Luciano Ayan comenta sobre Francisco Razzo

investigaçãoA argumentação do Sr. Francisco Razzo abaixo é engraçadíssima. Leiam e depois mostro os buracos:

“Muita gente, infelizmente, raciocina assim — até lembra a forma vulgar dos nazistas no que diz respeito os judeus, dos comunistas no que diz respeito ao empresário burguês, dos hutus no que diz respeito aos tutsis: o mundo não é melhor por que tem alguém que impede. Muitos, hoje, tomados por vícios ideológicos de interpretação histórica, acham que o que impede um real desenvolvimento do mundo é o marxismo (não estou defendendo o marxismo). Hitler foi o MAIOR vilão da história. Logo, nada faz mais sentido do que associar o MAIOR vilão da história com os nossos piores inimigos (no caso desse pessoal, o marxismo; no caso dos ateus secularistas associam Hitler com o cristianismo; a esquerda tosca com o capitalismo; e por aí vai).”

O problema é que Razzo sempre se recusou a dar qualquer definição de “direita” ou “esquerda” para poder rotular Hitler como de “direita”.
Quando lhe é questionado sobre a definição de “direita” ou “esquerda”, Razzo se recusa a fazê-lo, afirmando que o conceito é “indizível” (parece até coisa das histórias de Lovecraft). Daí ele cita historiadores que mencionaram Hitler como “de direita” e fecha a questão. (Entre esses historiadores, o melhor deles, segundo Razzo, é um que validou Eric Hobsbawn como o maior historiador de todos os tempos, para vocês sentirem o nível)
O problema é que esse ad verecundiam falha pois nunca é respaldado por uma definição clara dos termos, como já dito.
Ocorre que muitos (incluindo historiadores) já cairam na conversa de avaliar o direita e esquerda não pelos comportamentos em si, mas pelo que a esquerda hegemônica dizia a respeito do que era a direita. Aí é fácil alguém cair na jogada de achar que “Hitler é de direita”.
Mas esse é um engano tão bobo, tão infantil, tão idiota que é o mesmo que tomar todos os criminosos como “inocentes” por que eles se declaram inocentes. Ou todas as mulheres fotografadas na cama com o amante como fiéis apenas por que elas declaram “não é isso que você está pensando”.
Ou seja, a declaração de propaganda NÃO PODE SERVIR como definição deste grupo. O motivo é óbvio: declarações de propaganda não são feitas para manifestar o real, mas para atender o objetivo do propagandista.
Para corrigir este erro, o melhor é ignorar o que “dizem de”. Não interessa mais o que o adversário de Hitler diz dele na hora de rotulá-lo. Não interessa mais se o Alex Solnik define black blocs como de direita “apenas por que usam máscara” (ei, aqui o Solnik faz a propaganda de que direita é algo de que se deve temer, pois ataca usando máscaras). Ou se Mino Carta diz que Stalin é de “extrema-direita” apenas por não ser democrático (o bocó, aqui ele está dizendo que esquerda é democrática, ou seja, propaganda).
A solução é estudar os declarantes do uso de discurso esquerdista e direitista, e seus COMPORTAMENTOS HISTÓRICOS, que realmente definem o que é esquerda e direita. A propaganda e o ad verecundiam não servem mais.
Daí é só ler a história. Quanto mais declarante de esquerdismo, mais vemos inchaço estatal não como um objetivo de ditar normas morais (erro no qual recaem muitos conservadores), mas como forma de consolidar poder econômico, controlar a economia, censurar a mídia e obter poder totalitário. Quanto mais declarante do direitismo, mais alguém tende a nos afastar dessas situações.
Esquerdismo, então, é definido por COMPORTAMENTOS (não declarações) focadas em aumentar o inchaço estatal COM A FINALIDADE de obtenção de poder totalitário. Esqueçam as propagandas, da mesma forma que ignoramos quando um bandido diz “sou inocente”, mesmo que as provas apontem o contrário.
Quem ainda avalia movimentos políticos por DECLARAÇÕES DE PROPAGANDA é CORRESPONSÁVEL por permitir que os bárbaros cheguem ao poder. É o mesmo tipo de gente que acha que o PT não quer censurar a mídia apenas por que ele DECLARA “não quero censurar, só regular economicamente”.
Por que eu refuto Razzo? Por que nossas visões de mundo, e da política, são DIAMETRALMENTE OPOSTAS. Enquanto ele ainda usa declaração como única prova, eu entendo que o mero aceite disso é a credulidade política, que só pode ser combatida pelo ceticismo político. Temos que avaliar as propostas políticas pelos COMPORTAMENTOS dela derivados, não por suas declarações de propaganda. Totalitários sempre tem sua vida facilitada por crédulos políticos. Logo, Razzo ajuda gente como Stalin, Hitler e demais a chegarem ao poder, pois estimula que as pessoas acreditem em propagandas, ao invés de avaliar comportamentos, de maneira muito mais cética.
Assim, Hitler é de esquerda por ter se COMPORTADO de acordo com o que o esquerdismo de fato é.
Uma dica de leitura é “Fascismo de esquerda”, de Jonah Lehrer. Mas ali é só o começo da jornada. Daí investiguem COM CETICISMO comportamentos políticos. E pau na raba do que disse Richard Evans.

Fonte: https://www.facebook.com/ceticismopolitico/posts/834201036640373

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