, da figueira o seguinte ponto, como ilustração: Assim que os seus ramos novos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que o verão está próximo. Do mesmo modo, também, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo às portas, — Mateus 24:32, 33, NW.

Deve-se notar que Jesus não disse que quando eles vissem os ramos novos da figueira ficarem tenros e brotarem folhas, saberiam que “o verão está presente.” Estes sinais precederiam o verão e provariam que ele está próximo. Similarmente, o sinal da vinda do Filho do homem provaria que “ele está próximo às portas“, não invisivelmente presente. A comparação é entre o verão estar próximo, e Cristo estar próximo. Claramente, Jesus disse aos seus discípulos para estarem atentos a um sinal que iria preceder a sua chegada ou “visita real,” e não um sinal que se seguiria à sua chegada e que mostrasse que ele estava invisivelmente presente. Portanto, a partir do contexto de Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, é muito claro que os discípulos perguntaram pelo sinal da vinda iminente de Cristo, não por um sinal da sua presença. O contexto, portanto, apoia fortemente a conclusão de que Mateus usou a palavra parousía no seu sentido técnico, para significar a chegada ou visita de um rei ou alto dignitário.19

Também é notável que dos quatro escritores dos evangelhos, Mateus é o único que usa a palavra parousía, e isto só no capítulo vinte e quatro. Os quatro versículos que contêm o termo (3, 27, 37 e 39) têm paralelos em Lucas, mas em vez de parousía Lucas normalmente usa “dia” ou “dias”. Quando Jesus compara a sua vinda com o relâmpago, que ilumina repentinamente com um clarão todo o céu visível de este para oeste ele acrescenta, segundo Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 27, “Assim será a vinda (parousía) do Filho do homem,” Lucas em vez disso, no capítulo dezassete, versículo 24, tem, “assim será o Filho do homem no seu dia.” Assim, a parousía de Cristo e o dia (heméra) são usados de modo equivalente para se referir ao tempo do aparecimento ou revelação de Cristo. Isto é evidenciado ainda mais claramente na comparação que Cristo fez entre a sua vinda e a vinda do dilúvio nos dias e Noé, quando os homens “não fizeram caso, até que veio o dilúvio; assim será a vinda [parousía] do Filho do homem.” (Mateus 24:37, 39) A versão de Lucas também acrescenta a destruição de Sodoma nos dias de Ló e diz: “do mesmo modo será naquele dia em que o Filho do homem há de ser revelado.” — Lucas 17:26-30.

É óbvio que Jesus não está aqui a comparar a parousía com os períodos que precederam o dilúvio e a destruição de Sodoma. É desta maneira que a Watch Tower Society o explica, referindo-se à expressão “os dias do Filho do homem” em Lucas capítulo desassete, versículo 26. Pelo contrário, Jesus compara claramente a sua futura vinda como a vinda inesperada do dilúvio, e com a destruição súbita de Sodoma. Tal como aqueles dois acontecimentos, a sua parousía será um acontecimento revolucionário, uma intervenção divina que mudará imediatamente a situação para toda a humanidade de uma maneira muito perceptível. A comparação entre Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 39, e Lucas capítulo dezassete, versículo 30, mostra que a parousía denota “o dia em que o Filho do homem será revelado.” O facto de se associarem “os dias de Noé” com “os dias do Filho do homem” em Lucas capítulo dezassete, versículo 26, portanto, significa apenas que tal como os homens nos dias de Noé foram subitamente apanhados desprevenidos nas suas ocupações diárias, assim será também nos dias em que o Filho do homem for revelado. A sua intervenção repentina virá sem que nada tenha alertado as pessoas antecipadamente, pondo-as a par da verdadeira situação.

À primeira vista poderia parecer que a pergunta, “Qual será o sinal da tua vinda (parousía),” em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, não tem um paralelo claro no evangelho de Lucas. A perguntaa dos discípulos, tal como é apresentada em Lucas capítulo vinte e um, versículo 7, parece estar relacionada apenas com a destruição do templo: “Qual será o sinal quando estas coisas [a destruição do templo, versículos 5 e 6] estão destinadas a ocorrer?” Contudo, um dos testemunhos manuscritos mais importantes do texto mais antigo dos evangelhos, o Codex D (Bezae Cantabrigensis), apresenta a pergunta de maneira diferente, tornando-a muito semelhante à de Mateus 24:3, com uma excepção importante:20

Mateus 24:3: “Qual será o sinal da tua vinda [parousía] ?”
Lucas 21:7: “Qual será o sinal da tua vinda [eleuseos] ?”

