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“A Organização de Jeová”? Ou a Organização do Joe?

Randall Watters
Fonte: www.geocities.com/osarsif

Embora Charles Taze Russell tenha fundado a Watch Tower Bible and Tract Society em 1879, o espírito presente na organização actualmente pode ser atribuído com mais propriedade ao seu segundo presidente, Joseph Franklin Rutherford.

O “Juiz” (era assim que o chamavam muitas vezes) nasceu num ambiente próximo da pobreza, no Missouri, em 8 de Novembro de 1869. Rutherford estudou direito sob um sistema para principiantes e passou nos exames de advocacia em 1892, tendo servido mais tarde como juiz substituto uma vez por outra (é por esta razão que lhe chamavam “o Juiz”). Como era “o Juiz”? O historiador M. James Penton escreve acerca de Rutherford:

“Rutherford era um homem alto que, só pela sua presença, impunha respeito. Ele tinha uma voz alta, estrondosa, e parecia mesmo um senador Americano de um Estado do Sul ou de perto das fronteiras. Ao lidar com amigos ele podia ser despótico; ao lidar com inimigos, implacável… Era mal-humorado e por vezes era rude até ao ponto da grosseria, tendo um temperamento explosivo que o podia exaltar até chegar à violência física. Também tinha um sentido de auto-justificação que o levava a encarar qualquer pessoa que se lhe opunha como se essa pessoa fosse o Diabo. Mais curioso ainda é o facto de apesar de em alguns aspectos ele ser um Puritano dos Puritanos, em outros ele era completamente dissoluto. Usava linguagem vulgar [palavrões], sofria de alcoolismo, e foi certa vez acusado publicamente por um dos seus associados mais próximos de ter assistido a um espectáculo burlesco de nus, em companhia de dois anciãos…” (Apocalypse Delayed, University of Toronto Press, 1985, pp. 47, 48)

Embora nos anos iniciais muitos tenham aderido ao movimento Watchtower devido à personalidade agradável e bondosa do fundador C. T. Russell, também é verdade que em anos posteriores muitos aderiram à Watchtower devido à personalidade imponente e autoritária de Rutherford. Por isso, não é de espantar que a personalidade dominante das Testemunhas desde 1920 até à década de 1940 se parecesse muito com a de Rutherford. As Testemunhas eram arrojadas e muitas vezes rudes, não se detendo perante nada ao pregarem a sua mensagem, e eram rápidas em “sacudir o pó dos seus pés” se não lhes dessem acolhida favorável. Carros munidos de altifalantes desfilavam para cima e para baixo nas ruas de comunidades Católicas, condenando o Papa e os seus lacaios, e pregando um julgamento de fogo sobre o resto do mundo religioso e político. Fonógrafos portáteis eram levados de porta em porta, e o morador era atormentado com uma das tiradas do Joe acerca dos políticos ou da Igreja Católica. Durante a Segunda Guerra Mundial, não era raro as Testemunhas de Jeová mais os seus fonógrafos serem literalmente mandados pela escada abaixo aos pontapés, por patriotas ou Católicos irados.

Afirma que é a Fonte da Verdade

Russell acreditava ser o Sétimo Mensageiro mencionado em Revelação 10:7, o único instrumento da verdade na terra no seu tempo. Ele era o “servo fiel e sábio,” (expressão mais tarde alterada para “escravo fiel e discreto”), conforme ele mesmo admitiu aos seus amigos. Mesmo após a sua morte em 1916, Rutherford escreveu acerca dele:

“As Escrituras indicam que Russell foi escolhido pelo Senhor desde o seu nascimento. Os dois mensageiros mais proeminentes foram Paulo e o Pastor Russell. Russell é o servo de Mateus 24:45-47.” (Watchtower, 1.º de Novembro de 1917, p. 6159)

Quando lhe perguntavam quem era o servo fiel e sábio, Russell costumava responder, “Alguns dizem que sou eu, outros dizem que é a Sociedade” (Watchtower, 1.º de Março de 1923. p. 68). As duas respostas estão correctas, já que Russell era de facto a Sociedade.

Porém, no caso de Rutherford isto tornou-se rapidamente num problema: Muitos dos seguidores de Russell diziam que Rutherford era um oportunista barulhento cujo objectivo era tomar conta dos assuntos da Watchtower depois da morte de Russell.

