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A Igreja Católica “queimou cientistas”?

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Galileu diante do Santo Ofício – uma das táticas e fraudes mais usadas contra a Igreja Católica

Uma das alegações mais infantis, pueris e tolas que se podem vir dos apedeutas ateístas militantes, céticos desinformados e outros simplistas, é a alegação de que “a Igreja Católica queimava cientistas”. Bom, além da alegação estar absurdamente mal feita (nem a Igreja nem a Inquisição “queimaram” alguém. Isto demonstra um péssimo entendimento simplório da relação entre Igreja e estado e poder civil), é mal formulada. É preciso entender muita coisa antes de se chegar a conclusões precipitadas.
Primeiro, já abordei esta questão em vídeo aqui sobre o caso do Giordano Bruno e aqui sobre Hipátia de Alexandria. Em nenhum caso, houve qualquer coisa a ver com “perseguição e opressão da Igreja contra a ciência, o conhecimento e liberdade de pensamento” (no caso de Bruno) e sim mais com questões internas a ver com heresia, ensinos controversos religiosos e tudo mais. Nada a ver com ciência. O caso de Hipátia já foi explicado que foi uma turba liderada por um tal leitor chamado Pedro que atacou a filósofa neoplatônica. Foi uma atitude individual e isolada e nada de “mando da Igreja para acabar com essa inoportuna inimiga do obscurantismo”.

Inquisição
Vamos avançar no tempo, para a época das Inquisições. As inquisições não eram sobre cientistas. Na verdade, a Igreja promoveu a pesquisa científica. E isto vamos demonstrar amplamente aqui no Logos, desbaratando as mentiras ateístas. Os jesuítas foram os pioneiros da pesquisa científica. Há um vídeo muito bom aqui. De forma geral, os jesuítas estiveram envolvidos com os saberes deixados pela física aristotélica e de outros textos clássicos que discutiam astronomia, óptica, geometria e mecânica. No período renascentista, por exemplo, Christoph Clavius (1538 – 1612) foi um dos mais importantes professores de matemática do período. Outros nomes como os de Manuel de Góis (1543 – 1597) e Matteo Ricci (1552 – 1612) foram de igual valor na manutenção e desenvolvimento das áreas de conhecimento já citadas.
As inquisições tratavam de heresias… e isso não tinha nada a ver com ciência. Muitos fundamentalistas críticos da Igreja que escrevem sobre a Inquisição contam com livros de Henry C. Lea (1825-1909) e GG Coulton (1858-1947). Cada um tem apresenta muitos fatos reais e cada progresso feito em pesquisa básica, e deve se dar crédito a eles. O problema é que eles não pesam bem os fatos, porque utilizavam de uma feroz animosidade em direção à Igreja que tinha pouco a ver com a própria Inquisição. O problema contrário não foi desconhecido. Alguns escritores católicos, especialmente aqueles menos interessados ​​em escavar a verdade do que em uma crítica difusa da Igreja, têm encoberto fatos incontestáveis ​​e tentaram encobrir a Inquisição. Isto é tanto um desserviço à verdade como um exagero de pontos ruins da Inquisição. Estes autores e apologistas bem-intencionados mas equivocados são, em certo sentido, muito parecidos com Lea, Coulton e os escritores fundamentalistas contemporâneos. Eles temem, enquanto outros esperam, que os fatos sobre a Inquisição possam provar a ilegitimidade da Igreja Católica.
Mas os fatos não conseguem fazer isso. A Igreja não tem nada a temer da verdade. Nenhum relato individual de loucura, zelo mal orientado, ou crueldade de católicos pode desfazer a base divina da Igreja, embora, na verdade, estas coisas sejam obstáculos para os católicos e não-católicos também.