Como se pode ver, a única diferença é que segundo este manuscrito Lucas não usa parousía mas éleusis, a palavra grega comum para “vinda”. O Dr. Schoonheim, depois de examinar cuidadosamente estas semelhanças, até conclui que, “Lucas 21:7, segundo D, apresenta uma tradição mais original,” pois é uma tradução do sírio ou até do aramaico me’ thitha’ (“vinda”).21

Portanto, o contexto bíblico não apoia a afirmação de que parousía tem de ser traduzida como “presença” em Mateus capítulo vinte e quatro. O facto de os discípulos não imaginarem a vinda de Cristo como uma “presença invisível,” o modo como Jesus respondeu à pergunta deles, bem como os textos paralelos no evangelho de Lucas, todos mostram que essa tradução é insustentável. Em Lucas, fala-se da parousía de Cristo como o “dia” de Cristo, ou até como ” o dia em que o Filho do homem há de ser revelado.” E, como é mostrado pelo Codex D, a palavra parousía também pode ser trocada pelo nome grego comum para “vinda,” éleusis. Paralelos similares podem ser encontrados em outros textos que tratam da parousía de Cristo, nos quais são usados termos relativos à manifestação ou revelação de Jesus. Assim, o apóstolo João, em 1 João 2:28, exorta os cristãos a “permanece[r] em união com ele, para que, quando ele for manifestado [em grego, phaneróo], tenhamos franqueza no falar, e não sejamos envergonhados para nos afastar dele na sua vinda [parousía].”Aqui João compara claramente a parousía de Cristo com o dia da sua aparição ou manifestação. Similarmente, o apótolo Paulo ora para que os cristãos em Tessalónica possam ter os seus corações estabelecidos “inculpáveis na santidade perante o nosso Deus e Pai, na vinda [parousía] de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos sagrados.” (1 Tessalonicenses 3:13) Esta vinda do Senhor com todos os seus santos sagrados ou anjos também é referida em Judas versículo 14 e em Mateus capítulo dezasseis, versículos 27 e 28, mas em vez de parousía tanto Judas como Mateus usam formas de érchomai, o verbo mais comum para “vinda”, e relacionado com o nome éleusis. Os três textos referem-se todos à mesma ocasião, a vinda do Senhor com todos os seus santos para executar julgamento, e traduzir parousía por “presença” em 1 Tessalonicenses capítulo três, versículo 13, como faz a Watch Tower Society, é ignorar esta interrelação com outras passagens paralelas.

Naquelas parábolas em que Jesus enfatizou a necessidade de os seus servos se manterem alertas e vigilantes, observemos que ele apresenta o seu julgamento como aquele que se segue à chegada do amo a casa. É a vinda ou chegada do amo que ele descreve, e não uma “presença invisível.” Não é como se o amo deslizasse para a área e começasse invisivelmente a julgar o que os seus servos estavam a fazer, e só mais tarde se revelasse a eles. Pelo contrário, o regresso do amo, embora talvez seja inesperado, torna-se rapidamente evidente para todos os seus servos, os fiéis e os infiéis, e manifesto desde o princípio, e o seu julgamento não é feito a partir de algum lugar invisível escondido, é antes feito de uma maneira muito aberta. — Compare com Mateus 24:45-51; 25:14-30; Marcos 13:32-37; Lucas 12:35-48; 19:12-27.

Portanto, a evidência das traduções mais antigas, bem como das traduções modernas e dos léxicos da língua grega, e especialmente do contexto e de passagens relacionadas, atestam todos que o uso de parousía em Mateus capítulo vinte e quatro, versículo 3, não se pode referir a uma “presença invisível” de uma “vinda em duas etapas,” mas refere-se à futura chegada e aparecimento de Cristo como Rei para Julgamento, “com poder e grande glória” e acompanhado pelos seus santos anjos.