No que dependia de Rutherford, os ensinos tinham de ser mudados. Os 25 anos seguintes em que Joe controlou totalmente os ensinos e práticas da Watchtower confirmam-no.

Por volta de 1927, Rutherford não só tinha mudado o ensino acerca do “servo” como ainda mentiu acerca do que eles tinham dito anteriormente sobre Russell:

“Esse “Servo Fiel e Sábio” não se aplica a um indivíduo e não se aplica ao irmão Russell. O próprio Russell nunca disse isso.” (Watchtower, 15 de Fevereiro de 1927, p. 56)

Tentativa de branqueamento. O rasto de mentiras tinha começado.

Como Joe Recebia a Sua Luz

Joe engendrou uma maneira de desviar a atenção anteriormente dada a Russell para ele mesmo como sendo o “servo.” Nova Luz, como foi mais tarde chamada. Descobrindo rapidamente que a modéstia fingida era mais eficaz do que dizer o que pensava ser a verdade, Rutherford começou a dizer que a SOCIEDADE era o “Servo Fiel e Sábio,” uma classe colectiva de crentes que tinham sido escolhidos para reinar com Cristo no céu. Deus de alguma forma revelava-lhes a verdade através de anjos:

“Estes anjos são invisíveis aos olhos humanos e estão ali para cumprir as ordens do Senhor. Sem dúvida eles primeiro ouvem a instrução que o Senhor dirige ao seu restante e depois estes mensageiros invisíveis passam tal instrução para o restante. Os factos mostram que os anjos do Senhor que estão com ele no seu templo têm assim prestado serviço sagrado ao restante desde 1919.” (Vindication, 1932, vol. 3, p. 250)

A maneira como os “ungidos” (na realidade, Joe) obtinham doutrinas novas ou revistas era supostamente um segredo:

“O restante não ouve sons audíveis, porque tal não é necessário. Jeová tem providenciado o seu próprio bom modo de transmitir pensamentos para as mentes dos seus ungidos. Para todos aqueles fora da organização de Jeová, a organização dele é uma organização secreta.” (Preparation, 1933, p. 64)

No entanto, para aqueles que estavam dentro da organização, o modo como a “verdade” aparecia não era de maneira nenhuma segredo. Era do conhecimento comum que Joe escreveu virtualmente todos os artigos da Watchtower e livros durante a sua presidência, e fontes de dentro da organização indicam que os outros membros do “restante” nunca eram consultados. Por exemplo, o 1975 Yearbook of Jehovah’s Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975] (p. 151) cita A. H. Macmillan acerca da invenção do nome Testemunhas de Jeová:

“O próprio irmão Rutherford contou-me que acordou numa certa noite quando se estava a preparar para esse congresso e disse: ‘Mas para que raio é que eu sugeri que se fizesse um congresso internacional para uma altura em que não tenho nenhum discurso nem mensagem especial para eles? Para quê trazê-los todos para aqui?’ Depois ele começou a pensar nisto e veio-lhe à mente Isaías capítulo 43. Ele levantou-se às duas da madrugada e estenografou, nas sua própria secretária, um esboço do discurso que ele faria acerca do Reino, a esperança do mundo, e acerca do novo nome. E tudo o que ele proferiu no congresso foi preparado naquela noite, ou naquela madrugada, às duas horas. E não tenho dúvidas, nem agora nem naquele tempo, que o Senhor guiou-o naquilo, e aquele é o nome que Jeová quer que usemos e nós estamos muito felizes e muito contentes por tê-lo.”

Praticamente todas as miríades de livros e brochuras publicadas durante o reinado de Joe (1916-1942) tinham impresso na página interior que continha o título:

“Autor: J. F. RUTHERFORD”

Assim Disse o Espírito

Pouco depois Rutherford afirmou que o “espírito santo” já não era necessário como um ajudador da igreja, visto que Cristo estava agora invisivelmente presente e dirigiria a organização em pessoa através dos seus anjos! Observe-se:

“Através do seu espírito, o espírito santo, Jeová Deus guia ou conduz o seu povo até um certo ponto no tempo, e assim fez ele até ao tempo em que “o ajudador” foi retirado, o que aconteceria necessariamente quando Jesus, o Cabeça da sua organização, viesse ao templo e reunisse a si aqueles que achasse fiéis quando ele, na qualidade de grande Juiz, começasse o julgamento, em 1918.” (Preservation, 1932, pp. 193, 194)

