Resposta aos “36 argumentos para a existência de Deus… ou contra”, de Rebecca Goldstein

Rebecca Newberger Goldstein jacket photoMais uma vez o meio popular posta alegações de pessoas com alegações “bombásticas” contra o teísmo, como se fosse coisa nova. É lamentável. E agora, vem da VEJA. O que devia ter olhos abertos para a realidade, fecha-se num marasmo de ignorância. Vamos analisar as alegações da Rebecca Goldstein e Cass Seltzer que foram postados aqui. Com o ateísmo fundamentalista religioso na moda e em ascensão, 36 Argumentos para a Existência de Deus zomba delicadamente dos delírios de certos religiosos e ateus. Cass Seltzer é um psicólogo em uma universidade de segunda categoria, cujo livro, As Variedades da ilusão religiosa, tornou-se um best-seller inesperado por causa de um apêndice que fornece uma série de alegações contra a existência de Deus. A posição de Cass é admiravelmente moderada – a de que a crença em Deus tem pouco a ver com a natureza ou o valor da experiência religiosa – mas ele torna-se um office boy ateu. Claramente, Cass escreveu seu livro para tentar ganhar algum dinheiro em cima do ateísmo pop, essa malandragem atual de mirins onde se tenta de tudo para usar contra o teísmo, mesmo que sejam alegações ridículas, tolas e recicladas e isso para conseguir uma oferta de um cargo na Universidade de Harvard, mas Cass – neurótico e bastante agitado – não pode deixar de aborrecer sobre sua namorada ausente e se preocupar com um próximo debate teológico.

Mesmo o dr. William Lane Craig já os desmontou completamente aqui, mas como a maioria da população não tem acesso a essas ricas informações (ainda mais por muitas estarem em inglês) fica complicado o povo ser bem informado. Como são servidos pelos meios de desinformação como essas revistas e sites populares como VEJA e TERRA, não é à toa que brotam neo-ateus por aí como brotoejas. A informação de alto nível a abalizada não é o forte dos antirreligiosos. O Christian Research Journal comentou sobre o livro:

O livro de Rebecca Goldstein alega que refuta três dezenas de “argumentos” para a existência de Deus. Os argumentos, no entanto, são somente espantalhos de sua própria construção, tendo apenas passando semelhança com os argumentos clássicos. Além disso, pelo menos no caso do argumento cosmológico, o espantalho parece estar a ganhar! Suas críticas são facilmente derrotadas, fazendo-a ser um bom exercício bom para iniciantes em apologética.

“36 argumentos para a existência de Deus: Goldstein sobre o argumento cosmológico” Christian Research Journal 34/01 (2010), pp 52-53.

No post, ela diz, sobre o Argumento Cosmológico:

Se tudo que existe deve ter uma causa, quem causou Deus? Os teístas dizem que suas premissas têm ao menos uma exceção, mas não explicam por que Deus precisa ser a única exceção. O próprio universo poderia existir sem causa. Já que a responsabilidade precisa ir para alguém, por que não para o universo?

É impressionante como essa pessoa veio com mais essa, amplamente derrocada e completamente ignorada até mesmo por ateus mais bem informados. Mas como os leitores incautos da VEJA deixarão de perceber, essa é uma crítica patética e infantil ao AC. Mesmo o site ateu e cético Commonsense Atheism repudiou essa alegação. Essa é uma das vacas sagradas do ateísmo. Até o Christopher Hitchens caiu nessa patética tentativa de desacreditar o AC:

Como explicou o filósofo ateu de religião Gregory Dawes:

Richard Dawkins, por exemplo, escreve que, para explicar o mecanismo da vida “invocar um Designer sobrenatural é explicar exatamente nada”. Por quê? Porque “deixa inexplicável a origem do designer”.

…A [idéia de Dawkins é] que as explicações religiosas são inaceitáveis ​​porque deixam sem explicação a existência de seu explanans (Deus). Dawkins, aparentemente, assume que todas as explicações bem sucedidas também devem explicar o seu próprio explanans. Mas esta é uma afirmação absurda. Muitas de nossas explicações mais bem sucedidas levantam novos quebra-cabeças e nos apresentam novas questões a serem respondidas.