incontro sala maria pyle (42)De acordo com o professor Agostino Borromeo, historiador do catolicismo na Universidade Sapienza em Roma e curador do volume de 783 páginas, divulgado academicamente, apenas 1% das 125.000 pessoas julgadas por tribunais da igreja como hereges suspeitas na Espanha foram executadas. E nenhum desses foram “cientistas” ou teve algo a ver com a ciência. Suas descobertas apoiam as recentes teorias de alguns historiadores independentes que a Inquisição Espanhola foi exagerada em uma espécie de lenda (“La leyenda negra”, ou “lendas negras”, que foram propaganda anti-espanholas inventadas contra a Espanha e das quais ateístas e outros ainda continuam aceitando e divulgando como “reais”). Outros especialistas demonstraram que muitos dos milhares de execuções convencionalmente atribuídas à Igreja foram de fato realizadas por tribunais seculares e não “pela Igreja”. A Igreja não nega a sua responsabilidade pelas atrocidades cometidas pelos católicos em seu nome. Em 2000, o Papa pediu desculpas publicamente pela “violência” desnecessária utilizada e não pela instituição da Inquisição em si (que é muito mal compreendida por simplórios e deturpadores ateístas). É muito simplista e superficial achatar as coisas de acordo com a visão distorcida ateísta e marxista cultural da história.
Talvez a ficção mais flagrante na história de Dan Brown (autor de “O Código da Vinci”) é sua alegação da ‘purga de 1668’ onde a Igreja Católica é acusada de ter marcado cientistas com um sinal de a cruz para eliminá-los de seus pecados (p. 131). É evidente que isto é útil para a trama para que isso tenha ocorrido, mas isso não aconteceu. No entanto, deve ser também dito que algumas autoridades da Inquisição às vezes foram notoriamente brutais quando sentenciaram os condenados por heresia. Ninguém está escondendo isso. O Logos não tenta “defender” tudo da Inquisição nem encobrir fatos. O Logos esclarece os fatos e dirime exageros (e os ateístas e céticos são pródigos em mentir e exagerar sobre isto e outros pontos).
O caso mais famoso a este respeito é a de Giordano Bruno. Nos anos 1600, Bruno – um padre dominicano – foi queimado na fogueira pela Igreja Católica Romana Igreja. Costuma-se dizer que ele foi morto por suas ideias científicas. É verdade que Bruno acreditava que o Universo era infinito e cheio de incontáveis outros mundos (na verdade, ele ensinava uma ideia hermética e ocultista, onde cada mundo tinha sua própria alma e era povoada por outros seres). O fato era que Bruno não era cientista nem propunha exatamente o que chamaríamos hoje de “ciências”. Sua matemática era primitiva e sua física especulativa. Não há evidência de que seu apoio ao copernicanismo afoi apresentado no tribunal, mas Bruno foi um defensor do sol ser o centro do universo, pois isto se encaixava bem com a visão egípcia do mundo. De acordo com o mito popular, Bruno foi executado por essas ideias, mas, tanto quanto sabemos, a ciência de Bruno não foi o problema. O que a Igreja considerava herética era a sua defesa de uma religião mágica e animista, a sua negação do divindade de Jesus e sua visão de que Jesus teve o que merecia, quando ele foi crucificado! O pior disso tudo, é que o herege Bruno ensinava tudo isso em universidades católicas que foram patrocinadas pela Igreja. Ou seja, cuspiu no prato em que comeu. E também, algumas autoridades podem ter errado na forma como julgaram e executaram Bruno (também discordamos a achamos injusta sua condenação) mas isto não dá respaldo para mentirosos ateístas e outros alegarem que ele morreu “como mártir da ciência”. A questão aqui é esta: Giordano Bruno foi queimado na fogueira para aceitar a teoria de Copérnico? Sobre e contra todos os comentários dos céticos que insistem que foi, temos o registro de seu julgamento (e seus próprios escritos sobre temas como a Trindade e a transmigração das almas) para mostrar que não foi.
É difícil, quase impossível de acreditar que até mesmo Max Kohler, chefe do CERN, alegou que cientistas (implicando Copérnico) “foram assassinados pela Igreja por revelarem a verdade. A religião sempre perseguiu a ciência”. Enquanto podemos, sem dúvida, encontrar a falha com a maneira pela qual a Igreja tem tratado alguns cientistas, historiadores não acreditam que qualquer cientista – incluindo Galileu – foi morto ou ameaçado de morte pela Igreja Católica por causa de suas pesquisas.

