Quando confrontados por céticos que acreditam que não há evidências não-cristãs de um Jesus histórico, muitas vezes os apologistas apontam para os escritos do antigo historiador judeu Josefo. Os céticos podem responder, alegando que Josefo realmente nunca mencionou Jesus em seus escritos.
Como podemos responder quando confrontado com esta afirmação?
Quem foi Josefo?
Josefo nasceu em uma família rica na Judeia no ano 37 d.C. No ano 66, estourou uma revolta nacional contra Roma e Josefo foi nomeado comandante das forças insurgentes na Galileia. A resistência foi esmagada no verão de 67, e ele foi levado perante Vespasiano, o general romano encarregado de suprimir a revolta. Josefo previu que Vespasiano se tornaria imperador um dia, e por isso a sua vida foi poupada, mas ele foi mantido prisioneiro até dois anos mais tarde, quando a profecia se tornou realidade.
Depois de desertar para o lado romano, Josefo tornou-se um conselheiro do filho de Vespasiano, Tito. Mais tarde, ele registrou a história judaica, especialmente a partir do primeiro século.
Josefo não menciona Jesus em qualquer de seus escritos?
Em sua obra histórica Antiguidades dos Judeus, Josefo escreve que o procurador romano da Judeia morreu subitamente em 62 dC. Durante um período de interregno de três meses, Anás o jovem, filho de Anás, que é mencionado em Lucas 3,2, João 18,3 , e Atos 4,6, é nomeado sumo sacerdote e ordena o apedrejamento de infratores:
Ele convocou uma sessão judicial do Sinédrio e mandou trazer Tiago, o irmão de Jesus, chamado Cristo – e alguns outros, a quem ele acusou de violar a lei e os entregou a ser apedrejados até a morte. (Josefo, Antiguidades , livro 20)
Este Tiago foi provavelmente Tiago, o Justo, a quem S. Paulo descreve como “Tiago, o irmão do Senhor” (Gálatas 1,19). A esmagadora maioria dos estudiosos acredita que esta passagem é autêntica, mas há outra menção de Jesus em Antiguidades conhecida como o Testimonium Flavianum, sobre a qual muitos estão divididos:
Nesse mesmo tempo, apareceu Jesus, que era um homem sábio, se é que podemos considerá-lo simplesmente um homem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas também por muitos gentios. Ele era o Cristo. Os mais ilustres dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que o crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas haviam predito, dizendo também que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o seu nome. — História dos Hebreus, Antiguidades Judaicas, 18, 772.
Josefo certamente não era um cristão, e por isso é improvável que ele teria frases usadas como: “se é que podemos considerá-lo simplesmente um homem”, ou “ele era o Cristo.” A maioria dos estudiosos do judaísmo e especialistas nos escritos de Josefo acreditam que isto foi provavelmente inserido por escribas cristãos em um momento posterior. Em vez disso, a passagem deve ter lida assim:
Nesse mesmo tempo, apareceu Jesus, que era um homem sábio; pois ele era um fazedor de obras maravilhosas, um mestre de homens que receberam a verdade com prazer. Ele atraiu para si muitos dos judeus e muitos dos gentios. E quando Pilatos, por sugestão dos principais homens entre nós, condenou-o à cruz, os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram depois da morte. É dele que os cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o seu nome. (J. Klausner, Jesus de Nazaré, pg 55)
Como podemos responder às objeções ao Testimonium Flavianum?
Muitos céticos argumentam que Josefo realmente não fez nenhuma referência a Jesus, e que todas as menções a ele foram adicionados pelos cristãos. Segundo eles, se o Testimonium Flavianum fosse retirado do texto, o parágrafo precedente e aquele depois fluem bem juntos. Este argumento é fraco, no entanto, porque os escritores antigos, muitas vezes desviam dos seus principais pontos. As Antiguidades em si contém muitas dessas digressões.
Outra afirmação cética comum é que há autores cristãos que não mencionam a passagem até o historiador da Igreja Eusébio mencioná-la no século IV. Por exemplo, Orígenes, o teólogo do segundo século, cita Josefo livremente em seu escrito Contra Celso mas, como o ateu Dan Barker escreve: “Em nenhuma uma vez utiliza este parágrafo, o que teria sido o ás final na manga” (Godless, pg 255). Dada a natureza das acusações pagãs contra Jesus (ele nasceu fora do casamento e morreu vergonhosamente), não há nada na versão abreviada do Testimonium que teria ajudado os argumentos dos primeiros apologistas cristãos.
Se as citações sobreviventes contêm interpolações cristãs ou não, o consenso acadêmico é que Josefo de fato sabia alguma coisa de um mestre obscuro chamado Jesus. O que nos resta é um relato não-cristão que nos faz saber pelo menos três pontos principais sobre ele: Ele existiu, ele começou o movimento cristão, e ele foi crucificado sob Pôncio Pilatos.
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Fonte: http://www.catholic.com/blog/jon-sorensen/is-this-mention-of-jesus-a-forgery
Tradução: Emerson de Oliveira