Notas

1 Para uma investigação detalhada sobre a origem e desenvolvimento da ideia da “presença invisível” e como veio a ser adoptada por Russell e seus seguidores, veja C. O. Jonsson, “The Theory of Christ’s Parousía As An ‘Invisible Presence'” (“A Teoria da Parousía de Cristo Como Uma ‘Presença Invisível'”), The Bible Examiner (O Investigador da Bíblia), Vol. 2, N.º 9, 1982, e Vol. 3, N.º 1, 1983, Box 81, Lethbridge, Alberta, Canada T1J — 3Y3.

2 O Jornal milenarista Britânico The Rainbow (O Arco-Íris), Junho de 1866, p. 265 e Julho de 1866, p. 302. O The Rainbow, mais do que qualquer outro jornal milenarista na Inglaterra, cedeu espaço aos expositores da ideia do arrebatamento secreto, e Govett teve muitos artigos seus publicados nesse jornal. O principal trabalho de Govett sobre o assunto foi The Saint’s Rapture to the Presence of the Lord Jesus (O Arrebatamento dos Santos para a Presença do Senhor Jesus), de 357 páginas, publicado em 1852. Toda a discussão ao longo do livro se baséia na mudança que Govett faz da palavra “vinda” para “presença”!

3 Veja o livro Historical Waymarks of the Church of God (Marcos Históricos da Igreja de Deus), publicado pela sede do movimento em Oregon, Illinois 61061, em 1976. O grupo defende pontos de vista similares aos dos Christadelphians (Cristadelfianos) e das Testemunhas de Jeová em doutrinas tais como a trindade, a alma e o inferno de fogo.

4 Veja a anterior nota de rodapé 2. Rotherham foi editor do The Rainbow (O Arco-Íris) de 1885 até 1887. Veja também Reminiscences (Reminiscências) de Rotherham compilado pelo seu filho J. George Rotherham (Londres, pouco depois de 1906), pp. 76-79.

5 Que pelo menos alguns destes tradutores foram influenciados pela sua aderência à doutrina da “presença invisível” é ilustrado pela tradução que Dymond faz de Mateus 24:3: “Mas entretanto diz-nos que outros acontecimentos indicarão que tu voltaste à terra para estar invisivelmente presente.”

6 Veja D. Petri Sabatier, Bibliorum Sacrorum Latinae Versiones Antiquae (Antigas Versões Latinas dos Escritos Sagrados), originalmente publicado em 1743. O facsimile impresso em Munique em 1974 foi consultado para esta discussão.

7 Veja as extensas discussões por Bruce M. Metzger em The Early Versions of the New Testement (As Versões Antigas do Novo Testamento), Oxford 1977, pp. 3-82, e por Matthew Black em Die alten Übersetzungen des Neuen Testaments, K. Aland, editor, Berlim, Nova Iorque, 1972, pp. 120-159.

8 Pieter Leendert Schooheim, Een Semasiologisch onderzoek van Parousia met betrekking tot het gebruik in Mattheus 24 (“Uma pesquisa Semântica sobre a Parousia com especial referência ao seu uso em Mateus 24”), Aalten, Holanda, 1953, pp. 20-22, 259. Acredita-se geralmente que o manuscrito Curetoniano é uma revisão do anterior texto sírio Sinaítico, que por sua vez foi originalmente escrito em Antioquia no norte da Síria. Por esta razão, o sírio destes manuscritos, sendo um dialecto do aramaico, é provavelmente muito próximo do dialecto aramaico palestiniano usado por Jesus e pelos seus apóstolos.

9 As antigas versões Copta, Etíope e Arménia não foram investigadas.

10 Citado da tradução Inglesa por L. R. M. Strachan da 4.ª edição, Light from the Anciente East (Luz do Oriente Antigo), reimprimido por Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, 1978, p. 368.

11 B. M. Nolan, “Some Observations on the parousía” (“Algumas Observações sobre a parousía“), The Irish Theological Quarterly (O Periódico Teológico Irlandês Trimestral), Vol. XXXVI, Maio 1969, p. 288.

