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20 argumentos a favor da existência de Deus – 8º. Argumento sobre o mundo ser um todo que interage

20argumentosNorris Clarke, que lecionou Metafísica e Filosofia da Religião por muitos anos na Universidade Fordham, distribuiu uma versão muito intrigante do Argumento do desígnio. Nós a apresentamos aqui de forma resumida e revisada, para sua reflexão.

Ponto de partida. Esse mundo nos foi entregue como um sistema dinâmico e ordenado com muitos elementos ativos. A natureza desses elementos (propriedades naturais) é ordenada para interagir com outros em relacionamentos estáveis e recíprocos, que são chamamos de leis da Física. Por exemplo, cada átomo de hidrogênio em nosso universo está ordenado para combinar com átomos de oxigênio na proporção de 2:1 (o que implica que cada átomo de oxigênio está reciprocamente ordenado para combinar com átomos de hidrogênio na proporção de 1:2). O mesmo acontece com as valências químicas de todos os elementos básicos. E todas as partículas que possuem massa são ordenadas para mover-se em direção umas das outras, de acordo com as proporções fixas da lei da gravidade.

Em um sistema dinâmico, interconectado e interligado como esse, a natureza ativa de cada elemento é definida por sua relação com os demais. Isso pressupõe a existência de vários elementos para que haja inteligibilidade e capacidade de agir de algum outro.

A ciência contemporânea nos revela que nosso sistema mundial não é meramente um conjunto de leis distintas, separadas e não-relacionadas, mas um todo rigorosamente interligado, onde o relacionamento com o todo gera estrutura e determina as partes. Estas não podem mais ser compreendidas em separado do todo; a influência dele permeia todas elas.

Argumento. Em um sistema como o mencionado anteriormente (o nosso mundo) nenhum componente ou elemento ativo pode ser auto- suficiente ou autoexplicativo. Isso porque cada parte pressupõe todas as outras; e todo o sistema já existe para combinar-se com suas próprias propriedades racionais. Nenhum elemento pode agir a menos que as outras partes estejam presentes para interagir reciprocamente com ele. Qualquer outra parte poderia ser autossuficiente apenas se fosse a causa do restante do sistema—o que é impossível, uma vez que nenhuma parte pode agir exceto em colaboração com as demais.

Tampouco o sistema como um todo explica sua própria existência, pois ele é feito de partes componentes e não é um algo separado, existente em si próprio, independente do restante. Além disso, nem as partes nem o todo são autossuficientes; e nenhuma parte pode ser tomada para explicarmos a existência atual de tal sistema de interação dinâmica.

Três conclusões

  1. Uma vez que as partes só têm sentido dentro do todo, e nem o todo nem as partes podem explicar sua própria existên­cia, então um sistema como nosso mundo exige uma Causa efi­ciente unificadora que gere a existência de um todo unificado.
  2. Uma Causa desse tipo — que traga o sistema à existên­cia de acordo com uma ideia unificadora — tem de ser uma Causa inteligente. A unidade do todo — e de cada uma das leis físicas cósmicas e globais, que fazem com que os elemen­tos interajam entre si — é o que determina e correlaciona aspartes. Portanto, esta unidade deve estar de alguma maneira presente como um fator efetivo e organizador.

Entretanto, a unidade, a integridade do todo, transcende qualquer uma das partes; logo, não pode estar contida em nenhuma destas. Para estar realmente presente de uma vez só como um todo, essa unidade pode ser apenas uma ideia unificadora e organizadora. Isso porque apenas uma ideia pode manter juntos muitos elementos de uma única vez sem destruir ou mesclar os aspectos distintos de cada um. Isso é quase a definição de uma ideia. Uma vez que as partes estão espalhadas pelo espaço e pelo tempo, a única maneira pela qual podem estar juntas de uma única vez como uma uni­dade inteligível é dentro de uma ideia. Portanto, o sistema do mundo como um todo deve existir primeiro dentro da unidade de uma ideia. Uma ideia real não pode existir de modo operante e eficiente a não ser em uma mente verdadei­ra, que tenha o poder criativo de trazer tal sistema à existên­cia. Portanto, para que haja um sistema universal ordenado (como é o nosso) precisa haver, em última instância, uma Mente coordenadora e criativa. A ordem cósmica exige um Ordenador cósmico, que só pode ser uma Mente.

  1. Tal Mente ordenadora precisa ser independente do próprio sistema, ou seja, transcendente a ele, e não pode depender do sistema para existir e operar. Se dependesse do sistema ou de parte dele, teríamos de pressupor que este sistema como preexistente para poder operar; ele teria simultaneamente que preceder a si mesmo e causar-se. Isso é absurdo! Nosso universo material exige necessariamente, como razão suficiente para a sua existência como um todo operante, uma Mente Criativa e Transcendente, que já existia e era capaz de operar antes e independe do sistema a ser criado.

Fonte: Manual de apologética, de Peter Kreeft e Ronald Tacelli

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