
A autoria dos cinco primeiros livros da Bíblia, conhecidos como o Pentateuco, tem sido objeto de debate há séculos. Enquanto a tradição atribui esses textos a Moisés, muitos estudiosos modernos questionam essa ideia, sugerindo que os livros foram escritos por autores posteriores. No entanto, descobertas arqueológicas recentes, como a inscrição Sinai 361, reacenderam a discussão sobre a possibilidade de Moisés ter, de fato, escrito esses textos.
O Que é a Inscrição Sinai 361?
A inscrição Sinai 361 é uma das várias descobertas feitas em Serabit el-Khadim, uma antiga mina de turquesa no deserto do Sinai. Datada entre os séculos XIX e XV a.C., essa inscrição utiliza o alfabeto proto-sinaítico, considerado uma das primeiras formas de escrita alfabética. Esse sistema foi desenvolvido por trabalhadores semitas que adaptaram símbolos egípcios para representar sons consonantais.
O arqueólogo Douglas Petrovich propôs que a inscrição Sinai 361 contém o nome “Moseh” (Moisés) e que o texto faz referência a eventos associados à liderança de Moisés durante o Êxodo. Segundo Petrovich, isso indicaria que os hebreus utilizavam um sistema de escrita alfabética durante o período do Êxodo, tornando plausível que Moisés tenha escrito o Pentateuco.
Debate Acadêmico
As afirmações de Petrovich geraram controvérsia na comunidade acadêmica. Enquanto alguns estudiosos veem suas interpretações como uma possível evidência da autoria mosaica do Pentateuco, outros questionam a precisão de suas traduções e a identificação de nomes bíblicos nas inscrições. Críticos argumentam que a atribuição do proto-sinaítico ao hebraico antigo carece de consenso e que as conclusões de Petrovich podem ser especulativas.
Além disso, a datação do alfabeto paleo-hebraico, que surgiu por volta de 1000 a.C., levanta questões sobre qual sistema de escrita Moisés teria utilizado. No entanto, o proto-sinaítico, datado de 1850 a 1550 a.C., poderia ter sido conhecido por Moisés, especialmente considerando sua educação na corte do faraó, conforme mencionado em Atos 7:22.
Conclusão
A inscrição Sinai 361 é uma descoberta arqueológica significativa que contribui para o debate sobre a autoria do Pentateuco. Embora a interpretação de que Moisés escreveu esses textos utilizando o alfabeto proto-sinaítico seja controversa, a existência de um sistema de escrita alfabética durante o período do Êxodo oferece uma base para reconsiderar a possibilidade da autoria mosaica. Como em muitas questões históricas, a verdade pode residir na interseção entre evidências arqueológicas, tradições religiosas e análises acadêmicas.
Referências:
- Petrovich, D. (2017). The World’s Oldest Alphabet: Hebrew as the Language of the Proto-Consonantal Script. Carta Jerusalem.
- “Top Ten Discoveries Related to Moses and the Exodus.” Bible Archaeology. https://biblearchaeology.org/2-home/4919-top-ten-discoveries-related-to-moses-and-the-exod​:contentReference[oaicite:13]{index=13}
- “World’s Oldest Alphabet and Origins of the Hebrews.” Patterns of Evidence. https://www.patternsofevidence.com/2021/08/27/worlds-oldest-alphabet-and-origins-of-the-hebrews/​:contentReference[oaicite:14]{index=14}
- “The Alphabet was not Invented by the Hebrews.” Ancient Hebrew Grammar. https://ancienthebrewgrammar.wordpress.com/2019/03/07/the-alphabet-was-not-invented-by-the-hebrews/​:contentReference[oaicite:15]{index=15}