12 Deissmann, p. 371. Significativamente, a palavra grega epipháneia, “aparecer,” normalmente aplicada à segunda etapa da vinda de Cristo pelos adeptos da noção do arrebatamento secreto, foi também usada em tempos em “moedas-do-advento” gregas como um equivalente do Latim adventus! (Deissmann, p. 373.)

13 O estudo linguístico mais completo do termo parousía é aquele de Pieter Leendert Shoohein, Een semasiologisch onderzoek van Parousia (Uma pesquisa semântica sobre a Parousia), Aalten, Holanda, 1953. Este trabalho tem cerca de 300 páginas, incluíndo um resumo de 33 páginas em inglês.

14 Veja por exemplo Kittel/Friedrich, Theological Dictionary of the New Testament, Vol. V, pp. 858-871, e o longo artigo no Dictionnaire de la Bible, Supplément (Dicionário da Bíblia, Suplemento), Francês, ed. por L. Pirot, A. Robert e H. Cezalles, Paris-VI, 1960, pp. 1332-1420. Outro estudo interessante é aquele por J. T. Nélis em Bibel-Lexikon (Léxico Bíblico), Tubingen 1968, pp. 1304-1312.

15 Israel P. Warren, D. D., The Parousia (A Parousia), Portland, Maine, 1879, pp. 12-15.

16 F. F. Bruce citado no livro de Percy O. Ruoff, intitulado W. E. Vine, His Life and Ministry, Londres 1951, pp. 75, 76.

17 The Watchtower, 15 de Setembro de 1964, p. 576. A mesma conclusão é tirada na The Watchtower de 15 de Janeiro de 1974, na página 50: “Quando eles perguntaram a Jesus, ‘Qual será o sinal da tua presença?’ eles não sabiam que a sua presença futura seria invisível.”

18 Isto refuta o argumento por vezes usado pela Watch Tower Society de que ‘não haveria necessidade de um sinal se a parousia fosse visível e tangível.’ Veja a Awake! de 8 de Dezembro de 1967, p. 27.

19 No livro God’s Kingdom of a Thousand Years Has Approached (Aproximou-se o Reino de Deus de Mil Anos; 1973) a Watch Tower Society na página 169 faz uma tentativa de adaptar o uso técnico de parousía à sua doutrina da “presença invisível” ao dizer que, “Uma ‘visita’ inclui mais do que uma ‘chegada’. Inclui também uma ‘presença.'” Certamente que isto é verdade. Mas eles tentam obscurecer a diferença óbvia entre os dois usos de parousía. Numa visita real a chegada do rei ou imperador era a fase mais espectacular da visita, algo que chamara a atenção de todos. Se os discípulos, como mostra a evidência, perguntaram pelo sinal da visita oficial, real, visível de Cristo, eles deviam ter em mente algo que precederia tal visita. Não teria sentido nenhum perguntar por um sinal que mostraria que o rei já tinha chegado.

20 Embora o manuscrito seja apenas do 5.º ou 6.º século A.D., as suas variantes textuais têm muitas vezes apoio nos Pais da Igreja do segundo século e nas versões Velha Latina e Síria. Alguns peritos até a encaram como um representante mais fiel do texto original do que o [ manuscrito] Vaticano ou Sinaítico. Conforme demonstrado por A. J. Wensinck, está colorido por construções e idiomas aramaicos mais frequentemente do que o [ manuscrito] Vaticano ou Sinaítico e, segundo o Dr. Matthew Black, ele representa, por essa razão, “o fundo aramaico da tradição Sinóptica mais fielmente do que manuscritos não-Ocidentais.” — Matthew Black, An Aramaic Approach to the Gospels and Acts (Uma Aproximação Aramaica aos Evangelhos e aos Atos), 2.ª ed., 1954, pp. 26-34, 212, 213.

21 Schoonheim, pp. 16-28, 259, 260. isto refutaria a afirmação na Tradução do Novo Mundo — Com Referências de 1986, revista, página 1517 de que “As palavras parousía e éleusis não são usadas intercambiavelmente.”

 

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