“Com a vinda do Senhor ao seu templo e o ajuntamento a si mesmo dos escolhidos (2 Tess. 2:1) o espírito santo cessaria de funcionar como um paracleto ou advogado da igreja.” (ibid., p. 46)

Em vez de um “espírito santo” inanimado dirigir as coisas a partir de um local remoto, Rutherford ensinou que os anjos, ou espíritos servidores, estavam agora a comunicar directamente com a organização:

“Jeová fez os necessários arranjos dentro da sua organização para instruir o seu povo, e todos reconhecem que já por alguns anos a The Watchtower tem sido o meio de comunicar informação com o povo de Deus. Isto não significa que aqueles que preparam o manuscrito para a The Watchtower são inspirados, significa antes que o Senhor zela através dos seus anjos para que a informação seja dada ao seu povo no tempo apropriado, e ele faz acontecer os eventos em cumprimento da sua profecia e depois convida aqueles que estão devotados a ele a observarem isto.” (Riches, 1936, p. 316)

Note-se a afirmação de que nem Rutherford nem a The Watchtower são inspirados. A alegação, conforme é clarificado na citação seguinte, é que Jeová e Cristo Jesus fazem toda a interpretação da Bíblia, e esta interpretação é passada através de anjos para a Sociedade por meio daqueles que escrevem na revista The Watchtower.

“Isto não significa que o fiel restante ou a sociedade das testemunhas ungidas de Jeová sejam um tribunal terrestre de interpretação, com a delegação de interpretar as Escrituras e as suas profecias. Não; o Rei Cristo Jesus não lhes confiou essa tarefa, A CORTE SUPREMA AINDA INTERPRETA, graças a Deus; e Cristo Jesus, o porta-voz oficial da interpretação da Corte, reserva para si mesmo essa tarefa como Cabeça do “servo fiel e sábio” de Jeová. Ele meramente usa a classe do “servo” para publicar a interpretação depois de a Corte Suprema a ter revelado através de Cristo Jesus.” (Watchtower, 1.º de Julho de 1943, p. 203)

Como é que estes espíritos angélicos comunicavam esta “interpretação” a Rutherford, de modo que ele a pudesse publicar?

“Estes anjos são invisíveis ao olhos humanos e estão ali para executar as ordens do Senhor. Sem dúvida, eles ouvem primeiro a instrução que o Senhor dirige ao seu restante e depois estes mensageiros invisíveis transmitem essas instruções para o restante. Os factos mostram que os anjos do Senhor que estão com ele no seu templo têm prestado assim serviço ao restante desde 1919.” (Vindication, 1932, vol. 3, p. 250)

“Certas tarefas e interesses do Reino têm sido confiados pelo Senhor aos seus anjos, incluindo a transmissão de informação para o povo ungido de Deus na Terra, para sua ajuda e conforto. Embora não possamos compreender como é que os anjos transmitem esta informação, sabemos que eles o fazem; e as Escrituras e os factos mostram que isto é feito.” (Preparation, 1933, p. 36, 37)

Volta um Espírito Familiar

Rutherford morreu em 1942 e sucedeu-lhe N. H. Knorr, um autocrata mais subtil, com um coração de aço e um rosto a condizer. Tendo Joe desaparecido (e sendo Knorr um homem do tipo ‘não ao disparate’), a ênfase nos anjos foi abandonada e o “espírito santo” foi enfatizado novamente.

Knorr não era particularmente bom a escrever livros, por isso ele requisitava muitas vezes a ajuda do vidente residente da organização, Frederick W. Franz, um estudante da Bíblia de longa data. Tendo uma voz semelhante à de um pregador Baptista dos velhos tempos e uma mente esperta, Franz era muitas vezes encarado como a fonte de “nova luz.” Podia ter-se a certeza de que se ele desse uma conferência em grandes assembleias de Testemunhas, seriam avançados novos ensinos, para grande emoção da assistência. Com cada nova assembleia veio um conjunto de novos livros, que frequentemente alteravam ensinos mais antigos da Watchtower.

