Notas sobre o inferno

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Um termo que na linguagem comum designa o futuro lugar de castigo dos ímpios. Outros significados em muitos lugares são expressados por este termo, que deve ser reconhecido para evitar enganos e confusão. Em alguns casos se refere ao sepulcro, em outros para o lugar dos espíritos sem qualquer implicação sobre sua felicidade ou infelicidade. Porém, este fato não afeta a razão da crença indicada pelo uso comum do termo, uma convicção apoiada por muitas passagens das Escrituras.
Usos nas Escrituras. As palavras das Escrituras originais traduzidas por “inferno” em português são três. Com exceção de uma (IIPd. 2,4, tartaroo, “prisão”), elas são as únicas palavras traduzidas dessa forma. Porém, estes não são os únicos termos, como veremos, na qual a ideia de um lugar de sofrimento futuro para os ímpios é clara e fortemente expressada. As três palavras são:

Sheol. Sem entrar em discussão sobre a derivação ou raiz do significado deste termo no AT, basta dizer que ocorre várias vezes nas Escrituras. A ideia geral é “o lugar do mortos”; e isto quer dizer, não o sepulcro, mas o lugar dos que partiram desta vida. O termo é usado com referência para os justos e os ímpios: dos justos (Sl. 16,10; 30,3; Is. 38,10; etc.), dos ímpios (Nm. 16,33; Jó 24,19; Sl. 9,17; etc.). Isto está conforme o caráter geral da revelação do AT que apresenta muito menos claramente que o NT a doutrina da vida futura com suas partes distintas de destruição. Mas há muitas sugestões, e mais que sugestões, da diferença nas condições dos mortos. O salmista reza: “Não me arrastes com os ímpios, com os que praticam a iniquidade” (28,3; também veja Is. 33,14; 66,24; Dn. 12,2).

Hades. Um dos termos do NT traduzido como “inferno”. Como o sheol do AT, é amplo e tem um significado muito semelhante. Refere-se ao mundo subterrâneo, ou região dos mortos, o estado intermediário entre a morte e a ressurreição. Ocorre várias vezes no NT, isto é,: Mt. 11,23; 16:18; Lc. 10,15; 16:23; At. 2,27,31; Ap. 1,18; 6,8; 20,13-14. A Almeida traduz esta palavra “inferno” em todos os caso, com a exceção de ICo. 15,55 na Almeida, onde reza “sepulcro” (a NASB e NIV rezam “morte”, de  thanatos, não hades). A NIV normalmente traduz “profundezas”, ou “sepulcro” para hades. Esta reconhecida distinção entre “hades” e “inferno” como um lugar de sofrimento é válida. Não obstante é claro que nosso Senhor, certo de suas palavras, associou o juízo e sofrimento com a condição de alguns dos habitantes do “hades” (por exemplo, Mt. 11,23-24; Lc. 16,23-27).

Gehenna. O vale do Hinnom. Um lugar onde a apostasia judaica, os rito de Molok, foi célebre (IRe. 11:7). Foi convertido pelo rei Josias em um lugar de abominação onde eram lançados os corpos mortos e depois queimados (IIRe. 23,13-14). Consequentemente, o lugar serviu como um símbolo, e o nome foi destinado para designar o lugar dos espíritos perdidos. Foi deste modo que o termo foi usado por nosso Senhor.
A palavra ocorre no NT, e em todo caso é traduzida corretamente por “inferno”, denotando o estado eterno dos ímpios depois da ressurreição. Quer dizer, o significado da palavra portuguesa é particularmente o significado de Gehenna (Mt. 5,22,29-30; 10,28; 18:9; 23,15,33; Mc. 9,43.45.47; Lc. 12,5; Tiago 3,6).
A distinção entre hades (o estado intermediário) e Gehenna (inferno eterno) é de grande importância, não só porque é necessário à compreensão de um grande número  de passagens no NT, mas também para evitar más interpretações, podendo remover dúvidas sobre se Cristo está ensinando com respeito ao estado futuro dos ímpios. É importante também para entender a doutrina da “descida de Cristo ao inferno” (hades) e do estado intermediário.

Sinônimos nas Escrituras. A doutrina bíblica do inferno não está limitada aos termos mencionados acima e para as passagens nas quais eles aparecem. Há muitas frases nas quais são apresentadas ideias obscuras como “fogo inextinguível”, “forno de fogo”, “fogo e enxofre”,” a fumaça do tormento”,” o lago de fogo que queima com enxofre”, “onde o verme não morre”, “o fogo eterno que esteve preparado para o diabo e seus anjos”. Van Oosterzee comentou bem: “Não há nenhuma dúvida que as Santas Escrituras nos pedem que acreditemos em um lugar corretamente denominado de castigo, buscada em qualquer parte da criação ilimitada de Deus. Que as diferentes imagens sobre as quais ele é representado não podem ser tomadas literalmente e não será necessária nenhuma demonstração; mas talvez não será desnecessário advertir contra a opinião que nós temos que fazer aqui com mera imagem. Quem poderá saber ser a realidade não irá ultrapassará infinitamente as ideias mais avançadas que temos dele?”

Bibliografia: H. Buis, The Doctrine of Eternal Punishment (1957); J. N. D. Kelly, Early Christian Doctrines (1978), pp. 473, 483 f.; W. G. T. Shedd, The Doctrine of Eternal Punishment (1980).

 Por: New Unger’s Bible Dictionary
Tradução: Stephen Adams

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