Talvez o mais famoso ateu alemão e, com influência do declínio do marxismo, aquele cuja influência exerce-se mais diretamente na atualidade, é Friedrich Nietzsche (1844-1900). Nietzsche, como De Sade (que tem uma semelhança notável com seu sucessor intelectual filosófico alemão, ainda mais surpreendente, tendo em conta o fato de que não parece ter havido qualquer influência intelectual direta do último no anterior) é mais conhecido por seu amoralismo. Como observa Minois, Nietzsche concluiu que o enfraquecimento do cristianismo pelo idealismo alemão e crítica bíblica iria levar inevitavelmente a uma crise sem precedentes de valores no Ocidente.[1]
Como De Sade, Nietzsche considera que a moralidade tradicional não poderia sobreviver à morte de Deus pois, se Deus está morto, a moralidade precisa ser recriada, o que necessita de uma transvalorização de valores. Não é mais a questão como com os anteriores ateus franceses do século XVIII, que tentavam refutar a existência de Deus, mas sim explicar como ele surgiu.[2]
Na visão de Nietzsche, existem muitos ateus (os novos ateus poderiam servir como exemplos contemporâneos aqui) que rejeitam a Deus, mas desejam se apegar a moralidade convencional; no entanto, a partir de uma perspectiva nietzschiana esta é apenas uma forma de autoengano, já que a moralidade tradicional (seja em sua forma religiosa ou na suposta forma humanista “pós-religiosa”) permanece ou se vai com a religião e a morte de Deus exige a criação de uma nova moral genuinamente pós-religiosa.
Nietzsche vê a verdadeira moralidade como a moral do herói, ao invés da do escravo (religiosa). Sua afirmação de poder e seu exercício pelo super-homem amoral é o oposto da promoção de compaixão de Schopenhauer como a resposta mais adequada e autêntica à falta de sentido da vida em um mundo sem Deus, e a difícil questão da influência das ideias de Nietzsche sobre o nazismo europeu no século XX ainda é um assunto de considerável controvérsia.[3]
Referências
1. Minois, Georges. Histoire de L’atheisme. La Fleche: Fayard, 1998.
2. Ibid., 511.
3. Wicks, Robert. “Friedrich Nietzsche.” In The Stanford Encyclopedia of Philosophy, ed Edward N. Zalta. Place Published, 2007.
Fonte: http://www.investigatingatheism.info/nietzsche.html
Tradução: Emerson de Oliveira