Knorr e Franz eram o “escravo fiel e discreto,” pelo menos até meados dos anos 70. A técnica deles era focar a atenção na organização, a “Organização de Deus.” Knorr inventou a expressão “Sociedade do Novo Mundo” para se referir às Testemunhas, acreditando piamente que estes seriam os que sobreviveriam para entrar nos novos céus e nova terra mencionados em Revelação [Apocalipse] 21:1. A ênfase na exclusividade continuava, conforme esta citação da The Watchtower de 1.º de Julho de 1973 revela:

“Considere, também, o facto de que só a organização de Jeová, em toda a terra, é dirigida pelo espírito santo ou força activa de Deus. (Zac. 4:6) Apenas esta organização trabalha para o propósito de Jeová e para o seu louvor. Apenas para esta organização a Palavra Sagrada de Deus, a Bíblia, não é um livro selado…. Como os verdadeiros Cristãos apreciam a associação com a única organização na terra que compreende as “coisas profundas de Deus” !” (p. 402)

E foi assim que se deu um volte-face completo no ensino de Rutherford segundo o qual o “espírito santo” tinha cessado de operar como o Advogado deles depois de 1918.

HOLY SPIRIT — The Force Behind the Coming New Order! [ESPÍRITO SANTO — A Força por Detrás da Vindoura Nova Ordem!] era o título de uma publicação lançada em 1976. Depois de traçar a acção do “espírito santo” de Pentecostes em diante através do livro de Actos do Apóstolos, a publicação tenta provar que este “espírito santo” deu energia aos oito membros governantes da organização Watchtower, que estavam na prisão em 1919, para começarem um trabalho de pregação das “boas novas do reino estabelecido de Deus.” O livro declara:

“Foi para essa pregação mundial do Reino que o “espírito de vida da parte de Deus” entrara nas testemunhas suprimidas, em 1919 E.C.” (p. 146)

O livro Espírito Santo continuou a enfatizar que o propósito de o espírito ter sido dado ao “restante ungido” foi profetizar ao mundo a verdade acerca de Cristo e da Bíblia. Como aquele que profetiza é um profeta, e o canal destas profecias afirmou ser inspirado por este “espírito santo,” somos levados a concluir que este “espírito santo” estava a falar através deles:

“O espírito santo, sobre o qual Jeová profetizou que o derramaria nos últimos dias, não deixou de operar, pois o restante ainda está batizando discípulos de Cristo no nome desse espírito…. O propósito anunciado deste derramamento de seu espírito por Deus, sobre toda sorte de carne, é que aqueles que o recebessem pudessem profetizar. Os factos confirmam que os do restante dos discípulos ungidos de Cristo têm profetizado a todas as nações, em testemunho a favor do reino de Deus. Portanto, é lógico que eles devem ser aqueles sobre quem realmente foi derramado o espírito de Deus. Este espírito está por detrás da sua pregação mundial. Por que disputar isso? (Espírito Santo, p. 148)

Dois é Companhia, Três é uma Multidão

O monopólio da invenção de novas verdades em breve acabou para Knorr e Franz, a começar com a publicação do dicionário/enciclopédia bíblico da Watchtower intitulado Aid to Bible Understanding [Ajuda ao Entendimento da Bíblia], em 1971. Depois de alguma consideração, um novo arranjo para “corpos de anciãos” tinha sido instituído nas congregações locais das Testemunhas de Jeová (cerca de 27.000 naquela época, com 1 milhão e meio de Testemunhas activas). Outros membros do simbólico “Corpo Governante” das Testemunhas de Jeová, residindo na sede da Watchtower, decidiram que mereciam uma fatia do bolo profético e alguns, incluindo o actual Presidente, Milton Henschel, até se tornaram insistentes acerca disto nas “reuniões dos anciãos de Betel,” feitas à porta fechada, às quais compareciam cerca de 300 anciãos. Para grande desgosto, tanto de Franz como de Knorr, que preferiam o anterior arranjo e o seu controlo absoluto sobre os assuntos da Sociedade, eles cederam e permitiram que um arranjo de “Corpo Governante rotativo” (que mais tarde parou de rodar) começasse a funcionar. Knorr morreu pouco depois disto e Franz foi designado como o Presidente “simbólico,” mas na realidade tinha pouco ou nenhuma influência nos assuntos da organização desde esta altura até à sua morte. Milton G. Henschel, então vice-presidente, sucedeu a Franz.

