Tradução: Emerson de Oliveira
Hb.1.10-12: “Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim”
Versículo 10. Ainda, quer dizer, “além disso” ou “para o Filho ele disse”. Isto é ligado com Hb. 1:8. “mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino”. Está bem claro que:
(1.) o objeto da citação é mostrar o exaltado caráter do Filho de Deus, e
(2.) dizer que a citação é para JEOVÁ seria completamente irrelevante. Por que, em um argumento projetado para provar que o Filho de Deus era superior aos anjos, o escritor deveria começar com uma dedicação a JEOVÁ, devido ao fato que ele tinha lançado os fundamentos da terra e que continuaria vivendo quando os céus fossem enrolados e acabados? Esta não é a maneira de Paulo, ou de qualquer outro bom escritor; e está claro que o escritor aqui quis aplicar isto ao Messias (grifo nosso). Poderia haver muitas dificuldades neste ponto e o escritor quis escrever assim para deixar o assunto bem claro. Ele quis aplicar o versículo ao Messias, além de toda dúvida, ou a citação seria totalmente irrelevante e inconcebível.
Senhor. Isto é tomado do Sl. 102:25-27. A citação é feita da Septuaginta, só com uma pequena variação e é uma tradução muito precisa do hebraico. No Salmo, não há dúvida que se fala de JEOVÁ. É plenamente visível no Salmo, principalmente porque o nome JEOVÁ é introduzido no Sl. 102:1,12 e porque ali diz que Ele é o Criador de todas as coisas, imutável. Ninguém, ao ler o Salmo, duvidaria que se referisse a Deus; e, se o apóstolo quisesse aplicá-lo ao Senhor Jesus, provaria que ele é divino. Para provar que este versículo se refere a Cristo, ou sobre que princípios fazemos tal asserção, podemos lançar alguma luz pelas seguintes observações. Note-se contudo, que algumas pessoas talvez, ao ler o Salmo, poderiam pensar que se referisse ao Messias; mas
(1.) o fato que o apóstolo usa este versículo, prova que foi compreendido, em sua época, pelo seu uso ou, pelo menos, para que aqueles a quem ele escreveu admitiriam que tivesse uma referência. Paulo não usou este princípio em nenhum outro lugar. Isto é importante e já mostra os sinais das provas que iremos dar.
(2.) não pode ser demonstrado que esta referência não seja a Cristo – era hábito dos escritores sagrados fazer do Messias o tema de suas poesias e ninguém pode provar que o escritor do salmo não quis que isto se referisse a Cristo.
(3.) não há nada no Salmo que não possa ser aplicado ao Messias; mas há muito nele que se aplica a Cristo. Por exemplo, suponha que o salmista do Sl. 102:1-11, em seus lamentos, represente o povo de Deus, antes do Redentor aparecer, como humilde, triste, abatido, afligido, falando de si mesmo como um deles, como um representante deste povo, o remanescente do Salmo concordará bem com a redenção prometida. Assim, tendo descrito a tristeza e as dores do povo de Deus, ele fala do fato que Deus surgiria e teria misericórdia em Sião (Sl. 102:13,14,) que os pagãos temeriam o nome do Senhor, todos os reis do Terra veriam sua glória, (Ps 102:15,) e que quando o Senhor viesse construir Sião apareceria em sua glória (Sl.102:16). A quem isto poderia ser aplicado senão o Messias? No Sl. 102:20 vemos que o Senhor olharia para baixo “para ouvir o gemido dos cativos e libertar os condenados à morte” — uma linguagem que se assemelha a usada por Isaías em Is. 61:1 na qual se aplica ao Salvador em Lc. 4:17-21. A passagem citada pelo apóstolo (Sl. 102:25-27) foi feita para falar da imutabilidade do Messias, e o fato que nele todos os interesses da igreja estavam seguros. Ele não mudaria. Ele tinha formado todas as coisas, e ele permaneceria o mesmo. Seu reino seria permanente, entre todas as mudanças que acontecem na Terra, e seu povo não precisaria se preocupar, Sl. 102:28.
(4.) Paulo aplica esta linguagem para o Messias, conforme a doutrina que ele tinha dito (Hb. 1:2,) que foi por ele que que Deus “fez os mundos”. Ele parece ter sentido que não era errado aplicar a Cristo as passagens no Velho Testamento que falam da obra de criação. O argumento é este. De fato “Ele foi o Criador de todas as coisas. Mas, para o Criador, ele aplica uma linguagem nas Escrituras que mostram que Ele foi exaltado sobre os anjos. Ele permaneceria o mesmo, enquanto os céus e a Terra passariam. Ele seria eterno. Tal Ser deve ser superior aos anjos; tal Ser deve ser divino”. As palavras “Tu, Senhor”, su kurie, não estão no salmo hebraico, apesar de estarem na Septuaginta. No hebraico, o Sl.102:24 é dirigido a Deus—“dizia eu, Deus meu” – mas não pode haver nenhuma dúvida que o salmista se dirigiu a JEOVÁ, e que a palavra Deus é usada em seu sentido formal e denota divindade. Veja o Sl. 102:1,12, do Salmo.
No princípio. Veja Gn. 1:1. Quando o mundo foi feito. Em Jo.1.1, a mesma frase é aplicada ao Messias—” no princípio era o Verbo”.
lançaste os fundamentos da terra. Fizeste a Terra. Esta linguagem é comum nas Escrituras onde a Terra é representada como se estivesse apoiada numa base. É uma linguagem figurativa, derivado do ato de criar um edifício. O significado aqui é, que o Filho de Deus foi o Criador ou Fundador original do Universo. Ele não só o organizou de materiais pré-existentes, mas foi seu Criador ou Fundador.
e os céus são obra das tuas mãos. Isto demonstra que o Senhor Jesus é divino. Quem criou o Universo deve ser Deus. Nenhuma criatura pode fazer isto, nem podemos conceber que outro tipo de criatura poderia ter tamanha responsabilidade. Se que poder pudesse ser delegado, não há um atributo de Divindade que não pode ser e assim todas as características da divindade seriam confundidas. Os palavra “céus” aqui significa todas as partes do Universo exceto a Terra, veja Gn. 1:1. As palavra mãos são usadas, porque é pelas mãos que executamos qualquer obra.