Habemus Papam! Esta frase em latim que significa “nós temos um papa” – proferida pelo Cardeal protodiácono sobre a elevação de um novo pontífice supremo – novamente apareceu depois da fumaça branca da chaminé da Capela Sistina, em Roma. Depois de dois dias de votação, os cardeais da Igreja Católica Romana elegeram o cardeal Jorge Mario Bergoglio como Papa e ele adotou papa Francisco como seu título de reinado. Esta lista analisa 10 fatos fascinantes sobre o novo líder de mais de um bilhão de católicos no mundo: o papa Francisco.
O papa Francisco nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1936, tendo atualmente 76 anos – dois anos mais novo do que o Papa Bento XVI quando de sua eleição. O papa Francisco é o primeiro papa da Américas. Seu pai foi um trabalhador ferroviário italiano, que provavelmente explica, em parte, sua humildade e simplicidade em sua vida como um arcebispo e cardeal. Ele tem quatro irmãos e irmãs. Antes de entrar para o seminário o sonho de Bergoglio era se tornar um químico. É improvável que ele imaginou que um dia seria o Sumo Pontífice.
O papa Francisco foi um sério candidato no conclave de 2005, que acabou por eleger o papa Bento XVI. Vazaram documentos após o conclave que o papa Francisco recebeu 40 votos no terceiro escrutínio, mas este foi reduzido a 23 na final. Ele era muito popular na época e é provável que essa popularidade foi uma das razões para a sua eleição em conclave deste ano. Campanhas de difamação e má imprensa antes da eleição de 2005 podem ter sido parte da razão pela qual ele perdeu, mas diz-se também que, quando ele percebeu que poderia ganhar, pediu aos cardeais eleitores não votarem nele. Talvez uma situação semelhante surgiu desta vez, dado o fato de que a cédula final demorou muito mais tempo do que o esperado.
O papa Francisco é o primeiro papa a reinar com este título. Ele escolheu o nome em memória de São Francisco de Assis. Curiosamente, outro Francisco é São Francisco Xavier – o co-fundador da Companhia de Jesus (jesuítas). O outro fundador foi Santo Inácio. Os jesuítas são atualmente considerado muito liberais, mas o papa Francisco é um dos raros membros conservadores da sociedade. Por esta razão, uma campanha de difamação foi iniciado antes da eleição de 2005 contra ele alegando que ele “nunca sorriu”. Acredita-se que a campanha foi iniciada por outros membros da ordem jesuíta.
Os jesuítas foram fundados por Santo Inácio de Loyola e seis estudantes da Universidade de Paris (incluindo São Francisco Xavier), em 1540. A intenção da ordem era extirpar o protestantismo e dirigir escolas. Eles foram suprimidos em 1760 por sua manobra política, mas a repressão foi retirada em 1814. Nos tempos modernos, os jesuítas muitas vezes estiveram envolvidos com a teologia da libertação entrelaçada com o modernismo, que permitiu a alteração de dogmas inalteráveis. No entanto, alguns permanecem fiéis às intenções originais dos fundadores e o papa Francisco está entre estes poucos.
O papa Francisco é considerado da ala conservadora da Igreja. No início de 1900 (alguns podem até dizer antes) surgiu uma heresia chamada modernismo. Essencialmente, as pessoas que aceitam esta ideia acreditam que a Igreja pode, e deve, reverter dogmas anteriores e levar a Igreja de volta a uma forma simplista, como vista nos primeiros anos. Muitos falaram contra o modernismo alegando que iria levar à confusão e discórdia e, finalmente, a destruição da Igreja. Com o Concílio Vaticano II, na década de 1960, o modernismo foi introduzido de uma forma sutil, o que ficou conhecido como a facção liberal. Desde então, os conservadores e os liberais estiveram na garganta um do outro no Vaticano tentando ganhar ou manter o poder. O Papa Bento XVI foi visto como um papa conservador e a eleição do Papa Francisco, que também é conservador, era de se esperar, dado o fato de que o Papa Bento XVI elevou mais da metade dos cardeais, de entre aqueles que ele mais confiava. Dito isto, a vida simplista anteriormente liderada pela papa Francisco poderia significar que a parte da pompa e aparato do papado pode ser minimizado em seu pontificado.