Já refutamos isso aqui no Logos também. Outro problema com essa tolice de Seltzer é que viola o princípio chave da causalidade, um dos basilares da ciência. Este princípio da causalidade é tão fundamental que se eu dissesse que a cadeira na qual você está sentado, o que deve ter tido um começo, simplesmente apareceu na existência sem qualquer causa, pode justificadamente achar que preciso de uma avaliação psiquiátrica!

A causa do universo deve ter sido não-material, porque se a causa foi o material/natural, estaria sujeito às mesmas leis de decadência como o universo. Isso significa que ele teria que ter tido um começo em si e você tem o mesmo problema que os ciclos  de nascimentos e mortes de universos. Assim, a causa de início do universo deve ter sido sobrenatural, ou seja, não-material ou espírito – uma causa fora de espaço-matéria-tempo. Essa causa não estaria sujeita à lei da decadência e, portanto, não teria um começo. Ou seja, a causa teve de ser um espírito eterno.

Além disso, a causa do universo tinha que ser extremamente poderosa, o tamanho e energia visto no universo demonstram esse poder;  tinha de haver uma causa suficiente.

Depois, ele continua, falando sobre o Argumento do Projeto:

A falácia no argumento é a premissa 1. Partes de um objeto complexo servindo uma função complexa não requerem, na verdade, um projetista. Charles Darwin mostrou como processos de replicação podem dar origem à ilusão de projeto e projetista. Replicadores podem fazer cópias de si mesmos, que fazem cópias de si mesmos e assim por diante, dando origem a um sem número de descendentes. Os replicadores precisam competir pela energia e os materiais necessários para a replicação.

Uma vez que nenhum processo de copiagem é perfeito, podem acabar surgindo erros, e qualquer erro que leve o replicador a se reproduzir com mais eficiência que os competidores resultará na predominância daquela linhagem na população. Após várias gerações, os dominantes parecerão ter sido projetados para replicação eficaz, mas tudo que fizeram foi acumular erros de copiagem, que no passado levaram a uma reprodução eficaz.

É impressionante como essa alegação é infantil e tosca. É interessante como essas pessoas reciclam as velhas ideias de Dawkins sem saber, pensando que são “coisa nova”. O argumento de Paley funciona, assim, como um Argumento da Analogia, O qual pode ser descrito desta maneira:

  1. a, b, c, e d têm propriedades P e Q.
  2. a, b, e c têm propriedades R.
  3. Portanto, d tem a propriedade R também (provavelmente).

Observe a conclusão do argumento – portanto, d tem a propriedade R também (provavelmente). O argumento de Paley [2] é o que é conhecido como um argumento indutivo. Isto significa simplesmente que o argumento não diz “que a sua conclusão segue necessariamente das suas premissas, mas apenas que suas premissas estabelecem uma probabilidade de que a conclusão é verdadeira“. Isso simplesmente faz o papel da função de uma espécie de investigação científica, onde é “projetado para explicar os fatos da experiência, e deve ser aceito ou rejeitado de acordo com se ele atende aos critérios de adequação pelos quais hipóteses são avaliadas em ciência e na vida cotidiana “.

Daí, suponha que estivéssemos preenchendo as variáveis ​​do argumento acima:

  1. Barcos, casas, relógios, e experiências no mundo têm propriedades como “ajuste mútuo de peças para o todo” e “curiosa adaptação dos meios aos fins.”
  2. Barcos, casas e relógios têm ainda a propriedade de serem produzidos por projeto.
  3. Portanto, é provável que o universo também tem essa propriedade adicional, que também foi produzido por projeto.

Em última análise, se não se pode encontrar um projetista, fica-se com um ou outro a frustração de um universo projetado em que o Projetista é não detectável, ou o absurdo de um universo aparentemente projetado que é na verdade o produto da matéria não inteligente reunida por acaso inexplicável. No entanto, se encontrarmos o Projetista, é  muito provável de se responder às grandes questões da origem, significado e destino.

