Mateus 18, 8-9: Jesus pediu para que as pessoas se mutilassem?

Uma das fabulações e cavilações no arsenal dos ateístas é alegarem que Jesus ordenou que as pessoas se mutilassem em Mt. 18, 8-9. Estranhamente, para pessoas que não acreditam em moral absoluta, fica esquisto ver como a todo momento confabulam sobre alegadas “imoralidades bíblicas”.

A maioria dos comentaristas, antigos e modernos, demonstram que as palavras de Cristo aqui são uma metáfora aplicável ao indivíduo que deve se livrar de um hábito, prazer, tentação, vício,  indulgência, se isto dificulta a vida espiritual. Também é aplicado para a Igreja em si, que deve pôr de lado os maus membros (“extirpar de seu meio”), mesmo das mais altas posições, para que todo o corpo da Igreja evite ser contaminado. Assim, Dummelow disse, “Este desistir do que é agradável e legal porque, para nós pessoalmente, é um perigo espiritual, é o que o nosso Senhor quer dizer por arrancar o olho direito e cortar a mão direita.” Tertuliano, disse que essas palavras foram proferidas “por meio de similitude”. Irineu escreveu: “Aqueles que levaram vidas viciosas e desviaram outras pessoas, foram condenadas e expulsas e, assim também, até agora, o olho agressor é arrancado, e o pé e a mão, para evitar que o resto do corpo pereça dessa forma”

No âmbito médico, os vários tipos de amputações diárias ilustram a validade das palavras de nosso Senhor. A remoção de um membro mortalmente infectado é necessária para a preservação da vida. O uso da forte metáfora, como neste caso, frequentemente marca os ensinamentos de Cristo.

Assim, para evitar a condenação a Geena, os seguidores de Jesus deviam livrar-se de tudo o que causasse tropeço espiritual, sendo o ‘decepamento da mão ou do pé’ e o ‘arrancar do olho’ uma representação figurativa do amortecimento destes membros do corpo quanto ao pecado. — Mt 18,9; Mr 9,43-47; Col 3,5; compare isso com Mt 5,27-30.

Jesus sabia tão bem como nós que um aleijado ou um cego também podiam cometer pecados e ir para a perdição por causa de seus desejos. Entretanto, isso não altera o fato de que a pessoa vive com o corpo e que sua vontade vital se torna ativa através da ação dos membros. Por isso, a obediência da fé ordena rigor implacável com os sentidos e membros. Essa atitude tem um significado tão real quanto alguém carregar a sua cruz. E tão real quanto as aflições do inferno de fogo. Segundo Mc 9,43, Jesus disse, com as terríveis palavras finais do livro de Isaías, que o verme que lá rói os malditos não morre, e o fogo não se apaga” (cf. Vischer, p. 65). “Se subtrairmos o terror da eternidade, o seguir de Cristo se torna, no fundo, um devaneio. Pois unicamente a seriedade da eternidade pode comprometer uma pessoa, mas também movê-la, a arriscar-se e se responsabilizar de modo tão decidido a segui-lo. Deve estar em jogo o céu ou o inferno – este é o motivo para seguir a Jesus, a fim de ser salvo: isto é sério.” (Kierkegaard).

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