Enquanto ele é considerado relativamente calmo quando se trata de justiça social, o papa Francisco se manifestou contra a desigualdade: “a injusta distribuição dos bens persiste, criando uma situação de pecado social que clama ao céu e limita as possibilidades de uma vida mais plena para muitos de nossos irmãos”. No entanto, o papa Francisco defende a santidade pessoal antes da justiça social acreditando que esta fluirá a partir da primeira. Ele é primeiro mais um papa da santidade (através da compreensão de Deus) e depois da caridade. Isso está em conformidade com a educação religiosa tradicional na Igreja no passado.
Na década de 1970 o papa Francisco (então superior dos jesuítas) foi acusado de sequestrar dois padres jesuítas que se recusaram a deixarem seus cargos, quando ele os ordenou. Isso ocorreu durante a chamada Guerra Suja, uma época de brutalidade e guerrilha, em que a extrema esquerda lutou contra o governo conservador. Os sacerdotes que foram supostamente sequestrados estavam do lado da esquerda e o cardeal Bergoglio havia ordenado que os jesuítas se distanciassem da luta e mantivessem uma postura conservadora. O cardeal rejeitou as acusações de sequestro e nenhuma acusação foi levantada.
Embora afirmando que todos os seres humanos devem ser respeitados (como mostrado quando ele lavou os pés de 12 pacientes com AIDS em 2001), o Papa Francisco fala fortemente contra as uniões do mesmo sexo e veementemente se opõe contra essa legislação contra a Argentina, que pretende legalizá-las. Ele também se opõe a adoção por casais homossexuais afirmando que se trata de discriminação contra as crianças e também afirmou (em uma carta a todos os mosteiros da Argentina) que isso era um “terrível retrocesso real e antropológico”: “não vamos ser ingênuos, não estamos falando de uma simples batalha política; as [uniões do mesmo sexo são] uma pretensão destrutiva contra o plano de Deus. Não estamos falando de um simples projeto de lei, mas sim de uma maquinação do Pai da Mentira, que procura confundir e enganar os filhos de Deus.”
Enquanto era o líder dos Bispos católicos da Argentina, o cardeal Bergoglio teve um palácio e limusinas. Ele optou, no entanto, viver em um pequeno apartamento e pegar o ônibus para o trabalho a cada dia. Ele cozinha suas próprias refeições e evita a pompa de seu escritório. Por esta razão, ele é visto por muitos como um homem muito humilde e muito santo. Ele é notado, por outro lado, por sua força e ousadia em matéria de aborto e contracepção (às quais ele se opõe fortemente em linha com a doutrina católica tradicional). Não espere ver mulheres padres ou sacerdotes casados em seu papado.
O papa Francisco provavelmente será um papa conservador como o Papa Bento XVI. Ele provavelmente irá continuar no mesmo caminho que o seu antecessor, mas talvez de uma maneira mais forte. Ele provavelmente vai viajar mais do que o papa Bento XVI e quase certamente a sua primeira visita ao estrangeiro fora da Itália será a Argentina. É provável que seus hábitos pessoais de simplicidade continuarão e vamos ver menos da riqueza dos paramentos da Igreja e arte durante o seu reinado. Ele também é passível de reformar a Cúria (o governo da Igreja) como é visto em necessidade desesperada dos escândalos seguintes e abusos na Igreja. Além disso, ele receberá em breve um documento (dossiê) de 300 páginas preparado por três cardeais que relata os nomes dos vergonhosos homens na cúria por trás de muitas intrigas e escândalos. Há uma boa chance de que muitos homens serão removidos de seus cargos atuais.
Fonte: http://listverse.com/2013/03/13/10-fascinating-facts-about-pope-francis/
Tradução: Carl Spitzweg