Agora, Cass ataca o big bang:

Nem os cosmólogos concordam que o Big Bang é uma singularidade, a aparição súbita de tudo. Ele pode representar a emergência de um novo universo a partir de outro previamente existente, situação explicada por leis físicas. Nesse caso, seria supérfluo invocar Deus para explicar o surgimento de algo a partir de nada.

Ridículo. Além da estapafúrdica alegação, Rebbeca comente gafes ginasiais sobre cosmologia e astronomia. Primeiro que o big bang é a EXPANSÃO de algo, do universo. Segundo, que a teoria do universo oscilante também já foi refutada. Terceiro, Craig já aniquilou isto aqui.

Agora sobre as preces:

A premissa 3 é verdadeira. Contudo, usá-la para inferir que ocorreu um milagre (uma prece atendida é certamente um milagre) é subvertê-la. Não há nada que seja menos provável que um milagre, já que constitui violação de uma lei da natureza. Portanto, é mais razoável concluir que a conjunção de prece e recuperação seja uma coincidência do que ser uma prece atendida.

Além disso, dada a amostragem suficientemente grande de preces (o número de vezes que as pessoas pedem a Deus para ajudar a elas é muito grande), o improvável está sujeito a acontecer ocasionalmente.

Realmente, as tentativas de Rebecca são patéticas. Ignorando os amplos casos de relatos de milagres comprovados cientificamente por relatórios médicos, como o caso interessante de Pierre de Rudder, Rebecca é mestra em usar de argumentos infantis e dignos da ATEA para com o cristianismo. Primeiro que a tentativa de alegar que um milagre é uma violação de uma lei da natureza é horrível. Essa ideia de Hume já foi amplamente contestada.  Essa objeção aos milagres apresentada pelo naturalismo é tosca. Aprendemos que o naturalismo não pode justificar-se, uma vez que pressupõe sem razão, a ausência de qualquer coisa fora do reino material. Aprendemos também que a alegação de que só a investigação empírica do mundo físico nos dá o conhecimento é autodestrutivo, uma vez que não existe um método empírico que produz tal conclusão.  Assim, os ateístas promulgam críticas contra o teísmo mas não analisam as falhas de suas próprias alegações.

A crítica de Hume falha, porque o seu argumento é uma petição de princípio. Hume começa o seu argumento contra os milagres por negar categoricamente que as alegações de milagres são válidas, o que é exatamente o que ele precisa provar. Ele afirma ter demonstrado que as alegações de milagres são inerentemente não confiáveis quando tudo que ele tem feito é declarar seu preconceito contra tais alegações. Pelo que sabemos, algumas afirmações milagrosas podem ser válidas. Só podemos saber se nós as investigarmos. Hume pressupõe que a uniformidade da experiência humana e da inviolabilidade das leis naturais nos permitem simplesmente ignorar tais afirmações, mas ele não provou que este seja o caso.

E assim, ficamos com a possibilidade de milagres, afinal. Temos olhado além das cortinas de nossas casas de pedra e vimos um lampejo de luz. Em seguida, vamos quebrar a porta aberta à medida que começamos a nossa instrução do milagre mais famoso da história, a ressurreição de Jesus Cristo. Vamos começar a nossa jornada, investigando o Credo coríntio e a proclamação antecipada da Ressurreição de Cristo. Comecem a usar óculos de sol.

Consenso da humanidade, my Gosh!

A premissa 2 é falsa porque povos largamente separados poderiam muito bem inventar as mesmas crenças, só que falsas. A natureza humana é universal, e assim propensa a ilusões universais e deficiências de percepção, memória, raciocínio e objetividade.

Que tosqueira. Não é à toa que esses “artores” só são admirados por leitores mirins tipo ATEA ou outros. São alegações pífias e tacanhas. Interessante que a autora nunca faz uma autocrítica, tentando analisar sua posição.  Isso, meus caros colegas, se chama falácia genética.  Isso já foi refutado aqui.

Só resta ter dó desses leitores e compradores desses livros espúrios e inúteis, de ateístas e céticos que pensam vir com “argumentos infalíveis” contra o teísmo, sem saber que muitos já foram há muito respondidos e refutados, além de tentarem reciclar velhos outros pensando serem novos. É dose.

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