Além de encobrir várias asneiras em matéria de doutrina cometidas por F. W. (“Freddy”) Franz, assim como as bem conhecidas expectativas dele a respeito de 1975 como sendo a data para o fim do mundo, este Corpo Governante (cujo número variou entre 11 e 18 membros), agora com mais poderes, tinha de apresentar algumas explicações fantasiosas para justificar as profecias falhadas de Rutherford e Russell.

Depois de um grande abalo envolvendo o falhanço da data 1975, muita oposição, alguma dela bastante sonora, começou a bater-lhes à porta, bem como nos meios de informação por todo o mundo. “Falsos profetas! Assassinos! Charlatães!” foram algumas das acusações, a maioria das quais eram baseadas em factos. A resposta do Corpo Governante foi ignorar os que os contrariavam ou chamar-lhe nomes, na esperança de que eles ficassem envergonhados ou embaraçados e fossem embora. Eles sabiam que comentar as preocupações dos seus opositores faria mais dano do que bem, pois muitas Testemunhas leais ficariam chocadas ao tomarem conhecimento dos segredos internos e das metodologias do Corpo Governante. Quando encostados à parede, os membros do Corpo Governante limitaram-se a chamar nomes: “Mentirosos!” “Vermes!” “Sanguessugas!” “APÓSTATAS!”

Contudo, após serem repetidamente confrontados com as suas profecias falhadas, foi publicada na Watchtower de 1.º de Dezembro de 1981 (p. 27) uma nova explicação a respeito da maneira como eles chegavam à “verdade”:

“Contudo, pode ter parecido a alguns que esse caminho não foi em linha recta para a frente. Em certas épocas as explicações dadas pela organização visível de Deus sofreram ajustes, tornando-se semelhantes a pontos de vista anteriores. Mas de facto não foi este o caso. Isto pode ser comparado ao que é conhecido em círculos náuticos como “navegar à bolina.” Manobrando as velas, os marinheiros podem fazer um navio andar da esquerda para a direita, para trás e para a frente, mas sempre fazendo progresso em direcção ao seu destino apesar de ventos contrários.”

Embora eles tenham algumas vezes voltado a pontos de vista que antes tinham abandonado, com mais frequência, como vimos, os líderes da Watchtower têm escolhido pontos de vista inteiramente novos, algumas vezes exactamente o contrário do que tinham defendido antes! Mesmo se eles tivessem sido honestos nesta matéria e admitissem o seu falhanço completo, não podemos deixar de questionar a razão porque este “espírito santo” não lhes diz logo o que é doutrinalmente correcto. Isso também não lhes serviria de desculpa para o facto de o padrão Bíblico que descreve um falso profeta se lhes ajustar que nem uma luva (Deut. 18:20-22). Em 1972 eles disseram-nos que analisássemos o registo destes auto-proclamados profetas:

“Quem é este profeta?… Hoje eles são conhecidos como Testemunhas de Jeová…. É claro que é fácil dizer que este grupo age como um “profeta” de Deus. Outra coisa é prová-lo. A única maneira em que isto pode ser feito é analisar o registo. O que é que este mostra?” (Watchtower, 1.º de Abril de 1972, p. 197)

O decorrer do tempo revelou evidências suficientes para demonstrar que a Watchtower tem um registo profético pior do que muitos médiuns espíritas e adivinhos! Depois de dezenas de datas e expectativas falhadas, mudanças nas doutrinas, e tendo uma posição acerca das transfusões de sangue que desonra a vida e é grosseiramente hipócrita, eles não podem continuar com esta canção! Alas! É chegada a altura para novas explicações!

A Mudança na Geração de 1914 Requer Nova Luz

A recente rejeição que eles fizeram do seu conceito do fim do mundo, que ocorreria dentro do tempo de vida da geração de 1914, tem causado muito alarme entre as Testemunhas como um todo, embora em público eles neguem que isso tenha sido uma mudança significativa. Mesmo se uma pequena percentagem deles não acreditava em certas datas para as quais o fim do mundo foi predito, TODOS eles esperavam o fim do mundo durante o seu tempo de vida, a sua “geração.” Desde meados dos anos 40, a Watchtower tinha ensinado que alguns daqueles que estavam vivos em 1914 (Primeira Guerra Mundial) não morreriam sem que antes viesse o fim do mundo e o estabelecimento de uma “nova terra de rectidão.” Estando agora a ficar sem tempo para esta profecia, eles tinham de mudá-la para salvar as aparências.