Galileu
cosmologia-galileu-galileiDe acordo com os céticos, o “Caso Galileu” foi uma questão simples; Galileu tinha novos dados científicos perigosos que a Igreja reprimiu. A realidade é, de longe, muito mais complexa. Tal como acontece com as outras imprecisões, a verdade vai de encontro às alegações ateístas e céticas e é importante saber que, enquanto os céticos afirmam que “os dados de Galileu foram incontestáveis”, na verdade os seus dados não foram convincentes, e que levaria muitos anos antes que qualquer evidência experimental viesse a ser persuasiva. E Galileu não sabia à época que o modelo geocêntrico do sistema solar “estava errado”, como alegam os céticos. É claro que, olhando com retrospectiva, podemos dizer que seu palpite estava extremamente bom.
O que os críticos não mencionam é que a pesquisa de Galileu foi inicialmente financiada pela Igreja. Isso é difícil de conciliar com a sugestão de que a Igreja simplesmente “assassinava cientistas onde poderiam ser encontrados”. Embora seja verdade que Galileu foi forçado para desistir de algumas opiniões pessoais a descrição da sua teoria de modo que fosse apenas uma proposta de modelo alternativo matemática e, em seguida, realizada sob a casa prisão para o resto de sua vida, ele nunca foi preso. Na verdade, ele foi autorizado a continuar sua pesquisa e publicou sua obra mais importante após a julgamento.

 Heresia
O grande problema para a mentalidade simplista dos céticos é que não entendem uma palavra em jogo no meio: heresia. Podem discordar da validade e existência da palavra, mas isto não dá crédito e direito dos ateístas e céticos mentirem contra a Igreja. O que os céticos falham em entender é que a heresia não era só considerada crime pela Igreja mas também pela sociedade civil. A Inquisição foi uma instituição católica mas as punições e execuções eram executadas pelo poder civil e desde o Império Romano. Não tem nada desse simplismo de ser “só coisa da Igreja Católica”, como saloios intelectuais alegam. 220px-PopeGregoryIXPor volta do ano 1100, os governantes seculares, conselhos da Igreja e papas, por causa da questão cátara (que também ameaçavam a ordem civil e pública) para a investigação e acusação de heresia, bem como para a punição dos hereges impenitentes. No entanto, tais esforços para combater a propagação de heresias, como o catarismo ficou desorganizada e ineficaz.
Para remediar a resposta desorganizada à heresia, o Papa Gregório IX (1227-1241) pôs-se à tarefa de levar a investigação de heresia no âmbito da disciplina da Santa Sé. O que chamamos de “Inquisição” é simplesmente o tribunal eclesiástico com juízes especialmente designados (inquisidores) responsáveis ​​perante tanto o bispo local e o papa, cuja tarefa era para investigar acusações de heresia, de forma sistemática e justo. A origem desta forma de investigação judicial, o inquisitio, não era a lei da Igreja, mas o Direito Romano como incorporado aos procedimentos de direito civil e canônicos. Gregório sabiamente contou com as novas ordens mendicantes, os franciscanos e os dominicanos, para lidar com a maior parte do trabalho inquisitorial. Vamos falar muito sobre tudo isso no Logos.

Conclusão
Dados os fatos, provas e documentos históricos, podemos afirmar com absoluta certeza, indo de encontro às mentiras dos críticos da Igreja, que nenhum cientista foi “morto pela Igreja por causa da ciência e pela liberdade de pensamento e expressão”. Os céticos estão ficando sem mentiras pra usar.

Para saber mais

  • Given, James B, Inquisition and Medieval Society (Cornell University Press, 2001)
  • Kamen, Henry, The Spanish Inquisition: A Historical Revision. (Yale University Press, 1999); ISBN 0-300-07880-3.
  • Parker, Geoffrey (1982). “Some Recent Work on the Inquisition in Spain and Italy”. Journal of Modern History 54 (3).
  • Peters, Edward M., Inquisition (University of California Press, 1989); ISBN 0-520-06630-8

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