A História mudou (i.e., foi re-escrita) com a saída da revista Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Novembro de 1995.

Segundo a revista Newsweek de 18 de Dezembro de 1995, os líderes da Watchtower negam estar a ceder a pressões para mudar as suas doutrinas a respeito da geração:

” ‘O fim ainda está próximo’ diz o porta-voz das Testemunhas Bob Pevy. ‘Nós simplesmente não podemos pôr números nas palavras de Jesus.’ ” (p. 59)

Apesar disto, o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová preparou-se para o pior e está a enviar uma carta tipo em resposta a perguntas sobre as suas doutrinas em constante mudança.

Um aspecto interessante é que se removermos o cabeçalho e a assinatura, e não estivéssemos a par da história da organização e dos líderes Watchtower, a explicação dada parecer-se-ia muito com as de qualquer denominação religiosa dos tempos modernos, pelo menos no que diz respeito a decisões em matéria de políticas e fonte de inspiração, aprovação e correcção. É claro que a diferença (à parte o facto de eles nem sequer saberem quem ou o que é realmente o Espírito Santo), reside no modo como executam as suas políticas e como tratam os que não concordam com eles.

Suavizando a Organização do Joe

Estão na forja grandes mudanças para a Watchtower Society. Sem dúvida, alguns em posições de liderança estão calmamente à espera que alguns dos membros mais idosos e da linha dura do staff da Watchtower (incluindo o Corpo Governante) morram. Os esforços dos velhotes para procurar e destruir tais indivíduos acabarão por não surtir efeito, já que dentro da organização Watchtower são necessários uma nova vida e um novo espírito. Em muitas partes do mundo a organização atingiu o ponto mais alto do seu crescimento, e para sobreviver tem de se comprometer e tornar-se uma religião estabelecida para que possa manter as suas propriedades, ou “ir à falência” e tornar-se mais radical do que nunca. Como esta última opção só é típica de seitas religiosas em decadência, o meu palpite é que como uma última e desesperada tentativa para sobreviver e manter a autoridade e posição da liderança, a Watchtower tentará sobreviver e manter as suas propriedades, que valem actualmente biliões de dólares. Os seus ‘bens’ também incluem mais de 5 milhões de seguidores activos, com um total de “crentes” que ascende a cerca de 11 milhões. Isto não é uma mudança pequena, seja qual for o padrão de comparação!

Assuntos de carácter legal parecem já ter começado a influenciar as coisas nesta direcção. Em meses recentes, têm saído artigos permitindo o desporto escolar para os jovens das Testemunhas, permitindo uma educação universitária, e até mesmo um artigo intitulado “Dar, É Isso Esperado?” na The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Dezembro de 1995 (pp. 3-7) que discute os aniversários, feriados e o Natal SEM a condenação violentíssima que antes era tão típica, por causa da origem “pagã” destas celebrações. Poderia o próximo passo ser permitir estas celebrações sob certas circunstâncias?

Outras doutrinas de natureza mais séria ainda têm de ser modificadas para parar a culpa de sangue corporativa que eles têm, como por exemplo a hipocrisia completa na questão do sangue. Muitas Testemunhas de Jeová ainda estão a morrer inutilmente, apenas devido ao medo de serem condenadas pelo Corpo Governante. Os membros do Corpo Governante sabem que as suas vidas poderiam estar em perigo se admitissem que têm estado errados. (As emoções de algumas Testemunhas que perderam membros da família por causa da proibição do sangue poderiam facilmente explodir.)

Talvez as mudanças sejam um teste, não só para as Testemunhas de Jeová, mas também para os seus críticos. Alguns não aceitarão as mudanças como sinceras, pois foram vítimas da organização do Joe. Também é verdade que ainda não há sinais de uma verdadeira reforma espiritual, como aconteceu recentemente no seio da Worldwide Church of God (e que também provocou uma cisão nessa igreja). As mudanças que vemos actualmente na organização Watchtower são tomadas unicamente por necessidade e por questões legais, não são de modo nenhum um motivadas por verdadeira convicção.

Uma coisa, porém, é certa: A imagem do Joe está a apagar-se na organização Watchtower.

 

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